Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 8 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

Lacerda só pensava na presidência

PARTE FINAL

Sempre acreditou nisso. Mas 1966, 67 e 68, foram tempos da ditadura contra ele. Quando em 13 de dezembro o locutor Alberto Cury começou a ler na televisão, às 8 e meia, o AI-5 miserável e vergonhoso, comecei a me vestir. Não era horário de sair sozinho, Rosinha perguntou onde eu ia, respondi: “Para o jornal”.

Naquela época não havia nem remota indicação de celular, na porta de saída da minha casa, um telefone. Tocou, Rosinha atendeu, passou para mim, “é o Carlos”. Atendi, disse pra ele, “estou saindo, vou ser preso imediatamente, você talvez seja a única pessoa que eu atendesse”.

Ele: “E eu?”. Respondi, “você vai ser preso e será cassado”. Do outro lado, um berro: “Você está acostumado a adivinhar, não serei preso nem cassado”.

Desliguei, fui para o jornal, logo preso. Levado para o Caetano de Farias. Pensei que fosse o primeiro, já encontrei Osvaldo Peralva, editor do Correio da Manhã, grande amigo, passamos a noite conversando.

Pela manhã, às 9 horas chega Lacerda. Me abraça, diz: “Está bem fui preso, você adivinhou uma parte, mas não serei cassado”.

Isso era 15 de dezembro. No dia 30 Lacerda foi cassado, já não estava mais preso. Eu, Peralva e Mario Lago ficamos até 6 de janeiro, Dia de Reis. Os generais são perseguidores, mas também muito católicos.

No dia 2 de janeiro de 1969, Lacerda viajou para a Europa, teve a gentileza de ir se despedir de nós. Não podia deixar de falar: “Não interessa discutir com você, a não ser que não valha adivinhação”. Ficou 3 anos na Europa, mais de 1 ano em Milão.

A volta e a morte com 63 anos

Chegou ao Brasil, ficou enclausurado na Nova Fronteira, Editora que fundara quando vendeu a Tribuna a Nascimento Brito, por 26 milhões de dólares.

A morte fulminante e silenciosa

Num dia de maio de 1977, a uma da tarde, sentiu dor no coração a família levou-o para o hospital. Por volta das seis foram liberados para irem embora, informaram: “O governador dormirá aqui, para observação”. É obrigatório. 

Quando Letícia e os filhos chegaram em casa, já havia recado para voltarem com urgência. Voltaram, já estava morto.

Tudo o que se “engendrou” depois sobre sua morte, a de JK e a de Jango, fantasia. Não que os generais não quisessem se livrar dos três. Mas não tiveram oportunidade de interferir.

Lacerda que tanto quis a presidência, morreu com 63 anos, sem nunca ter estado doente. Dois anos depois, viria a mistificação que chamaram e chamam até hoje de ANISTIA. Que só ANISTIOU os generais.

FIM
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sábado, 5 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

PARTE - III

Os tempos tumultuados

Vargas tomou posse mas não teve um minuto de trégua ou de descanso, e aí não foi por causa de Lacerda. Um ano depois da posse, seu Ministro do Trabalho, João Goulart, dobrou o salário mínimo, foi derrubado por um Manifesto de 69 coronéis. A primeira assinatura era do coronel Amaury Kruel, que teve grande importância.

O suicídio de Vargas

Fato mais importante da República, que nunca foi a dos nossos sonhos, mudou tudo. Mas atingiu até mesmo Lacerda. Assustado, e a conselho de Afonso Arinos se asilou na embaixada de Cuba, cinco anos antes da chegada de Fidel.

A embaixada ficava numa casa pequena na esquina da Avenida Copacabana com Miguel Lemos. Constrangimento rigoroso. O embaixador, paixão por Lacerda, a mulher tinha ódio. Foi para a Europa, ficou um ano, voltou, com a mesma agressividade, agora contra Juscelino.

JK “ajuda” Lacerda

Apesar dos dois golpes de 11 de novembro de 1955, Juscelino consegue se empossar e governar os cinco anos seguidos. Muda a capital em 1960, cria o Estado da Guanabara, marca eleição para 5 de novembro. Lacerda se candidata a governador, se não fosse isso não passaria de mandatos parlamentares. Faz um grande governo, se projeta acima de simples parlamentar.

O golpe de 64

Como já disse exaustivamente, em 1963 com o desfecho no ano seguinte, todos conspiravam: generais, governadores, o próprio ou principalmente Jango. O ano de 63 a partir do referendo de 6 de janeiro, que devolveu todos os poderes a Jango, foi inacreditável. Ninguém sabia o que aconteceria no dia seguinte. Só se soube mesmo a partir de 31 de março, 1º de abril.

Os generais comandaram tudo, eram invencíveis e golpistas, desde que se “apoderaram” e “contaminaram” a República. É possível que os seis governadores mais importantes, todos candidatos a presidente em 1965, tenham dado a impressão de apoiar ou estimular o golpe.

Mas ninguém tinha condições de resistir à ambição e a obsessão pelo poder, publicamente exibida pelos generais.

A Frente Ampla

No início de 1965, Lacerda me disse com ar de lamentação: “O presidente Castelo Branco me chamou e me convidou para embaixador na ONU. Compreendi que não era um convite e sim um veto antecipado a qualquer pretendida candidatura minha a presidente. Recusei na hora”.

Artigo deste repórter, de grande repercussão: “1965, a eleição que não vai haver”. Lacerda disse que era adivinhação

Logo percebi que os golpistas fardados não dariam vez a nenhum civil, principalmente Lacerda. Quando realizei na minha casa (onde moro até hoje) as duas primeiras reuniões, comuniquei e convidei Lacerda. Perguntou: “Quem vai?”.

Falei, o coronel-Ministro da Saúde de Jango, Wilson Fadul, torturadíssimo, o Brigadeiro Teixeira, grande líder da Aeronáutica, o editor Ênio Silveira, tão comunista que seu primeiro filho se chama Miguel Arraes da Silveira, Flávio Rangel, notável jovem que acabara de fazer com Millôr, o maior espetáculo depois do golpe, “Liberdade. Liberdade”, ele me interrompeu, “Eu vou”.

Foi, nenhum deles jamais falara com Lacerda, nem ele conhecia nenhum dos outros. Mas foram quatro horas de conversa que depois se desdobram com Jango e JK, Brizola se recusou.

Sumarizando

O golpe e a tomada do Poder, em 1º de abril de 64, já em 1965 Lacerda recusava ser embaixador na ONU, participava de reencontros com adversários. Todos perseguidos pela ditadura, como podem dar tanta ênfase e importância à sua participação no golpe?

TERÇA-FEIRA (08) ÚLTIMA PARTE
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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

PARTE - II

Em 1945, “cobre” a Constituinte para o Correio da Manhã

Foi quando o conheci e a Juscelino. Lacerda escrevia na segunda página do jornal, com o título: “DA tribuna da imprensa”. Enchia praticamente a página inteira, às vezes sobre política internacional, era uma das suas predileções. Logo depois de promulgada a Constituição deixou o jornal, passou a escrever no Diário Carioca. Não era a primeira vez.

A entrevista com José Américo, derrubou a censura e a ditadura

Em 1943 surgiu o “Manifesto dos Mineiros”, a ditadura embalançou. Mas Vargas reforçou a censura. Em 1944, já criada, (não oficialmente) a UDN, decidiram publicar entrevista com José Américo, homem de grande repercussão, chamado de “vice Rei do Nordeste”. Por que José Américo? É que em 1936, usando Benedito Valadares, Vargas abriu “sua sucessão”, uma farsa, como sempre.

José Américo foi lançado candidato da situação, e Armando Salles de Oliveira, genro do doutor Julio Mesquita e interventor em São Paulo, candidato da oposição. Não houve eleição, claro, surgia a ditadura ostensiva do Estado Novo.

A entrevista, sensacional

Lacerda estava com 30 anos exatos, foi incumbido de fazer a entrevista, que sairia no Diário Carioca. Como é impossível manter segredo, Vargas soube, começou pressão e perseguição colossal contra o jornal. 

Horácio de Carvalho não tinha condições, mas Paulo Bittencourt se apresentou para publicar a entrevista. Foi um estrondo. Vargas sentiu o golpe, mas não “sentiu” que estava no fim. Tentou reagir mas não demorou muito.

Vargas chamou seu Chefe da Casa Civil, Lourival Fontes, um dos homens mais cultos e mais bem preparados intelectualmente, mas sem nenhum caráter, deu a ordem: “Tire os censores das redações e convoque todos os donos de jornais para uma reunião aqui no Catete. Não quero falar com eles, você mesmo, informe: não haverá mais censura, os donos dos jornais serão responsáveis por tudo o que sair. 

“Essa autocensura”, pior do que a ação do lápis vermelho dos censores.

Começa a carreira política fulminante

Em 1947 se candidata a vereador pelo Distrito Federal. Eram 50. O Partido Comunista elegeu 19, o PTB 12 a UDN 11. Os outros 8 divididos entre partidos pequenos. Foi uma Câmara Municipal extraordinária, eu ia lá todos os dias. Que debates, que divergências, nenhuma hostilidade nem acusações, eram alguns dos melhores oradores e uma época do Partido Comunista inteligente.

A cassação do Partidão

Em 1948 o Partido Comunista deixou de existir oficialmente, todos perderam os mandatos. Mas ninguém foi preso. O grande Sobral Pinto, advogado de Prestes em 1936, e depois grande amigo dele, avisou-o com antecedência, foram para a clandestinidade, era o que faziam de melhor.

Lacerda e Adauto Cardoso renunciaram. E confessaram: “Sem os comunistas a Câmara Municipal não tem o menor interesse ou atração”. Um ano depois lançava seu jornal com o título que usava no Correio da Manhã. Começava fase diferente na sua vida.

Lançado nos últimos dias de dezembro de 1949, Lacerda já combatia a volta de Vargas, em outubro de 1950. Um erro total, como os fatos confirmaram. Lacerda e Golbery, grandes amigos até 64, tentaram evitar a posse de Vargas. Este chamou o general Stilac Leal, que presidia o Clube Militar, nomeou-o Ministro da Guerra, foi empossado.

AMANHÃ PARTE - III.
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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

PARTE – I

Foi um combatente nato. Podem dizer dele o que quiserem, contra ou a favor, mas não podem negar a palavra. Podem até interpretá-la, para o bem ou para o mal, só não podem negá-la. Mas apesar de ter sido o personagem de uma época, não saiu, pelo menos até agora o registro do nascimento e morte. E o centenário, data mais do que razoável para lembrar. Nem é necessário ressuscitá-lo, apenas fazer jornalismo.

Em 1931, Pedro Ernesto foi o primeiro prefeito eleito do então Distrito Federal. Grande personagem, administrador notável, foi injustiçadíssimo por Getúlio Vargas. O prefeito era tido e havido como candidato a presidente, se houvesse sucessão nos tempos de Vargas.

Este, como sempre, burlou a Constituição, enganou o povo, devia convocar eleição direta, logo depois da Constituição de 1934. Frustrou o povo brasileiro, se “elegeu” indiretamente, marcou a direta, que também não faria, para 1938. E perseguiu Pedro Ernesto. Acusando-o de “comunista e de ter participado da intentona de 1935”.

Lacerda outro “presidenciável” também injustiçado, sem eleição

30 anos depois, em 1961, Lacerda se elegeu governador do então Distrito Federal transformado em Estado da Guanabara. Foi e é até hoje o mais importante governador eleito. Mas como Pedro Ernesto, não chegou a presidenciável, pela razão muito simples de que para eles não houve sucessão.

Antes dos 18 anos a polícia perseguia Lacerda

Estava no primeiro ano da Faculdade de Direito, não passou daí. Por dois motivos. Não tinha muito interesse em se formar, e precisava ir para Valença, onde a polícia não chegava. Era a casa do Ministro do Supremo, Sebastião Lacerda, avô dele e grande influencia na sua vida.

Lacerda ficava meses lá, devorando a magnífica biblioteca. Vinha raramente ao Rio, voltava para Valença e a cidade de Comércio, hoje Sebastião Lacerda. Um dos melhores livros de Lacerda, tem precisamente esse título: “A casa do meu avô”. Maravilhoso. Impresso em tamanho grande, mil exemplares, distribuídos para amigos.

Tal o sucesso, que lançou em tamanho normal, repercussão total e absoluta.

O ativista, o político, o intelectual, o jornalista, 63 anos de lutas

Não coloquei em ordem, mas o ativista surgiu em primeiro lugar na sua vida. Antes dos 18 anos já polêmico, se envolvia numa discussão pública, “se era ou se não era comunista”. Muitos diziam que era, outros que não. Quando fui diretor da Manchete, ao contrário da revista O Cruzeiro, fazia muitas reportagens com duas ou três páginas. No Cruzeiro, preferiam reportagens com 12 e até 14 páginas.

Os generais da imprensa

Fiz reportagem com esse título, traçando o perfil de todos os importantes donos de jornais. Sobre Lacerda, entre outras coisas, escrevi: “Começou como membro da Juventude Comunista, não se sabe se chegou a entrar para o partidão”. 

Me mandou carta: “Tinha ligações de amizade com membros da Juventude, mas nunca me filiei. Quanto ao partidão, jamais pensei em participar dos seus quadros”. Publiquei, claro, pode ser facilmente encontrada na Biblioteca Nacional.

AMANHÃ PARTE.- II
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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicado em 11.07.14

A morte de Di Stéfano, entristeceu e empobreceu o futebol. Não gosto nem queria fazer comparações, mas foi dos maiores do mundo. Pouquíssimos podem se equiparar a ele. E raros, como este repórter podem escrever sobre ele. Em 1948 no Chile, durante 46 dias seguidos, vi Di Stéfano em campo, admirável, assombroso, impressionante todas as vezes. 

O Torneio dos Campeões 

Nesse 1948, audaciosamente, o Chile organizou o campeonato que está no título desta nota. Convidou 10 campeões dos 10 países da América do Sul. Todos jogando contra todos, por isso precisou de 46 dias para terminar.

Os quatro primeiros colocados, (por pontos corridos) eram os semifinalistas, daí saíam os finalistas. O representante do Brasil era o poderoso time do Vasco, tão invencível que era chamado de “Expresso da Vitória”. Eu era secretário Adjunto da revista “O Cruzeiro”. Já me preparara para viajar, naquela época, no “Cruzeiro”, qualquer coisa era motivo para viagem.

O Presidente do Vasco, meu amigo Ciro Aranha me telefonou convidando para acompanhar o time. Nessa época não havia a cobertura de milhares de jornalistas, os órgãos eram apenas jornais e revistas. 

Apenas três jornalistas 

Este repórter, o grande Oduvaldo Cozzi pela Rádio Nacional, e Ricardo Serran, editor de esportes de “O Globo”. Mandávamos matéria pelo telex, picotávamos aquela fita, que era o que existia em forma de comunicação. 

“La saeta rubia” 

Descoberto pelo River Plate em 1946, com 20 anos, logo se destacou. E esse apelido foi um presente imediato do torcedor, ainda na Argentina. Tinha os cabelos vermelhos, e velocidade de Fórmula 1. 

Esse Torneio, a ideia inicial da Libertadores 

Foi espetacular, cada jogo era uma sensação. Vasco e River Plate iam se destacando e impondo goleadas, o jogo inicial entre eles terminou zero a zero. Apesar dos dois ataques serem fulminantes. E se admitia francamente que a final seria Vasco-River, o que aconteceu. 

O Vasco Campeão 

Como o Vasco tinha chegado com vantagem, jogava pelo empate. Mas não acreditávamos num novo jogo sem vencedores. Eu e Serran assistimos o jogo onde fica o técnico, quase dentro do campo.

Precisamente ao lado do treinador do Vasco, o mais do que competente Flávio Costa. (Que menos de 2 anos depois seria o técnico da seleção brasileira na Copa de 50. O que já é outra história. Mas não custa lembrar, que além da competência esportiva, Flávio Costa tinha curso superior). 
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O PLANALTO É A “CASA DE MÃE JOANA”. UM ASSOVIA, E NA CÂMARA OUTRO “CHUPA CANA”. CRISE? QUE CRISE? O POVO FICA INVENTADO PESSIMISMO. ESTÁ ATRAPALHANDO A ADMINISTRAÇÃO DE DILMA.

ROBERTO MONTEIRO PINHO
02.09.15

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, convenceu a presidente Dilma a elaborar uma nova CPMF compartilhada entre Planalto e todos os Estados. Seria uma CPMF “monstrenga”, fascista, denominada de CIS Contribuição Interfederativa da Saúde. A repercussão negativa, na comunidade e até mesmo nas próprias fileiras do PT, deflagrou o jogo de empurra, porque ninguém quer assumir a paternidade.

A comandanta Dilma empurrou a causa para os Governos. Depois os governadores telefonaram para os líderes da Câmara e deputados de suas bancadas, mas estes alegaram que só colocam em votação se Estados e o Planalto se comprometerem a assumir o anúncio. E assim foi interruptamente, um empurrando para o outro. Em suma: CPMF é “o bicho papão do governo”, ninguém quer ser o responsável.
A notícia ruim para Dilma é que o Presidente da Comissão do Pacto Federativo do Senado, o petista Walter Pinheiro (BA) afirmou que firmará posição contra a volta da CPMF, derrubada no meio de uma turbulência, pelos senadores em 2007.

O senador chegou a ponderar se há "falta de rumo" no governo, uma vez que vinha conversando com a equipe econômica sobre a proposta de reforma do ICMS a fim de reforçar o caixa da União, dos Estados e dos municípios. Em nenhum momento, segundo ele, se falou na Contribuição Interfederativa da Saúde (CIS), novo nome para a CPMF.

A presidente Dilma Rousseff (PT) disse na sexta-feira (28) que não vai permitir "retrocessos" democráticos e que o país vai superar a crise econômica sem "nadinha de amargura ou de ódio". A declaração foi feita na cidade de Caucaia, no Ceará, durante a entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida.

"Não vamos deixar haver retrocesso neste país. Nem que se refere aos programas e nem no que se refere à questão da democracia", disse a presidente, que foi recebida pela plateia aos gritos de "não vai ter golpe".

Discurso que não diz e não convence, são meras palavras com efeito politiqueiro, eis que a presidente não tem a menor moral para dizer que “não permitir retrocessos democráticos (...) se amargura ou ódio”.

Em julho foi divulgada uma pesquisa de avaliação positiva do governo Dilma Rousseff. Segundo a 128ª Pesquisa Confederação Nacional do Transporte (CNT/MDA), os números indicaram que a presidente caiu para 7,7%. A avaliação negativa passou de 64,8%, em março, para 70,9% no levantamento realizado entre os dias 12 e 16 de julho. Foram ouvidas 2.002 pessoas, em 137 municípios.

Sem prestigio, e sem aceitação da comunidade Dilma, não deveria sequer falar em não permitir retrocesso democrático, seu pronunciando, por si, já revela um retrocesso, demonstra o quanto se tornou uma ditadora de plantão.

E a coisa anda feia no Planalto, o impeachment, pode ser sepultado, mas a improbidade e crime eleitoral estão com sinal vermelho no TSE, e será bem provável que Dilma e seu vice Michel Temer, sejam afastados dos cargos.


A Semana do orçamento

FERNANDO CAMARA
02.09.15

Ao desistir da CPMF no sábado, a presidente Dilma Rousseff escapou do suicídio político e caiu no suicídio orçamentário. A perspectiva, discutida domingo no Alvorada é a de que a proposta a ser apresentada hoje ao Parlamento vá com déficit e, se o governo decidir dar um choque de realidade no país, o buraco deve chegar a R$ 130 bilhões, ou seja, nem a polêmica CPMF resolveria.

Levy dorme no ponto

O ministro agendou audiência com os principais empresários do setor de Armazéns Alfandegados na sexta-feira passada, às 15:00h, no Rio de Janeiro os atendeu às 18:30h. Os empreendedores foram reclamar da Receita Federal que sem amparo legal, e perigosamente sem licitações, vêm autorizando concessões para explorar a atividade de Recintos Alfandegados. Levy bocejou várias vezes, não conhecia a legislação, e delegou ao chefe Jorge Rachid para resolver a peleja. Mais judializações iram atravancar a Justiça, e mais denúncias de favorecimentos estão previstas.

Por falar em CPMF...

A forma como a contribuição foi sugerida pelo governo é o exemplo mais cabal da falta de talento para o exercício da política. Sem discutir com Temer, com Renan, com o PMDB e com todos o "P"s, anunciou a volta da CPMF, e tentou enganar os governadores prometendo que parte da arrecadação iria para os Estados.

Mas o objetivo nunca foi o de aprovar, a iniciativa foi para criar mais um factoide, um fato midiático para desviar a atenção da sociedade e da imprensa para longe das evidências de inoperância da gestão governamental. Não deu certo. A reação foi tão forte que acabou desnudando a inoperância que o governo tornou a esconder: a incompetência para a gestão.

 Hoje, a entrega do Orçamento mostrará outro factóide: a farsa da reforma ministerial e administrativa. Afinal, como o governo fala em extinguir Ministérios, mas se preparava para mandar o Orçamento de 2016 com todas as pastas existentes hoje? O Planejamento não consegue fazer os cortes do jeito duro que devem ser feitos. Ajuste fiscal concluído e a falta de esperança continua.

 O dia de hoje também deixará cristalina a incapacidade de gestão. A obrigação de qualquer governo é enviar um orçamento equilibrado ao Legislativo. Se não dá, corta-se despesas. O governo Dilma não quer cortar. Logo, está longe de saber administrar.

 E assim, de factóide em factóide...

O Governo não sabe o que fazer para superar as crises e, assim aposta no tempo, acha que tudo irá se arrumar por si só. Então, sempre que os maus resultados estiverem iminentes e evidentes, deverá "criar Factóides", inventar ações impossíveis e tentar desviar as atenções... Como:
1.    Programa de Investimentos em Logística, mais rodovias, mais portos 24 horas, etc...
2.    Programa de Construção de Penitenciárias...
3.    Programa para Dobrar os Salários...
4.    PCP - Programa de um cofrinho em cada praça, para arrecadar donativos nas praças...
5.    Programa de investimento no Super Pré Sal...
6.    Trem Bala de Maceió para Santiago do Chile...
7.    Programa de Lançamento do primeiro foguete tripulado para o planeta Vênus...
 Terá de ter muita criatividade para inventar 42 Programas-Factóides para passar um ano.

 Enquanto isso, a política ferve

 Manobra pirata
 Temer fez uma manobra espetaculosa e deixou o Governo sem deixar. Disse que acertou deixar o varejão, e assim não se comprometer com os acordos -- que não são cumpridos -- com os parlamentares. Mas não deixou o balcão de palpites. Continua articulando com o Congresso, mas não com o gabinete da presidente Dilma, uma vez que não foi consultado sobre a reativação da CPMF.

Nesse campo da política, a reforma administrativa é vista com total desconfiança pelos aliados (de fachada) da presidente Dilma. No PMDB, por exemplo, tem-se a certeza de que a extinção de pastas virá vem sob encomenda para despachar aqueles que incomodam o PT, especialmente, alguns ligados ao vice-presidente, conforme já explicitado em colunas políticas nesse Domingo.

O ministro da secretaria de Portos, Edinho Araújo, por exemplo, tem mandato parlamentar, portanto se a secretaria for incorporada ao Ministério dos Transportes, Edinho Araújo tem que voltar ao Congresso, porque deputado não pode assumir cargo de segundo escalão, a não ser que renuncie ao mandato, coisa que obviamente não está nos planos de 99,9% dos políticos. Já a turma do PT, a maioria não tem mandato, portanto, em caso de "rebaixamento", só perdem aplaca verde e amarela em seus carros oficiais.

Lula navega

 O ex-presidente já percebeu que, em 2016 o PT tende a ser o maior derrotado. Por isso, começa desde já a cuidar do partido rumo a 2018. Colocou-se como candidato. No fim de semana, afirmou que vai passar a voar para defender o governo petista e o partido, tentando separar os malfeitos da legenda, quase uma missão impossível.

 E a ajuda vem de Janot

 No fim de semana, Dilma ganhou um alento: o procurador geral, recém reconduzido ao cargo, determinou o arquivamento do pedido do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, para a Procuradoria Geral da República investigar suspeitas de irregularidades na campanha eleitoral do ano passado da presidente Dilma Rousseff.

O chefe do Ministério Público entendeu que não há indícios de irregularidades na contratação de uma gráfica - a VTPB Serviços Gráficos - pela campanha da petista. O magistrado respondeu que Janot se comportou como advogado do PT e o procurador soltou nota para explicar que não encontrará nada que desabonasse a empresa e lembrou que há outras investigações em andamento.

A decisão pelo arquivamento veio depois de Janot passar dez horas respondendo a perguntas dos senadores. No Congresso, quando da sua recondução semana passada, O procurador soube fazer política e agradou a gregos e troianos, mas não conseguiu agradar a um alagoano. Agradou ao PT, e surpreendeu quando disse que não investigará Dilma enquanto estiver no exercício da presidência, e erroneamente citou o artigo 86 da CN.

Coincidências

A hora dos políticos chegou e 13 senadores provavelmente serão denunciados; Janot teve 12 votos contrários e uma abstenção.

E na Lava Jato...

As delações premiadas prosseguem, espera-se para esta semana a resposta a respeito da colaboração premiada de Pedro Correa. O destaque será  a ida da CPI da Petrobras a Curitiba para ouvir novos depoimentos, inclusive de José Dirceu, que promete ficar calado.

Índios invadem

Os índios Guarani e Kaiowá, vindos do Paraguai, expulsaram 40 famílias de uma vila no município de Antônio João no estado de Mato Grosso do Sul. O clima esta tenso, batalhas acontecem, denunciou o deputado Mandetta DEM/MS. Os 80 índios reivindicam 9.300 hectares de terras produtivas no Brasil ocupadas por colonos há 250 anos.