Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 3 de março de 2021

1930, 34, 38, 42, VARGAS NÃO SAIU DO PODER, SEM VOTO, POVO, URNA, ELEIÇÃO. IDEM, IDEM PARA OS GENERAIS DE 1964

HELIO FERNANDES 

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE II

A Constituinte de 1933/1934 

Espertíssimo, Vargas destroçou os “revolucionários” de 1932, mas convocou a Constituinte para logo a seguir. Fariam a Constituição e marcariam a eleição direta para 60 dias depois de promulgada a Constituição de 1934 

A Constituição saiu, mas não houve a eleição direta. Frustração geral. Vargas ficou no poder, transferiu a eleição direta para 1938. Como fez isso? 

A ditadura do Estado Novo 

Em 1934, Vargas “nomeou” para a Constituinte 17 deputados sindicalistas, chamados de “pelegos trabalhadores”. E a seguir outros 17, que seriam os “pelegos patronais”. Como a constituinte era formada por 143 parlamentares, Vargas já com 34 votos a favor, facilmente transferiu a “direta” para 1938. Escândalo, vergonha, despeito e desprezo democrático. 

Tomou posse indireta nesse 1934, em 1935, 1936 e início de 37, preparando a consolidação do poder. No início de 1937, chamou o deputado Negrão de Lima, incumbiu-o da missão: consultar os governadores para apoiar o que chamava de “Estado Novo”.

Negrão correu o Brasil inteiro, recolhendo entusiasmo. Apenas três governadores discordaram. Lima Cavalcanti, de Pernambuco, recusou com veemência, diante do que Negrão lhe contou, 48 horas depois viajou para a Europa, não voltou mais. 

Flores da Cunha resistiu 

Governador do Rio Grande do Sul, conversou apenas cinco minutos com Negrão, mandou o recado a Vargas: “Lutarei pela democracia com os “Provisórios”. (Era a tropa do estado).

Com Juracy Magalhães, da Bahia (apesar de cearense) conversa rápida e a resposta: “Diga a Vargas que não serei problema, mas vou conversar com ele pessoalmente”. O Juracy oportunista de sempre, ainda foi importante no golpe de 64. 

O Estado Novo, ditadura como sempre torturadora 

No dia 10 de novembro o Congresso foi fechado, centenas de pessoas presas, Prestes preso desde 1936, transferido para prisão pior e mais isolada. Negrão de Lima foi feito embaixador, ainda não havia a “carreira”. O Instituto Rio Branco seria criado em 1938, a primeira turma de diplomatas surgiria em 1941.  

Flores da Cunha, que fugira para o Uruguai, foi chamado

Julgado por ordem do já ditador, Flores foi condenado a 2 anos de prisão, fugiu para o Uruguai. 1 ano depois, Vargas mandou Batista Luzardo, (amigo dos dois) comunicar a Flores que “poderia voltar, estava tudo esquecido”. Flores voltou, foi preso assim que desembarcou, teve que cumprir os dois anos da condenação. Esse era o Vargas de sempre. 

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