*Titular: jornalista Helio Fernandes que
durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da Imprensa. Agora com suas
matérias exclusivas, e a participação de colunistas especialmente convidados.
(NR)
1 – MULTAS BILIARDARIAS? SIM.
2 - DEVOLUÇÃO DO EXCESSO RECEBIDO? SIM.
3 – REEXAME DOS PEÇOS COBRADOS? SIM.
4 - FIRMAS CONSIDERADAS INIDONEAS?
NÃO.
5 – ACIONISTAS, INIDÔNEOS? SIM.
HELIO FERNANDES
24.11.14
HELIO FERNANDES
24.11.14
Esse
maravilhoso episódio de investigação que se chamou de lava-jato, não tem como objetivo
santificar ou acreditar que haverá reforma da humanidade. Mas combater
efetivamente a corrupção e preservar os dinheiros do
cidadão-contribuinte-eleitor. Só que isso tem quer ser feito com inteligência,
competência e sem imprudência.
Não pode
existir espírito de vingança, ninguém encontrará recomendação como essa em algum
manual de administração ou de punição pela corrupção. O melhor caminho ou o
único: atingir as fortunas pessoais e empresariais, receber tudo o que foi
roubado, (a palavra é essa). E tirar do mercado, das licitações e dos contratos
com o poder público, esses ladrões do dinheiro da comunidade.
Digamos que nunca se roubou tão pouco, como disse rigorosamente verdadeiro Ricardo Semler. Professor de Harvard e do MIT, de Massachusetts, e também empresário. E confessou: “Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras, desde os anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina”. Textual, da própria fonte, altamente respeitável.
Admitamos que a corrupção seja invencível, e também que o advogado de um dos empreiteiros presos, não esteja mentindo nem camuflando quando afirma: “Sem propina, ninguém coloca um paralelepípedo no chão”.
É lógico que existem exceções, raríssimas. Mas nesse caso da quadrilha que assaltou a Petrobras, o que deixa a todos perplexos, não é o uso e abuso da corrupção, e sim o silencio e a extensão de personagens não em torno da palavra e sim da ação e da comissão. (Rebaixada pejorativamente para propina).
Durante pelo menos 15 anos, todos se “locupletaram”. A palavra foi inventada pelo poeta Augusto dos Anjos, e popularizada pelo extraordinário Sergio Porto, quando usou o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta.
Essa quadrilha que assaltou a Petrobras, era enorme, grande e com tantos personagens importantes, invadiram os mais diversos setores, que a pergunta é inevitável: como conseguiram o silêncio, a omissão e a cumplicidade-impunidade dos que dominavam a República “Mas não sabiam de nada”?.
Temos que fazer o que se faz no mundo inteiro. Multas astronômicas para os corruptos e corruptores. Alem dessas punições para não serem processados criminalmente, devolução de tudo o que foi recebido a mais. E esses presidentes, diretores e até acionistas majoritários, fora das empresas e do mercado.
As empresas continuam no mercado, vigiadissimas, Esses sócios ladrões não podem nem frequentar as próprias (?) empreiteiras. Nem dar ordens por celulares, mensagens, intermediários, tudo viagiadissimo.
E que aparecerá imediatamente com a simples quebra
de sigilo. Lógico, com outros executivos, as empresas continuam, contratando
serviços por preços rigorosamente aceitáveis, sem ADITIVOS.
ão querendo ir muito longe, (as investigações irão) basta colocar a posição e a confissão de um simples gerente da Petrobras, sem maior alcance, sem prerrogativas ou hierarquia. Preso, “entregou” 100 milhões de dólares que naquele momento valia 252 milhões.
Diante de tanto desprendimento e generosidade financeira, a pergunta pode ser inócua ou inútil, mas tem que ser feita: diante de 100 milhões de dólares entregues, quanto sobrou para o gerente financiar sua própria velhice desamparada?
PS- Não custa lembrar o que escrevi há 20 anos. O gerente de uma obra, ás duas da madrugada telefonou para a casa do dono da empreiteira: “Doutor, desculpe, mas houve um deslizamento de terra, dois funcionários morreram soterrados”.
PS2- Sem nenhuma pergunta, o dono protestou: “Desligamento de terra não, de pedra”. È que pelo trabalho, os funcionários podiam morrer SOTERRADOS. Mas pelo pagamento que recebia, tinham que morrer EMPEDRADOS. Serviço naturalmente mais caro e o que estava contratado. Depois mandou sepultar os funcionários á custa da empresa, afinal não tinha coração de pedra.
Ministro da Fazenda
Há 15
dias quando começaram a falar em Trabuco para esse cargo, escrevi aqui, sem
nenhuma duvida: "Não aceitará e o próprio Bradesco não deixará que
aceite". Ministro da Fazenda recebe pouco mais de 30 mil por mês, sujeito
a 27,5 descontando na fonte.
No Bradesco
é o que quiser mensalmente, sem falar no elevadíssimo bônus de fim de ano,
polêmico no mundo inteiro. E sem nenhuma restrição, posso afirmar: "O
cargo não interessa ao Bradesco, não pode se aproveitar". Ficando sem o
cargo, obtêm mais vantagens, privilégios e aumento de juros, do que exercendo
(?) o Ministério da Fazenda.
E existe
outra razão para a recusa. O cargo de Ministro da Fazenda é incerto, inseguro e
imprevisível em matéria de duração. Pode ficar quatro anos ou quatro meses, ser
demitido sem indenização. No Bradesco, Trabuco ainda tem uma promoção, visível
para Presidente do Conselho.
A novela dos nomes
Nos
primeiros capítulos, Trabuco apareceu como preferido. Pelas razões explicadas
aí em cima, (repetidas, já falei muito antes) recusado por ele mesmo. Surgiu
então Arminio Fraga, perdão Henrique Meirelles, ofuscado pela própria arrogância.
Desorientada,
Dona Dilma chegou a imaginar o medíocre Luciano Coutinho, do BNDS ou o
economista Belluzzo, que frequenta o Planalto. Presidente, rebaixou até o
Palmeiras, como iria elevar a economia?
Apareceu
então, não se sabe de onde, o nome de Joaquim Levy. Chegou a surpreender
dezenas de consultores, quase todos vulgares e rotineiros, com exceção de um,
competente e até com nome poético: "Casa das Garças". Logo foi
lembrado que Levy teve divergências, rusgas e até troca de palavras inamistosas
com Dona Dilma, no primeiro governo Lula.
Vetado
por muitos, recebido em silêncio por outros, se consolidou pela ausência de
nomes. Ficou. Junto com o Tombini. Esse lançado por Dilma como Ministro da
Fazenda ou para permanecer no Banco Central, como se os requisitos fossem os
mesmos para os dois cargos. Que agora são três.
Mesmo
dependendo de Dona Dilma, os dois participarão do segundo governo, mas a
fixação vai esperar ainda algum tempo. A presidente só pode nomear quem esteja
bem longe do assalto ao trem pagador, quer dizer, a Petrobras.
Chamou
Nelson Barbosa, que era uma das opções para a Fazenda e convidou-o para o
Planejamento, que não vale coisa alguma, ninguém planeja nada. Mas fica como
substituto eventual de Levy, se este for mesmo para a Fazenda e não para o Banco
Central. Que fim de primeiro governo perplexo até para ela. E do segundo que
não começa. Apesar do avanço da tecnologia, Curitiba é muito longe.
A presidente da Petrobras: incompetente e sem graça
Em
liberdade mas presa a contradições, omissões, até esquecimentos. A justiça da
Holanda fez acordo bilionário com uma empresa corrupta que pagou para não ser
processada criminalmente. Comunicaram a ela, diretamente, "que
funcionários da Petrobras haviam sido citados como tendo recebido
propinas".
Ela não
se lembrou, não sabe nem se conversou sobre o assunto com Dona Dilma. São tão
amigas não falando com a presidente, permite que ela continue dizendo,
"não sei de coisa alguma". Agora, surpreendentemente, Dona Graça
confessa publicamente que "foi alertada pela justiça da Holanda",
está sem memória.
De
qualquer maneira, ninguém sabe até quando Dona Graça ficará na presidência, mas
na comunidade, ninguém esta achando graça. Há 15 dias reconheci: nomear um
Ministro da Fazenda, não é problema, mas para a presidência da Petrobras, como
encontrar alguém?
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