*Blog oficial do jornalista Helio
Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da
Imprensa. Aqui teremos suas matérias exclusivas, e também a participação
de colunistas especialmente convidados. (NR).
(Circulação em 19.11.14)
O DESESPERO DE DONA DILMA, COM A “HERANÇA MALDITA”
DELA MESMA. E A REELEIÇÃO, QUE IMPEDE A ALTERNACIA NO PODER.
HELIO
FERNANDES
A
contradição e até punição da reeleição. O presidente que não fez ou fez errado,
recebe o legado ostensivamente negativo, com a obrigação de fazer corretamente.
Dona Dilma, reeleita pela campanha mais suja da Republica, usando a máquina e
abusando da baixaria, está diante do problema, sem saber o que fazer.
Com a
agravante: a situação agora, no segundo mandato, é muito mais grave do que no
primeiro. Os erros, os equívocos agravados pela corrupção dominadora e
impiedosa, proíbem até que comece a governar.
Como
escolher, indicar e nomear personagens, se todo o circuito político está
supostamente manchado, verdadeiramente ameaçado? Sem reeleição, a realidade
seria outra.
Nos EUA,
na constituinte de 1788, os oito "pais fundadores", (como eles mesmos
se identificaram na Constituição), tinham enorme preocupação com a alternância
no poder. Lutaram por mandatos de dois anos, de três, de quatro, sempre
derrotados. Washington (guerreiro), J. Adams (gigante), Thomaz Jefferson
(genial) então no Partido Federalista, tiveram que conviver com a reeleição
ininterrupta. Quatro não aceitaram a presidência, os outros quatro ficaram oito
anos. Ninguém pretendeu mais do que isso.
Franklin Delano Roosevelt.
Em 1932,
era governador de Nova Iorque, se elegeu presidente. Reeleito em 36,40 e 44,
com tinha 61 anos admitiam que conquistaria o quinto mandato. Morreu no inicio
de 1945, pouco antes de terminar a Segunda Guerra Mundial. Vitoria creditada
muito a ele, e a coalizão de países líderes, (Churchill, Stalin, De Gaulle) que
não tinham nada em comum.
20 anos
depois da primeira eleição de Roosevelt, em 1952, Republicanos e Democratas se
uniram e por unanimidade, aprovaram a emenda constitucional número 24,
revolucionária. A partir daí, o presidente eleito poderia e pode ficar quatro
anos, disputar a reeleição, e depois, mais nada. Nem eleito nem nomeado. O
primeiro a ser enquadrado nessa nova realidade, foi Eisenhower.
A reeleição no Brasil.
Desde a
Republica ate 1998, apenar ensaios, sugestões, tentativas ou recusas. Foram 109
anos. O primeiro a recusar foi Prudente de Moraes. Sondado, recusou
terminantemente. Campos Salles que veio depois dele, queria não tinha lastro.
Em 1910
Rui Barbosa foi derrotado pela máquina do Partido Republicano, único ele era
candidato independente, opção que seria eliminada em 1934 com a chegada do
pluripartidarismo. Em 1914, Rui se lançou novamente, foi procurado pelo senador
Pinheiro Machado, presidente do partido republicano.
Os dois
eram senadores, nenhuma dificuldade, Pinheiro Machado foi direto "Rui, o
Partido Republicano admite apoiar tua candidatura, você tá eleito. Só queremos
algumas modificações na Constituição, nada que altere o teu projeto de 1991”.
(Rui fez o anteprojeto da primeira Constituição, e como senador foi relator na
constituinte).
Rui
perguntou quais seriam os compromissos, Pinheiro respondeu: "Cinco ou seis
modificações, preservando a Federação, adotando a reeleição, e atualizando
alguns pontos". Pergunta de Rui: "Posso pensar algum tempo?".
Pinheiro respondeu afirmativamente, lembrando que ainda faltava muito tempo
para a eleição presidencial.
Só que
Rui não esperou mais do que 48 horas, foi para a tribuna, e num discurso
violentíssimo, denunciou a proposta de Pinheiro Machado, que sentado em frente
ao orador, estava assombrado. Rui: "Estou renunciando à minha candidatura,
a proposta do senador Pinheiro Machado é vergonhosa".
Rui
voltaria a ser candidato em 1919, com 69 anos. Exausto, doentes sem recursos,
enfrentou Epitácio Pessoa, lançado pelo partido Republicano, nem estava no
Brasil. Disputou de Paris, a Constituição permitia, ganhou de Rui.
Logo
depois viria 1930, derrubado o presidente eleito e no cargo, (Washington Luiz)
não haveria eleição durante muito tempo, Só em 1959 quase no fim do mandato,
Juscelino começou a conversar sobre a reeleição. Sentiu que não havia
receptividade, abandonou a ideia, passou o cargo a Jânio, lançando sua
candidatura para 1965, data que não existiu. E ninguém mais tentou reeleição.
Em 1998, FHC comprou a reeleição seu ministro pagou
deputados e senadores.
Depois de
um presidente indireto que não assumiu, o impeachment de um direto assumiu o
vice Itamar. Ficou no cargo pouco mais de dois anos, não pode tentar um mandato
completo. O candidato em 1994 para o mandato que era de cinco anos, FHC.
Acreditava que não ganhava de Lula, reduziu o mandato Com aquela velha
justificativa: "Em quatro anos, o primeiro é de se ajustar ao poder, o
ultimo é de ir embora". Surpreendentemente FHC foi eleito.
Só não
foi mensalão, porque FHC pagou à vista. Os preços foram diferentes. No senado
alguns receberam 500 mil. E quatro, exigiram 1 milhão, receberam o dinheiro era
fácil. O ministro: do "trem pagador", sócio de Golbery um dos
artífices e mais importantes lideres do golpe de 64.
Em 1982
os dois foram pedir patrocínio ao presidente em exercício. Era Aureliano
Chaves, que substituía Figueiredo que foi operar em Cleveland. Queriam o quê?
Financiamento para tirar álcool da madeira. Aureliano, que era engenheiro e
professor catedrático da matéria, disse a eles: "Isso está ultrapassado".
Mas ficou a lição e a ligação de FHC com o "pai" da ditadura de 64.
Em 1997 o
Plano Real "empacou", não saía do lugar. Os "gênios"
pediram socorro a Francisco (Chiquinho) Lopes, economista e gênio sem aspas. Em
apenas uma sessão diante de um quadro negro, resolveu todos os problemas para a
criação da nova moeda. Só que FHC não acreditava, precisava de tempo, negociou
a reeleição, câncer político que vai completar 20 anos.
O
economista genial foi condenado quase todos os outros enriqueceram e não apenas
as biografias. Muitos viveram anos na Europa como aristocratas, gastando majestosamente,
voltaram. FHC elevou os juros por 44% ao ano, prazer, lucro e satisfação dos
multinacionais, que não acreditavam que ganhariam tanto. Reeleito e não
conseguindo o terceiro mandato, FHC passou a Lula os juros por 25%. A primeira
conta amaldiçoada da reeleição.
Dilma: mais 4 anos que custam a começar.
Está
desesperada. Novembro se arrasta, dezembro não chega, ganhou (?) a reeleição,
perdeu autonomia. Incompetente, imprudente, inconsciente e inconsequente, não
pode nem formar o novo ministério, angustia total. Os nomeáveis, todos estão em
três círculos ou categorias. 1- manter os fracassados do primeiro governo. 2-
Nomear os derrotados, muitos são do PT. 3- Escolher e convidar possíveis
ministros, dependentes da delação premiada. Pode estar nomeando alguém, que em
vez do Planalto se encaminhe para a Papuda ou faça companhia a corruptores, que
jamais acreditavam que poderiam ser exibidos em horários nobres de televisão ou
Primeira de vários jornalecos.
PS- Pela
primeira vez na nossa História acontecerá alguma coisa. Corruptos e corruptores
não ficarão impunes; O pânico se instalou em Brasília, ninguém imaginava que
executivos e poderosos donos de empreiteiras pudessem passar por essa realidade.
No auge do faroeste dos EUA, em todos os lugares, os cartazes de “procura-se”.
Agora foram todos presos, na hora. E vem mais mandado.
PS2- A tática
e estratégia da Polícia Federal, Ministério Público e do juiz Federal Sergio
Moro, é visível: deixarão para mais tarde os acusados que têm foro
privilegiado. Deputados, senadores, Ministros, governadores, ex-de qualquer
desses cargos serão denunciados ao Supremo. Que não pode negar o pedido.
PS3- E o pânico
aumenta na capital da mordomia. Dos 17 executivos e mais outro ex-da Petrobras,
quantos não trocarão o silencio da cadeia pela liberdade da delação?
P S4- Tudo
isso pode ser colocado na conta da reeleição, reforçará, no segundo mandato todo
fracasso do primeiro, com a mesma personagem no Planalto-Alvorada.
PS5- Todos
serão punidos, corruptos e corruptores, agora não há mais dúvida. Mas é preciso
implantar um mandato de cinco anos, sem permanência no poder. Desde FHC defendo
isso. Foi necessário a corrupção chegar ao apogeu, para a alternância no poder se
transformar em realidade.
Essa
coluna não circulará nos dias 20 e 21 de novembro.
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