Judiciário arrasado e no descrédito da sociedade
(...) Em 2012 a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), realizou uma pesquisa com 1.700 entrevistados, e o resultado classificou
o Judiciário no 5º lugar quanto ao grau de confiança da população, recebendo
39% dos votos.
ROBERTO MONTEIRO
PINHO
Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (com 7,1 mil
pessoas, concluída em abril/14) para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública
revelou profunda desconfiança dos brasileiros nas instituições públicas. De
acordo com o resultado, 81% acham que é “fácil” desobedecer às leis. A imagem
da Justiça brasileira (32% de confiança) está arrasada. Sua morosidade enerva
essa descrença. A confiança na polícia fica um ponto porcentual acima (33%).
Para 57% da população “há poucos motivos para seguir as leis do Brasil”,
segundo o levantamento da pesquisa.
O
fato é que a certeza da norma, do castigo e do direito encontra-se em profunda
crise na sociedade brasileira. Sem sair dessa crise não se pode traçar um
futuro promissor para o Brasil (que se constitui uma das democracias mais
corruptas de toda América Latina), concluiu o relatório.
É
bom lembrar que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgou no inicio deste
ano dados do relatório do judiciário em 2013, que apontava a existência de 92
milhões de ações em tramitação. Recente o CNJ trouxe uma nova realidade,
divulgando novos números, indicando 95,14 milhões de ações e, confirmando que
83% são de ações públicas. Lembrando Montesquieu, “A injustiça que se faz a
um, é uma ameaça que se faz a todos”, aqui a sociedade está sendo
massacrada pela incompetência do Estado, que é data venia, o maior beneficiário da justiça, onde posterga prazos,
direitos e por isso enfraquece o Poder causando grave dano a segurança
jurídica.
No
campo material, segundo dados do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), a média é de 2.919 processos por juiz - mais de sete
vezes o recomendado pela ONU. Além disso, há um acúmulo de 13.610 processos
para cada magistrado, o que consumiria 34 anos para concluir a apreciação desse
passivo.
Recente a economista e pesquisadora Luciana
Gross Cunha (FGV), fazendo coro com este colunista, também tem sido contundente
com o comportamento do judiciário. Para ela: “É mentira que falta orçamento.
Comparativamente, nosso Judiciário é caríssimo e é o único do mundo que tem
previsão orçamentária em lei. Ainda que o Legislativo e o Executivo tenham de
aprovar esse orçamento, o espaço de negociação é muito pequeno, porque se tem
um teto de 6% do PIB estadual.
Para os Judiciários estaduais isso é muito
dinheiro. O Judiciário de São Paulo tinha, em 2004, 58 mil servidores. (...)
Nos Estados Unidos, a gente tem uma técnica de gerenciamento do processo pelo
juiz. Ele tem uma equipe de assessores que são profissionais, remunerados e
reconhecidos. Normalmente são jovens, bacharéis em Direito, que passam pelos
tribunais, até para poder ter experiência jurídica, mas são cobrados. Enfim, é
um trabalho meritocrático (...)”.
“Quando se fala em problema, em crise no Judiciário, não são
reformas constitucionais que resolvem, nem reformas processuais, é choque de
gestão pública. O Judiciário ainda não percebeu que não dá para voltar atrás e
ficar com o discurso de que não é prestador de serviço porque é um poder do
Estado”, - assinala.
Não existe pior decepção para a sociedade, do que a perda da confiança
nas instituições que compõe o universo de proteção ao direito. Como se não
bastassem às agruras sofridas com as justiças: criminal, civil, e a eleitoral,
temos o quadro caótico, de uma justiça laboral herege e divorciada da classe
trabalhadora do país. O quadro se acentuou a partir de 2003. Em 2012 a Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), realizou uma pesquisa com 1.700 entrevistados, e
o resultado classificou o Judiciário no 5º lugar quanto ao grau de confiança da
população, recebendo 39% dos votos.
O Poder está à frente do Ministério Público (37%) e do Congresso
Nacional (34%) na preferência popular. As três instituições apontadas como mais
confiáveis pelo público são: a Igreja (74%), Imprensa (60%) e a Presidência da
República (58%). Apesar das ponderações dos integrantes do judiciário na época,
a situação em 2011 se tornou caótica.
Na verdade não só os dirigentes, mas também os juízes do trabalho há
muito estão alheios a política de relações os demandantes, com isso
estabelecendo o isolamento, sem interação com a sociedade civil, no campo
material e do direito. O resultado desta anomalia, fez com que a justiça
laboral, mergulhasse nas trevas do direito escrito, num sinuoso desvio dos seus
mais elementares princípios que regem a estabilidade das relações do
capital/trabalho, cerne do trabalhismo.
De Fato a JT deixou de atender a expectativa do trabalhador que
compulsoriamente utiliza esta especializada, na esperança de ver seus direitos
resgatados das mãos do empregador na maioria dos casos relapso. Com isso o mau empregador, se beneficia das
nulidades criadas nas decisões conflitantes dos textos alienígenas que compõe
as sentenças trabalhistas. Avessos ao qualquer tipo de comando do Estado, a
magistratura trabalhista, atua com liberdade, e dela tem feito danoso uso. E no
conjunto, (o que refuto seja muito grave) podemos observar que no próprio
habitat dos juízes, a cordialidade e a harmonia, praticamente inexiste.
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