Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

HELIO FERNANDES
Publicada em 04.06.14 

ÚLTIMA PARTE

Herzog foi assassinado pelos insensatos 

Preso na TV-Cultura, não era para ser morto. Mas seus prisioneiros obedeciam ordens do poderoso general Eduardo D’Avila Mello, comandante do II Exército. Já fora advertido pelo general Geisel, “não quero violência contra ninguém”.

Quatro Estrelas, comandante do II Exército (que englobava São Paulo), suas ordens foram as mais específicas e minuciosas possíveis. Acreditava que nada iria lhe acontecer. Mas aconteceu.

Quando soube da morte (assassinato) do jornalista, Ernesto Geisel mandou preparar o avião, “vou para São Paulo”. Muitos queriam ir com ele, foi duro e definitivo: “Vou sozinho”. Chegou em São Paulo mandou chamar o general Ednárdo, disse imediatamente: “O senhor está demitido, vai chegar do Rio o novo comandante do II Exército”.

O general Ednárdo não acreditou, nunca um general comandante do Exército foi demitido dessa maneira. Ficou parado, perplexo, Geisel fulminou: “Pode se retirar, o senhor não tem mais nada a fazer aqui”. 

Confissão do general Cordeiro de Farias 

Na minha casa, só ele e o grande criminalista Oscar Pedroso Horta, Ministro da Justiça de Jânio, e talvez a única pessoa a saber da “renúncia”, Cordeiro contou o seguinte. Foi interventor no Rio Grande do Sul, e depois governador de Pernambuco, eleito pelo voto direto. Fez muitos amigos, de vários setores.

Um dia recebeu telefonema do Recife. Um amigo advogado, contava que seu filho de 21 anos estava preso no DOI-Codi, apavorado que fosse torturado. Ligou logo para Orlando Geisel, pediu providências.

Relato integral de Cordeiro de Farias: “Ele me disse, vá lá na Barão de Mesquita, mostre a identidade de general, chame o coronel, (foi dizendo os nomes) diga que fala em meu nome, que em mandei soltar logo o estudante”.

Continuando: “Fui, não me deixaram nem passar da portaria, telefonei de volta para o Ministro Geisel: Você não manda nada, não pude nem entrar, nem procurar o coronel da tua confiança”.

O general-Ministro perguntou onde eu estava, mandou esperar. Chegou fardado, foi demitindo todos que apareciam. O coronel encontrou o menino que procurávamos, conseguiu retirá-lo.

E Cordeiro de Farias, ainda emocionado: “Não adiantava mais nada, ele já fora torturado”. O coronel explicou que procuravam informações. E Pedroso Horta, revoltado: “Que informações poderiam obter de um estudante de 21 anos?”. 

Os personagens do “Pasquim”, presos, mas na Vila Militar 

Quero terminar com este episódio que mostra a diferença do Exército dos generais ambiciosos e torturadores e dos oficiais que repudiavam o golpe, quase todos perseguidos e expulsos.

Os jornalistas do “Pasquim” ficaram num Batalhão de Paraquedistas. 60 dias de prisão. Mas o comandante, duas ou três vezes por semana, “pernoitava” no quartel, jantava com alguns. Que diferença.

Por hoje acho o suficiente. Fui preso outras vezes, cassado, sequestrado, desterrado, proibido de escrever, e mais e mais. Os fatos que estão aqui, tiveram o repórter como personagem, observador e participante. 
F I M
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PIS e COFINS, Empresários – ATENÇÃO.

FERNANDO CAMARA
26.08.15

A exemplo das artimanhas que diminuíram Bolsas Sociais sorrateiramente como o FIES e Seguro desemprego, é tramado nas madrugadas da Esplanada o aumento percentual das contribuições de PIS e COFINS.

Um corredor para Janot, uma decisão para Michel e para quem é empresário mais impostos

Senado sob holofotes

A sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nesta quarta-feira, e a votação prevista para o mesmo dia no plenário do Senado prometem ser os fatos mais importante da semana. A aposta é a recondução por larga margem de votos. Afinal, os senadores não querem que manifestantes substituam "fora Dilma" por "fora Renan", jogando a crise no colo deles.

A tendência pró-Janot está longe de representar uma unanimidade. Ele enfrentará um verdadeiro corredor polonês, graças ao senador Fernando Collor. Collor promete sentar-se na primeira fila da Comissão de Constituição e Justiça para constranger Janot. O senador foi denunciado junto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Só Cunha e Collor? Cadê os outros?

Para Cunha ser considerado réu o STF tem que acolher a denúncia encaminhada pelo MP. Cunha acelera a construção de alianças políticas e midiáticas no sentido de intimidar a Corte a comprar uma briga com o Executivo. Quanto a Collor, se permanecer neste mundo, não há jeito de escapar do banco dos réus.

Mas só o Sobrenatural de Almeida pode esclarecer as motivações políticas que impediram o chefe do MP de encaminhar todos os denunciados de uma só vez, e restringir a denúncia a apenas dois, justamente às vésperas da sua sabatina no Senado. São mais de 40! Mistério sempre há de pintar por aí.

Cunha divide opiniões

O presidente da Câmara manteve o ar de irônico e aguerrido, costurando alianças... Com a Força Sindical, Evangélicos e até nas entrevistas. Resta saber quanto tempo manterá a fleuma. Renan passou por situação semelhante, submergiu. Em 2007, suportou 210 dias de desgaste e 14 capas de Veja. Largou a presidência da Casa apenas quando obteve a certeza de que manteria o mandato. Reorganizou forças e voltou por cima. Está semana estará à frente das negociações da chamada agenda Brasil ou plano Renan.

Cunha não é o problema

A estratégia de Eduardo Cunha é diferente daquela adotada por Renan. Se o deputado puder, irá para cima de seus adversários. Ele, porém, não é o problema que assola o governo. A principal equação de Dilma hoje é como sair da paralisia. 157 mil postos de trabalho encerrados em julho, aumento da inflação, diminuição dos investimentos e falta de confiança, o Brasil precisa de um Governo que resolva os seus problemas e recupere nossa confiabilidade.

Análises equivocadas

Jornalistas insistem em afirmar que ele, Cunha, determina a pauta da Câmara, e a chamam de “Pauta Bomba”... Não é! Cada item que é levado à pauta do Plenário é discutido e votado na reunião do Colégio de Líderes, cada um tem um voto (seja partido grande ou pequeno), e como o Governo se tornou minoria e os beneficiados (o povo) se tornaram maioria, a maioria do Líderes tem concordado em votar itens de interesse e de apelo popular, principalmente os que mobilizam.

E assim a popularidade do Governo desce a ladeira, enquanto o Congresso tenta angariar alguma simpatia popular.

Embora Cunha não esteja demissionário, ele ainda tem apoios na Casa para se segurar no cargo, os políticos já conversam sobre a lima de sucessão.
Na vacância da presidência da Câmara:

1. O primeiro vice-presidente, deputado Waldir Maranhão PP/MA, enfrenta dois inquéritos no STF onde é acusado de lavagem de dinheiro no ano de 2013.

2. Maranhão foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef, condenado por lavagem de dinheiro e investigado por outros crimes na Lava-Jato, como um dos deputados que recebeu dinheiro por meio da empresa GFD, usada pelo doleiro para distribuir propina a políticos.


3. O segundo vice-presidente é o deputado Giacobo, do PR do Paraná, que não está enroscado na Lava Jato. Caso chegue ao topo, apenas poderá presidir nova votação para a escolha de um novo presidente.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

HELIO FERNANDES
Publicada em 04.06.14 

PARTE - I

O excelente repórter, Chico Otávio entrevistou o coronel Riscala Corbage, que disse textualmente: “Torturei mais de 500 presos”. E como os outros, principalmente o coronel Paulo Belham, (que foi logo silenciado), se despediu com a afirmação: “Não tenho o menor peso na consciência”.

Chico Otávio encerrou com essa confissão, mas começou de maneira ainda mais jornalística: “O cara urra de dor”. Belham também tinha sua frase de bolso: “Não tenho remorso ou arrependimento”.

Só que os dois mentiam avidamente, por simples exibicionismo. Acreditavam que confessando e exagerando, voltavam ao apogeu. Acima dos 70 anos, quase chegando aos 80, imaginavam (e Corbage ainda imagina) que nada aconteceria a eles. Como todos os generais principalmente os que chegaram a “presidentes”, morreram, não pensavam que surgisse essa expressão de duas palavras: “crimes imprescritíveis”. 

Confissões de mim mesmo 

Esse capitão da Polícia Militar, Tenente coronel na reserva, torturou muito e não se pode desmenti-lo: com o maior prazer. Só que mente em alta velocidade, desabaladamente. O Exército sempre teve desprezo e desapreço pela Polícia Militar. E esta, total ressentimento, por causa da hierarquia.

Os oficiais da Polícia Militar só chegavam a coronel, paravam por aí. E os comandantes eram sempre Generais, lógico, do Exército. Lutaram dezenas e dezenas de anos para mudar a situação. Foram conseguir quando se revoltaram contra o general Fiuza de Castro. (O filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder).

E esse Fiuza de Castro foi um dos mais displicentes comandantes do DOI-Codi. Não torturava pessoalmente e provavelmente não sabia de tudo o que acontecia. Mas existiam centenas de oficiais do Exército servindo no DOI-Codi e não deixariam que um Capitão PM exercesse tanto Poder para a tortura de “500 presos”.

Minha primeira ida ao DOI-Codi, seu comandante era precisamente Fiuza de Castro. Saltei lá naquela entrada enorme, com cartazes do PIC, (Pelotão de Investigação Criminal), uma figura fardada apontando um dedo para a frente, como se fosse uma ameaça, devia ser mesmo.

Mais ou menos 11 da noite. O Exército não transportava presos, aqui no Rio isso era feito pela polícia. Eles me diziam: “Ficamos assustados em trazer alguém, sabemos o que acontece”. Me levaram para uma sala, um Major explicou: “O general Fiuza já foi comunicado, está chegando”.

Esse local não era tão grande quanto parece. Éramos obrigados a ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais. Um capitão até de boa aparência, sussurrou: “São todos muito jovens, choram por qualquer coisa”. Não sabia se ele era contra a tortura ou se depreciava a reação dos torturados.

O general Fiuza levou quase duas horas para chegar, não cumprimentou ninguém, sentou numa cadeira distante. Vestia calça cinza e paletó de xadrez, nenhum jogo de palavras. Inesperadamente olhou para mim, falou: “Gosto muito quando o senhor escreve sobre futebol, por que tem que se meter na nossa vida?”. 

Os que estavam no poder, eram divididos em sensatos e insensatos 

Falavam muito em “linha dura”, mas isso era forma de simplificar. “Linha dura” era composta por aqueles que logo queriam torturar e matar. Os outros, eram os que acreditavam em diálogo, todos, milhares, iriam sendo “passados para a reserva, como traidores da revolução”. Que iria sendo identificada com sua própria fisionomia de golpe.

Depois de um tempo de silêncio, o general falou para um coronel: “Onde está o carro que vai levar o jornalista?”. Uma quase revelação, eu iria para algum lugar, poderia ser bom ou ruim. O carro chegou, me levaram até ele, Fiuza disse para o coronel: “Vá com ele, não quero que desapareça pelo caminho e nos acusem e culpem”.

Parecia um destino razoável, mas fiquei ainda sem saber. No carro o coronel (de uma grande família de militares de carreira) me disse: “Vamos para o Hospital Central do Exército”. Mas terminou com uma declaração surpreendente: ”Ao senhor não vai acontecer nada”. Naturalmente com outros ACONTECERIA.

Fiquei lá uma semana, a única satisfação era a conversa com o médico. Sobrinho de Manoel Bandeira, contava histórias admiráveis dele. Uma semana depois fui libertado. Na portaria do hospital, em Bonsucesso, me entregaram mala com roupas. Provavelmente minha família sabia, não me falaram nada. Peguei um taxi, logo estava em casa.

Amanhã a segunda e última parte.
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Legislação trabalhista: solução ou dissociação?
 (...) A proposta de modernizar a legislação trabalhista consiste em eliminar entraves burocráticos e criar leis específicas que permitam aumentar a competitividade e o diálogo entre patrões e empregados. Uma nova lei, um novo código, seria a solução?

ROBERTO MONTEIRO PINHO
25.08.15
                                                 
 A modernização do Direito do Trabalho vem ganhando densidade na medida em que novas e inovadas fórmulas de aplicar penalidades ao empregador, se tornam mais agudas e até exageradas do ponto de vista da praticidade, fazendo com que instigue a propositura de recursos, frente nulidades nas decisões e sentenças.
Existem institutos que precisam ser aprimorados e adequados à realidade atual com base na experiência de outros países, de modo que a legislação trabalhista deixe de ser um entrave e passe a ser indutora do crescimento econômico. 
O tema não é único, eis que já se discute exaustivamente há anos, essa “modernidade”, tendo como meio a própria reforma trabalhista que tramita no Congresso, sem que um dos seus principais pontos, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanal saia do papel.
Sobre este aspecto discute-se nos dias 27 e 28 de agosto em Porto Alegre o Colóquio Internacional: A modernização do Direito do Trabalho, numa clara e insofismável demonstração da necessidade urgente de seu ajuste aprimoramento. Cabe lembrar que o governo Lula, anunciou que promoveria a reforma, no entanto decorridos 13 anos, isso não ocorreu.
Dados da base Estatística da Justiça do Trabalho (2010) organizada pelo Conselho nacional de Justiça, revela que apenas 31% dos trabalhadores conseguem efetivamente receber seus créditos. Os números foram referendados pelo próprio TST.
Tenho sido freneticamente um critico da postura da magistratura trabalhista quanto a sua participação nas questões de fundo do direito do trabalho, eis que entendo permissa venia, que este postulado unilateral juiz/estado negocia uma situação que tem a forma e conteúdo ao gosto do julgador, e sendo assim, é de estranhar que o juiz afeto a área teria a frente que julgar tema que ele mesmo propôs.
Ocorre que entre o ano de 2000 a 2012, cerca de 25 milhões de ações trabalhistas foram ajuizadas, o que corresponde a uma média de 2,5 milhões de ações por ano. Um número elevado, que somado ao resíduo de 8 milhões de ações, transformaria (e foi o que ocorreu), a JT num pandemônio.
A proposta de modernizar a legislação trabalhista consiste em eliminar entraves burocráticos e criar leis específicas que permitam aumentar a competitividade e o diálogo entre patrões e empregados. Uma nova lei, um novo código, seria a solução? Seria exatamente o que foi feito com o Novo Código Civil Brasileiro? “Deveríamos ter pouca legislação e muita negociação”, defendeu o ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianoto, no Seminário Trabalhista que a Amcham – São Paulo promoveu nem fevereiro do ano passado na capital paulista.

Segundo o ex-ministro, a legislação precisa parar de tratar os trabalhadores como “incapazes”. “Quando criaram a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), usaram como princípio que todo trabalhador é um relativo incapaz. Que somos hipossuficientes e não temos discernimento”, criticou.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

(CASTELO SE UNIU A GOLBERY PARA DERRUBAR COSTA E SILVA, NÃO CONSEGUIRAM. MAS O GENERAL-MINISTRO ASSUSTOU A TODOS)

AS OBRAS DE ARTE DOS CORRUPTOS-CORRUPTORES, VÃO PARA O BELO MUSEU NIEMEYR, TAMBÉM EM CURITIBA.

HELIO FERNANDES
Publicada em 17.12.14

Parte Final.

Como falei antes, a Junta Militar assumiu, tentou governar, não havia jeito. Enquanto Castelo Branco garantia a JK: “Presidente, só quero confirmar e realizar a eleição de 1965. E não posso fazer isso, sendo o Chefe de Governo Provisório, como Vargas em 1930”. Já confundiam o golpe de 64 com o de 30.

Castelo continuou mentindo descaradamente para JK: “O senhor é o mais interessado na eleição de 1965, já é candidato desde que deixou o cargo em 1961. Preciso ser aprovado e referendado pelo Congresso”. Juscelino acreditou e aceitou, surpreendeu o Congresso com a proposta. Os parlamentares não tinham alternativa nem força concordaram.

Depois das cassações do “Primeiro de Abril”, JK que era senador, foi o primeiro preso cassado, perseguido. Até que foi para o exterior. O golpe de 64 se dividiu entre Castelo apoiado por Golbery e os irmãos Geisel, e a “Junta” de Costa e Silva.

Separados, divididos, em pânico com a força de Costa e Silva, o golpe se apossou do Poder. E a tortura se materializou logo, ainda informal. Mas do plano conhecido de Castelo, Geisel (Chefe da Casa Militar) e Golbery. Este o “homem fortíssimo” de tudo, apesar de general da reserva.

PS- Obras de arte sempre serviram de passaporte para “lavagem de dinheiro”. Ladrões do dinheiro público, roubam, compram quadros, colocam na parede, e ficam admirando a arte e a própria capacidade de enriquecer sem se preocupar. Agora, na lava jato, muita coisa foi descoberta.

PS2- Trabalhos de Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, e outras notáveis, desapropriados, vão para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A primeira vez que fui a esse Museu, que exuberância. Criado pelo próprio Oscar, você anda um quilometro, dá de cara com um “olho” extraordinário, ideias e realização do próprio Niemeyer. A corrupção que já provoca admiração pela roubalheira, conquistará a admiração do cidadão, pela beleza
.
PS3- Antes, em 1935, o mesmo Niemeyer, Lucio Costa, Afonso Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, mocissimos, aceitaram participar da belíssima ideia da criação do edifício do Ministério da Educação. Que mais tarde seria conhecido como Gustavo Capanema.

PS4- Joaquim Cardoso, o gênio do cálculo e mestre em poesia, já começava a projetar os alicerces. O Chefe de Gabinete do Ministro era Carlos Drummond de Andrade, que conjunto extraordinário, de arquitetos, poetas e sonhadores. Em 1936, o projeto começava a se transformar em realidade.

PS5- Alguém teve a ideia de convidar Le Corbusier para supervisionar (?) a construção. Ele aceitou, chegou aqui em novembro de 1936, foi levado para ver a obra que subia. Empolgado e assombrado, reclamou bem humorado: "Vocês já fizeram tudo, maravilhoso. vou pra praia".
PS6- Hospedado no Copacabana Palace, atravessava a rua, jamais fizera isso. A praia ainda vazia, as areias não estavam descobertas. Um dia almoçando com esses gênios brasileiros, surpreendeu a todos: "Não tenho diploma de arquiteto, na França isso não é necessário".
PS7- Foi dificílimo terminar a construção, o país mergulhava na ditadura do "Estado Novo", o edifício quase não era inaugurado. Foi, foi por causa do prestígio de Capanema. Todos esses arquitetos se realizaram e se projetaram.
PS8- Lucio Costa e Niemeyer a partir de 1960, "fizeram" Brasília, transformando um deserto de quilômetros de terra árida, numa das capitais mais bonitas do mundo. Não adianta apurar quanto foi gasto e o fato dela ter se constituído num monumento á mordomia e ao desperdício.
PS9- Jorge Moreira, sozinho fez o "Fundão", hoje merecidamente chamado de Clementino Fraga Filho. Muito moço, Jorge Moreira morreria num desastre de carro.

PS10- Reidy, também sozinho projetou o condomínio popular magistral, obra de gênio, conhecida no mundo todo, como "pedregulho". Conquistou seu lugar na história. Mas não ficaria por ali.
PS11- Convidada pela extraordinária Lota Macedo Soares, urbanista, realizadora, sonhadora, a fazer o Museu de Arte Moderna, integrando umas das construções mais admiradas do Rio, o Aterro do Flamengo, hoje entregue a ladrões e assaltantes.
PS12- Reidy não queria, Dona Lota insistiu, acabou aceitando e transformou aquele pedaço de chão numa obra também genial. Que entrou para a história. Lacerda governador, teve a sorte mas também o mérito de governar dali de perto, mas não intervir ou influir em nada.
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sábado, 22 de agosto de 2015

CASTELO SE UNIU A GOLBERY PARA DERRUBAR COSTA E SILVA, NÃO CONSEGUIRAM. MAS O GENERAL-MINISTRO ASSUSTOU A TODOS. 

HELIO FERNANDES
publicada em 17.12.14

Parte - I

Como todos já perceberam agora, alguns sabiam antes ou sempre, é impossível contar o número de golpes de um lado e do outro, mas todos existiram. Com civis no Poder apoiados por militares, ou os generais nesse mesmo Poder. Garantidos por civis ambiciosos. Essa dualidade era inquebrantável, irresponsável, irrefutável, inacreditável, mas indissolúvel.

E no julgamento deles mesmos, não como analistas mas como participantes, invencíveis. Essa unidade foi quebrada em 64, quando os militares agiram sozinhos. Enganaram a comunidade, iludiram a opinião pública.

“Apareceram isolados, como salvadores da Pátria, livrando a todos dos comunistas que estavam perto de chegar ao Poder, o país corria riscos seríssimos”. Estava longe de ser fato verdadeiro, era apenas a “mistificação necessária”.

Para reforçar essa mistificação, organizaram a “passeata com Deus, pela Pátria e a Família”, mais do que um slogan mentira colossal. Mas que levou ás ruas, milhares de pessoas. Ora, os comunistas desde 1948, quando tiveram o registro do partido cassado, desapareceram, não ameaçavam ninguém, viviam na clandestinidade, que dominavam com espantosa competência.

Participaram da Constituinte de 1945 que debateu, aprovou e promulgou a bela Constituição de 1946 que não atingiu a maioridade, destruída precisamente pelo golpe de 64.

Na constituinte, um senador (Prestes), 13 deputados, entre eles Jorge Amado, Mariguela, Grabois, José Maria Crispin, Roberto Morena, (Que como carpinteiro ajudara a confeccionar as cadeiras do Palácio Tiradentes, onde anos depois sentaria como deputado). Era a representatividade do PCB.

Foi meu primeiro trabalho importante, mocissimo, “cobriria” esses 8 meses de trabalho, escrevendo diariamente para a revista “O Cruzeiro”, que era semanal.

Ficava surpreendido vendo Prestes e Plínio Salgado, sentados um ao lado do outro. E depois, um na tribuna e o outro aparteando, se insultando mutuamente.


Tomaram o Poder com extraordinária facilidade, em 1º de abril de 1964. Mas como o Brasil, é o “Dia da Mentira”, mudaram para 31 de março, quando as tropas de Mourão Filho saíram de Minas. 

Ficaram surpreendidos em não encontrar a menor resistência. Mas a divisão entre os generais, completa e absoluta.

Leiam a Segunda Parte na Segunda-Feira.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2015


HELIO FERNANDES  
publicada em 29.04.15

O monstro que perdeu a conta de quantos torturou e assassinou, “sem arrependimento” (textual, nasceu em 1937, quando se instalava a terrível ditadura do “Estado Novo”). É possível que sua vida e sua carreira tenham sido influenciadas pelos fluídos da arbitrariedade.

Em 1960, com 22 anos entrava na ativa como segundo tenente, 1965 era promovido mas ainda não se destacava nem se iluminava pela crueldade. Começou a ser notado quando a violência e a crueldade atingiam o auge, no período mais torpe e mais sangrento da ditadura. Governo Médici.

Foi então requisitado para missões de maior barbaridade, a ponto de ter certa intimidade com o “presidente”. Isso era e é raro no Exército, um capitão se manter perto de um general.

O que acontece nas ditaduras cruéis, todas são, os generais que acreditam não se mancharem de sangue, afagavam oficiais de patentes muito mais inferiores. Que não se incomodavam com o sangue que derramavam, fosse de quem fosse. 

1969-1974, tempos de Médici e Malhães 

Promovido a major ainda com Médici. Em 1977, já com Geisel, completou 40 anos e foi “passado para a reserva”, sem sequer ser consultado. Ganhou uma promoção, a tenente-coronel, e o ostracismo completo, total e absoluto. Que ele mesmo manteve por 37 anos, até este 2014, quando fez o depoimento na Comissão da Verdade.

Essa confissão retardada, pode ter muitas explicações. Vingança e ressentimento pela forma como foi tratado. Espera até que atingisse a idade da impunidade. A demora da instalação da Comissão que deveria ter começado a partir de 1979. 

A ditadura ainda comanda, não temos uma data para festejar 

Em 1979 os generais comemoravam a anistia dada a eles mesmos. Comandaram a transição, no 1º de maio de 1981, tentaram a “prorrogação do regime de exceção”. Com mais um general, que seria o Chefe do SNI, Otávio Medeiros. Não deu certo, mas ninguém foi condenado. Quase todos os generais haviam morrido.

Malhães iria fazer outros depoimentos, acabou. Intimidaram também capitães ou majores da reserva, que estariam dispostos a seguir Malhães. Agora sabem que se depuserem na Comissão da Verdade, acabarão como ele, rapidamente num cemitério qualquer.

No sábado, Portugal em festa. 40 anos da Revolução dos Cravos. Eu estava lá, vi de perto a alegria do povo. E nós? Não temos nada para comemorar, não nos deixaram nem mesmo uma data. O que sobrou da ditadura, está vigilante, cuida do seu espólio de horror. 

Queima de arquivo, nenhuma novidade 

Vem de longe. O delegado Fleury matou tanto quanto Malhães e outros. Sabia muito mais do que devia e não merecia confiança. Um dia, “por acaso”, bateu com a cabeça na quilha de um iate, “morreu afogado”. Ele, que jovem, ganhou prêmios de natação. 

Molina Dias, “queimado” no Rio Grande do Sul 

Todos conheciam seu passado. Quando o SNI “decidiu” que a ditadura não podia acabar e perpetraram o 1º de maio no Riocentro, ele chefiava o Doi-Codi da Barão de Mesquita.

Como Malhães, Molina também participou da missão de esconder o corpo de Rubens Paiva. Foi morto por militares. Não prestou depoimento, mas tinham medo que o fizesse. 

Inacreditável: o monstro Malhães teve três mulheres 

A humanidade é mesmo indecifrável. Esse assassino agora silenciado pelos que tinham medo de suas confissões, teve três mulheres. Duas ex- e uma atual. Não tinham medo ou dormiam de olhos abertos? Como aqueles personagens do faroeste da formação americana?

Como ele começou a assassinar desde muito moço, “sem arrependimento”, eram corajosas. Não é possível que não soubessem de nada. Todas elas? Dizem que chegava em casa, a mulher perguntava, “como foi seu dia”, dizia simplesmente, “matei de tanto trabalhar”, e ia dormir. 

Não precisa muita investigação 

Não é necessário procurar muito. A morte dele foi “encontro de contas”. O esforço é ótimo por causa dos dois computadores, que devem “esconder” coisas interessantes. E descobrir os três executores, talvez se chegue a conclusões interessantes. 
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