ELEIÇÕES
GERAIS EM CURSO. TEMAS SOCIAIS PERDEM PARA AS DESAVENÇAS POLÍTICAS. QUESTÕES
COMO A MOBILIDADE URBANA PASSA AO LARGO DAS PROPOSTAS DOS PRESIDENCIÁVEIS. FERROVIAS
NÃO DÁ VOTO. AS REDES SOCIAIS PROTAGONIZAM AS MANIFESTAÇÕES DOS ELEITORES. FAKE
NEWS COMANDA O ESPETÁCULO DAS ELEIÇÕES.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
A célebre frase do
presidente Juscelino Kubitschek "Governar é abrir estradas" estagnou
a construção de ferrovias, privilegiando a indústria automobilística, tendo
ainda como forte argumento o fato de que cada quilometro empregava 7
trabalhadores e nas rodovias o dobro.
Desde a
década de 50, a questão da mobilidade urbana tem se mostrado gradativamente
pouco eficiente e ágil, revelando a dificuldade de se organizar um bom sistema
de locomoção em função do tempo.
Hoje a
população brasileira está sufocada pelo inchaço urbano, o que coloca em
evidencia a falta de planejamento
no sistema de transportes do país. Desse
modo, congestionamentos, engarrafamentos, longos períodos no trânsito, ilustram
o cotidiano das grandes cidades.
Assim, a
naturalização desse processo permite a contínua falha já existente nesse setor.
Em suma falta transporte sobre trilhos nos centros urbanos e em toda extensão
territorial do país.
Apesar
diante disso, mesmo que tardio especialistas em mobilidade urbana apontam, que
se por acaso o transporte fosse dividido entre rodoviário e ferroviário, a
locomoção popular seria facilitada, evitando os tão conhecidos problemas de
trânsito dos grandes centros urbanos.
O setor é tímido. Levando em
conta as dimensões territoriais, o transporte ferroviário no Brasil possui uma
rede de 30.129 quilômetros de extensão, dos quais 1.121 quilômetros são
eletrificados, espalhados por 22 estados brasileiros mais o Distrito Federal,
divididos em quatro tipos de bitolas.
São 4.057 quilômetros em
bitola larga/irlandesa, que é a de 1,600 metro; outros 202,4 quilômetros em
bitola padrão/internacional, que é a de 1,435 metro; mais 23.489 quilômetros em
bitola métrica, que possui 1,000 metro; e também 396 quilômetros em bitola
mista. Além dessas, existem bitolas de 0,600 e 0,763 m em trechos turísticos.
O país possui ligações
ferroviárias com Argentina, Bolívia e Uruguai e chegou a possuir 34.207
quilômetros, porém, crises econômicas e a falta de investimentos em
modernização, tanto por parte da iniciativa privada como do poder público,
aliados ao crescimento do transporte rodoviário fizeram com que parte da rede
fosse erradicada. Até hoje, não se justifica tamanha falta de visão.
Comparando o ranking de
ferrovias no mundo o Brasil (30.129) está por demais defasado. O Estados Unidos possui 293.564; China
124.000; Rússia 87.157; Canadá 77.932; Índia 68.525.
Uma viagem pela lendária Ferrovia
Transiberiana a bordo de trem privado tem a extensão de 8000 km entre a Ásia e
a Europa. No
Brasil seria possível uma ferrovia assim de norte a sul do país?
Uma
ferrovia pode passar por locais onde seria difícil e custoso construir uma
rodovia. Assim, em certos casos, ela faz a ligação rápida entre cidades,
regiões e estados, escoando facilmente a produção.
Além
disso, como dito, grandes quantidades são transportadas ao mesmo tempo, então,
em uma única viagem escoamos muito material. Além do fato de exigir menos viagens para transportar a carga, as
ferrovias também não possuem pedágios e sua manutenção é bem mais barata.
Assim, o
custo do frete pode ser menor, assim como o investimento em processos
logísticos, o que impacta positivamente no valor final do produto. Utiliza-se menos energia. Para
movimentar as toneladas que os vagões podem transportar se gasta menos energia
(ou combustível). Assim, além de reduzir custos, minimiza o consumo desse
produto, o que gera menor impacto para natureza e por isso gera menos poluição.
Se depender das concessionárias
da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o setor
receberá um aporte de quase R$ 30 bilhões em obras civis de ampliação da
capacidade e resolução de conflitos urbanos e em material rodante.
Estamos a poucos dias da eleição
que escolherá deputados, senadores, governadores e o presidente da República.
Atento aos debates e programas
apresentados, não detectei nenhuma informação nessa direção. Isso é temerário,
mas se justifica. Falar de ferrovia não dá voto. O voto se conquistas na
polêmica, no fake news, e na aposta
de que existe divisão de classes no país.
Assim os candidatos debatem tema
mais pseudo ideológico, de esquerda e de direita, mas distante do real, que é a
reconstrução do país, a tomada do desenvolvimento
e a geração de mais, empregos.
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