O império dos juízes e
a sociedade atônita
(...) “O Brasil gasta mais de 3,6% do PIB anualmente
apenas com o Poder Judiciário, sem computar as demais carreiras jurídicas. É
uma dos maiores quocientes do mundo. É mais do que se gastou com educação em
2005 (3.5%)”.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Estamos cansados do poder público, seus
agentes e de suas decisões. Estamos cansados do Poder Judiciário, um segmento
da estrutura da Republica, que convalesce de sua própria deformação, e reflete
na moral e na segurança jurídica da sociedade brasileira.
A ministra Cármen Lúcia em visita ao Estado
de Goiás para a cerimônia de inauguração de um novo presídio, a presidente do
STF e do CNJ disse que “o
cidadão brasileiro está cansado da ineficiência de todos nós, cansado das
autoridades públicas e cansado inclusive de nós do sistema judiciário”.
O Poder Judiciário tendo a frente a mais alta
Corte do país o STF, se comporta sob a blindagem por eles mesmo produzida,
imunes ao alcance da lei, como quaisquer outros, só por terem sido aprovados em
um concurso público.
O elenco de privilégios contrasta com a total
ausência de concessões do Estado ao cidadão comum, que sequer tem o direito a
saúde, educação e moradia. O juiz quando comete crime e desvios funcionais é
punido com robusta aposentadoria compulsória, garantida por uma lei corporativa
– a Loman, fecundada no idílio entre a Ditadura de 64 e o Judiciário. Ainda na
ativa tem garantido férias de 60 dias, recheado com períodos de recesso
judiciário. No judiciário laboral, as injunções se multiplicam.
O nível de educação é lamentável, predomina a
arrogância. Enquanto a toga aposta na blindagem do agente estatal, a morosidade
é flagrante. Estudiosos na matéria trabalhista sugerem: Eliminação do excesso
da burocracia e de regras; desnecessária.
Com a reforma da legislação trabalhista, e a
enxurrada de criticas por conta do auxilio moradia e outras vantagens as
juízes, esses prometem uma inoportuna e inaceitável greve em protesto.
De acordo com dados divulgados
pela ONG Transparência Brasil o judiciário brasileiro, gasta quase sete vezes
mais do que a soma dos Poderes Legislativos da União, dos Estados e dos
Municípios.
Um estudo realizado recentemente revelou que
o número de juízes de 1º grau aumentou desde 1999 (última pesquisa de dados do
STF) até hoje, em aproximadamente 10%. Em 1889, havia 1576
juízes e promotores no Brasil. Hoje são mais de 23.000 membros. O Brasil
gasta mais de 3,6% do PIB anualmente apenas com o Poder Judiciário, sem
computar as demais carreiras jurídicas. É uma dos maiores quocientes do mundo.
É mais do que se gastou com educação em 2005
(3.5%). Uma total inversão de valores. Consome mais de dois bilhões de
reais ao ano com assistência jurídica, incluindo as isenções de tributos, mas
pouco resultado obtém para o efetivamente pobre.
O fato é que o número de magistrados na
Alemanha, França e USA não é muito maior que o do Brasil, distanciando no
máximo 2,5 vezes, mas o prazo no Brasil para resolver o mesmo problema chega a
ser 15 vezes maior que nesses países.
Quanto ao declínio do valor dos salários
decorre do crescente número de profissionais admitidos em concurso e
muitas vezes para fazerem atividades repetitivas ou manuais, sem grande
complexidade política, jurídica ou técnica.
O salário deveria ser fixado não em função do
cargo em si, mas em razão da função desempenhada, bem como por produtividade e
por cursos realizados, já um juiz norte-americano chega a sentenciar dez vezes
mais ao ano que um brasileiro, mas raramente divulga-se esse dado.
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