O CAOS
DAS PENITENCIÁRIAS BRASILEIRAS. SUPERLOTAÇÃO. SERVIDORES VIOLENTOS E TRAPACEIROS.
UM SUBMUNDO QUE NÃO PODE MAIS SER IGNORADO PELA SOCIEDADE. A PRISÃO NÃO DEVE
SERVIR PARA FORMAR PRESOS REINCIDENTES. PRESÍDIOS QUE SE CONSTITUEM EM VERDADEIROS
SUPERMERCADOS ONDE SE VENDE LIGAÇÕES POR CELULAR, DA PROSTITUIÇÃO A DROGA, SEM
QUALQUER CONTRANGIMENTO.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
O sistema prisional brasileiro
está no extremo da mais desumana forma de tratamento nos presídios, onde o
Estado explicitamente deixa de cumprir seu papel, e pratica crime de ato
desumano.
O total de pessoas
encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho de 2016. Em dezembro de 2014,
era de 622.202. Houve um crescimento de mais de 104 mil pessoas. Cerca de 40%
são presos provisórios, ou seja, ainda não possuem condenação judicial.
O
Brasil é o terceiro país com maior número de pessoas presas, atrás de Estados
Unidos e China. O quarto país é a Rússia. A taxa de presos para cada 100 mil
habitantes subiu para 352,6 indivíduos em junho de 2016.
Mais da metade dessa
população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% são negros. Hoje oficiosamente (por
falta de informação governamental), passa de 1 milhão de encarcerados.
Não podemos aceitar
de forma nenhuma que esse sistema falido, material e moral persista sob pena da
sociedade compulsoriamente através das autoridades que o representa, seja
cúmplice das atrocidades que se multiplicam nos interior dos presídios.
E um equívoco do
ponto de vista administrativo, político e prático, encarcerar criminosos,
apreender menores delinqüentes e perniciosos, e torná-lo refém num regime
pernicioso, onde impera a lei das grades, e cada vez mais se formam verdadeiras
gangues que são alimentadas pelos agentes penitenciários, coniventes e
beneficiados com esse esquema, disforme no trato da questão da recuperação
social do elemento.
No
Ordenamento Jurídico e de todas as demais leis infraconstitucionais, a carta
maior a valorização do ser humano em detrimento da propriedade. Assim os
direitos e garantias individuais e coletivos nela previstos nos oferecem a
proteção que poderá se concretizar através da aplicação das normas-princípios,
a exemplo do princípio da Dignidade Humana.
A
famigerada Lei de Execuções Penais, (lei infraconstitucional), tem como
objetivo a efetivação das disposições tanto da sentença quanto das decisões na
esfera criminal, além de viabilizar a integração harmônica daquele que já fora
condenado, bem como dos que se encontram internados, respeitando os direitos e
garantias essenciais à pessoa humana previstos constitucionalmente.
De acordo com o relatório da Infopen, 89% da
população prisional estão em unidades superlotadas. São 78% dos
estabelecimentos penais com mais presos que o número de vagas. Comparando-se os
dados de dezembro de 2014 com os de junho de 2016, o déficit de vagas passou de
250.318 para 358.663.
No total, há 45.989 mulheres presas no
Brasil, cerca de 5%, de acordo com o Infopen. Dessas prisões, 62% estão
relacionadas ao tráfico de drogas. Quando levados em consideração somente os
homens presos, o percentual é de 26%.
Os crimes relacionados ao tráfico de drogas
são os que mais levam pessoas às prisões, com 28% da população carcerária
total. Somados, roubos e furtos chegam a 37%. Homicídios representam 11% dos
crimes que causaram a prisão.
O Infopen indica que 4.804 pessoas estão presas
por violência doméstica e outras 1.556 por seqüestro e cárcere privado. Crimes
contra a dignidade sexual levaram 25.821 pessoas às prisões. Desse total,
11.539 respondem por estupro e outras 6.062 por estupro de vulnerável.
Do universo total de presos no Brasil, 55%
têm entre 18 e 29 anos. “São jovens que estão encarcerados”, disse o
diretor-geral do Depen. Observando-se o critério por estado, as maiores taxas
de presos jovens, com menos de 25 anos, são registradas no Acre (45%), Amazonas
(40%) e Tocantins (39%).
Levando em conta a cor da pele, o
levantamento mostra que 64% da população prisional são compostos por pessoas
negras. O maior percentual de negros entre a população presa é verificado no
Acre (95%), Amapá (91%) e Bahia (89%).
Por
onde anda a Ministério Público? Onde está o governo nessa questão latente, que
traz total indignação a todos?
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