O DESEMPREGO AUMENTA, TEMER TENTA DESMENTIR
HELIO FERNANDES
Tenho
escrito muito sobre o assunto, com a preocupação jornalística de explicar a
situação das vitimas desse crime selvagem. Pois é de selvageria que se trata.
Os atingidos já são 12 milhões e 700 mil, que dia a dia, mês a mês,
alguns há anos, não têm o que levar para casa. Em milhares de lares, toda a
família está sem trabalho.
Em vez de
providencias reparadoras, o governo mente desabonadoramente. No último ano, 2017,
mais de 1 milhão de pessoas perderam o trabalho que mantinham, com a esperança
de que isso continuasse. Ao contrário, o desemprego atingiu mais 1 milhão e cem
mil pessoas.
Dados
intocados e confirmados pelo IBGE. Com a maior desfaçatez, o governo diz
o contrario, "criamos 625 mil empregos". Afirmação despudorada e
mentirosa, que não desmente nem destrói a realidade: é o maior numero de
trabalhadores sem trabalho. Pelo menos desde 2012 quando o IBGE começou a fazer
o levantamento.
Mas ha
mais e bem mais grave. O governo tem sido salvo de números muito mais arrasadores,
pelos que aceitam trabalho informal. E mais auspicioso e satisfatório. O
aparecimento dos chamados EMPREENDEDORES. Demitidos, trataram de criar uma nova
realidade. Já são milhões. Em 2017, mais de 1 milhão, se tornaram
independentes, prósperos, satisfeitíssimos.
PS- Mas o
governo se volta contra esses vitoriosos, lamenta que não paguem impostos.
PS2- Os
que aceitam ocupação informal, recebendo por serviços ocasionalmente prestados.
Não têm o que pagar.
PS3- Os
EMPREENDEDORES provocam a inveja do governo corrupto. Pois Temer deveria
aumentar a lista de desempregados.
PS4- Como
pessoa física. E como presidente volátil e volúvel, que usurpou o cargo.
O DESGASTE DO JUDICIÁRIO, NOS MAIS ALTOS ESCALÕES
Houve um tempo em que o Supremo se julgava ou
parecia mesmo poderoso. A última palavra em tudo. Irrecorrível. Respeitado. Todos os
ministros interrompendo seus votos ou discursos, com o obrigatório "data
venia", pedido educado de desculpas por discordar de um colega. Esse tempo
acabou, a discordância passou a ser hostil e agressiva.
(Nenhum dos atuais ministros estava na Corte, de
1937 a 1945, o auge da ditadura do "Estado Novo". Não tinham nem
nascido, mas devem conhecer a fase subalterna e subserviente desses 8
anos vergonhosos, difíceis até de serem lembrados. Mas que não podem ser
esquecidos ou escondidos.
No dia 10 de novembro de 1937, Vargas fechou a Câmara
e o Senado, e prendeu centenas de deputados, advogados,
jornalistas, personalidades consideradas inconvenientes pela ditadura que
se instalava, cruel, devastadora e impiedosamente.
Mas surpreendentemente, deixava o Supremo aberto,
intocado, com os 11 ministros referendando os atos mais sórdidos do ditador.
O Ministro da Justiça, José Carlos Macedo Soares,
era o intermediário entre o Catete e esse Supremo desmoralizado. Nem uma só vez
esse tribunal discordou de um ato ditatorial de Vargas. O auge da indignidade
foi a decisão de Vargas, extraditando para as camaras de gás da Alemanha, Olga
Benario, tambem nominada como Olga Prestes.
O Ministro da Justiça conversou com os
advogados dela, insistiu e insinuou que "recorressem ao Supremo, que
poderia modificar a decisão de Vargas". Os advogados aceitaram a
sugestão-conselho do Ministro da Justiça. Perderam por 11 a 0.
Como tudo era combinado com esses magistrados,
poderiam referendar o crime do ditador, forjar um placar de 7 a 4 ou 6 a
5, como acontece hoje.O Ministro da Justiça comunicou ao ditador o que havia
acertado. Vargas se levantou, berrou: "11 a 0, não quero nenhum voto
contra". Foi esse o resultado, nenhum Ministro teve a coragem de
discordar, construir a maioria pelo menos de 10 a 1.
Servos, submissos e subservientes se mantiveram nos
8 anos. De tal maneira, que quando a ditadura foi derrubada em 29 de outubro,
quem assumiu foi o presidente desse torpe Supremo, José Linhares. Não
havia vice, presidente da Câmara, do senado, tudo fechado. Quem colaborou
sempre com a ditadura, comandou a eleição de 2 dezembro desse mesmo
1945).
No regime ditatorial que assumiu o poder em 1 de
abril de 64, quase se repetia o episódio anterior. Durante 3 anos, ditadura de
fato, com a Câmara, o Senado e o Supremo funcionando como se não tivesse havido
golpe algum. Isso durou até 1967.
Quando começaram os rumores de fechamento de todos
os poderes, o Presidente do Supremo, o bravo Ribeiro da Costa, mandou um recado
para o "Presidente" Castelo Branco: "Se algum Ministro do
Supremo for cassado, fecho o Tribunal e mando a chave para o senhor".
Essa rebeldia funcionou durante algum tempo: em vez
de cassação, dois Ministros foram aposentados. Mas logo depois, se instalou a
verdadeira ditadura e Câmara, Senado e Supremo foram fechados.
PS: O Supremo de hoje, nenhuma semelhança com os
golpes de 1937 e 1964. Mas a divisão entre os 11 Ministros, com um 6 a 5 se
repetindo várias vezes, mostra uma insegurança jurídica e política, que pode
arruinar o restinho de prestígio do mais alto tribunal do país.
PS2: Algumas decisões estão em suspenso de forma
assustadora. Única e exclusivamente pela vontade pessoal e intranferível dos
mesmos Ministros. O foro previlegiado há meses tem maioria para ser
transformado em lei. Mas o Ministro Lewandowski, que falta se manifestar como
"voto vencido", nem se preocupa em decidir a questão.
PS3: Existem outros casos do conhecimento público,
que esperam o fim do recesso no dia 19 de fevereiro, mas ninguém sabe se haverá
decisão. Não é preciso citar os casos que são muitos.
PS4: A Presidente Carmen Lucia, declarou
publicamente na televisão: "Quem pauta os processos que terão prioridade
ou não, sou eu. E não abro mão dessa prerrogativa".
PS5: É bem possível que assim que acabar o recesso
e o Supremo voltar a funcionar, a Presidente do Supremo, amargurada, se
convença que a realidade é muito diferente da presunção.
PS6: Na Corte Suprema dos EUA, quem organiza a
pauta não é o Presidente ou qualquer outro Juiz. (lá, todos são juízes, nenhum
é desembargador, Ministro, etc). A pauta dos trabalhos é organizada por um
Oficial de Justiça, para que não haja dúvidas ou favorecimentos.
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