ANÁLISE & POLÍTICA
“Informação com Liberdade de
Expressão”
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
PT de Lula
perdeu eleição no menor município do país.
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT-SP) saiu derrotado no
primeiro teste como cabo eleitoral desde que foi condenado a 9 anos e 6 meses
de prisão no caso do tríplex do Guarujá pelo juiz Sergio Moro. Depois da
sentença, o petista se disse alvo de uma perseguição política e garantiu que
seria um “grande cabo eleitoral” mesmo
se a Lava-Jato o impedisse de concorrer. No último domingo, porém, ele viu seu
candidato, Jailson Sousa (PT), perder a eleição suplementar da Prefeitura de
Miguel Leão, no Piauí.
Vitória do petista
era importante
A pesar de ser uma eleição com mandato tampão e no
menor município do país, Lula chegou a gravar uma propaganda eleitoral na qual
pedia votos para o candidato. "O Jailson é do PT, e você sabe que o PT
sabe governar o Brasil, sabe governar Miguel Leão. Por isso, no domingo, não se
esqueça, vote em Jailson", disse o líder do partido, ao lado da legenda
que o identificava como "ex-presidente do Brasi", sem o L.
Roberto César de Area Leão Nascimento (PR) foi
eleito com 663 votos, 51,48% do eleitorado. Já Jailson obteve 625 votos, o que
equivale a 48,52% dos eleitores. Houve cinco votos em branco, 27 nulos e 154
abstenções no pleito da cidade. A eleição suplementar foi organizada para o
domingo depois que, em fevereiro, o prefeito Joel Lima, o vice-prefeito Jailson
Sousa e o presidente da Câmara Municipal Antônio José de Abreu foram cassados.
A Justiça checou os três participaram de uma inauguração durante o período
eleitoral.
Bolsonaro,
Dória, Lula e Ciro já fazem pré-campanha eleitoral
Alem de Jair Bolsonaro, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador do Ceará e
ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB),
estão realizando caravanas pelo país, principalmente na região do Nordeste,
pavimentando a eleição presidencial do próximo ano. Embora a crise política lidere
a agenda em Brasília, as incertezas da reforma política em discussão e suas conseqüências
para a disputa dos “presidenciáveis” já no segundo semestre deste ano. O prefeito de São Paulo João Doria, vai passar
por 9 cidades em 8 Estados em quatro semanas. Todos os custos são pagos por
ele, que viaja em seu próprio avião. Só entre junho e agosto, o tucano recebeu
37 convites para eventos fora do Estado.
No
dia 18, por exemplo, Doria será ciceroneado no Recife pelos ministros Bruno
Araújo (PSDB), das Cidades, e Mendonça Filho (DEM), da Educação. No dia 31, o
senador tucano Cássio Cunha Lima (PB) receberá o prefeito paulista em Campina
Grande, na Paraíba. Ao mesmo tempo em que procura ampliar a influência no PSDB,
o prefeito consolida pontes com o aliado DEM, que, como o PMDB, já deixou as
“portas abertas” para recebê-lo.
Aliados
do governador Geraldo Alckmin (PSDB), padrinho político de Doria, dizem que
ficaram “perplexos” com a movimentação do prefeito em campo aberto. Alckmin
reagiu e também colocou o pé na estrada. O governador foi a Brasília semana
passada pressionar a Executiva do PSDB a antecipar para dezembro a escolha do
candidato tucano ao Planalto. Circulou pelo Congresso e conversou com as
bancadas da sigla.
Lula da Silva
Mesmo
ameaçado de ser impedido de concorrer caso seja condenado em segunda instância
no caso do triplex do Guarujá (SP), Lula jogou a divulgação da agenda, para a
assessoria do petista que garante que ele vai percorrer, em 18 dias, 25 cidades
em 9 Estados com um discurso com críticas às reformas do governo Michel Temer,
contra o que chama de “golpe” e em defesa de uma agenda que remonta às origens
do PT.
Ficha suja...
Condenado
na Lava Jato a 9 anos e 6 meses de prisão, o petista recorre à estratégia das
caravanas, usada pela primeira vez em 1993 e repetida em 2001, tanto para fazer
sua defesa quanto para amarrar alianças, capitalizar as realizações de seus
governos e apresentar propostas para a campanha de 2018. Seguindo a escolha dos
seus adversários, Lula ruma para o Nordeste, onde nasceu e sempre obteve os
maiores índices de votação. Até o fim do ano, pretende rodar as regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste.
Ciro Gomes
Ciro
Gomes é outro “presidenciável” que intensificou a agenda no segundo semestre.
Tem feito palestras, reuniões com integrantes do PDT e dado entrevistas de
norte a sul. Embora tenha dito ao jornal espanhol El País que gostaria de
disputar a eleição de 2018 tendo o ex-prefeito petista Fernando Haddad como
vice, sua assessoria diz que o objetivo das viagens não é eleitoral.
Marina Silva
Aliados
da ex-ministra Marina Silva (Rede) consideram que já “passou da hora” dela ter
uma “agenda presidenciável” e colocar a campanha na rua. Mesmo na Rede está
claro que é impossível contar apenas com o recall da eleição de 2014 e que o
tempo será decisivo para as pretensões do partido. “Claro que a nossa candidata
é a Marina Silva. A Rede está se estruturando nos Estados e municípios para
entrar na disputa”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Jair Bolsonaro
Já o
deputado Jair Bolsonaro (PSC-SP) “queimou a largada”. No primeiro trimestre,
esteve em Minas, Paraíba e São Paulo. Na ocasião, foi acusado de usar a cota
parlamentar para custear viagens de caráter eleitoral, o que foi negado pela
assessoria do parlamentar. Agora, Bolsonaro parece concentrado em escolher com
qual partido “vai se casar”. Semana passada, frustrou o PEN (futuro Patriota)
ao dizer que “ainda está noivo” do partido. Mesmo assim, a legenda está
otimista. “A ideia é correr o País levando a mensagem de justiça e
sustentabilidade”, disse o presidente do PEN, Adilson Barroso, que já faz
planos para o “futuro filiado”.
Embargos
da sentença que condenou Lula não terão êxito
Para o desembargador Carlos Eduardo
Thompson Flores Lenz, presidente do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
região), a sentença em que o juiz Sérgio Moro, da primeira instância da Justiça
Federal de Curitiba, condenou, no dia 9 de julho, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, “é tecnicamente irrepreensível. "Ele fez exame
minucioso e irretocável da prova dos autos e vai entrar para a história do
Brasil”. O texto integra a entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Os advogados de Lula podem pedir também um
recurso da sentença, que seria julgado então no TRF-4, por uma turma de três
juízes — da qual Lenz não faz parte. A corte abrange os Estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná. Até o dia 10, em três anos e cinco meses de
Lava Jato, 741 processos já haviam chegado lá, 635 dos quais baixados.
Além de avaliar tecnicamente a sentença do
juiz Sérgio Moro que condenou o ex-presidente Lula, o desembargador Carlos
Eduardo Thompson discorreu sobre todas as possibilidades que podem ocorrer
no julgamento da apelação da defesa: não só confirmação ou reforma da sentença,
mas sua anulação, seja pela Oitava Turma do Tribunal, seja pelos tribunais
superiores (STF e STJ), em relação à segunda instância.
Ainda o
“mensalão”. Agora a federal quer
conversar com Lula
O Ministério Público desarquivou há pouco uma
investigação que apura suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva no esquema do mensalão. As informações foram reveladas pelo site do
jornal O Globo e ainda confirmadas pelo jornal Estado. A investigação teve início
na Procuradoria da República do Distrito Federal, com base na acusação feita
pelo empresário Marcos Valério de que Lula negociou com a Portugal Telecom o
repasse de recursos para o PT. Dizem os jornais.
De acordo com Valério, Lula combinou com Miguel Horta,
então presidente da Portugal Telecom, a transferência de R$ 7 milhões para o
PT. O dinheiro, segundo o depoimento, teria chegado ao Brasil por contas de
publicitários que prestaram serviço para campanhas petistas. O depoimento foi
prestado por Marcos Valério em 2012 como uma tentativa de fechar acordo de
delação premiada, após a condenação no mensalão.
Arquivado
em 2015, retorna a investigação e possível condenação
Por pedido da própria Procuradoria da República, no
entanto, o caso foi arquivado em 2015. O procurador Frederico Paiva apontou, na
época, que não era possível comprovar o caminho do dinheiro, com base em relato
feito pela Polícia Federal nesse sentindo. A Justiça Federal em Brasília
discordou do pedido de arquivamento e o caso foi remetido à Câmara de Combate à
Corrupção da Procuradoria-Geral da República, para arbitragem. O órgão
concordou em remeter de volta à PR-DF o caso para reabrir as investigações. No
início de agosto, o procurador Ivan Marx encaminhou o caso para a PF dar
prosseguimento novamente às investigações.
Lula sofre derrotas e mais derrotas nos tribunais
Na quarta-feira (9) um novo pedido do
ex-presidente Lula da Silva foi negado. Um Habeas Corpus. Mais um. O
ex-presidente pretendia que fosse declarada a suspeição do juiz Sérgio Moro,
por sua postura durante audiência de instrução em uma das ações penais da Lava
Jato. Os advogados do ex-presidente afirmaram que Moro teria permitido ofensas
de uma testemunha a Lula; feito provocações e debochado da defesa após o fim do
depoimento, quando o equipamento de filmagem já estava desligado; e proibido
ilegalmente a gravação de audiências sem sua prévia autorização.
Decisão
fulminante
O ministro foi taxativo, negou e ainda deu um
‘puxão de orelha’ na defesa, que, segundo ele, utilizou o recurso errado para
situações desse tipo, ponderando que existe meio apropriado para corrigir
eventuais equívocos processuais. Em suma, o Habeas Corpus não é o meio
apropriado.
Reforma política sai na medida
para caciques e donos das legendas
A adoção do sistema do "distritão" nas eleições
de 2018 é a encomenda certa para alguns partidos. O PMDB e o PSD com 6
deputados a mais cada, são os principais partidos que vão levar vantagem na
reforma Política. Para o PT, o saldo seria de 3 vagas a mais. PP e PSDB
continuariam com o mesmo número de cadeiras, e o PR perderia 2 deputados. O
sistema do "distritão" iguala a disputa dos deputados à dos
senadores: os mais votados no Estado são eleitos, independente do partido.
A vantagem é acabar com o "efeito
Tiririca", em que um nome bem votado acaba elegendo outros, de pouca
relevância. Na verdade o 'distritão' transforma a eleição de deputado em uma
disputa majoritária. E numa disputa dessas, importa muito estar junto de um
candidato a governador forte, que possa pedir votos para você.
Só a
partir de 2022...
O presidente da comissão especial
da reforma política, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), avalia que é
possível aprovar a reforma política no plenário da Câmara nos próximos 15 dias.
E que o "distritão" deve passar, mesmo que como uma regra de
transição para as eleições de 2022. "Os partidos estão conversando. Vão
perceber que o 'distritão' é o melhor para eles. Reduz o número de candidatos
e, por conseqüência, o dinheiro gasto. É uma alternativa a ter que aumentar o
financiamento público das campanhas", diz Lúcio Vieira Lima.
"Ademais, não se pode fazer reforma política pensando nisso, em quem
entraria e quem ficaria de fora", diz Lúcio.
O “distritão”
só é usado em quatro países
O "distritão" é usado em poucos países do
mundo. Só adotam este método o Afeganistão, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait
e Vanuatu, além das Ilhas Pitcairn (um território britânico no Pacífico). O
principal ponto negativo do "distritão" é o desperdício de votos,
pois votos dados a candidatos não eleitos deixam de influenciar o resultado.
Além disso, o sistema beneficia os atuais ocupantes do cargo, dificultando a
renovação no Legislativo.
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