Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 5 de junho de 2015


VIRA A FOLHINHA... O GOVERNO QUER É QUE VIRE A PÁGINA!

FERNANDO CAMARA
05.06.15

Plano Safra, novas concessões, terceira etapa do Minha Casa Minha Vida. Sim. O Palácio do Planalto voltará a ser um “Cabo Canaveral”, com muitos lançamentos esse mês. Tudo isso tem um objetivo claro: O governo vai tentar passar a ideia de que a crise arrefeceu e que o PT, que dia 12 tem seu Congresso Anual em Salvador, não tem do que se envergonhar e pode namorar em paz com a população.

O problema é que os números não apontam esse arrefecimento. As pessoas continuam pagando caro por tudo; os preços em alta, o desemprego à espreita. Serasa: um em cada quatro brasileiros está endividado.

E A SALVAÇÃO VEM DA AGRICULTURA!

Hoje, a ministra Kátia Abreu tem reunião na Frente Parlamentar de Agricultura às 18hs. A ida não é por acaso. Na semana passada, o IBGE divulgou que o único setor a apresentar crescimento foi o agropecuário. Se não fosse a agricultura, a situação estaria muito pior. Daí a necessidade do governo não só agradecer os investimentos como bater bumbo nessa área, com o Plano Agrícola e da Pecuária - PAP. 

E A CÂMARA NA REFORMA POLÍTICA!

Enquanto o cenário se agrava, o Senado vota o Ajuste Fiscal e a Câmara se dedica à reforma política, onde Eduardo Cunha foi surpreendido pelo vigor de sobrevivência. 

Em cada estado da Federação existe um alavancador eleitoral, como o “Tiririca” (um milhão de votos), ou como o Celso Russomano (um milhão e meio de votos). Assim, pelo atual sistema eleitoral cada um deles arrastou sete deputados ao mandato no Parlamento. Como pedir a eles que votem contra ao próprio retorno? 

VOTAÇÕES DA REFORMA POLÍTICA

Quando Cunha foi eleito presidente da Câmara, apresentaram-se candidatos a líder do PMDB os deputados Manoel Junior, Marcelo Castro, Lúcio Vieira Lima, Leonardo Picciani, Danilo Forte e José Priante. Cunha disse que se manteria neutro. Muitos duvidaram. Leonardo venceu por um voto. Passados pouco mais de dois meses, três dos candidatos tiveram duras desavenças como o presidente. 

Cunha atropelou a Comissão Especial da Reforma Política, destituiu a Relatoria e espezinhou o deputado Marcelo Castro, defensor do voto distrital misto. Apesar de ser o mais influente parlamentar na Câmara, parece que lhe falta compreensão política para conduzir as tensas votações da sepultada Reforma Política, que se tornou em uma emotiva reforma eleitoral.

A discussão e votação sobre o “Fim das Coligações” mostrou que o PMDB não controla a sua bancada. O líder encaminhou a favor das coligações, mas a maioria votou pelo fim dessa união entre os partidos. As coligações passaram por causa da união dos pequenos a parte dos interesses dos grandes. A única verdadeira mudança foi o fim da reeleição. De onde se conclui que o Governo é reconhecido como a máquina de campanha. Por isso é necessário que haja rodízio. Que Conclusão!

OS REFLEXOS DAS VOTAÇÕES

Os 210 votos somados ao PROS e ao PCdoB foi o tamanho do presidente Cunha no ponto que mais lhe interessava: o Distritão. Faltou a sabedoria de Ulysses Guimarães para saber envolver a Sociedade no debate. Distritão x Distrital Misto foi a discussão que não desceu às ruas, assim como o financiamento de Campanha. É preciso reconhecer que há um colapso, e ouvir as soluções, desaforos e sandices de todos os setores da sociedade. O que foi aprovado até aqui não reflete o desejo do eleitor. Na época da construção da Constituição Cidadã, Dr. Ulysses advogou que a organização e coligação partidária ficassem sob a responsabilidade dos eleitores, votou, elegeu, seguiu em frente, não obteve votos, caso encerrado. 

DOAÇÃO DE EMPRESAS PARA PARTIDOS, DEVE CAIR

 Uma padaria ou um comércio de bairro, você imagina uma pequena empresa que prestigia o político local ter que passar a “doar” para a direção de um Partido? Que absurdo! E o dono de uma grande empresa que seja candidato, imagina que a empresa dele irá “doar” ao Partido para assim os valores retornarem para a campanha do próprio? Caso esta exigência se mantenha, a ilegalidade irá aumentar e “pedágios” serão cobrados por Partidos para receberem as contribuições. 

Esta semana continuaremos nessa batida da reforma, com discussão da duração e mandatos, coincidência de eleições, cota de mulheres. Esta, aliás, tende a ser rejeitada, uma vez que faz a maioria masculina ver as deputadas como quem ficará com uma vaga na Casa, embora tenha recebido menos votos. As votações tendem a seguir o que valeu até aqui: Não houve discussão sobre o comportamento político dos representantes do povo. Houve, sim, discussão em torno da sobrevivência dos presentes.

RENAN COM OS OUVIDOS ATENTOS

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) é um personagem que vale observar sempre. Ele chamou de “embuste fiscal” o ajuste do governo que estabelece cortes duros no Orçamento que, segundo ele, “penaliza o pobre, tributa a renda e o salário e penaliza também os municípios”. A declaração foi dada na quarta-feira (27) em discurso na solenidade de abertura da 18ª Marcha dos Prefeitos pela revisão do Pacto Federativo. Foi aplaudidíssimo.
O ajuste, apesar das declarações de Renan, foi aprovado, mas o perigo para o governo não passou, uma vez que a presidente Dilma Rousseff foi aconselhada a vetar a flexibilização do fator previdenciário, e a tendência dos congressistas é uma mobilização para derrubar o veto. Mas isso é assunto para julho.

TERCEIRIZAÇÃO & FUTEBOL


Renan Calheiros parou a importante reunião de Líderes para ouvir o Setor Agropecuário, recebeu a diretoria do Instituto Pensar Agro, presidido por Ricardo Tomczyk. E assumiu compromisso de contribuir para a regulamentação da terceirização. 

quinta-feira, 4 de junho de 2015

DECRÉPITO E CAQUETICO O LEGISLATIVO HUMILHA O EXECUTIVO. DUAS CPIS PARA A CORRUPÇÃO DO FUTEBOL.

HELIO FERNANDES
04.06.15

Se o Aurélio ou o Houaiss, fossem vivos, retirariam de seus dicionários a palavra representatividade. Pelo menos em relação ao Legislativo. O movimento de rua que começou e acabou em junho de 2013 (está completando dois anos) acertou totalmente quando bradou diante da Câmara e do Senado: “Vocês não nos representam”. Isso é cada vez mais verdadeiro.

Eduardo Cunha e Rena Calheiros ou “calhau”, fazem de tudo para escapar da Lava-jato. Quando alguém pergunta, porque se mantêm no cargo, não renunciam, respondem tranquilamente: “Somos apenas investigados e nunca encontra, alguma coisa para nos indiciar”.

E continuam tentando destruir o executivo, enquanto se escondem atrás de CPIs. Fizeram uma sobre a Petrobras, continuam “em atividade”, mas não convoca ninguém de importância, mas sabidamente corruptos. Por que não ouvem nenhum dirigente ou proprietário de empreiteiras?

Romário criou uma CPI para investigar a CBF. Com 53 assinaturas, estava consolidado. Foi chamado pelo presidente da Câmara, ouviu a sugestão: “Vamos fazer uma CPI mista”. (só eu publiquei isso).

O ex-jogador não aceitou, Cunha convocou os apaniguados da “bancada da bola”, criaram outra CPI. A CPI do Romário é para apurar. A da Câmara é para esconder. Por que não organizam uma CPI para investigar Cunha e Calheiros? Podia ser mista, mais completa.

 O congresso vota por perseguição e não convicção.

Em junho de 2013, na primeira manifestação autentica e relevante das ruas, muitos protestos. O principal, atingiu o legislativo, com a frase: “Vocês não nos representam”. Gritado em massa na frente da Câmara e no senado, provocou mais do que susto e sim pânico.

O Legislativo ia aprovar a PEC 37, que por unanimidade restringiria e praticamente acabaria coma Independência do Ministério Público. Logo o “colégio dos líderes” (uma excrescência), se reuniu, mudou radicalmente, votou e recuou por unanimidade a mesma PEC 37.

Respiraram aliviados conscientes de que poderiam mistificar e enganar a opinião pública. Agora, varias demonstrações neste sentido. Aprovaram a PEC da bengala, represália contra Dona Dilma, os Ministros do Supremo ficam na ativa até os 75 anos.

Mas para que os Ministros do Supremo não se julguem poderosos e vitoriosos, querem trair a dignidade, a ética, a moral e o bom senso. Preparam interpretação: “Os Ministros terão que se submeter a nova sabatina”. Absurda e inconstitucionalidade.

Celso de Mello há 29 anos no Supremo, vão perguntar o que a ele? Marco Aurélio Mello (que como é do seu estilo logo se manifestou contra) há 24 no Supremo, a que perguntas responderá? E os outros idem, idem.

Imediatamente o Supremo considerou essa segunda sabatina imoral e inconstitucional, o legislativo, humilhado, não pôde fazer nada. Mas humilha diariamente o Executivo, (como mostrei ontem) acumulando mais poderes para esse legislativo aético, caquético, capenga.

Lava-jato sem restrição.

Acusado de irregularidades quando presidente do BB em vez de responder e ser responsabilidade, foi protegido e promovido. Passou a presidente da Petrobras, até agora nenhum resultado. Se a apresentação do balanço for colocado como ponto positivo, "blindagem" proporcionada pelo próprio governo.

A Caixa Econômica vem sendo apontada como "fabrica" de "contratos" altamente favorecidos. Agora surgiram denuncias de "contratos sigilosos", que deveriam ser imediatamente apurados e investigados.

Num momento em que se fala, se pede e até se exige transparência, por que sigilo nas concessões? E o BNDES, nenhuma surpresa, mais uma vez envolvido em escândalos colossais. Aí os números são inimagináveis, embora depois dos assaltos aterrorizadores da Petrobras, nada seja inadmissível, tudo é mais do que visível. 

Em nome da transparência, poderiam exigir desse antigamente "banco de fomento", a publicação ou quebra do sigilo de empréstimos favorecidos e privilegiados.

Dois dados que o BNDES não explica, mas que o cidadão-contribuinte-eleitor, precisa conhecer com urgência. Duas declarações sigilosas de empréstimos a Eike Batista. Quantos foram, o total dos valores, as garantias.

2- A declaração de um economista famoso, nomeado por Lula para a presidência do banco, e com quatro meses, denunciando escândalos internos. 

Textual: "O BNDES empresta os três ou quatro por cento, atravessa a rua, são reemprestados a sete ou oito por cento". (O BNDES e a Petrobras ficam na mesma Avenida Chile, um de cada lado).

Mas é preciso que não se confirma a reviravolta da Lava-jato, que se esboça no horizonte. Sabendo do que acontecia no BNDES, Lula tomou uma só providencia: "Demitiu o presidente que nomeara, e fornecera o roteiro das negociatas e dos escândalos".

PS- O amalucado e desequilibrado futebol brasileiro, ultrapassa seus próprios limites negativos. O técnico Marcelo Oliveira foi campeão brasileiro pelo Cruzeiro em 2013 e 2014. Começou 2015, desfalcadissmo, foi logo demitido.

PS2- Não satisfeitos com tanto malabarismo que pensam ser maquiavelismo, contrataram para substituí-lo, Wanderley Luxemburgo. Que 48 horas antes havia sido demitido do Flamengo, não esconderam que era por incompetência.
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quarta-feira, 3 de junho de 2015


PELÉ APOIA BLATTER, ELE RENUNCIA. O LEGISLATIVO ESTRAÇALHA O EXECUTIVO, DILMA SE ACOVARDA.

HELIO FERNANDES
03.06.15

Eduardo Cunha e Renan Calheiros, (investigados, indiciados, condenados, cassados e presos se a Lava jato não for paralisada no meio do caminho), estão dispostos a destruir o principio constitucional de que "os Poderes são harmônicos e independentes entre si".

Legislam, aprovam, votam e aprovam projetos que tenham como objetivo a destruição ou imobilização do executivo. Não é obsessão ou convicção e sim o caminho direto da corrupção.

O presidente da Câmara e do Senado, seguidos de um grupo enorme de poliglotas da subserviência, estão felizes com o que vão conseguindo. Ontem, apareceram na televisão, rindo satisfeitíssimos. Renan, Cunha, mais o senador Eunicio de Oliveira, derrotadíssimo para governador do Ceará. Mas candidato de Renan a sucedê-lo, se não conseguir a emenda para um novo mandato de presidente.

Vou relacionar as decisões ou tentativas de invadirem o poder do executivo e muitos, vou reduzir. 1 - É evidente que 39 ministérios é um absurdo gritante. Mas esses Ministros são impostos e divididos pelos partidos, e o principal beneficiário é o PMDB desses dois.

2 - Depois de 22 anos "engavetado", o Presidente da Câmara (já combinado com o presidente do senado) colocou em pauta para votação urgentíssima, a questão da redução da maioridade criminal de 18 para 16 anos. Essa é uma das questões mais polêmicas, não resolve nem diminui de maneira alguma a criminalidade. Querem apenas atingir o executivo.

3 - Aprovaram a "PEC da Bengala", impedindo a presidente de nomear quatro ou cinco novos ministros do Supremo. (Lula tentara isso em 2010, não conseguiu, queria prorrogar seu mandato). 

Mas tentaram humilhar o próprio Judiciário, determinando nova sabatina, para os que completassem 70 anos e quisessem ficar até 75. Só que foram fulminados, o Supremo considerou inconstitucional.

PS4- Na "refizeram" partidária, por pressão tremenda de Eduardo Cunha, os grupos que com seguiram "eleger" um deputado ou um senador, terão direito ao Fundo partidário e ao horário de rádio e televisão. É um dos maiores ultrajes que a Câmara já foi submetida. Renan Calheiros diz que o senado não tem nada com isso vai aumentar a representação. Quem acredita nele?

PS5- Estão elaborado nova investida contra o Executivo, determinando que todos os presidentes e diretores de estatais e outros órgãos públicos sejam sabatinados e aprovados pelo senado. O projeto é longo e cheio de detalhes. Renan conhece bem o assunto, indicou durante 10 anos, o presidente da subsidiária mais importante da Petrobras, afastado por irregularidade.

Ou Dilma reage, ou apresentarão emenda, determinando que o mandato presidencial seja referendado todo ano. Será ou seria o "impeachment fatiado".

Esse é um escruncho sem fim, que precisa ter um fim. Se ficar (ou ficasse) tudo como está, sem punição para ninguém, o maior escândalo do futebol se reproduzirá para sempre. Tudo começou em 2004, com a escolha da África do Sul como sede da Copa. Começava a corrupção para localizar sedes.

A África do Sul não tinha a menor condição esportiva para comandar uma Copa. Alem do mais, uma revelação, poucos conhecem: em 1976 por causa do Apartheid, comunicou a FIFA que não disputaria a Copa da África.

Textual: “Não jogaria com negros”. Resposta fulminante da FIFA: “Não joga com negros, também não joga com brancos”. Foi expulsa. Muito mais tarde, por causa do prestigio de Mandela, voltou. Mas escolhida para a Copa de 2010, pelo poder do dinheiro.
A escolha do Brasil em 2008, processo legitimo. O Brasil não realizava uma Copa há 64 anos, era potencia do futebol, respeitado, tinha cinco títulos mundiais. O escândalo mesmo, rolando fortuna, ocorreu em 2012, quando foram escolhidos no mesmo dia, Rússia e Catar.

A FIFA, (com o Comitê Olímpico) decidiu a sede com seis anos de antecedência, para dar tempo da organização. A candidata mais forte era a Inglaterra, realizara a ultima em 1966, completaria 52 anos. Mas a corrupção saiu vitoriosa, com a FIFA modificando toda a sua tradição. Designando duas sedes no mesmo dia determinava onde se realizaria a Copa, 10 anos depois.

A Rússia derrotou a Inglaterra com a eleição se decidindo com o valor dos cheques. Mas o assombro mesmo veio com a designação do Catar. Sem nenhuma tradição esportiva, um dos países mais ricos do mundo. Petróleo com população miserável, de pouco mais de 300 mil pessoas, Mas abriu os cofres, ganhou por unanimidade, distribuiu cheques, todos eles com fundos. Agora não sabem o que fazer, junho no Catar é calor de "torrar" multidões.

No dia da eleição, escrevi sem a menor duvida, de forma taxativa: "Blatter foi eleito mas não governará". Nem estabeleci condições, "terá dificuldades", por aí. Pois ontem, ás cinco da tarde, (na Suíça) Blatter fez um discurso rápido, como no boxe, "jogou a toalha".

Por que Blatter renunciou? Chegou á conclusão de que o lugar comum, "eu não sabia de nada", não funciona traduzido para o inglês. Mais surpresas do dia: a nova eleição para a presidência da Fifa será realizada em dezembro ou março de 2016. Entre sete e dez meses.

Com essa eternidade, a Copa da Rússia, deve ser mantida, mesmo com acusações. A do Catar pode ser transferida. e muitas prisões e condenações estão praticamente anunciadas.

PS- Preocupação geral: o Cardeal Evaristo Arns, foi internado em estado grave. Um dos maiores resistentes da ditadura, tem como adversário, a idade.

PS2- A participação geral de Dom Evaristo na realização da missa de sétimo dia do jornalista Vladimir Herzog, foi emocionante e comovente, a dos generais torturadores, aviltante e humilhante.

PS3- Marcado para a bela Catedral de São Paulo, foi vetada pela ditadura. Apoiada pela família, o Cardeal Arns garantiu que a missa se realizaria na Catedral, enquanto os generais queriam que fosse numa igreja distante, desconhecida e de difícil acesso.

PS4- Não podendo manter o veto, montaram um "praça de guerra" nos arredores da Catedral. Em todos os edifícios e casas vizinhas, militares de fuzis visavam a Catedral. Em todos os telhados próximos, o mesmo aparato militar.

PS5- Enquanto isso, o Cardeal rezava e oficiava a missa, que provocou comoção geral, sem qualquer alteração.
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Tsunami de ações vai inundar a especializada

 Por sua vez, este ano, os reflexos imediatos da turbulência mundial já chegaram ao Judiciário, em especial à Justiça do Trabalho, que por excelência, busca proteger o trabalhador, hipossuficiente, e para isso vem utilizando novos e eficientes mecanismos de execução, e de todos os meios favoráveis ao empregado na cobrança e, até mesmo, no arbitramento de valores.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
03.05.15

   A crise econômica já esta afetando diretamente o judiciário trabalhista, sinalizado pelo aumento sinuoso a demanda, que vem crescendo a cada mês, superando médias dos períodos anteriores, numa clara e insofismável constatação de que sua estrutura já está dando sinal de saturação. A prova substancial para isso são as audiências designadas e as remarcadas, que estão elastecidas.

   Segundo reclamações dos advogados que labutam no judiciário trabalhista, as remarcações já estão alcançando datas para novembro e dezembro de 2015 e para o primeiro trimestre de 2016. Hoje mais do que nunca, os grandes chamados litigantes (governo, bancos e concessionárias de serviços públicos) usam a Justiça de forma desenfreada, por sua vez, o próprio judiciário é tendencioso a judicialização.  Isso significa que o cidadão aciona a justiça em busca de direitos, que muitas vezes, poderiam ter sido solucionados através de um sistema extrajudicial.

   Em 2013, a taxa de congestionamento do judiciário aumentou de 70% para 70,9%. O dado é do Conselho Nacional de Justiça e consta do relatório Justiça em Números, que avalia anualmente a produtividade e o desempenho do Judiciário, bem como a sua estrutura.  Isso quer dizer que, de cada 100 processos em trâmite na Justiça, um a menos foi resolvido em comparação com o ano anterior. 

   Em números absolutos: foram 95,14 milhões de processos em trâmite em 2013, dos quais 28,3 milhões entraram no ano passado e 66,8 milhões já estavam na Justiça antes disso. No mesmo ano, os juízes resolveram 27,7 milhões de processos. Quando digitava esta matéria, uma informação, ainda que incerta, indicava que existem 100 milhões de ações. Em 2013, dos 67 milhões de processos pendentes de julgamento, 36,3 milhões eram de execução. E desses, 30 milhões eram de execução de títulos fiscais. E mais grave: apenas 29 em cada cem processos chegaram ao fim.

Assim 40% das ações pendentes de julgamento do país estão em fase de execução, 82% delas resultam da ação do Estado para cobrar dívidas. E se a taxa de congestionamento geral é de 70,9%, ao recortá-la para a fase de execução, esse índice sobe para 86%. Em outras palavras, de cada 100 execuções que estão para ser resolvidas, só 14 o são. É, na prática, o "ganha, mas não leva". 

   O resultado do aumento no número de processos deixa a Justiça ainda mais lenta, servidores e magistrados sobrecarregados e com isso representa sofrimento e angústia para quem espera longos anos para ver a decisão final de um julgamento. Ao todo, estão nas gavetas e computadores da Justiça (estadual e federal, em todas as instâncias), pelo menos, 95.140.000 processos.
   Por sua vez, este ano, os reflexos imediatos da turbulência mundial já chegaram ao Judiciário, em especial à Justiça do Trabalho, que por excelência, busca proteger o trabalhador, hipossuficiente, e para isso vem utilizando novos e eficientes mecanismos de execução, e de todos os meios favoráveis ao empregado na cobrança e, até mesmo, no arbitramento de valores.
   A crise econômica se instala nos meios de produção, coloca o sistema financeiro em embolia, e gera ansiedade e temor quanto ao futuro dos negócios. Na ponta deste iceberg de injunções , está o trabalhador, e a sua estabilidade, mais do que nunca precisa ser defendida. Mas sabemos que o estado tem dado demonstração de total despreparo quanto a sua proteção.

   Não o protege n=uma economia estável, como poderia protegê-lo numa situação anômala? Por outro lado, data maxima venia, a magistratura não está preparada técnica e doutrinariamente para compreender os aspectos substantivos dos pleitos a ela submetidos. Falta aos membros do Judiciário uma visão real das estruturas sócio econômicas. O juiz por sua vez, se personifica numa classe superior, com os mais altos salários do planeta, e a sua visão, é elitista, e fora da realidade de milhões de brasileiros.


terça-feira, 2 de junho de 2015


PELÉ DEFENDE BLATTER. PETROBRAS OFERECE 30% DO PRÉ-SAL. FLAMENGO 1 MILHÃO E 100 MIL MENSAIS A GUERREIRO.

HELIO FERNANDES
02.06.15

O Ministro Dias Toffoli não é tratadista para ser citado. Mas ontem, mostrou duas falhas já levantadas por este repórter na Tribuna da Imprensa, mas transfiro o crédito para ele. 1 - O mandato presidencial de quatro anos é muito pequeno, devia ser de cinco ou seis, sem prorrogação ou reeleição.

O mandato do presidente, desde a República, era de quatro anos, sem reeleição, rotina ou principio, quebrado pela ganância de FHC. Era comum dizerem: "No primeiro ano o presidente estava tomando conhecimento das coisas. No último já não mandava nada".

2 - "Todo parlamentar (Senador, deputado) devia renunciar para ser Ministro ou secretario de Estado". Defendo isso ha mais de 30 anos, tenho vários exemplos, citarei um só. Hillary Clinton era senadora, foi convidada por Obama para Secretaria de Estado. Tinha ainda três anos de mandato teve que renunciar.

Preço caro.

Até a semana passada, todo automóvel que trafegasse pela Ponte Rio-Niterói. Pagava 5 reais e 20 centavos de pedágio. Acabou o contrato naturalmente foi feita nova licitação, vitória de outra concessionária.

Imediatamente anunciou: o pedágio a partir de hoje, custará 3 reais e 70 centavos. Menos 1,50, 33 menor. A prefeitura está na obrigação de examinar o preço cobrado até agora.

E essa análise deve se estender por todos os pedágios do país. Incluindo o preço dos ônibus BRT, caríssimo.

FMI.

O Ministro Levy viajou, e anunciado oficialmente, passou o dia conversando com a presidente desse órgão. Ela inclusive está no Brasil há 15 dias. Quando viajou como presidente eleito e ainda não empossado conversou com um professor de economia e finanças de uma das maiores universidades do mundo.

Ouviu dele: “Presidente, se o senhor quiser governar o mandato inteiro, não faça reforma cambial, nem recorrer ao FMI”. Juscelino, apesar de terrível oposição, (foi eleito apenas com 33 por cento dos votos) seguiu o conselho, ficou no cargo os cinco anos.

Que coisa mais antiga recorrer ao FMI. Mas é rigorosamente o perfil de Joaquim Levy, antes e depois de ser ministro.

Petrobras.

A situação interna da empresa complicou, a externa retrocede em matéria de confiança. A vai acumulando erros. A afirmação do presidente, “estamos cumprindo as metas, embora sem lucros”, surpreendeu e assustou.

Por outro lado existem fortes indícios de que a empresa quer negociar 30 por cento de área do pré-sal, o que não agradou. E ainda mais grave: não são compradores que batem á porta da empresa, ela é que se oferece como vendedora. Melancólico.

Resposta.

Silas Pereira, sou contra o voto obrigatório, desde os tempos da Tribuna impressa. É um absurdo e uma violência contra o cidadão. Na última eleição, 137 milhões inscritos, 26 milhões anularam o voto. No mundo ocidental, nenhum país tem esse contraditório voto obrigatório. O eleitor vai, obrigado, anula. É uma representatividade falsa. Com o voto voluntário, o cidadão exibe sua convicção. Constrói uma comunidade autêntica, sabe em quem votou.

J.Bianchi, Romário e Maradona, que você citou extraordinários jogadores. O argentino, personalidade controversa, não sai dos holofotes, mas não tentou a carreira política. Romário, deputado e agora senador, pretende o Executivo, começando por prefeito, PE inteiramente diferente. Mas se disputar e perder a prefeitura, terá mais seis anos como senador.

O contrario de Blatter, que assume o quinto, mandato, cheio de duvidas e incertezas. Ele mesmo declarou: “Não tenho medo de ser preso”. Se for preso, todo o tempo que ficou em liberdade já é lucro. Em liberdade, enriquecido, até agora, 17 anos de aristocracia corrupta.

Edson Arantes do Nascimento não abandona a ideia de desmentir Pelé. Foi o único a defender Joseph Blatter.

PS- O Flamengo contratou o peruano Guerrero de 31 anos e 3 meses, por três temporadas. Significa que começará o último ano do contrato com 33 anos e três meses.

PS2- Salários: 650 mil reais mensais. Luvas: 16 milhões pelos três anos. O que representa 5 milhões e 300 mil reais por anos, ou mais 470 mil mensais. Somando: 1 milhão, 120 mil todo mês. Exorbitância.

PS3- O que se diz no clube. Bandeira de Mello não quer a reeleição (garantida) no fim do ano. Já garantiu imagem de bom administrador financeiro, quer mais do que isso. Contrataria mais um ou dois jogadores de grande nível, para disputar o titulo do Brasileirão e deixar para o sucessor uma vaga na Libertadores.

PS4- O que se comenta: campeão brasileiro e com a disputa da Libertadores certa, não resistiria a apelos para continuar, sua decisão de ir embora, não seria irrevogável.
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Tribuna online

Helio. Os arquivos da Tribuna da Imprensa é uma relíquia sobre todo um período negro da vida nacional. De 64 a 85, as notícias que ali foram publicadas, com certeza podem ajudar muito a desvendar mistérios e desenterrar cadáveres de uma fase violenta que atingiu a sociedade brasileira. Você já foi procurado para abrir seus arquivos a memória nacional e os movimentos sociais?


Nelson Solano – Salvador – BA.
O BRASIL POSSUI 16% DE ÁGUA POTÁVEL. ESTA RIQUEZA PRECISA SER PRESERVADA E INDOLATRADA. O QUE FAZ O GOVERNO SOBRE ISSO?
ROBERTO MONTEIRO PINHO
02.06.15
Daqui a 15 anos, a Terra irá se deparar com uma disponibilidade mundial de água 40% menor se o recurso natural não for bem gerido. O alarme foi dado pelo relatório "World Water Development 2015", da Organização das Nações Unidas (ONU).
Essa previsão é extremamente preocupante, já que a água está no centro do desenvolvimento sustentável e na base do crescimento econômico, da redução da pobreza e da sustentabilidade ambiental.

O consumo do recurso deve aumentar por causa do crescimento da população mundial e da demanda por bens e serviços que dependem dele. Segundo o documento, a agricultura, por exemplo, já usa 70% da água doce disponível em países desenvolvidos e cerca de 90% nas nações em desenvolvimento.

Isso também será necessário porque, segundo as Nações Unidas, a demanda de água por parte da indústria global aumentará em 400% de 2000 a 2050.

"Já existe um consenso a nível internacional em torno do fato de que a água e os serviços higiênico-sanitários são essenciais para alcançar muitos objetivos de um desenvolvimento sustentável", afirmou o secretário geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Michel Jarraud.

O Brasil detém entre 12 e 16% da água doce da superfície terrestre. O país possui bons índices de chuva, o Amazonas é o rio de maior volume e nosso território ainda abriga o aquífero Guarani, o maior do mundo. 

Um aquífero é um reservatório subterrâneo, aonde a água das chuvas chega por infiltrações no solo arenoso. O Guarani se estende por 1,2 milhão de quilômetros quadrados e abrange oito estados brasileiros, além de áreas da Argentina, do Paraguai e do Uruguai.

Essa água toda pode ser aproveitada com a construção de poços artesianos, o que já ocorre em vários locais. Se há recursos, por que os especialistas alertam que a situação é preocupante? 

"Essa abundância deve ser vista com reserva, pois a distribuição é irregular", diz Pedro Jacobi, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e Coordenador do Projeto Alfa, da Comunidade Europeia sobre Governança da Água na América Latina e Europa.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

O PDT MORREU JUNTO COM BRIZOLA.

HELIO FERNANDES
01.06.15


Alguns fatos rigorosamente históricos, jamais publicados, rigorosamente verdadeiros. Começo pela visita de Brizola á Tribuna da Imprensa, o descontentamento de muitos funcionários, não sei como você pôde ou pode saber disso.

Funcionários (não jornalistas) com 30 anos de casa, (o jornal foi fundado em 1949, isso aconteceu em 1979) não gostaram da ida dele ao jornal.

Uma tarde, da portaria me avisam, “o governador Brizola está aqui, quer falar com o senhor”. Nunca havia falado com ele que fez toda carreira no RGS, (deputado estadual, prefeito da capital, Governador), com uma exceção até então: Candidato a deputado federal pela Guanabara com Lacerda governador. Vitória estrondosa. De cada 10 eleitores, quatro votaram neles. Mandei subir, lógico, o que fazer?

Me abraçou, amistoso, amável, agradável: “Tinha um compromisso comigo mesmo”. “A primeira vista teria que ser você. No exílio éramos mais ou menos uns 20, já não mais em Montevidéu. Todo dia chegava 10 Tribunas, disputávamos. Teu artigo sobre Castelo Branco, é Histórico, ficará para sempre. Prova de coragem, grandeza, desprendimento”.

O PTB.

Passou a relatar seus projetos. “Vou recriar o PTB, fundado por Vargas”. 15 anos fora do Brasil, desinformado, não sabia que a “anistia” era uma farsa, os generais continuavam mandando. Principalmente Golbery, que mobilizou o Tribunal Eleitoral, tirou o PTB de Brizola, entregou a Ivete Vargas, que colaborara com a ditadura.

Fundou o PDT, disputou e ganhou o governo da Guanabara, quase não tomou posse por causa da Procosult e da campanha da Sujíssima Veja, sempre utilíssima e servil á ditadura. Brizola naturalmente queria a presidência da república, tentou prorrogar o mandato de João Figueiredo para 1986 assim a eleição seria direta. Não conseguiu.

Collor.

Depois da vitória e da morte de Tancredo, a primeira direta em 1989, sucedendo aos 21 anos da terrível ditadura. Muitos candidatos. Ulisses, Mario Covas, Lula, Brizola, Fernando Collor e outros. Collor foi para o segundo turno com Lula que venceu Brizola por meio ponto.

Foi para a fazenda no Rio grande, chamou Lula de “sapo barbudo”, voltou, teve que Apoia-lo. Me disse: “eu ganharia de Collor”. A eleição de Collor, ou melhor, o seu impeachment mudou a Historia do Brasil. Todos conspiraram contra ele, a começar pelo seu líder na Câmara, Renan Calheiros. Traição completa, Collor não percebeu nem acreditou. A grande campanha do impeachment foi liderada por Renan, com FHC e se aproveitando do irmão de Collor que estava morrendo de câncer. Usaram a Sujíssima Veja como sepultura, o velório dele e da revista.

Assumiu o vice Itamar, como não havia reeleição, ficou apenas dois anos. E logo preparou a candidatura de FHC, que foi feito Ministro da Fazenda, e a seguir, simultaneamente Ministro do Exterior. De senador sem importância e em fim de mandato, a presidente, com os cargos, os privilégios e a máquina do governo.

Renan.

Sem nenhuma generosidade mas com temor evidente, FHC nomeou Renan ministro da justiça. De “advogado de porta de Xadrez” a Ministro, Renan continua o destino controverso mas vitorioso. Do impeachment até agora, 23 anos debaixo dos holofotes.

Antes intimidava o presidente, era feito Ministro. Agora confronta e enfrenta outro presidente, o preço é mais relevante: quer escapar da Lava-jato.

Se Collor tivesse cumprido o mandato inteiro, em 1994 os candidatos naturais seriam Brizola e Lula. Com qualquer dos dois, a História seria diferente. Em 1998, numa madrugada de “café gaucho”, (que eu não conhecia) disse a Brizola que ele não podia ser vice de Lula, não ganhariam. FHC já havia comprado a reeleição, ficou até 2002.

Brizola falecido.

Lula depois de FHC, já era muito tarde. E com a morte de Brizola, morreu também o PDT. Assumiu Carlos Luppi, essa mesma decepção que está aí. Tinha uma banca de jornal quase na esquina do edifico onde Brizola morava. Descia todo dia para comprara jornais, conversavam, não sei o Brizola viu nele, levou-o para o partido, ficou intimissimo.

Assumi discricionariamente, está até hoje. Foi Ministro do Trabalho, demitido por Dilma, respondeu pelos jornais e televisões com ridícula “declaração de amor”. O PDT até hoje é a cara do Luppi, não entendo a razão de não ser afastado. A subserviência tem muitos adeptos.

(matéria republicada a pedido dos internautas).

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