Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A LATIFUNDIARIA KATIA ABREU, O MINISTRO PETROS ANANIAS, OS QUE EXIGEM REFORMA AGRARIA. O TERRORISMO DOS QUE SE DIZEM “DEFENSORES” DE MAOMÉ.

HELIO FERNANDES
08.01.15

Neste momento em que assombrados, acompanhamos o maior atentado terrorista contra a Liberdade de Imprensa e de Expressão, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, temos que conviver com o terrorismo da mediocridade e da incompetência, representado pelo novo ministério de Dona Dilma.

O primeiro marcou os quatro anos iniciais de Dona Dilma, com irresponsabilidade e fracasso total. Agora, o que parecia impossível, acontece: os 39 “novos” ministros, formam um coletivo pior do que o anterior.

E ninguém se entende, não por divergência pessoal, mas sim por causa dos interesses de partidos e de grupos, que se chocam com os que defendem realizações que no Brasil já marcam dezenas de anos de retrocesso.

Nada mais elucidativo do que uma comparação sumaria entre os discursos de Dona Katia e de Patrus Ananias. Afirmação dela: “Não existem mais latifúndios no Brasil”. E completou com o que repete há anos: “Nós, ruralistas, trabalhamos o tempo todo para botar comida na mesa dos brasileiros”.

São poderosos, assassinam e mandam assassinar, confiantes na impunidade. E enriquecem impiedosamente com os altos preços que cobram, pela “generosidade” de nos servir.

No dia seguinte, Patrus Ananias assume o Ministério do Desenvolvimento Agrário, e responde dura mas sem hostilidade em apenas uma frase: “Temos que derrubar as cercas do latifúndio e não parar por aí”.

Nenhum país se desenvolveu ou cresceu sem reforma agrária.  Como Dona Kátia só chama Dilma de presidentA, muitos pensaram que ele fosse outro Nelson Barbosa, repreendido logo depois da posse.

Terrorismo contra a Petrobras.

Uma firma de fachada foi criada pela cúpula da própria Petrobras, e deu á empresa, prejuízo de 1 BILHÃO. Investigado, referendado e revelado pelo Tribunal de Contas da União. Lula e Dona Dilma compareceram ao “lançamento” dessa obra inexistente. Que continua inexistente até hoje. Lógico, e o ex-presidente e a presidente atual não sabiam de nada.

Todos eles têm uma coisa em comum, qualquer que tenha sido o cargo deles antes, depois, até agora, e no futuro distante, imprevisível mas desejável.

Em Pasadena (que da mesma forma como no mensalão, que explodiu no ano de 2005), no assombroso aumento do custo da refinaria de Abreu e Lima, (de 2 bilhões para 20, impossível saber como e quando terminará), e no assalto da quadrilha que devorou e devastou a Petrobras.

Agora, criminosos presos ou em liberdade, quase todos praticamente executivos de empreiteiras, mas nenhum dono de verdade quer se livrar com manobra que consideram hábil e proveitosa: a criação de uma nova CPI da Petrobras. Isso é indigno, improvável e impossibilidade total.

PS- O mundo recebeu com assombro, e a repercussão está contida nas palavras do Presidente Holland da França “Esse é um ato bárbaro de terrorismo”. Para este repórter, perfeita a definição, falta acrescentar: “O terrorismo está dentro das nossas casas, não existe distancia que proteja ninguém”.

PS2- Foram assassinados 10 jornalistas na redação do semanário “Charlie Hebdo” especializado em ironia e humorismo, não livrando nenhuma religião. Voltaire, dos maiores personagens da França, ensinava: “Ironia e humorismo são armas de tempera divina”.

PS3- Vil, selvagem, horrendo, cruel, cínico, bárbaro, intolerável, inaceitável, foram algumas palavras utilizadas para condenar o atentado. Do presidente Obama, ao secretario Geral da ONU, todos se manifestaram. O Primeiro Ministro da Jordânia, disse ao New York Times: “Esses assassinos terroristas e obscurantistas não podem ficar impunes, assustando o mundo”.

PS4- A insegurança do mundo é completa e irreversível. Logo depois do assassinato e até as 22 horas (18 daqui) Paris estava deserta (com exceção das manifestações). Os Ministros da Grã-Bretanha, Alemanha e o Secretario de Estado dos EUA, falaram cada um de um lugar diferente, mas com a mesma violência.

PS5- Os assassinos despareceram, favorecidos pelo sistema de transporte rapidíssimo da França, que permite que qualquer pessoa passe de um país para outro sem qualquer dificuldade.

PS6- Apesar da procura de milhares de policiais, até ás 22 horas (de lá), nem vestígio dos assassinos. Ninguém sabia como eram, o que vestiam, quantos eram. (Supunha-se que três).

PS7- Em todas as redações, jornalistas de jornais, televisão, rádios, revistas, Internet, comovidos e emocionados. Os que conhecem Historia, (ninguém era nascido) lembravam de 1940, quando os nazistas também assassinos, entraram em Paris. Todos os jornais, rádios e revistas não funcionaram durante muito tempo.

PS8- Pânico natural e compreensível em todas as grandes capitais e não apenas nelas. Em nova Iorque, a população foi aconselhada a não sair de casa, a não ser por obrigação. Reforço de milhares de policiais, também em Londres e Berlin.

PS9- É preciso ressaltar: os assassinatos de agora, vingança das caricaturas de 2011. Não pararam de tentar, não conseguiram. Finalmente acertaram, assassinaram os jornalistas com “fuzilamento”, de frente e de costas.

PS10- Esses Assassinos que adoram repetir “Alá é Deus e Maomé é seu Profeta” devem lembrar que “deuses” e “profetas” Não matam. Quem assassina são assassinos, que têm que ser presos e condenados.

PS11- São 20 horas aqui, exatamente 23 em Paris. Mais ou menos 200 mil pessoas foram ás ruas homenagear os jornalistas assassinados. Não há ainda o menor sinal da localização dos assassinos. O governo da França determinou que as investigações continuem a noite toda.
..........................................................................................................................................
Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com o colunista, através do e-mail:
blogheliofernandes@gmail.com
As respostas serão publicadas aqui no rodapé das matérias. (NR).

Para Ralph Lichotti

Amanhã responderei ao teu pedido sobre a posição de Lacerda em 64, diante do golpe. Fiquei o dia todo atento e sem tempo para nada diante dos assassinatos covardes da França. Desculpe.

Helio Fernandes,

Quantas vezes o senhor foi preso durante o regime militar. Especialmente fale sobre sua prisão em Fernando de Noronha.
Alcimar Laerte Pessoa – Campinas-SP

Sr Helio.

Tece sua visão histórica, sobre os dias de terror sofrido pelos que frequentavam o Calabouço, e da morte do estudante Edson Luiz em março de 1968. A exemplo de historiadores, o senhor considera que esse foi realmente o estopim para estimular o surgimento de uma guerrilha contra a Ditadura Militar?
Jeronimo Martines e Silva – Nova Iguaçu-RJ

Helio Fernandes,

Parabéns. Agora através do e-mail ficou mais fácil a comunicação com o blog. Helio, no momento que soube do empastelamento da Tribuna da Imprensa em 26 de março de 1981, qual foi a sua reação?

Saulo Pinheiro Jr – Rio.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A POSSE DO SEGUNDO JOAQUIM, VISTA DO ANGULO DO PLANALTO. O RODÍZIO DOS MESMOS EMBAIXADORES. RENAN, SEM CACIFE PARA ELA E PARA O PMDB.
HELIO FERNANDES
07.01.15
Assombrada e isolada, Dona Dilma assistiu e ouviu o discurso de posse do Ministro da Fazenda. Já comentei alguns pontos dessa importante afirmação, falta mostrar a reação da presidente. Uma das curiosidades dela e de toda a comunidade palaciana e subserviente, era como identificaria Dilma: presidente ou presidentA.
Usou a primeira forma, determinada e deixando a determinação de que fará concessões simplesmente para manter o cargo.
Joaquim Levy quis passar a impressão para todos, assessores, outros ministros, áulicos, seja quem fosse, que "ele não é o chefe da equipe econômica, ele é a equipe. E quem movimentará a economia será ele, somente ele".
O segundo Joaquim foi incisivo, conclusivo, definitivo. Não sabe até quando. Mas Dona Dilma também não sabe. Assim que desligou a televisão, com uma porção se folhas rabiscadas, a presidente chamou o insuficiente Mercadante para com ele mercadejar opiniões, já não se interessam muito por opinião.
Pergunta inicial e única de Dona Dilma: “Foi um desafio, um discurso contra mim e não a favor do governo ou do país:". O Chefe da Casa Civil que concorda sempre, é um derrotado como nunca se viu, respondeu sem tatear mas concordando tacitamente.
Foi rápido como sempre: "PresidentA, a senhora tem sempre razão e vê lúcida e imediatamente. O Ministro, prevendo o fracasso, quer provocar a demissão, assim justificará o que prometeu mas não tem condições de cumprir".
Acabou logo o que os dois chamam de "dialogo". Dona Dilma ia ligar para Nelson Barbosa que acredita fazer parte da equipe de Joaquim, o que é um equívoco. E Dona Dilma desistiu, pensou (?) que ele podia não atender. Apesar de ser do time da presidentA.
A “criatividade” Dona Dilma.
No meio de 2013, precisou trocar de chanceler. Antonio Patriota não justificava nem o sobrenome, deixou de ser chanceler, foi para a ONU, substituir o embaixador Luiz Alberto Figueiredo que veio para o Ministério do Exterior.
Tímido, sem liderança nem mesmo no Itamaraty, também teve que sair. Sem pensar muito, (não é o seu esporte predileto) Dilma usou a formula anterior, não deu certo mas repetir não dá trabalho. O chanceler vai para Washington, (o mais importante da carreira).
Quem estava lá, Mauro Vieira, vira chanceler.
Em 17 meses, dois chanceleres são mudados e mandados para os EUA. E nesse período, Figueiredo foi embaixador na ONU, Ministro do Exterior, embaixador nos EUA, mesmo sem a confirmação. Ninguém liga para isso.
Imaginem se esse príncipe da diplomacia tivesse méritos. E o novo chanceler tomou posse como se estivesse assumindo a OMC. (Organização Mundial do Comércio). Só falou em ”resultados”, para ele comprar e vender muito. Naturalmente para os Brics. Nessa OMC está outro brasileiro, também embaixador.
A presidência do senado.
Confirmadas as denuncias sobre Renan Calheiros e Romero Jucá, Eunicio de Oliveira será o próximo a assumir, substituindo o senador de Alagoas. Este e o senador Jucá, não são “invictos” em matéria de acusações. Conhecem muito bem o passado e o presente, o que os preocupa é a dúvida sobre o futuro.
A oposição não tem número nem nome para conquistar a presidência. Eunicio não é um cidadão “acima de qualquer suspeita”, mas não está vulnerável a respeito da corrupção na Petrobras. Derrotado para governador do Ceará, pode ser votado pelo ex-governador Cid Gomes.
Só que este não tem cacife para ser Ministro (da Educação, garantido) e ao mesmo tempo vetar um candidato a presidente do Senado. De qualquer maneira todos têm que esperar. A eleição normalmente é em 31 de janeiro. Mas como os interrogatórios de Curitiba já começam em 3 de fevereiro, quem terá a coragem ou audácia de decidir antes: Renan e Jucá: Nunca mais, Ou Dilma se complicará ainda mais.
Como eu disse há mais de um mês, Sergio Machado não voltará mais á presidência da Transpetro. Acreditou na volta, teve que prorrogar a “licença”, o “padrinho-patrocinador”, (Renan) não têm cacife para reivindicação pessoal. Quanto mais transverso.
O Presidente da Câmara, Henrique Eduardo, citado na lava-jato, pediu a Michel Temer para tirar seu nome da lista dos ministeriáveis. Temer atendeu na hora, está com o poder intacto de tirar e nenhum de colocar. Exemplo: indicou Moreira Franco, seu intimo amigo e correligionário para continuar, vinha fazendo bom trabalho, a presidentA não aceitou.
Prestigio mesmo, de bastidores, tem o senador “ficha suja”, Jader Barbalho. Conseguiu fazer o filho derrotado para governador, ministro secretário da Pesca. O filho com mais processos do que o pai.
Em diversos jornalões, foto grande do governador Pezão, com 28 secretários. Nesses 28, 7 só mulheres. Estas são apenas 13 por cento do total, parece uma “propina” da desigualdade. Nenhum negro, preconceito mesmo.
Na foto aparece Paulo Melo como secretario. Mas já disse ao governador, “tomei posse mas quero ir para o Tribunal de Contas”. Era presidente da Alerj, pretendia a reeleição, foi derrubado pela “família” Picciani.
Vargas na Academia.
Muitas pessoas pelas formas mais diversas pedem que identifiquem os intelectuais que se insurgiram contra a entrada do ditador na Academia. Foram Gilberto Freire, Carlos Drumond de Andrade, Sergio Buarque de Holanda. Teriam entrada direta na Academia, “jamais participaremos dessa Casa que aceita um ditador”.
Não consigo me lembrar quem era o presidente da Academia no auge do “estado novo”, já se passaram 75 anos. Os 40 acadêmicos atuais, estavam nascendo quando o ditador ameaçou e intimidou a Academia. Mas dois terços dos atuais, votariam em Castelo, Médici, Geisel. É que nenhum deles se lembrou.
PS- Em 2014 a grande luta do Botafogo era não cair para a Série B, caiu, Agora pode muito bem correr o “risco” da C. Pelo menos o técnico contratado tem todas as credenciais para isso.
PS2- E o Internacional? Rompeu depois apelou para Abel Braga sem sucesso. Perdeu um profissional competente. Não concordou com Mano Menezes, nova frustração. Para começar muito mal este 2015, contratou o Uruguai Diego Aguirres. Isso é que é vocação para o desperdício, Vai tentar ganhar do Botafogo.
Ps3 – Fred, o maior fracasso da seleção dos 7 a 1, (naturalmente com grande colaboração de Parreira e Felipão), ganhava no Fluminense, 959 mil por mês. Como a patrocinadora rompeu com o Fluminense, Fred “foi para o espaço”.
PS4- Não sabe se fica no clube ou é obrigado a sair, já fez “abatimento” para o Internacional: assina por 650 mil. Aos 31 anos não vale a metade.
A partir de hoje, nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com o colunista, através do e-mail:
blogheliofernandes@gmail.com
As respostas serão publicadas aqui no rodapé das matérias. (NR).

Sr. Jornalista,

Caso seja possível, de forma breve, explique com convicção a posição de Lacerda quanto ao Golpe de 64. Nossas gerações ficam confusas sobre essa página da história política do Brasil.

Ralph Lichotti - Niterói

Helio,
Sou Fluzão, nunca gostei do Fred, mas quem teria para colocar em seu lugar. Afinal jogador polêmico, também interessa aos clubes, para acender os holofotes da mídia.
Também se comenta que seu salário era dividido para alimentar a "gula" entre diretores.

Willian Dantas - Rio de Janeiro

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

OSTENSIVA OU VELADAMENTE, A PETROBRAS APAVORA O MUNDO POLÍTICO, ECONOMICO, ADMINISTRATIVO. E OS “ACIONISTAS MAJORITÁRIOS” DAS EMPREITEIRAS, FICARÃO IMPUNES?

HELIO FERNANDES
06.01.15

Dona Dilma exaltou e exultou com o passado, nos 43 minutos em que no Congresso, lia o que escreveram para ela. Eufórica e vitoriosa, foi a gladiadora dela mesma e do seu triunfo. Esqueceu a inflação, os juros altos, a desorganização total da economia, o desajuste geral e inacreditável. Para o futuro, apenas promessa vagas, exatamente igual ás que fez na primeira posse.

Cantou bem alto: “Nunca tivemos, como agora, reservas externas de 370 BILHÕES de dólares”. Não lembrou que a dívida atingiu um total jamais atingido, de 2 TRILHÕES e 200 BILHÕES, quase igual ao PIB. Só que os juros elevadíssimos, e a falta de crescimento ou desenvolvimento do país, impedem a formação do “déficit primário” para AMORTIZAR os juros.

Só para valorizar a comparação. A dívida do Japão é SEIS vezes o valor do PIB. Mas lá o juro é de 0.10 vezes, 125 menor do que no Brasil. O governo do Japão recebe essa fortuna colossal, investe, cria empregos, presta serviços relevantes á própria população.

Não demora e a DÍVIDA brasileira chegará a 3 TRILHÕES. A amortização anual, ficará em mais de 300 BILHÕES. Os juros não pagos totalmente, são jogados na dívida, os “credores” estrangeiros não reclamam. E os brasileiros não sabem de nada.

Em suma: Dona Dilma apresentou um passado fulgurante e prometeu (á palavra da sua preferência) um futuro mirabolante. Só ela erra em tudo, qualquer que seja o tempo do verbo ou o espaço da realização.

Até a participação do publico diante do parlatório, enquanto ela falava, um desperdício de analise. Acreditou e propagou 200 mil pessoas, não apareceram nem 20 mil. 10 por cento, o que se compara a uma propina, no caso, “propina de impopularidade”.

Este 2015, será assim ou pior. Nem quero citar o discurso de ontem do segundo Joaquim, “preocupante” para Dona Dilma, que ele só chamou de presidente. Não usou nenhuma vez a palavra subserviente, presidentA.

 O segundo Joaquim, de longe ou de perto, assusta Dona Dilma. Tranquilamente adiou sua posse para segunda feira, (ontem) queria repercussão individual e não coletiva. Obteve. E mostrou que tem estilo próprio.

Não se arriscou, não prometeu, apresentou “o que o país precisa”, e que irá fazer. E deixou bem claro por onde começará. Se não gostarem, não se iludam: o problema não será dele.
Três coisas que podem ser discutidas, debatidas, discordadas, Mas são textuais do Ministro agora empossado. 1 – “Os gastos públicos têm que ser controlados”.

2 – “O orçamento têm que acompanhar a arrecadação”. 3 – “Vou trabalhar muito com a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União. Para controlar e fiscalizar gastos, incluindo todos os ministérios”.

A propósito: as ações ordinárias da Petrobras, caíram ontem 8 por cento. As preferenciais tiveram queda também dos mesmos 8 por cento. E as duas fecharam exatamente em 8 reais. Parecem números cabalísticos, mas é a realidade de uma empresa de tal maneira massacrada, que não há nem possibilidade de análise ou previsão.
r
PS- Na posse, Dona Dilma leu dois discursos, nenhum escrito por ela, não tem profundidade ou credibilidade para isso. O primeiro, produto da tecnologia, "falou" pelo ouvido. Só que quem recitava, lia com velocidade, ás vezes ela se atrapalhava, apesar de ter durado 43 minutos.

PS2- O segundo, lido do "parlatório" (palavra imprópria para os personagens), acabou em 5 minutos, não foi nem resumo do primeiro. Estava escrito em folhas de papel, esse, disseram, "era para o povo".

PS3- Não é depreciativo o presidente ler discursos escritos por outros, desde que saiba escrever. Lincoln, escritor maravilhoso, só redigiu o discurso de posse já "herdando" a guerra e o último, já terminada a guerra na cidade que se transformou e cemitério, morreram todos.

PS4- John Keneddy se formou em Direito em Harvard, depois ali mesmo fez o curso de jornalismo, o primeiro da turma, diziam, "Harvard jamais leu ou ouviu o dele". Na posse o discurso foi escrito por Ted Sorensen, com a frase: "Não pergunte o que o país pode fazer por você e sim o que você pode fazer pelo país". Excelente repercussão naturalmente para Kennedy.

PS5- Em 1962, a mais tormentosa crise entre EUA-União Soviética, por causa da descoberta dos mísseis soviéticos em Cuba. (Nada a ver com a guerra fria, como disseram alguns tolos arrogantes e repetem hoje).

PS6- Num momento em que parecia não haver conciliação com Kruchov, Kennedy chamou Sorensen, falou: "Preciso ter na minha mesa, dois discursos. Um lamentando a guerra. O outro exaltando a paz".

PS7- Sorensen escreveu os dois com a mesma competência, embora parecesse contradição. Sorensen dizia a amigos: "Cumpro missão, o presidente escreve melhor do que eu, o que não tem é tempo".

PS8- Como todos sabem, os artigos não foram usados, desnecessários. Estão nos arquivos do Departamento de Estado, serão abertos em 2016. Quem puder não deixe de ler, são maravilhosos.

PS9- Como o notável Sociólogo Hélio Jaguaribe disse a Vargas, 48 horas antes dele se matar: "Presidente o "continente é tão importante quanto o "conteúdo".
PS10- Vargas se matou deixando um documento (carta-testamento) histórico não escrito por ele. O ditador não sabia escrever e nem tinha capacidade de produzir nada parecido.


PS11- Em pleno "Estado Novo", resolveu entrar para a Academia. Subserviente, foi eleito como candidato único. Apresentou 42 volumes de discursos lidos por ele em 15 anos, mas escrito por outros. Provocou a "revolução" intelectual escritores verdadeiros repudiaram e condenaram a Academia.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

FINALMENTE DILMA FORMA E EMPOSSA SEU MINISTERIO “QUEM-QUEM”, PROVISÓRIO OU MISTIFICAÇÃO.  13 CONSEGUIRAM CONTINUAR.

HELIO FERNANDES
05.01.15

A última Constituição do Império foi implantada em 1846, terminou naturalmente em 1889. Nesses 43 anos, tiveram que ser formados 47 Gabinetes (como se chamava na época), média de 11 meses para cada um. Já não existiam mais nomes, quase todos eram desconhecidos.

Como o de Duque de Caxias tinha importância e prestigio, Dom Pedro II, mandou um alto dirigente dignitário revelar os nomes a ele. Muito velho e ouvindo quase nada, a cada nome que era pronunciado, perguntava, “quem”, ia repetindo com insistência. Dessa forma o ministério ficou conhecido como “quem-quem”.

Dona Dilma que conhece muito História e não apenas isso. Mas também administração, economia, infraestrutura, teve que repetir o Imperador por outros motivos. Para não nomear conhecidos de mais, teve que apelar, (isso mesmo) para desconhecidos.

No primeiro e catastrófico mandato, chegou a 39 ministros por acaso. Nos meses iniciais teve que fazer a “faxina” obrigatória, jogando para “debaixo do tapete”, muitos deles, flagrados em irregularidades. Agora insistiu nos 39 nomes por teimosia,quando tinha tudo, para reduzir esse ministério inflável, praticamente inflamável.

Resolveu então “fatiar” a escolha, que só terminou no final da tarde do dia 31, véspera da posse. E para completar o número, teve que confirmar 13 que faltavam. Já cometera um ato insensato dizendo publicamente “vou consultar o Procurador Geral para saber que posso nomear”.

Com isso trouxe novamente para as manchetes, o primeiro Joaquim, o do Supremo, que não perdoou. “Fatiar” foi uma palavra popularizada por ele. E presidente da República consultar o procurador para compor seu ministério, fulminou, implacável: “Isso é uma degradação Institucional”.

A alguns tão íntimos que são obrigados a chama-la de presidente, costumava sussurrar logo depois do segundo turno: “Vou ficar em 39 ministros, menos não dá”. E relatava as dificuldades. “Só posso manter 10 dos 39 de agora, e preciso conquistar a liberdade que não tenho. O Lula sabe de tudo o que se passa no governo e no Planalto, até antes de mim”.

Todos os interlocutores sabiam que se renderia a Gilberto Carvalho, há 12 anos como Secretario Geral da Presidência, lulista de sempre, dilmista raramente.

Pois esse Ministro que pediu para sair, foi a grande sensação no dia 2, 24 horas depois da posse. O mais sincero e autêntico de todos, sua frase retumbante e rigorosamente verdadeira ultrapassa os corredores do Planalto ganha repercussão nacional.

“Não somos ladrões, não somos ladrões (repetido por ele) com todo orgulho saio como entrei, continuo com uma quitinete rural e morando no mesmo apartamento que estou pagando há 19 anos ao Banco do Brasil”. Festejadissimo, lembraram que ele sempre chamou Dilma de presidente, sem o A subserviente.

(Explicando para não haver equívoco. Colocar o A final não é errado. Mas não é normal ou usual, apesar do fato irrefutável, de ser a primeira mulher presidente, portanto a escolha não existia. Mas chama-la de presidentA por exigência, rima com subserviência).

O começo a “trindade” de um só.

Ungida, sagrada e sacramentada mas ainda não empossada, foi acumulando contradições em cima de contradições. Nada surpreendente, Dona Dilma é assim. Ficou um tempo “esperando” Trabuco, chegou a admitir Belluzzo e Luciano Coutinho, o ministério ficaria todo de terceiro time.

Estava reeleita e diplomada, embora entre a reeleição e a segunda posse, poderia nomear ou demitir quem quisesse. Mas preferiu a palavra “apresentar”, juntando no mesmo palco os “futuros” ministros. Surpresa total com o aparecimento do segundo Joaquim, que eu identifiquei logo como o Arminio Fraga do B.

Podem dizer que era “trindade” mesmo, todos vieram para valer. Nenhuma duvida. Tombini nunca esteve fora, ficando no BC ou indo para a Fazenda. Nelson Barbosa foi colocado para substituir Mantega. Como isso não acontece, foi embora. Agora apresentando para uma possível e provável substituição do segundo Joaquim.

Este ficará até o momento em que deixar de chamar Dilma de presidentA, não com a palavra e sim com decisões. Nem sei como definir a “apresentação, nomeação e posse” do segundo Joaquim tão diferente dela. Para ele o desafio de fazer o que sabe que tem que ser feito.

Para Dilma, o desafio diferente de recuar, ceder e conceder. Se der certo, ele vai ficando, “a política econômica é sempre do presidente”. Se ficar tudo ajustado, inteiramente diferente do primeiro mandato, vitória para ela.

Se não se ajustar, sai bem antes. Nelson Barbosa assume, era o roteiro do segundo mandato, com o segundo Joaquim, e o segundo suposto substituto. E o povo pagará a conta, como está pagando as do primeiro mandato.

Mas esse tão esperançoso e tão acreditado Ministro do futuro, não resistiu nem 24 horas no cargo, foi “convidado” delicadamente a voltar ao presente. Publicamente repreendido pela declaração sobre o salário mínimo. “voltou atrás” desmentiu tudo o que falou.

Textual dele: “A começar em 2016 até 2019, as regras do salário mínimo não serão mais vigentes agora”. Muita audácia, imprudência, acreditou mesmo que era Ministro, entrou em conflito com a chefe que só chama de presidentA.

Sua nova declaração, pública e oficial: “As regras atuais do aumento do salário mínimo, não serão modificadas. Continua Ministro, mas aprendeu a dimensão do seu poder. Sabe que não adianta atender o mercado”, tem que entender a presidentA.

PS1- Nomear o derrotadíssimo Eduardo Braga, Ministro de Minas e Energia, sabendo que queria e precisava do cargo que não era nem da presidente nem dele, Ministro? É que tinha que ganhar holofotes depois da derrota no Amazonas, deixar a vaga no senado, provisoriamente para a própria mulher, suplente.

PS2- Demitiu o Ministro Lobão, quatro anos no cargo sabendo que ele teria que voltar ao senado, desempregando o filho suplente, derrotado no Maranhão. Qual a diferença entre a suplência da mulher ou do filho?

PS3- O vice dos EUA, Joe Biden, disse a Dilma: “O presidente Obama quer acelerar o relacionamento com o Brasil. Começando pela Ciência e Tecnologia”. Ela então nomeia para o Ministério que domina o setor, o senhor Aldo Rebelo. Teórica, simbólica ou partidariamente, pertence ao Partido Comunista. Mas sabidamente é paraplégico de convicções.

PS4- Como Aldo Rebelo assumiu o Ministério dos Esportes sem saber nada do assunto, deveria continuar depois de dois anos de aprendizado. Mas agir sensatamente não é o estilo, o habito e o gosto da presidente Dilma. Aí, transferiu-o de Ministério, revoltou toda comunidade cientifica.

PS5-Juca Ferreira, ministro da Cultura de Lula, voltou ao cargo. Não foi reverencia ao ex-presidente e sim represália planejada a Dona Suplicy. Esta não é mais Ministra. Vai completar o mandato (e a carreira) no sendo. Retumbancia geral contra Juca.

PS6- Repercussão negativa maior só a do novo Ministro dos Esportes, Não conhece ninguém do setor, não é conhecido. Nem ele mesmo se conhece, foi pastor não é mais. Explicou: “posso não conhecer ninguém do setor, mas sou inteligente, sei tratar com gente, e gosto de ouvir”. (E colocou a mão no ouvido). Vaiado assim que foi anunciado.

PS7- Jaques Wagner era Ministro garantido. Foi colocado na Defesa, começou com uma gafe milenar ou militar: “Temos que deixar as feridas cicatrizarem”. Como os comandantes consideram que não houve ferida, não gostaram da palavra cicatrizar.

PS8- Singularíssima a situação de Cid Gomes. No meio de 2014 registrei aqui: “A governador do Ceará pediu a Dona Dilma, quero ir para um cargo no exterior, estudar, me aprimorar, há muito tempo não abro um livro”. Sincero, Dona Dilma, respondeu: “Vou pensar”.

PS9- Estudar é sempre uma boa ideia. Mas não terá tempo, foi nomeado precisamente no Ministério da Educação, em vez de aprender vai educar. E está tão atrasado, que leu um discurso primário, escrito a mão, em folhas de papel.

PS10- Dona Dilma repetiu a frase lançada em 2013: “Brasil, Pátria-Educadora”. E no segundo discurso reafirmou: “Educação será a prioridade das prioridades”.

PS11- Demitido não surpreendentemente em junho do ano passado. Mantega pediu a Dilma: “Quero ir para uma vaga de diretor do BID, que pertence ao Brasil”. Não foi atendido, vai um pouco mais longe: será presidente do Conselho do Banco dos Brics.

PS12- Esse Banco ainda não foi fundado, e quando (e se) começar a funcionar, a sede será em Hong-kong. Mantega irá morar lá ou aqui? Não precisa se preocupar, tem o ano inteiro para isso.





Parte - II

A ILHA DE CUBA, CUBANITA, OBAMA E OS PORÕES DA DITADURA DE FIDEL.

"el verano caribeño  y la lunes del capital americano".

ROBERTO MONTEIRO PINHO
05.01.15

O presidente dos EUA chegou ao poder com minorias e gente que fala a sua língua do social, (e o espanhol) escreveu dois dias após sua eleição em 2008, um acessado bloguista cubano, (muitos exilados cubanos possuem blogues) radicado em Miami.

Durante sua campanha presidencial Barack Obama proclamava que era "hora de criar uma nova estratégia em relação a Cuba". Seis anos mais tarde, o presidente tomou a surpreendente decisão. A retomada de relações diplomáticas com o regime comunista depois de negociações ultrassecretas iniciadas há 18 meses, (segundo fontes da Casa Branca) o presidente americano rompe com meio século de isolamento de Cuba e dá um autêntico golpe político.

Assim como com o tema das mudanças climáticas ou da imigração, o presidente toma a iniciativa de maneira espetacular e até inesperada sobre várias de suas velhas promessas, nas quais muitos de seus partidários não acreditavam mais.
Paradoxo: a derrota de seu partido nas legislativas de novembro levou o presidente a dar uma guinada e ignorar as críticas de seus adversários políticos, que parecem ter sido surpreendidos, publicou o jornal Gazeta do Povo.

A presença monetária do Brasil na construção do Porto de Mariel indica que o governo, de posse de informações privilegiadas (fonte não revelada) revia fim do isolamento cubano. Para especialistas, o megaprojeto em Cuba com financiamento do BNDES sinalizou que o governo brasileiro apostava numa reaproximação entre Washington e Havana, e por sorte, antecipando-se a investidores americanos.  
Na avaliação de especialistas em relações exteriores, EUA e Cuba inauguram uma nova dinâmica na política da América Latina.
Existem no episódio fortes indícios de que maçons ligados a o EUA e com forte tentáculo na Casa Branca deram a segurança necessária e inicial para as conversas bilaterais de todas as nações latino-americanas com Washington nas últimas três décadas, o presidente Barack Obama recupera influência para os EUA, estimula o resgate da Organização dos Estados Americanos (OEA) e abre espaço para que países como Brasil, Colômbia e México se empenhem em Havana pela abertura política e econômica.
A Maçonaria nos Estados Unidos tem sido influente desde a fundação e na história dos Estados Unidos. Eles assinaram a Declaração da Independência e a Constituição, foram Presidentes, registram sinais no Grande Selo (brasão) e na nota de um dólar que contêm elementos maçônicos e a cidade de Washington foi projetada segundo estes símbolos.
*Nas próximas publicações abordarei novamente os entrelaces dessa importante ação e reatamento de relações Cuba-EUA.
A pedido as matérias serão curtas, sempre atendo a solicitação dos nossos seguidores. (NR)


sábado, 3 de janeiro de 2015

PUBLICADA EM JANEIRO/14
HELIO FERNANDES
03.12.14

A Folha, como é seu hábito, colocou um tema, parlamentarismo ou presidencialismo, convidou duas excelentes personalidades para dizerem SIM ou NÃO a um dos regimes. Os escolhidos, Ives Gandra da Silva Martins e Claudio Gonçalves Couto, cheios de conhecimento, categoria e credenciais, merecem todos os louvores pela indicação, mas não pelas respostas.

Só que a culpa não foi deles. A pergunta implicava na obrigação de responder SIM às eleições INDIRETAS no Parlamentarismo, e NÃO, também obrigatoriamente às eleições DIRETAS no Presidencialismo. Com isso, apesar da competência do jurista e do cientista político, (os dois além do mais professores) o que surgiu foi uma complexa e extravagante irrealidade.

Agravada por outra obrigação: a de opinar sobre o mérito dos regimes. O parlamentarismo é melhor ou pior do que o presidencialismo? E na pergunta estava implícito e quase explícito, que presidencialismo rima com diretas e parlamentarismo com indiretas.

Ora, as Constituições mudam, e com elas os regimes. O parlamentarismo na Europa, teve sempre o Primeiro ministro eleito pelo voto direto. E o Presidente, uma notável figura, geralmente com mais de 80 anos. Escolhido por unanimidade, mas indiretamente.

Presidencialismo puro, só nos Estados Unidos

E 1960, a constituição da França mudou com De Gaulle, o presidente (ele) passou a ser eleito diretamente. E a nomear e demitir o Primeiro Ministro. É que a França teve muitas Constituições, reconheçamos, quase tantas quanto o Brasil.

Os EUA só tiveram uma, é também o único país do mundo ocidental que conquistou a independência, (derrotando a poderosa Inglaterra) e simultaneamente implantando a República e o presidencialismo. Com uma única Constituição, desde 1788. (Em 1936, praticamente em plena guerra, Hindenburg era presidente eleito da Alemanha, Hitler Primeiro Ministro. O marechal morreu logo, Hitler acumulou os cargos, alguns juristas protestaram, “desapareceram”.

A eleição nos EUA é diretíssima, bem ao contrário das indiretas

O sistema parece complicado, por causa disso é analisado e consagrado como indireto. O que acontece, é que nas vésperas da constituinte, os americanos tiveram a sabedoria de realizar a convenção da Filadélfia, que durou cinco meses.

Ali “jogaram fora” os assuntos sem importância, selecionaram para a Constituinte, alguns sobre os quais não havia entendimento, as divergências eram inconciliáveis.

Estadualismo ou Federalismo?”

Esse era o ponto de maior controvérsia. As 13 províncias, que só foram transformadas em estados, na constituinte, queriam uma constituição “estadualista”. Os “pais fundadores” (como os oito se intitulavam) estavam determinados a aprovar uma constituição “Federalista”. Os primeiros presidentes foram eleitos pelo partido Federalista, criado junto com o Republicano. O Democrata foi criado em 1829, 40 anos depois da posse de Washington.

A Constituição ÚNICA dos EUA

Os EUA mudaram muito, nenhuma surpresa ou contestação. Em 1776, as 13 províncias que não tinham nem nome, se rebelaram. Desafiaram a poderosa Grã-Bretanha, “dona” de quase o mundo todo.

Essas províncias, desarmadas, ou melhor, armadas apenas com o Manifesto de 17 laudas, redigido por Thomas Jefferson. E que mais tarde, intelectuais proclamaram: “Esse texto é o que melhor já se escreveu em língua inglesa, excetuado naturalmente Shakespeare”.

Juntaram 32 mil homens, comandados pelo civil Washington, logo chamado de “general” Washington. E que seria o primeiro presidente, eleito junto com a promulgação da Constituição, em 1788.

A Convenção da Filadélfia

Em 1782 os ingleses se renderam, apenas uma exigência: voltariam livremente para a Inglaterra, reconheceriam a Liberdade e a Independência dos americanos, num tratado assinado em Versalhes. (Depois da Revolução Francesa, tudo acontecia em Versalhes).

Os “pais fundadores”, como eles mesmos se identificaram, convocaram imediatamente o que chamaram de “pré-constituinte”. Levaram cinco meses discutindo: o que deveriam aprovar por unanimidade e portanto não levariam para a constituinte. E o que não obtinha acordo seria objeto de discussão na Constituinte.

Foram debates acalorados

Começaram pela duração dos mandatos presidenciais: Washington, Jefferson, Adams, Madison, Monroe e outros, queriam apenas dois anos. Concederam três, depois quatro sem reeleição. Mas a maioria era tremenda, tiveram que concordar com “mandato ininterrupto”. Todos governaram por oito anos, não quiseram mais.

A partir da emenda constitucional número 24 de 1952, impuseram o que existe até hoje: mandato de quatro anos, uma reeleição por mais quatro, e aí fim da carreira pública. O presidente deixa o cargo não pode ser mais nada, nem eleito nem nomeado. Ficam fazendo conferencias, “deduzíveis”, ganhando fortunas.

Como se vê, os “pais fundadores” estavam certos, 64 anos depois reconheceram que eles estavam no campo democrático. O mandato presidencial ininterrupto, como existe ainda na França (reduziram de sete para cinco anos) é uma pré-ditadura autorizada e constitucionalizada.

Os 4 mandatos de Roosevelt forçaram a mudança

Federalistas e Republicanos, depois Republicanos e Democratas, nunca mantiveram relacionamento muito amigável. Mas quando Roosevelt se elegeu em 1932, 1936, 1940 e 1944 e ainda estava com 61 anos, decidiram fazer a modificação. O primeiro a se submeter a essa emenda constitucional foi Eisenhower. Eleito em 1952, reeleito em 1956, teve que ir para casa em 1960. E seu candidato favorito, Nixon, perdeu para Kennedy.

Erraram nos golpes e nas guerras externas

A República dos Estados Unidos nasceu isolacionista e preocupadíssima com golpes de estado, como acontecia no mundo. Por isso, só mandaram tropas para fora do país, em 1898, para defender Cuba do ataque da Espanha. E por ironia, ou qualquer outro motivo, construíram em Havana a Fortaleza de Guantánamo, hoje templo da tortura. Ganharam a guerra, dominaram Cuba, entraram nas Filipinas. Mas continuaram isolacionistas, praticamente até a Segunda Guerra Mundial.

Não houve golpes, trocados por assassinatos

O país foi crescendo tomando terras dos vizinhos, principalmente do enorme México. Até chegar aos 50 estados de hoje. Nenhum golpe, mas diversos assassinatos, até mesmo de alguns dos mais destacados personagens. Até Lincoln, um dos seus maiores estadistas, foi morto por causa da sua visão e convicção antiescravagista e a burrice dos Estados do Sul.


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

*PUBLICADA EM FEVEREIRO/14.

O MAIOR CRIME DO GENERAL NEWTON CRUZ FOI CONTINUAR VIVO ATÉ AGORA. AOS 86 ANOS. TODOS OS OUTROS, IGUALMENTE, CRIMINOSOS, SABIAMENTE MORRERAM MUITO ANTES.

HELIO FERNANDES
02.01.15

Em 1981, portanto quase 2 anos depois da farsa da “anistia ampla, geral e irrestrita” de 1979, foram cometidos dois crimes. Por muitos motivos, vingança, acerto de contas, represália, mas com planejamento e objetivo mais do que visível e ostensivo: PRORROGAR A DITADURA, que com o ato de 1979, estava derrubada e com data certa para terminar.

A destruição da Tribuna

Foi o primeiro ato de destruição, uma espécie de teste para o que viria no 1º de abril. Em fevereiro de 1981 a Tribuna foi pelos ares, com tudo organizado e milimetrado pelos generais Otávio Medeiros e Newton Cruz. Os dois do SNI, o órgão mais poderoso, que “fazia presidentes”, e sonhava com a prorrogação do golpe de 1964.

O General de quatro Estrelas, Otávio Medeiros, era o chefe Geral do SNI. E tinha um objetivo a defender e a preservar: se a ditadura continuasse e mais um general assumisse a “presidência” seria dele. Newton Cruz, de três Estrelas, era o chefe do SNI de Brasília, servo, submisso e subserviente ao comandante poderoso.

No Senado, a CPI do Terror

Funcionava em Brasília, lógico, o relator, André Franco Montoro (notável figura, depois governador de São Paulo) providenciou imediatamente minha convocação para a CPI. Telefonou para Barbosa Lima, presidente da ABI. (Eu era conselheiro, fiquei por 18 anos. Meu compromisso com o notável jornalista era ficar enquanto ele fosse presidente). Marcamos um encontro na ABI.

Fui depor, falei 6 horas seguidas, respondi perguntas de senadores (e até deputados) da oposição e da situação. Citei e acusei nominalmente Otávio Medeiros e Newton Cruz. Calei os defensores do golpe e da ditadura, assustei a oposição. Fui tão duro e explícito, que não permitiram que dormisse em Brasília. Foram me levar ao aeroporto, me “empurraram” para dentro de um avião.

Meu depoimento desapareceu

Não sabia, nem remotamente, que haveria o 1º de Abril, até hoje chamado de “atentado do Riocentro”. Mas quando aconteceu, juntei os fatos, que rigorosamente verdadeiros, formavam e confirmavam o plano de continuação da ditadura. Dois anos depois, precisando do depoimento, pedi a senadores que tirassem copia para mim.

Como falo sempre de improviso, não tinha como reproduzir o que falara. Aí, assombro, surpresa, perplexidade: O DEPOIMENTO SUMIRA. Não foi possível encontrá-lo de jeito algum. Naquela época “eram notas taquigrafadas”, não eram discursos ou depoimentos gravados, que não podem ser cooptados, roubados, surrupiados.

Newton Cruz é culpado, mas muitos outros generais também

Os governos que se sucederam, chamados de “democráticos”, são também completamente culpados. Só mais de 30 anos depois, (agora) foi criada essa Comissão da Verdade, que não pode fazer nada. Responsabilizam o general Newton Cruz, o único que está vivo. Os “outros”, também indiciados, foram apenas coadjuvantes.

O marechal Pétain e o General Newton Cruz

Herói na primeira guerra, por ter vencido os alemães na inexpressiva batalha Verdun, foi consagrado de todas as maneiras. Na Segunda Guerra, se transformou em traidor, formou o governo de Vichy, apoiando Hitler contra a própria França. Aos 89 anos foi condenado à morte. Com a pena convertida em perpétua, morreu antes dos 90.

Newton Cruz não tem formação, convicção e reflexão de herói. Se for condenado a 36 anos de prisão, quanto tempo poderá cumprir? Acusei o general quando ele era poderoso, da ativa, do SNI, com pouco mais de 50 anos.

Não quero acusa-lo ou defendê-lo, apenas iguala-lo a outros generais golpistas que já morreram. Ou a civis que chegaram a presidentes, (ou ocuparam cargos importantes, impunes) depois de apoiarem o golpe e se serviram dele. E ao contrário de Newton Cruz, um só, os civis golpistas são muitos.

PS – A Comissão da Verdade tem poderes para enquadrar todos eles. E o Ministério Público também.


PS2 – Alguns podem até mesmo ir para a Penitenciária de Pedrinhas, estarão e casa.