Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A estratégia rombuda dos advogados de Lula

HELIO FERNANDES

E a cumplicidade comprometida do próprio ex-presidente. Transformado em grande personagem, atravessando até a fronteira e se projetando no mundo. A ponto de o presidente Obama ter dito publica e consagradoramente: "Lula é o cara". A partir daí, ainda presidente, considerou que podia tudo. Até mesmo destruindo os fatos, se considerando e se colocando acima deles.

Não quero escrever a biografia do Lula, isso será feito obrigatoriamente no futuro, e por mais de um biografo. Pretendo apenas lembrar alguns episódios, durante seu tempo de presidente. E a partir de 2010, quando deixou o Planalto e toda a sua movimentação tinha um objetivo mais do que declarado: voltar a ser presidente. 

Mas cometeu tais erros e equívocos, que acabou dominado por advogados de defesa, que mais parecem de acusação contra ele. Como aconteceu na segunda feira, quando 5 advogados, se atiraram leviana e irresponsavelmente contra o juiz Moro. 

No primeiro ano da Faculdade de Direito, se aprende o trivial: "Não se defende o réu ou acusado, atacando juiz". Esses advogados de Lula parece que começaram pelo segundo ano, e saíram da Faculdade mais cedo. Desde o mensalão, "eu não sabia de nada", até o petrolão, usando o mesmo refrão, o já ex-presidente praticou tais leviandades, até chegar ao ponto lamentável a que chegou. Tudo desnecessidade.

1-Recebeu fortunas por conferencias que jamais fez.  Acusado, desdenhou, afirmou publicamente, rindo: "Todos querem me ouvir, apesar de eu cobrar mais caro do que o Bill Clinton". 2- Foi sendo imprensado por vários lados, respondia com insistência: "Duvido que exista no mundo, uma alma mais honesta do que a minha". 

 3- Foi se ligando a fatos e personagens, como Eike Batista, no mínimo, no mínimo, leviandade, imprudência, irresponsabilidade. 4- Daí a ser envolvido no caso da propriedade do triplex de Guarujá, e do sitio de Atibaia, apenas um passo que deu, rigorosamente convencido que nada lhe aconteceria. 5- Mas aconteceu tudo, pressões em cima de pressões, teve que reconhecer, era apenas um cidadão comum, ex-presidente. 6- O que não lhe garantia imunidade ou foro privilegiado. Pensou então numa solução genial.

A volta á condição de Ministro de Estado

Combinou então com a ainda presidente Dilma: seria nomeado Chefe da Casa Civil, situação ideal para fazer articulação política. Do alto de um cargo importante, com credenciais, e logicamente, foro privilegiado.  È claro e evidente, que a presidente poderia escolher livremente seu Chefe da Casa Civil. Principalmente sendo um ex-presidente da Republica. Só que ele colecionou tais inimigos, que aconteceu o inesperado, mas não surpreendente: entraram no Supremo, argüindo a IMPOSSIBILIDADE dele ser Ministro. Absurdo completo.

Para complicar as coisas, o relator do recurso foi o Ministro Gilmar Mendes, que como fez em outras oportunidades, "guardou" o processo, foi viajar, nem se preocupou com as conseqüências.  Não para ele, claro, tem imunidade para toda e qualquer irresponsabilidade.

(Muito antes, esse mesmo Gilmar Mendes votava um processo, que já chegou a ele, vitorioso por 6 a 3. O maximo, perderia por 6 a 5.  Se ele e outro Ministro votassem contra. Inacreditavelmente pediu vista, como não tem prazo, ficou 14 meses sem devolver o processo).

Gilmar fez o mesmo com a nomeação de Lula. Os fatos ganharam velocidade própria, o Ministro do Supremo dava a impressão de que não era com ele. E a volta ao ministério ia perdendo a importância. Até que perdeu a oportunidade. Dona Dilma sofreu o impeachment, não podia manter os Ministros que estavam no cargo, imaginem nomear outros.

O ex-presidente ficou isolado, abandonado, desarvorado. Não sabia o que fazer, os fatos negativos iam se acumulando contra ele. Cada dia surgia um contratempo novo, terrível e lamentavelmente desgastante.

A entrada em cena de advogados incompetentes

Surgiram não nos tribunais, mas nas televisões, em aparições medíocres.  Agredindo nominalmente o juiz Moro, que nem tomou conhecimento. Mas o mais fácil é advogados como esses, entrarem em desespero. E desvairadamente praticaram o suicídio jurídico: processaram o Juiz Moro, que novamente, ficou distante, cuidando apenas dos autos.

E não podendo mais chafurdar na incompetência, os 5 compareceram ao primeiro depoimento de testemunhas de acusação contra Lula. E enquanto o ex-senador Delcidio depunha, os 5 advogados, desperdiçavam tempo e atenção, agredindo verbalmente o juiz Moro. È caso de intervenção da OAB. Não de censura. Mas de compostura.

A questão vai longe. Mas o ex-presidente parece tão desequilibrado, que Delcidio, que como senador, foi seu líder no Congresso. No depoimento, afirmou textualmente: "Lula sabia tudo sobre o petrolão". Em 2005, na Tribuna impressa, escrevi: "Lula sabe tudo sobre o mensalão".

Satisfação do "mercado”, nada a ver com Temer

As bolsas do mundo todo estão em alta, influenciando a Bovespa. As commodities, importantes para o Brasil, com elevações substanciais. O preço do barril do petróleo vem subindo desde quinta passada. 

Em Nova Iorque, de 42 dólares para 48. Em Londres, de 43 para mais de 49. As ações da Petrobras têm reagido bem. Principalmente para os profissionais.

O que tem que ser colocado na atividade negativa e inoperante do presidente indireto e seu Ministro da Fazenda. Também inoperante e pior ainda, falastrão. Em outubro o quinto déficit seguido na conta corrente. Agora de 4 bilhões. 

Geddel Vieira Lima

O escândalo que envolve o Ministro, é próprio da situação brasileira. E da falta de credibilidade dominante. A Comissão de ética do Planalto, acredita mesmo, que tem poderes para decidir alguma coisa. Mas no próprio Planalto e entre os outros Ministros, todos procuram se acomodar, convencidos que o Ministro da Integração, está garantidissimo no cargo. 

 De Paris, demonstrando sua intimidade com Temer, Moreira Franco manda o recado definitivo: "È preciso respeitar a decisão do presidente. Ele resolveu manter o Ministro, não ha mais o que fazer”. O chanceler José Serra, que está com Moreira conversando com empresários, perguntou :" Haverá repercussão negativa?". E Moreira, tranqüilo: "È lógico que não".

Os políticos vão se habilitando para o futuro. Renan: "O caso Geddel, não afeta as votações no Senado". Rodrigo Maia que aposta tudo na reeleição, não perdeu a oportunidade: "A presença de Geddel é essencial e fundamental, para a aprovação da Reforma Previdenciária". Da mesma forma que a reeleição é essencial e fundamental para Maia.

Se os membros da Comissão de ética, não pedirem demissão imediata, completa falta de ética. O presidente indireto está envergonhadíssimo. O excelente fotografo Jorge William, "flagrou" Temer, cobrindo o rosto com a mão. O Globo colocou ontem no alto da primeira. O presidente não gostou.

PS- Ontem, em Brasília, o dia inteiro foi consumido pela reunião dos governadores. Todos. A declaração mais repetida: "Estamos em estado de calamidade". Até Alckmin, do riquíssimo estado de São Paulo. Fizeram um acordo unânime, de gigantesca contenção de gastos.

PS2- Outro acordo: em bloco, pedirão ao presidente Temer, que distribua entre eles, uma parte dos recursos da repatriação. Na verdade, não havia discordância, a concordância vinha da miséria geral.

PS3- A reunião foi presidida o tempo inteiro, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Que espera, em 2018, contar com o apoio de todos, para se transformar em um deles. Lógico, pelo Estado do Rio.


PS4- No fim da noite, mais apoio a Geddel. André Moura, líder do governo, afirmou: "Geddel tem todas as condições para continuar Ministro". E revelou: "Vou ao Planalto, levar um manifesto de apoio a ele, assinado pelos lideres dos partidos da base".

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