Titular: Helio Fernandes

sábado, 30 de abril de 2016

Via Blog do IMS.

Em primeira mão...

Hélio Fernandes
Luciano Carneiro perseguia o êxito, mas não se importava com o sucesso. O que lhe interessava, o que o empolgava, e se transformava na sua preocupação máxima, era a missão cumprida. E nisso ele nunca falhou. Aparecendo profissionalmente num meio deformado pela ambição e glória do sucesso a qualquer preço, num meio que exigia como norma de conduta que os repórteres atropelassem os paginadores para conseguirem destaque para seus próprios nomes e fotografias em prejuízo do assunto, Luciano, sem alarde, sem gritaria e sem protestos exagerados, mas com firmeza e determinação, impôs um figurino novo: o do repórter sério, discreto, mas preocupado com a sua repercussão.
E o fato de em tão pouco tempo de vida e de atividade, ter conquistado nome e reputação internacionais, prova que ele estava certo: o público pode aceitar o sensacionalismo, pode mesmo conhecer na intimidade os campeões desse sensacionalismo, mas só consagra e venera os outros, os verdadeiros jornalistas.
Machão sem arrogância, tímido sem ingenuidade, humilde sem subserviência, Luciano nasceu e viveu para o jornalismo. Um famoso professor da Universidade de Yale, respondendo certa vez a um jovem que lhe perguntara qual a melhor maneira de ser jornalista, aconselhou: “Seja jornalista 24 horas por dia, ou jamais será jornalista.” Provavelmente sem conhecer esse conselho, Luciano seguiu-o à risca, sem plano e sem esquemas preestabelecidos, atendendo apenas à imposição de uma vocação irresistível.
Profissionalmente, ele pensava apenas no jornalismo, e desconfio que jamais tenha passado pela cabeça que pudesse ser outra coisa além de jornalista. E exercendo a profissão mais poderosa do século, a mais cortejada, a mais tentada e a mais seduzida, manteve-se fiel a ela imune e indiferente a todas as seduções, a todas as tentações, a todas as propostas, mesmo as legítimas, mas diversionistas.
Sem fazer um jornalismo de liderança, Luciano fazia, no entanto, um jornalismo de vanguarda. E sobre os rumos, as contradições, as conveniências, os caminhos e os descaminhos do jornalismo, mantivemos um diálogo e um debate tantas vezes interrompido, sem divergências fundamentais, sem choques, mas indisfarçadamente diferente nos objetivos e na orientação.
Eu acreditei sempre (e continuo acreditando) que em determinado momento o jornalismo se liga indissoluvelmente à política, completa-a, completando-se também. Luciano pensava de forma inteiramente diversa. Para ele, a política não estava acima do jornalismo, mas estava além dele. Não compreendia o jornalismo, a não ser como um todo, o completo em si mesmo, independente e liberto de qualquer limitação ou contato.
Acreditava a sério (só fazia as coisas a sério) no princípio antiliberal, que jornalismo é apenas informação. Sobre este ponto nosso debate foi longe, durou anos, e nunca pude impor-lhe a minha convicção: jornalismo é informação, mas é também e principalmente opinião.
Mas embora sem conseguir persuadi-lo, sempre estive convencido que ele algum dia evoluiria para a posição correta, conquistada com a maturidade, a perspectiva exata, a noção perfeita de como a opinião (franca e leal e não diluída tendenciosamente) no jornalismo é importante e mesmo fundamental. Tão fundamental, quanto a informação. Tão indispensável quanto ela.
Luciano, sendo um repórter nato, foi também no Brasil o que mais se preparou para o exercício perfeito da profissão. Era múltiplo e vários, pois considerava que um bom repórter não era apenas o que sabia escrever e fotografar. Pode-se dizer que Luciano traçou deste cedo, o seu destino de repórter, e cumpriu-o religiosamente. E ainda no avião sinistrado, seu corpo foi encontrado, na cabine do comandante, como a demonstrar que mesmo no avião, numa viagem onde quase nada acontece (ou acontece o irremediável).
Luciano estava atento, preocupado em fazer alguma coisa, em trazer material para a sua revista e para o seu público. E o mais fabuloso e o mais sincero elogio, e o mais extraordinário cumprimento que um repórter poderia receber, ele o recebeu sem saber, já depois de morto: pois quando se soube que sua máquina fotográfica ficara milagrosamente intata, todos os jornalistas que o conheciam pensaram instantaneamente: Luciano deve ter feito alguma fotografia do avião caindo. Mas infelizmente pela primeira vez em sua carreira ele não obtivera êxito e perdera a reportagem e a vida.
Quem conhecesse Luciano, apenas superficialmente, não teria a impressão exata da sua força de repórter, pois era tranquilo demais, repousado sem a agitação e a inquietação natural do repórter jovem. Luciano gostava de viver, tinha mesmo uma certa pressa de gastar a vida e isso demonstrou fazendo tanto em tão pouco tempo, vivendo em 33 anos mais do que muita gente em 50 ou 60.
Talvez fosse uma secreta intuição de que lhe faltava tempo, o que impelia a viver assim. Procurava muito os amigos, nunca estava triste, dava-se inteiro, sem exigir nada em troca. Tinha sede de amizade, de contatos pessoais, e uma esplendida capacidade de sentir, de pensar e de exprimir.
Sua sensibilidade em alguns pontos, era mais de poeta do que de repórter. Teófilo de Andrade, falando no “hall” do edifício de “O Cruzeiro” (que seus colegas pediram ao embaixador Assis Chateaubriand, que passasse a denominar-se “Edifício Luciano Carneiro”) teve uma expressão feliz, quando disse que a cada vez que voava, Luciano volta com as mãos cheias de estrelas. E como voou muito, como durante muito tempo não fez praticamente outra coisa, suas mãos já transbordavam, as estrelas se faziam mais visíveis, se acumulavam, eram incontáveis.
Se alguém tivesse perguntado a Luciano Carneiro, qual a homenagem que mais desejaria receber depois de morto, na certa que ele teria escolhido a mais tocante, a mais emocionante, a que nenhum repórter até hoje recebeu: seus companheiros de profissão, colegas da mesma revista e concorrentes de outras organizações, mas todos repórteres, debruçados chorando sobre seu corpo, e despejando sobre ele pilhas de filmes virgens, deliberadamente velados.
E os filmes assim espalhados sobre o seu corpo, cobrindo todos o seu caixão, eram mais bonitos e mais expressivos que flores, eram uma forma nova de condecoração, que todos os repórteres, concediam coletivamente, ao que entre eles fizera jus ao título de número 1.
Da sua esplendida geração Luciano foi o que sempre esteve mais ligado a mim, embora por uma curiosa coincidência, fosse o único que jamais trabalhara comigo.
Entrando para “O Cruzeiro” pouco tempo depois de eu ter saído (eu deixei a revista em agosto de 1948, e ele chegara em outubro do mesmo ano) não nos encontramos depois nesses 11 anos nem uma só vez, sob o mesmo teto jornalístico. Mas nos acompanhávamos mutuamente, nos analisávamos com a frieza e com a isenção que só se obtém com a verdadeira amizade, com a compreensão sem rivalidade, com a certeza de que tudo que dizíamos um ao outro, era no próprio benefício comum, e representa uma opinião sincera emitida sem constrangimento.
Luciano mais do que ninguém de sua geração tinha esse dom especial de estimular, de incentivar, de convencer. Cinco anos mais moço do que eu, realizou muito mais, embora procurasse sem falsa modéstia, mas com toda a sinceridade, evitar uma comparação em que levaria evidente vantagem.

A morte de Luciano, foi a maior perda do moderno jornalismo brasileiro. E para mim pessoalmente, foi o mais intenso choque emocional que sofri em toda a vida. A mesma coisa me dizia 24 horas depois do seu enterro o pintor Enrico Bianco, também grande fraternal amigo de Luciano. Não posso me acostumar a esta perda, não consigo encontrar a palavra exata para definir meus pensamentos, palavra que ao mesmo tempo ser simples bastante par ser autêntica, e bastante grande para atingir a profundidade dessa tragédia. Sei que nenhuma palavra conseguirá destruir a surdez definitiva do destino.
Gostaria, sem sentimentalismo equivocado, de dar pelo menos uma ideia aproximada do que representa a morte de uma pessoa como Luciano Carneiro. Não consigo. Mas também não tem importância. Luciano sempre soube que a morte é o fim de um sonho, a vida é uma irrealidade que só por alguns instantes sobrepõe a realidade cruel e derradeira que é a morte. Luciano não gostaria de ter morrido prosaicamente, disso tenho certeza absoluta. Como tenho certeza de que ele continuará a existir, amanhã, ainda amanhã, e sempre. Os homens que morrem cedo, não chegam a conhecer a tortura de não ter sido. Em compensação, deixam indelével, a saudade do que poderiam ser.
O artigo saiu no Diário de Notícias de 27 de dezembro de 1959, que pode ser consultado na Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Janaína Pascoal está mais para lutadora de judô do que professora.

HELIO FERNANDES

Fala com os braços, vibra com o que diz, se entusiasma, olha para todos os lados,
como se esperasse a recompensa do aplauso. Mas se "ouve" apenas o silencio. Discurso de 3 horas, poucos podem pretender concentrar ou até convencer o auditório.  

José Eduardo Cardozo, é mais brilhante, mas defendendo tese equivocada.E outros que perpassam pela Comissão , nem notados nem notáveis. E nessa farsa, consumirão o tempo e não atenderão a comunidade.

Esta repudia Dilma e Temer, quer eleições. E já disse e repetiu, olhando para o Congresso: "Vocês não nos representam". Incluindo essa Comissão, que chamam de Especial.

Juros

Economistas, pretendendo bajular, dizem: "Temer terá tempo para reduzir a Taxa Selic, até o fim do segundo sem semestre em 200 pontos". Ninguém sabe sequer qual será o segundo semestre dele.

Outros que se julgam especialistas, acreditam que pode reduzir imediatamente, 100 pontos. Tombini podia realmente ter reduzido 100 pontos ante - ontem, a inflação realmente tem caído. Ficaria em 13,25, vá lá, 13,50.  Preferiu ficar estático, como no seu tempo inteiro.

Eduardo Paes: "Sou responsável único pela fragilidade da ciclovia",

Desde aquele dialogo esfarrapado e mal educado com Lula, não acertou mais nada. Não pode tratar um ex-presidente daquela maneira. Ficou incompatibilizado com a opinião publica, e os municípios que desprezou. Garante: "Vou destruir a ciclovia, não quero reconstruí-la".


Excelente. Com a repercussão da ponte fragilíssima, a destruição total, que espetáculo. Nos escombros da ponte, os escombros de uma administração. A sua, com a demissão irrevogável. E aplaudida.
Temer preocupadíssimo com a Fazenda, quer conversar com Meirelles

HELIO FERNANDES

Os dois estão ansiosos. Temer considera que entregou todos os poderes ao antigo presidente do BC de Lula. Chamou-o para um encontro terça feira.

Agora falou com Moreira Franco que deveria ter sido mais rápido. Por sua vez, Meirelles praticamente não dorme. Não consegue formar a equipe. Ainda não sabe quem será o presidente do BC. Os primeiros  da  sua preferência, perguntaram: "Quanto tempo vai durar esse governo?"

 Não soube responder, não tem intimidade com o presidente para perguntar. Acredita que ele também não saiba responder. Temer insiste: "Só falarei depois de ser eleito". (Chama isso de eleição). Mas manda recados, verdadeiras ordens, usando os autorizados Jucá e Moreira Franco

Reeleição

Na tentativa e no desespero de conseguir formar um governo, de conquistar a confiança que não tem, vai prometendo e garantindo tudo. É o caso da sua permanência no Poder. Diz a Aécio e Serra, "não serei candidato em 20018". Não acreditaram, voltou: "Assinarei até emenda constitucional, acabando com a reeleição, começando comigo".

O pessoal do PSDB vibra e se esquece: FHC, o único presidente do partido que foi presidente da Republica, comprou a reeleição, criou toda esta confusão, tumulto e a falcatrua do impeachment.

PS- Tenho tratado com a importância que merece, essa divida colossal, que agora simplesmente  é chamada de publica. Que cresce espantosamente. Em março  escrevi: está oficialmente em 2 trilhões, 650 bilhões. No final deste tenebroso 2016,deverá  estar perto de 3 trilhões. O Tesouro informa: a divida publica atingiu o total de 2 trilhões,880 bilhões, praticamente IMPAGÁVEL, como coloquei no titulo principal.

PS2- Na língua portuguesa,a palavra tem dois sentidos. É o impossível de ser pago. Mas IMPAGÁVEL é também um fato tão engraçado que provoca enormes gargalhadas.Temer prefere a segunda por motivos óbvios 
Temer faz acordo com o PSDB, FHC quer ser embaixador na ONU

HELIO FERNANDES

Não demorou muito. O partido tem 4 "donos," todos concordaram. Aécio, Alckmin, Serra e FHC, este por ter sido presidente. Aécio resistiu mais, pelo fato de ter 4 ações no TSE, pedindo a cassação da chapa Temer - Dilma. Perguntava, que eu faço? Respondiam: você não vai ocupar cargos, é presidente, pode dizer que foi pressionado.

Concordou, achou razoável Alckmin afirmou: não vetarei ninguém, estive com o Temer a, semana passada, encontro agradável, sem política.

O governador é candidato em 2018. Sabe que não será escolhido, tem acordo presidenciável com o PSB, que pensa que é socialista. Ontem, numa entrevista a uma televisão sem muita audiência, fez a proposta de previas. Acrescentou: "Como nos Estados Unidos". Serra não liga para ninguém.

Começou como Ministro da Fazenda, passou para Saúde ou Educação. Agora é citado para Relações Exteriores com Aluízio Nunes Ferreira e Sergio Amaral. Haja o que houver, será Ministro.  Finalmente FHC. Quando Aécio era candidato, em 2014, revelei, que ele iria para a ONU.


Saindo do encontro com Temer, Aécio foi encontrar com o ex- presidente. Perguntou: você ainda tem aquela idéia de ir para a ONU?  Resposta até meio irritado: não é idéia, posso dar uma grande colaboração, e destruir o que a presidente Dilma deixou por lá. Despedida, "estamos entendidos". Será conclusivo?

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Temer: a partir de 11 de maio, será presidente interino. Extravagante, estranho, estapafúrdio, ultrapassado, sem programa, sem metas, sem compromissos ou conhecimento, apenas ambição

HELIO FERNANDES

Nem duvida ou incerteza: a partir dessa data, o País terá um presidente interino. A atual presidente, não tem alternativa ou esperança: será, afastada. Estaremos voltando á "Republica velha", com o presidente escolhido longe do povo. Com Temer as coisas se agravam, investigado pela lava-Jato.

Delatado e detalhado pelo senador Delcídio. Pode ter que devolver o mandato á própria Dilma, como diz a Constituição, em até 180 dias Ou ser cassado pelo TSE. Neste caso, ele e Dona Dilma, justa e justificadamente, caminharão juntos para o ostracismo. Ela já não estará mais no poder,ele terá ficado apenas uns meses num roteiro que imaginou, durasse uma eternidade. Não é mais.

Para a mediocridade do vice, tem razão: 2 anos e meio, ou qualquer tempo, fabuloso. Agonia, ansiedade, emoção a cada dia. A partir do 11 de maio, pelo menos estará no Planalto, embora não possa dormir no Alvorada, a presidente afastada estará lá. O sonho não estará completo, mas o Jaburu também é confortável e acolhedor.

E mesmo como interino, carrega o titulo de presidente, não importa para onde vá. Acredita que o Jaburu não esteja com os frequentadores de hoje. Elementos, (no sentido utilizado no jargão policial) de partidos que o apoiaram no impeachment da Câmara, e agora cobram a recompensa em ministérios.

Pertencem ao PP, PTB, PR, PSD. Todos engrossavam a base parlamentar da Presidente Dilma na semana que antecedeu a votação da baixaria. Apesar da agitação destes dias, não esquece, tem que salvar Eduardo Cunha. Sozinho, o presidente da Câmara "arranjou" mais de 50 votos. Esses 367, pura ficção. Pergunta a Romero Jucá, praticamente Ministro do Planejamento: "Garantimos esses 367 aliados da Câmara?".

O senador não responde, diz que tem que perguntar a Eliseu Padilha. Este diz a Jucá, só entre nós: "Precisamos de 250 estamos longe".

A Comissão do Impeachment

No Senado é diferente da Câmara, em matéria de baixaria. Mas em termos de utilidade, perda de tempo completa. Convocaram a Ministra da Agricultura, defesa e acusação, ate o advogado Marcelo Lavenere, destaque no impeachment de Collor. Mas haja o que houver, ninguém muda ou mudará de voto. No dia 11 de maio, tudo que digo no título e seguindo, acontecerá, nenhuma alteração, determina, "até 180 dias" guardem.

Temer terá os mesmos 16 votos, Dilma os mesmos 5. A partir daí, começa a batalha verdadeira pela tramitação e o julgamento definitivo. Para a destituição da presidente, serão necessários.  54 votos. Os a FAVOR do impeachment, garantem que conseguiram 50. Os CONTRA, 22.

Mas a derrota de Dilma com 4 votos a mais, parece visível. A vitoria dela, precisando outros 6 votos, difícil. De qualquer maneira, é tudo projeção. Especialistas garantem: “Votação só em setembro". Portanto, espera de quase 5 meses. Não é o meu calculo ou a minha expectativa. Muitos lembram: a Constituição determina, "até 180 dias".

O ansioso mas ainda não poderoso Meirelles

Dá sinais de desalento, fez vários convites, nem todos com sucesso. São muitos cargos importantes. Ontem disse publicamente: "Vou defender a independência do Banco Central". O senador Jucá, sempre ele, sempre ele, respondeu imediatamente: "No governo Temer isso pode ser discutido". Meirelles não gostou, e a "carta branca" que recebeu?A impressão: não aguenta esperar 13 dias para assumir o ministério. 

Jornais impressos e televisões, não se cansam de dizer: "Meirelles foi deputado Federal". Desinformação completa, O que aconteceu: comprou um mandato pelo seu estado, recebeu 183 mil votos. Carreirista, queria usar o mandato como trampolim. Antes de assumir, Lula convidou-o para presidente do Banco Central, não podia aceitar e se licenciar, abandonou o mandato antes de chegar á Câmara. Agora, com a confusão nacional, acredita que pode chegar mais alto. O que é mais alto do que Ministro da Fazenda?

Temer e seus áulicos, também estão ansiosos com Meirelles. Colocaram Jucá no Planejamento para vigiá-lo e fiscalizá-lo. Querem saber, com antecedência, quem ele cogita ou admite para o BC, silencio. Não sabem nem qual será o Secretario Executivo do Ministério, o segundo.

Temer e apaniguados não se livram do que chamam de "obsessão dos primeiros 9O dias”. E se perguntam, qual será a participação de Meirelles nesse apreensivo inicio de governo. E a pergunta não tão reservada: numa infelicidade ou num desvio de rota, mesmo obrigatório, o Ministro da Fazenda pode ser substituído? Dilacerante a falta de resposta. Mesmo faltando 13 dias para a posse interina, certa e garantida.

Eleição nos EUA

Ontem, previa para Democratas e Republicanos, em 5 estados. 2 históricos. Pensilvania e Delawere. Um pequeno, mas riquíssimo, Connecticut. Outros 2, Maryland e Rhod Island, nenhuma lembrança na minha memória. Pensilvânia, lindíssima, foi a segunda capital dos EUA. A primeira foi Wall Street (em tradução livre, "rua do muro", porque havia um enorme).

Pensilvânia ficou até 1800, quando foi inaugurada a definitiva, que ia se chamar Washington, em homenagem ao Primeiro presidente do país. Ele já não estava mais no cargo, proibiu usarem seu nome. Passou a se chamar Distrito de Columbia. Depois que ele morreu, passou a ser Washington-DC. 

Delawere foi o primeiro estado dos 13 que deixaram de ser províncias, e foi consagrado pela Constituição de 1788. Connecticut, elitista, riquíssimo, é a capital mundial do seguro. De carro, 40 ou 50 minutos da Quinta Avenida e do Central Park, é vizinho de Mannhatan. Filadélfia, capital da Pensilvania, é a própria Historia da Independência e da Republica americana.

Lá se reuniam Jefferson, Benjamin Franklin, Washington, Monroe, Madison, J. Adams, todos presidentes. O único que não quis foi Benjamin Franklin. Quando chegou sua vez, não aceitou, explicando: "Eu só queria um país para chamar de m eu. Continuarei minhas invenções". Deixou mais de 200, incluindo o importantíssimo para-raio. Sua esfinge, perdão, não existe outra palavra,  está na nota de 100 dólares. 



quarta-feira, 27 de abril de 2016

Temer consegue superar Chico Buarque, forma o GOVERNO que "vai dar merda"

HELIO FERNANDES

O famoso compositor jamais imaginaria que o que ele criou individualmente, fosse plagiado coletivamente pelo quase futuro presidente interino. Chico Buarque, sempre criativo, inventou um ministério tão calamitoso, que previu e divulgou antecipadamente que "daria merda". (Como Temer não pagou royalties e multiplicou a idéia por 20 ou 30, não repetirei mais. O leitor entenderá).

O vice, na ânsia da sucessão e de conseguir base na Câmara, vai fazendo concessões suicidas do ponto de vista moral, ético, estético, dignidade, credibilidade, autenticidade e efetividade. Está tão desequilibrado e é tão desastrado, que vai formando seu governo (?) á imagem e semelhança do próprio que conspira para derrubar.

Da forma como age, conversa, convida e acredita que está bem perto da maioria, pelo menos na Câmara, não apresentará uma única inovação. Até o momento, todos os nomes falados, consultados ou ate convidados, foram Ministros de Dilma ou Lula. O que não é surpreendente.

“O desespero, a inquietação e a ansiedade de ser presidente, pelo menos interino”, não produzem nada de positivo. E o passado e o presente de Michel Temer, nenhuma decepção, tudo confirmação do que se esperava. Quanto a este repórter, o que já escrevi sobre o vice,tão visível, transformado em fatos.

Na semana que desembocaria na votação daquele horripilante domingo, entre muitas rigorosamente duvidosas, três posições inesquecíveis, que marcam indelevelmente sua presença na vida publica. 1-Foi á casa de Waldemar Costa Netto, cassado e condenado pelo mensalão. Pediu seu apoio, e em troca reservou 1 ou 2 ministérios, já confirmados. Um deles será o de Transportes. Não para ele, impedido, mas para quem indicar. Mesmo sem os direitos políticos, controla o partido, radiografia calamitosa da vida política do país.

2- Na quinta feira da semana funesta, recebeu Gilberto Kassab, ainda Ministro das Cidades. Confissão: "Vou pedir demissão agora, votarei a favor do impeachment".Temer agradeceu calorosamente, nem atentou para a traição.Fez questão de esquecer, que quando fundou o PSD, esse mesmo Kassab, declarou publicamente: "Não sou de esquerda, de centro ou de direita". Não tinha caráter, compreensível. Terá 2 ministérios para ele ou quem indicar.

3- Logo antes da votação dos 367, conversou ansiosa e acintosamente com deputados e "lideres" do PP, mais PSD e outros menores. È o ministério do Chico Buarque, sem evolução, sem emoção ou comoção. O que interessa: os números, mesmo que estejam errados. Com íntimos, pergunta ninguém responde: "Já estamos com mais de 300 votos?".
O efeito Meirelles

Recebeu o ex-presidente do BC (governo Lula), conversou duas horas e aos jornalistas: "Foi apenas conversa, não estou convidando ninguém". Não acreditei, publiquei com interrogação: o que fizeram em duas horas juntos. Logo, logo publiquei com 48 horas de antecedência, que Meirelles aceitara, mas exigira todos os cargos do entorno. Temer confirmou que aceitara as exigências. Só que isso provocou modificações no roteiro, ainda estão em andamento.

O senador Romero Jucá, que ia para a presidência do Senado, será Ministro do Planejamento para vigiar e controlar Meirelles, até nisso copia dona Dilma duas vezes. No primeiro mandato Barbosa para vigiar Mantega. No segundo, o mesmo Barbosa para substituir o da Fazenda. Substituiu, ninguém sabe o que faz. Para acertar o roteiro, falta se "reconciliar" com Renan Calheiros. Isso está a caminho. Mas não pode ser num encontro direto, primeiro os intermediários, depois o cara-a-cara. Afinal, não são amigos incondicionais, mas também não são "desamigos". 

A catástrofe Temer, contraditoriamente a toda velocidade, não para o abismo. E sim para ver se consegue desacelerar do fundo, voltar á superfície, que pode ser, pelo menos para ele, sinônimo de Planalto. Para o vice, o triste fim de Isaías Caminha. Para Temer, nominalmente o próprio Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Espero que ele como paulista pelo menos começa a história.

PS- Justiça cassa Comissão interina por Reunião irregular do Conselho Deliberativo, da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, protagonizada pelo presidente da instituição, Domingos Meireles. Os atos da Comissão estão anulados por Medida Judicial da 30ª Civil do Rio de Janeiro, que determinou a volta na condução do processo eleitoral em curso, da Comissão Original.

PS2- De acordo com a decisão, ao restabelecer a Comissão, e anular a Reunião, todos os atos praticados pelos conselheiros e o presidente do Conselho estão nulos. Na tarde de ontem (25) o jurídico da associação entrou com pedido de reconsideração da medida alegando perturbar o curso da eleição, mas não logrou êxito.

PS3- Hoje a partir dás 10 horas, está acontecendo a Assembléia Geral da entidade, mas também convocada de forma irregular, eis que alem do cumprimento do prazo não houve publicação do Edital em jornal de circulação, conforme determina seu Estatuto.

PS4- Segundo um dos integrantes da Comissão, os atos praticados pela denominada Comissão Interina, criada para favorecer a Chapa situacionista Vladimir Herzog, a proposta principal e pelo adiamento da eleição por 60 dias, para que a ordem seja restabelecida, sejam corrigidas as irregularidades e as eleições transcorreram de forma idônea, sem causar prejuízo à chapa de oposição.

PS5- Se isso não ocorrer, quatro pedidos de nulidade, com impugnações, inviabilizam a participação da chapa situacionista Herzog. Com isso a chapa Barbosa Lima Sobrinho participará do certame como “Chapa Única”.

PS6- As medidas de ordem jurídica e as administrativas ensejam que daqui porá frente, cada vez mais as questões eletivas da ABI que já foi ao alma e espírito de luta contra regimes ditatoriais e de violência ao Estado de Direito e das Liberdades, seja judicializada.

PS7- Os opositores denunciam a campanha eleitoral da chapa situacionista de desigualdade de condições na divulgação, a candidatura “ficha suja”, do presidente Domingos Meirelles que está envolvido em 14 demandas judiciais. Quatro delas criminais. Irregularidade no banner da chapa no site da ABI e outra nulidade por envolvimento em demandas judiciais de candidata a cargo de diretor.


terça-feira, 26 de abril de 2016

E s p e c i a l:

IMPEACHMENT NO SENADO – I

Finalmente, Anastasia é o relator do impeachment

HELIO FERNANDES

A sessão começou atrasada, os suplentes chegaram antes dos efetivos. O senador Raimundo Lira perdeu muito tempo dando a volta nas bancadas, apertando a mão de 50 conselheiros. Abriu exceção para três mulheres conselheiras: Vanessa e Tebet, que beijou, e Suplicy, que abraçou. Como presidente ainda não eleito, abriu a sessão ás 10,34, algazarra imediata, completa e insuportável.

Como estava decidido por todos, Raimundo Lira foi eleito por aclamação.Parece isento e sem comprometimento. Mas não tem energia e liderança, para comandar uma Comissão dessa importância.Também revelou falta de memória,esqueceu o nome do senador Cássio Cunha Lima,"timerista" e de Lindberg Farias, anti "timerista". 

Mal foi eleito, começou a votação para escolha do relator. Candidato único, o senador Anastasia, bombardeadissimo, todos ressaltando, registrando, ressalvando: "Não tenho nada contra ele". Mas vetavam.

Hoje, terça, repetiam as mesmas balelas e idiosincrasias, levantavam as mesmas questões de  ontem, segunda.Os autores e atores, repetitivos. Graziotin, Ronaldo Caiado, Gleise Hoffman. Que ausência de criatividade e imaginação. Na Câmara não houve eleição. Única modificação: lá os dois foram indicados autoritariamente pelo impávido Eduardo Cunha, sem protesto e objeção  de ninguém, deputado ou partido.

No momento,meio dia em ponto, continuam gritando uns com os outros. Envio
esta matéria, para que fiquem  bem informados. Volto dentro em pouco. Mas
acrescento, imperdível: ás 8,20 desta terça, Temer recebia no Jaburu, o impoluto Eduardo Cunha, com quem conversou por quase 2 horas.No meio da conversa, chegou outro inominado, praticamente indicado: Elizeu Padilha. Será Chefe da Casa Civil. O destino do ainda Presidente da Câmara, incerto e não sabido, mas sob a proteção do quase futuro presidente "interino".


IMPEACHMENT NO SENADO - II

Levaram quase 3 horas para uma escolha que deveria ter utilizado apenas 5 minutos. O que aconteceu, depois de 2 horas e 50 minutos de exibicionismo e primarismo. Dos dois lados. Quando o presidente falou para o plenário, "os que votam no senador Anastasia, se mantenham como se encontram". O resultado encontrado foi então de 16 a 5, exatamente a posição entre situação e oposição na Comissão. 

E será assim nas duas votações que se seguirão, com a necessidade de maioria simples. A ultima, do julgamento, exigirá 54 votos para que a presidente seja definitivamente destituída. Mas isso não é para agora, pode ser em "até 180 dias”, como está na Constituição.

Enquanto a Comissão perdia tempo, o vice considerava que podia recupera-lo, conversando com deputados do PTB, PR, PSD, todos e alguns outros, que "apoiavam" o governo Dilma. Temer e seus acólitos, tentam imitar Chico Buarque com o seu "Ministério que vai dar merda". Com uma diferença: o famoso compositor, alertava sobre apenas UM ministério.Temer tenta forma o GOVERNO que vai dar merda. Chico Buarque foi mais racional.


O senador Anastasia assumiu como relator, citando uma frase magistral: "Deus poupou-me o sentimento do medo". Lida pelo candidato Juscelino Kubitschek na campanha. Escrita pelo grande poeta Augusto Frederico Schmidt. Entregue a JK por este repórter, num comício em Jacarepaguá. Eu dirigia a parte  de comunicação da campanha, sem dinheiro algum.
Temer quer que o cidadão-contribuinte-eleitor, fique só como contribuinte. Ajudado por empresários

HELIO FERNANDES

Começou ontem, bem tarde, a divisão dos postos ostensivos, na Comissão que pretende consumar a deposição da presidente Dilma. O país, publicamente está dividido em três partes. Mas nesse Senado ululante, quem decidirá o primeiro tempo, será o grupo que se intitula arbitrariamente majoritário. E é mesmo, se levarmos em consideração apenas os números e não as maquinações, manobras e malabarismos de bastidores. 

E suas conseqüências imprevisíveis, mas rigorosamente calamitosas e possivelmente reversíveis. Naturalmente num prazo longo, que está na razão direta da incapacidade dos que se aproximam da vitoria agora.

O segundo grupo ou segunda parte, naturalmente é o de Dona Dilma, ilhada, isolada, quase destituída no Planalto-Alvorada. Errou mais do que era possível ou permitido. Incompetente, imprudente, inconsciente, paralisando o país, com a colaboração entusiasmada dos que se diziam oposição, mas eram e continuam sendo única e avidamente esperançosos de um governo sem voto, sem povo, sem urna.

Finalmente a terceira parte dos brasileiros, tão culpados quanto os outros, só que sem perceberem, se alienando voluntariamente do processo democrático. Contemplativos e complacentes, não se respeitam e não se engrandecem, assumindo o compromisso do silencio cúmplice e acumpliciado. 

Entre esses, personagens de relevância e importância. Se rompessem o silencio, suas vozes seriam estridentes o bastante para abafar até os gritos de satisfação e alegria dos que freqüentam os subterrâneos da politicalha destrutiva. Mas garantem que são os compreensíveis bastidores da política construtiva.

O presidente da FIESP, vai ao Jaburu, lembrar da recompensa

O Millor, encantado com o fim de tarde do Arpoador (o mais bonito e inebriante do mundo), escreveu Constituição com artigo único: "O pôr do sol é para quem o vê". Na mesma linha, e sem pagar royalties, o Millor está morto, querem implantar uma Constituição, também com artigo único: "O Poder é para quem o toma". Dizem que Michel Temer viu primeiro, naturalmente guiado, acolitado e encaminhado pelo presidente da Câmara.

Este, sem arma de fogo, apenas com o descaramento, sem constrangimento ou arrependimento, é o homem mais poderoso do país. Nem quero negar o fato, tenho paixão pelo rigor da verdade jornalística. (Desde que fiz meu primeiro trabalho importante, ha 71 anos, cobrindo a Constituinte de 1945 para a revista O Cruzeiro. Tinha 24 anos, já era jornalista, mas essa cobertura, inesquecível).

Sem Eduardo Cunha, seus 50 votos, sua coordenação, seu domínio inconstratavel, senadores não estariam disputando vagas para ver como derrubam um presidente eleito. Incompetente, mas legitimo. Só deixará de ser legitimo e constitucional com a intervenção do TSE. Mas aí, Michel Temer irá junto. O mesmo Michel Temer que trata vorazmente de formar um governo permanente, que inicial e facilmente será interino, quando a efetiva for afastada. 

Precisam apenas 21 votos, tranqüilidade. Mas para o afastamento definitivo, necessários 54, ainda não conseguiram. 

Apesar da luta agora ser no Senado, Eduardo Cunha trabalha muito. Um deputado conseguindo votos no Senado? Eu sei, parece inconcebível. Mas a vida política está dominada pelos servos, submissos e subservientes. O mesmo "sentimento" que domina o vice, quando age, simplesmente conversa ou desconversa. Garante que não nomeará 39 Ministros. Diz textualmente: "Não passarei de modo algum de 21".

Mas seus contatos deixam a impressão que todo governo só tem um ministério de verdade, o da Fazenda. Lógico, é importante, mas tem muitos coadjuvantes que igualmente precisam de titulares. Não cuida nem do Banco Central. Não se ouve uma palavra sobre desemprego, divida publica, inflação, dólar, juros elevadíssimos, e PIB ao contrario, reduzidíssimo. Alguns entram no Jaburu como o Presidente da FIESP, Paulo Skaf, não esperam muito, vão embora, mas falam aos jornalistas de plantão interno e eterno: "O Presidente Temer não a vai aumentar impostos". 

Ninguém falou nisso. Mas se os impostos caíssem de 36 por cento para 30, melhorando a vida de cada cidadão-contribuinte-eleitor, que maravilha viver. Mas esse empresariado brasileiro só pensa no irreal, é possível que não aumentem impostos. Mas esperar redução, quimera, exercício vago e vazio de futurologia. O que se esperava e se espera de empresários: investimento, eles mesmo serão beneficiados pelo crescimento e desenvolvimento. 

Ha mais de 40 anos, me refiro ao cidadão-contribunte-eleitor. Agora, com a aliança do ambicioso vice, coligado com empresários abastados, enriquecidos, mas pretendendo mais riquezas, o trabalhador cidadão -contribuinte-eleitor, perderá duas palavras, deixará de ser cidadão e eleitor, ficará apenas como contribuinte. Naturalmente obrigatório.

400 anos da morte de Shakespeare e Miguel de Cervantes 

Não se pode escrever diariamente apenas sobre impeachment, traição, Lava-Jato. Esquecendo raridades ou até fatos desconhecidos a respeito desses gênios. O primeiro nasceu em 1543, o segundo em 1547. Morreram em 1616 no mesmo dia. Acontece que naquele momento o Papa Gregório estava coordenando o "Calendário Gregoriano", que o mundo nem se lembra que deve a ele. Os países viviam na mais completa bagunça e confusão de dados e datas. Tudo isso foi unificado.

Mas o Papa precisava consultar os países, as respostas variavam, demoravam ou nem chegavam. A Espanha referendou o "Calendário" no mesmo dia. A Grã-Bretanha levou 17 dias. Dessa forma, a morte dos dois, pelo menos na historia,tem essa diferença, embora tenham morrido no mesmo dia. Sabe-se tudo sobre o criador do atualíssimo Dom Quixote. 

Apesar das biografias, quase nada se conhece do também citadíssimo e admiradíssimo Shakespeare. Quando Thomaz Jefferson escreveu o libelo de 4 de Julho de 1776, declarando a Independência dos EUA, intelectuais dos dois países, registraram: "É o que de melhor já se escreveu em língua inglesa, ressalvando naturalmente Shakespeare". 

O PSDB não sabe o que quer

Situação difícil para Michel Temer, que assumirá na certa, quando dona Dilma for "afastada" por até 180 dias. E precaríssima para o partido que é dominado apenas
por 3 donos: Serra, Alckmin e o "jovem presidenciável" Aécio Neves. Acontece que os três disputaram e perderam as 4 ultimas eleições presidenciais. Serra em 2002, Alckmin 2006, novamente Serra em 2010, Aécio em 2014. E os três almejam, pretendem, esperam outra candidatura, aparentemente em 2018. 

O domínio deles é tão estapafúrdio e incontestável, que a maior força eleitoral do Paraná, Alvaro Dias, reeleito para o Senado com 67 por cento dos votos, teve que ir para o PV.  

Agora, mais do que natural, têm posições diferentes e até conflitantes. Serra não ligará para o que o presidente Aécio pensa, será Ministro. Seu sonho era a Fazenda, afastado. Mas irá para a Educação ou para a Saúde, que já ocupou. O que Serra não quer é ficar na planície, longe do Planalto.

O governador de São Paulo, que tem acordo com o PSB para 2018, defende a não hostilidade. E Aécio, que tem 4 ações no TSE contra Dilma e Temer, tenta encontrar uma posição que não seja contraria. Ninguém imagina onde está a tão propalada "salvação nacional", pregada por Temer - Eduardo Cunha. Impossível não só imaginar, mas convencer alguém que são capazes de altruísmo, grandeza e desprendimento.

O senado elege Titulares e suplentes

Depois de mais de duas horas de "questões de ordens" impertinentes, tolas, desajustadas e fora da curva, escolheram os 42 senadores que formarão a Comissão Especial. Pretendiam que o senador Lira, indicado presidente da Comissão, realizasse naquele momento a eleição do presidente efetivo e o relator. Inacreditável tumulto, impossível qualquer reunião. O senador pediu a palavra, explicou:"Mandei preparar uma  sala especial para funcionamento da Comissão. Ficará pronta no final da noite, amanhã(hoje) ás 10 horas, estaremos elegendo presidente e relator".Eram mais de 7 da noite, decisão clara e de bom senso, ainda protestaram.

Foram horas de questionamento, das mais diversas partes e partidos. O senador Ronaldo Caiado falou 5 vezes, numa delas, afirmou: "O Ministro Marco Aurélio, do Supremo, já deu PARECER a favor do processo". Desculpe, senador, mas Ministro não dá parecer, Ministro VOTA". Caiado tem espalhado que será Ministro da Agricultura, representando o DEM. A seguir falou 3 vezes, o presidente do próprio DEM, José Agripino. Acredito que perdeu o cacife, depois de ter, por decisão do Ministro Teori Zavascki , o sigilo bancário dele e do filho, "quebrado".

Senador Anastasia em debate

Indicado para relator da Comissão Especial, seu nome discutido, debatido, negado, por mais de 3 horas. Ninguém fez restrições. Apesar da escolha ser apenas hoje ganhou fartos elogios e vetos do mesmo tamanho. Motivo:é do PSDB, foi vice de Aécio, depois governador. Deverá ser eleito, o governo não tem votos para recusá-lo. 

E é preciso não esquecer. O impeachment não tem o menor viés jurídico, é rigorosamente político, como transitou na Câmara. Os 367 que votaram, nem sabiam o que votavam. Receberam as ordens, (e não apenas ordens verbais) junto com a autorização para massacrar os milhões de brasileiros que estavam com a televisão ligada.  


PS-Não posso terminar sem registrar a derrota dupla de Eduardo Cunha.1-O Ministro Zavascki autorizou o delator Fernando Baiano, que fez acusações contra ele, a depor na Comissão de Ética. Reiterando o que já disse.Como presidente, afirmou, "a Câmara não pagará a passagem dele". 2-Embora seja questão menor, a Câmara pagou a passagem. Ficou furioso, mas não "passou recibo". 
DEPUTADOS SAUDARAM AS MÃES, A MULHER E OS FILHOS. OS MAIS AFOITOS E APELATIVOS CITAM A FRASE DA HEROINA ESPANHOLA “NON PASSARAM”.  E DEUS ESTEVE NA BOCA DE MUITOS. ENQUANTO LULA-LÁ ASSISTIU O SEU VOTO DO PALHAÇO DEPUTADO, IR CONTRA SUA APADRINHADA PRESIDENTE DILMA. DIREITA OU ESQUERDA NO BRASIL, PARECE ATÉ MOTORISTA PERDIDO. PT BOQUINHA CANTA: “CHORA CORAÇÃO”...

ROBERTO MONTEIRO PINHO

Não se tem dúvida de que os deputados que votaram no domingo pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, rasgaram linearmente a gramática, com sua suas medíocres declarações de votos. Com raras exceções, alguns corretamente se limitaram ao “sim ou não ao impeachment”. Aos seus eleitores, deixaram a impressão de que os ”nivelaram por baixo”.

O que está errado nisso? Porque ocorrem esses deslizes protagonizados por parlamentares? Muitos perguntam seriam o sistema de escolha dos seus representantes? O sistema eleitoral brasileiro, precisa ser radicalmente mudado, a forma de promover um meio melhor de escolha dos representantes do executivo e legislativo? Essa é a questão maior.

Não pouco a mais alta Corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), tem protagonizado cenas da mais alta indignação a comunidade. As sessões do tribunal são regadas ao desconforto de que um ministro para proferir seu voto, demora horas e horas, dissecando um verbo que não tem a menor importância, quando o melhor é responder: ao como vota ministro?

Lembro aqui quando integrava a 7ª Turma do Tribunal do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), num voto de relator, citei um texto da obra de Karl Max – “O Capital – Trabalho em Migalhas”, falando do desemprego e da angústia do trabalhador junto aos seus familiares, quando perdia a auto-estima e por conseqüência o respeito da comunidade.

Não precisei obviamente de ler quatro páginas sobre o assunto, mas apenas citei a obra e o voto foi proferido em cinco minutos.

Mas o tema é o impeachment, e nele vamos focar nossa conversa. Dilma Rousseff, é péssima interlocutora, teve como ante-sala no palácio o ex- senador Aloysio Mercadante, um “caladão”, meio que taciturno, que também pouco interagia com os próprios quadros doe seu PT. 

Aquele setor do palácio Alvorada sempre foi frio, na concepção da palavra. Mas com Dilma Roussef, é frio e estranho. O semblante dos que ali trabalham mesmo aqueles que chamamos de “cascudos” servidores, não conseguem uma aproximação com a presidente. E assim ela pauta ou sua relação com os poderes. Confundiu com certeza o poder presidencial, com a circunstancial situação de ser o “generala” do país.

Para falar com o mundo exterior, necessitava de um interlocutor, e para isso tinha o melhor de todos, Lula da Silva, no entanto, resolveu ignorá-lo, afastá-lo, se achando hiper suficiente. Foi ai seu maior erro. No oposto Lula que também cometeu o seu erro maior escolhendo sua sucessora.

Na sexta-feira, dois dias antes do espetáculo deprimente, não pelo fato do impeachment, e sim pelas manifestações de voto. Todos falharam no verbo. Esquerda ou direita, frases perdidas na obscuridade e no traço de um legislativo do mais baixo nível que presenciei. Se não cômico, foi um desastre sem precedentes.

É comum nas relações políticas isso ocorrer, a traição política é da própria cultura da política. Temos sinais da história, desde a época romana aos tempos dos ídolos da esquerda na Rússia, China e outros países, que dão conta dessas situações de ingratidão.
O país travessa a mais “negra de sua página”. Mergulhado no marasmo, refém de um judiciário confuso, instável, dividido e sem interlocução com os poderes.

Este é o maior problema. Temos uma “Torre de Babel”, instalada no seio da vida brasileira. Os poderes estão no CTI e a comunidade enferma, vitimada pela infecção desse vírus violento e destroçador. A inflação galopa abertamente. O desemprego está em velocidade máxima e a moral está no fundo do poço.

O brasileiro não é desordeiro, é por essência pacificador, quer mais do que ninguém de que o seu país retome os rumos de crescimento, da estabilidade e a paz.

Dilma cometeu inúmeros e sucessivos erros. É uma catástrofe político-administrativo. Mais do que o prejuízo material, o povo brasileiro, não pode perder a fé, a esperança. Mas para isso me preciso que homens a exemplo dos presidentes da Câmara, Senado e do STF façam a interlocução deste processo de retomada da estabilidade política.

Criticar essas pessoas que detém o poder é apenas um “desabafo”. As redes sociais estão repletas de críticas desde as mais inusitadas as contundentes a Dilma, Cunha, Renan e o próprio STF.

Atores medíocres, “papagaios de pirata” aproveitam o momento, para ganhar visibilidade com declarações de impacto.

São pré-candidatos a eleição para prefeito, vereador, deputados e querem com isso ganhar lastro para sua reeleição, e os ministros que desejam ardentemente entrar para a história, ministros, se não como brilhante e notável jurista, ao menos como figurão falastrão.

Que país é esse? Em junho de 2013, jovens ávidos por mudanças foram às ruas para protestar contra tudo que está ai, naquela histórica noite ao meu lado uma faixa estampava: “Vocês não nos representam”.