Declaração estranha do vice Michel Temer: o PMDB
"precisa" da presidência
HELIO FERNANDES
Para que não
haja duvida, uma explicação: as aspas na palavra precisa, foram colocadas pelo
próprio vice presidente. Qual a razão? Mas a sua afirmação é tão surpreendente
e cheia de contradições, deixemos os esclarecimentos para ele.
Ficamos com os
comentários. Os partidos, todos, deveriam obrigatoriamente lançar candidato a
presidente. Se não lançassem, perderiam o direito ao fundo partidário e não
teriam acesso ao horário eleitoral falsamente considerado gratuito. Se não
fossem para o segundo turno, aí poderiam fazer acordo.
Defendo
essa convicção desde o fim da ditadura. Mas o PMDB jamais aderiu a ela. Sempre
preferiu ajudar a eleger o presidente, e receber a recompensa luxuosa e
suntuosa. Se elegesse o presidente teria que distribuir os cargos mais importantes.
Roberto
Requião, varias vezes governador e senador do importante Paraná, quis ser
candidato. O PMDB não se interessou. Controlando o partido (presidente) ha mais
de 10 anos, Temer não percebeu que o PMDB precisava da presidência. Quer dizer,
percebeu, mas não era cacique nem tinha cacife. Foi acumulando cargos, apesar
das medíocres e quase inexistentes votações para deputado. Agora, se julgando o
único nome suposto ou previsível, tenta empurrar o PMDB para disputar a presidência.
Candidato,
não precisa se desincompatibilizar, já confessou em carta aberta distribuída
por ele mesmo: "Sou um vice decorativo".
Aos 71
anos, tendo perdido as oportunidades de ser presidente sem voto, sem povo, sem
urna, arrisca para 2018. Estará com 74 anos. Para se fortalecer tem que
convencer o PMDB e garantir a reeleição na presidência da sigla. Só em março,
uma eternidade num partido chamado de motel. È bem verdade que o
amigo-companheiro trabalha 24 horas para reconduzi-lo. Pode ser o ultimo e
desesperado lance dos dois.
Sergio Moro entrega a Lava-jato ao TSE
Nenhuma
surpresa, mas o inesperado. Através de oficio, comunica ao TSE, “que na
campanha eleitoral de 2014 entrou dinheiro das propinas da Petrobras". Lógico,
não cita nomes de personagens ou de partidos, mas garante que "as
investigações provaram que a corrupção da Petrobras financiou
candidaturas". O Planalto sentiu o golpe, da mesma forma que o vice, já em
campanha para 2018. E derruba duas alegações dos envolvidos.
1-
"Todos os recursos da campanha foram registrados no Tribunal
Eleitoral".
2- E
todas as "prestações de contas, foram aprovadas por unanimidade". Agora,
tudo isso perdeu a importância. Desastrada como sempre, Dona Dilma deixa
entrever que vai fazer tudo para que o julgamento do TSE não aconteça antes de
maio. Não é uma predileção pelo calendário, mas atenta ás modificações que
ocorrerão na cúpula do TSE. (Tudo já antecipado aqui). O Planalto não tem
informação a respeito de melhoria na votação, com a entrada de Rosa Weber no
TSE e a presidência passando para Gilmar Mendes. Só que pior do que está
consideram que é impossível.
Sempre
deixei claro que não haveria impeachment, a solução definitiva e por enquanto
indefinida, viria do TSE. Continuo acreditando nisso. As contas aprovadas por
unanimidade podem ser desaprovadas sem surpresa.
O DEM muda de líder e de orientação
Sem muita
representatividade, o partido pretendia e pretende ser ético e de oposição. Mas
quase não se percebe. A não ser na omissão diante da manutenção de Eduardo
Cunha na presidência da Câmara. O ex-líder, Carlos Sampaio, era assíduo freqüentador
do palácio residencial de Cunha. Devia ter respaldo ou apoio da cúpula.
Escolhido
o novo líder, Antonio Imbassahy, o jornalista Bernardo Mello Franco, perguntou
a ele: "O senhor continuará freqüentando a residência oficial do
Presidente da Câmara?". Resposta, critica veemente ao antecessor: "De
maneira alguma".
1 -
Eduardo Cunha é notificado pelo Supremo
2 -
Eduardo Cunha anula a votação do Conselho de Ética
3 -
Eduardo Cunha tenta eleger o líder do PMDB
1-Um dia
antes do recesso, o Procurador Geral pediu o afastamento da presidência da Câmara
e a perda do mandato de deputado de Eduardo Cunha. Como o processo estava sob
sigilo, não se conheciam as razões embora o acusado seja mais do que notório. O
Ministro Zavascki afirmou, "decidirei depois do recesso". Admitia-se
que consultasse a Turma ou até o plenário.
Ontem,
terça, ás 10 da manhã, Cunha recebeu a intimação tem 10 dias para se defender.
Como já foi quebrado o sigilo, constata-se que Cunha terá uma defesa dificílima,
com obstáculos quase intransponíveis. Pois Janot juntou 11 acusações com provas
i r r e p e e n s i v e i s.
2- Às
duas da tarde se reuniu o Conselho de Ética, a primeira vez depois do recesso.
A mesma falta de ética, de compostura, de respeito próprio ou com a opinião
publica. Inacreditavelmente Eduardo Cunha foi novamente o personagem principal.
Não estava presente, mas os servos, submissos e subservientes o representaram
magistralmente. E o tumulto foi o mesmo de sempre.
Na ultima
sessão foi aprovada a "admissibilidade" do pedido de culpa de Cunha,
e o processo enviado para o plenário. Só que no recesso, o vice presidente da
Câmara cúmplice do presidente, anulou todo o processo, determinando que começasse
do zero. Ficou tudo para hoje, quarta-feira, embora não se saiba o que vai
acontecer.
Antes
mesmo de a sessão acabar, Eduardo Cunha entrou com Mandado de Segurança no Supremo,
a oposição fez o mesmo. Ele quer mais tempo para se defender. Segundo ele, se
passaram "apenas" 4 meses. A oposição quer a validade da votação
anterior.
Mas a
sensação do dia foi à presença do Presidente da OAB Nacional e a leitura do
manifesto candente e verdadeiramente republicano. Pede o afastamento cautelar
do presidente da Câmara. Os apaniguados de Cunha não tiveram a coragem da
contestação. Mas logo depois varias reuniões, e não apenas de deputados. O
Congresso na quase totalidade, assumia a responsabilidade da permanência de
Cunha.
3- No
ultimo e grande acontecimento do dia, ainda e sempre na carruagem principal,
Eduardo Cunha. Eram as ultimas articulações para a eleição do líder do PMDB na
Câmara, cujo resultado será conhecido hoje. Deve ganhar Picciani, embora Cunha
afirme: "Meu candidato tem 45 votos". Não acredito. Se acreditasse,
teria vivido e lutado em vão.
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