*Esse é o blog oficial do
jornalista Helio Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da
Imprensa. Aqui teremos suas
matérias exclusivas, e também a participação de colunistas especialmente
convidados. (NR).
O RAIO CAIU PELA SEGUNDA VEZ NO
PLANALTO: CONTINUIDADE, DESESPERANÇA, INCOMPETÊNCIA.
HELIO FERNANDES
Começo a
analisar e escrever ás oito da manhã deste domingo final, sabendo que o
resultado oficial será anunciado ás 8 da noite. Mas nessas 12 horas de espera,
muitas duvidas e dívidas a lembrar e até esclarecer.
As dúvidas
são dos 140 milhões de eleitores inscritos, embora no primeiro turno o número
de aptos a votarem tivesse o mesmo total. Mas quase 30 milhões não se
interessaram ou não se deixaram seduzir pelos candidatos. A tendência é a
mesma, pode haver alteração, digamos 20 milhões não votem ou anulem o voto. De
qualquer maneira, aumento substancial para os dois candidatos. E para os
brasileiros, a realidade dos próximos quatro anos.
As dividas
correspondem ás promessas e aos compromissos dos dois candidatos. A partir da
comunicação do Tribunal Eleitoral, o povão do país, citemo-lo pelo número de
habitantes, 204 milhões saberão o que esperar do futuro.
A continuidade,
incompetente, desesperançada, antidemocrática, conhecida e sem alternância. Ou
a novidade com alternância democrática, esperança, e crença na mudança, mesmo
que fluida e insegura.
Todos
conhecem a tragédia desses quatro anos de Dona Dilma, raros acreditam que possa
mudar. Praticou tanta baixaria, mentiu tanto ao governo e na campanha que é difícil
que se projete com mudanças. Usou e abusou do slogan, “novo governo, novas
ideias”. Não uso a palavra “apostar”, tão utilizada por analistas, pois não se
trata dessa palavra e sim de outra, poderosa e portentosa, E-S-C-O-L-H-E-R.
A reeleição
comprada e paga por FHC para ele mesmo em 1998, agora se volta contra Aécio, do
mesmo partido, embora mais confiável do que o personagem que rasgou a
Constituição e prolongou o próprio governo, praticando abusiva e
perdulariamente, o “retrocesso de 80 anos em 8”. Se for eleito, Aécio tem que
começar, obrigatoriamente pelo compromisso mais importante: acabar coma
reeleição inventada pelo correligionário.
Se Aécio
vencer, governará com tremenda e visível dificuldade, já que a diferença entre
o primeiro e segundo colocado, mínima. E essa diferença quase imperceptível se
projetará para os quatro anos seguintes. Já Dona Dilma pode ganhar, ser
diplomada e empossada, mas terá que enfrentar as acusações dos personagens
enquadrados ou beneficiados pelo que chamam, e não apenas no Brasil, de
“delação premiada”.
É uma decisão
constitucional e compreensível. Troca-se corruptos com punições menores, por
corruptores, sempre maios importantes e impunes.
É evidente que o Ministério
Publico e a Policia Federal, que “contrataram” com os delatores, sabem o que
fizeram e conquistaram, os documentos que estão enclausurados em cofres, da
mesma forma que esses delatores, serão punidos e enclausurados sabem o que
fizeram e conquistaram, afastados da vida pública.
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empreiteiras poderosas e dominadoras, mais Dilma e Lula, que “não sabiam de
nada”, como aconteceu com o ex-presidente no mensalão. Sempre escrevi na
Tribuna impressa e depois, nos blogs que Lula sabia de tudo e devia ter entrado
no julgamento do mensalão.
Como deve
acontecer agora com ele e a sucessora. Ah! Poeta, 2018 deixou de ser um retrato
notoriamente esboçado, continua doendo e doerá muito mais com a perda da
liberdade. Todo tempo de impunidade já é lucro.
Publica e
notoriamente não tenho simpatia ou admiração jornalística pela revista Veja,
que se instalou e se projetou no Brasil em 1968, em plena ditadura. Mas tem
todo direito de mudar a data de sua publicação e veicular o que bem entender. E
responder perante a lei por DANOS MORAIS, pagar indenização se a Justiça
condena-la.
Mas Dona
Dilma que se diz de esquerda, exibe a convicção fascista, EXIGINDO que a
revista não circulasse. E ganha em parte com a decisão de um membro do TSE, que
estranhamente PROIBIU a Veja de reproduzir no site como faz habitualmente, o
que está na capa impressa. Total cerceamento da LIBERDADE DE IMPRENSA, é o
“chavismo, madurismo e bolivarianismo”, tão grato a Dona Dilma.
Nas duvidas
que só terminarão às oito da noite, uma contribuição muito grande dos
Institutos de pesquisa. Quatro deles, Sensus, Ibope, Datafolha e CNT, (Conselho
Nacional de Transporte) apresentaram resultados inteiramente diferentes.
O Sensus
apresenta Aécio vitorioso, 55 a 45. O Ibope chama Dilma de presidente reeleita,
54 a 48, seis pontos que não podem ser anulados em 30 horas, desde que
revelaram a pesquisa, até á glorificação oficial.
O Datafolha
se refugia num “empate técnico”, o CNT, garante que Aécio terá 50,3 e Dilma
49,7. Diferença mínima que pode até acontecer. Fica dentro da margem que se
acredita. Mesmo assim, sem credibilidade.
Às oito da noite, a tragédia
anunciada.
Até, aqui,
muitos bastidores, estimativas, pesquisas e rumores da campanha, a partir de
agora, fatos, fatos, fatos. Por mais que sejam lancinantes, e representem a
menor diferença de todas às eleições diretas depois da ditadura, vai levar Dona
Dilma á segunda posse.
Não é
surpreendente mas é um perigo para o país e seus 204 milhões de habitantes. Se
todos sabem o que vem acontecendo nos quatro anos, que se completam, é difícil
imaginar que se repitam. Mas mais difícil, quase impossível, acreditar que a
mesma donataria do Planalto Alvorada, seja capas de operar reviravolta.
Uma coisa e
preciso registrar para provar a imprevidência de Dona Dilma. Sua afirmação em
junho, espetacular: “Mantega não será Ministro da Fazenda no meu segundo
governo”. Era o máximo em matéria de arrogância, mas não deu o menor sinal de
quem seria, (agora quem será) esse Ministro da Fazenda.
Os Institutos
que se arriscaram, perderam. Sensus e
CNT, davam vitoria a Aécio, por diferença minimissima, e apesar de não terem a
mesma repercussão do IBOPE e do Datafolha, não acertaram.
O Ibope
consagrava Dilma e anunciava até a margem dessa consagração: seis pontos. Ficou
longe do número anunciado, mas não teve duvida da vitoria. O Datafolha, se
“refugiou” no empate técnico, o que não é pesquisa. Apenas uma tentativa de não
passar o vexame da boca de urna do primeiro turno, não perder, embora também
sem ganhar. Mas é inegável: a vitoria de Dona Dilma ficou dentro do “erro” da
margem técnica.
PS- O fato
está consumado como eleição, como posse, mas não como permanência até 2018.
Quem pode garantir e acreditar que ela não sabia nada dos escândalos da
Petrobras? Será dificílimo governar, mas isso era e é o mais fácil de entender.
PS2- Dona
Dilma colocou no final, 3 milhões de votos sobre o adversário Aécio. Este
facilitou a vitoria de Dona Dilma andando com FHC a tiracolo.
PS3- Com isso
ninguém esquecia do “retrocesso” de FHC, e que o PSDB no governo poderia ser a
repetição dos oito anos de FHC. Principalmente os últimos quatro.
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