*Blog oficial do jornalista
Helio Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da Imprensa. Agora
com suas matérias exclusivas, e também a participação de colunistas
especialmente convidados. (NR).
TRES CARGOS DISPUTADÍSSIMOS: BANCO
CENTRAL, PETROBRAS, MINISTERIO DA FAZENDA. DILMA E O PAÍS, PERDEM TEMPO.
HELIO FERNANDES
Um dia, jornalistas
pediram ao presidente Roosevelt para definir a extensão dos Três Poderes. De
forma simples e elucidativa, respondeu. “O legislativo legisla, o Executivo
executa e o Judiciário diz aquilo que o Legislativo legislou e o Executivo
executou, é constitucional”. Foi eleito quatro vezes, todos acreditavam que
obteria mais um mandato, o quinto, morreu no início do quarto, com 61 anos.
Falastrona,
atrapalhada, sem charme e sem liderança, apenas mal humorada, recorre sempre ao
lugar comum, repete as mesmas tolices, deforma as palavras, deturpa até o sentido
que elas devem ter. E volta com idiotices de antes, como essa proposta de
reforma política através de plebiscito.
Ontem fulminei essa ideia (?), que já
fora derrotada em junho de 2013, quando queria “constituinte exclusiva”, “plebiscito”,
“referendo”. Em menos de 24 horas recuou derrotada, volta o assunto 1 ano e
meio depois.
Insiste
desbragadamente na vontade de “dialogar”, lança a palavra de ordem primaria e
inconstitucional, “vou governar com a sociedade”, E reforça a ideia de “conselhos
populares”, como se isso fosse democrático. Tem que governar com a sociedade,
nem precisava se expor. Mas não vai ás ruas, de casa em casa pelo país todo,
perguntando aos moradores: “o senhor está satisfeito?”.
48 horas
depois de uma eleição que escolheu deputados, senadores, governadores e o próprio
presidente, o Congresso conquistou o direito de ser a REPRESENTATIVIDADE, é com
o Congresso que tem que exercer o mandato.
Como venho
propondo há mais de 30 anos, essa reforma político-partidária é imprescindível.
Mas proposta pelo Executivo e aprovada pelo Congresso ou vice-versa. Mesmo que
não preencham todas as reformas, pois só falam no financiamento de campanhas.
Mas a
primeira e a mais importante dessas modificações políticas para regular o
eleitoral, é a existência dos partidos, a sobrevivência de legendas puramente
de aluguel. É impossível conviver e governar com 28 partidos, muitos, a maioria
absoluta com o bolso aberto para o Fundo Partidário e a voracidade desigual do “horário
gratuito”.
Dona Dilma não consegue formar o
ministério.
Não pode repetir
o mandato com 38 ou 39 Ministros, mas nada indica que execute uma redução.
Todos os ministérios são importantes. Mas no momento, pelas circunstancia, três
cargos têm prioridade absoluta. Banco Central, Petrobras, e Ministério da
Fazenda. Como não deixam dúvidas, consequência da arrogância que ninguém sabe
de onde veio, sempre se coloca como vencedora no primeiro turno.
Portanto já
devia estar em condições de preencher esses três cargos, nenhum deles pode esperar
pelo inicio do segundo mandato. Tombini, no BC, não recebeu nenhum sinal de que
vá continuar ou se perderá a posição. (Nessa incerteza total, já decidirá hoje
sobre os juros. Não sabendo até onde vai seu poder, deixará que fiquem nesses
trágicos 11 por cento).
Se o
presidente do BC não sabe de sai ou fica, o presidente da maior e mais vulnerável
empresa brasileira, já devia ter pedido demissão. Graça Foster não tem a menor
condição de continuar presidindo a Petrobras. Mas como Dilma disse varias vezes
“é minha maior amiga”, e como definição da própria Dilma, “governar é favorecer
amigos”, tentará manter Dona Graça.
Não conseguirá.
Embora ninguém possa acusar Dona Graça de se aproveitar dos dinheiros públicos
e da fantástica acumulação de recursos que escorrem pelo lamaçal da Avenida Chile,
as palavras omissão cumplicidade omissão podem ser utilizadas.
(Embora Dona
Graça não tenha nada a ver com o perfil de Getúlio Vargas, pode ser dito dela,
o que se dizia do ditador: Não roubava pessoalmente, mas não se preocupava com
os que enriqueceriam, á margem ou até dentro do próprio governo, ditatorialmente
comandado por ele).
No caso da
Petrobras e do silencio de dona Graça, uma dificuldade ainda maior: não surgiu
até agora nem a sugestão de um nome sequer. E se me pedissem para indicar um
presidente para a maior empresa do Brasil, não tenho a menor ideia de quem
poderia ser.
A avalanche de nomes para o Ministério
da Fazenda.
Dona Marina
foi “sacrificada” e “imolada” no altar da baixaria, acusada de entregar o Banco
Central INDEPENDENTE ou com AUTONOMIA á Neca Setubal. (Itaú). Aécio Neves fez
uma indicação previa, que foi um dos pontos frágeis de sua campanha: “meu Ministro
da Fazenda será Arminio Fraga”. Indicação errada sempre, principalmente neste
momento dominado pela incredulidade.
Dona Dilma
tem um nome preferido, vem conversando com ele sigilosamente, desde que
insensatamente demitiu antecipadamente Mantega. Seu nome: Nelson Barbosa, foi Secretario
Executivo do próprio Mantega, saiu por vontade própria.
Esse cargo é
aparentemente importante, mas é vegetativo. A inveja e o ciúme estão sempre
presentes, atormentando o ministro e decepcionando o Secretario-Executivo.
É bom nome,
mas com uma deficiência: não tem relacionamento maior com o empresariado, principalmente
de São Paulo. Considerando que “fomos prejudicados durante quatro anos,
queremos indicar o Ministro”. A preferência aberta e não escondida: Henrique
Meirelles, durante o primeiro mandato de Lula, todo ele como presidente do
Banco Central. Lula dizia e repetia: “fico esperando Meirelles e Palocci me
darem sinal verde para baixar os juros”.
Esse Palocci,
foi demitido pelo próprio Lula, reabilitado por Dona Dilma, novamente afastado
por ela, “excesso de irregularidades”. Meirelles sumiu, só era visto e ouvido
junto com empresários de São Paulo. Meirelles é tecnicamente competente, afinal
fez carreira de sucesso no exterior, enriquecendo e presidindo bancos
importantes. Mas é o que serve melhor ao interesse nacional?
Os empresários
se refugiam na informação que tem um fundo de verdade: “só teremos confiança
para investir se tivermos confiança e segurança com o Ministro nomeado”, Não
fecham ou encerram a lista com nome de Meirelles.
Desde a
segunda-feira surgiu no Planalto Alvorada o nome de Trabuco, presidente do Bradesco.
Apoiado pelos mesmos que vetavam a herdeiros de pouco mais de 1 por cento do
Itaú. Armado ou desarmado com esse nome que é uma arma, é praticamente desconhecido.
Os empresários
de São Paulo, no que chamam de “demonstração de boa vontade” sugeriram o nome
de Gerdau. É empresário, convive bem com o Planalto, tem relacionamento com,
Dilma. Só que todos consideram que seu tempo já passou e também porque era do
Conselho da Petrobras no escândalo de Pasadena, jamais se definiu.
PS- Dona
Dilma aparentemente insiste em Nelson Barbosa, com quem se encontrou na
segunda-feira, no Alvorada, depois das 10 da noite. No dia seguinte, terça, Mantega
convocou entrevista relâmpago com a imprensa. Foi ordem ou tentativa de se
fazer presente?
PS2- Alguns
dizem que a insistência com o ex-Secretario-Executivo é uma forma de negociar
não dar a impressão de que se rendeu. Da mediocridade de Dona Dilma, pode se
esperar tudo.
PS3- Enquanto
isso, ela vai retumbando nos diálogos, eufemismo, longe, bem longe dos “Diálogos”
de Platão.
PS4- Enquanto
isso, o “mercado”, não revela insatisfação e sim especulação. Petrobras cai
para 12 por cento na segunda, sobre 14 por cento ontem, terça. Isso não existe
como apreensão.
PS5- A
Justiça da Itália negou a extradição de Henrique Pizzolato, réu condenado pela
mensalão. Apesar de alguns argumentos sólidos e constitucionais, não há dúvida:
a decisão é uma represália ao Brasil, no caso Batistti.
PS6-
Pizzolato já está em liberdade, e ficará na Itália por 12 anos, só não pode
sair do país, fora de lá será preso pela Interpol. Só uma exceção: que o
Ministro da Justiça, revogue a decisão judicial, e conceda a extradição. Na
questão, lá como aqui, o governo está hierarquicamente acima da Justiça. Mas
isso é remotíssimo.
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