Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

RICOS NA CIRANDA FINANCEIRA E POBRES ESCRAVOS, SÃO PRODUTOS DE UMA SOCIEDADE DISCRIMINADORA, ALIMENTADA PELA MÁ DISTRIBUIÇÃO DE RENDA. OS GOVERNOS MENTIROSOS NUNCA QUISERAM DE FATO A REFORMA AGRÁRIA E DIMINUIR IMPOSTOS QUE ENCARECEM ALIMENTOS ENTRE OUTROS ITENS NECESSÁRIOS PARA A SOBREVIVÊNCIA DE MAIS DA METADE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.

ROBERTO MONTEIRO PINHO

A má distribuição de renda gera a pobreza extrema e a fome. Estas estão intimamente relacionadas, sendo uma a causa e conseqüência da outra. Um dos grandes vilões da má distribuição de renda é o alto preço dos alimentos, que afetam muito mais as pessoas de baixa renda. Para uma família com renda mensal de R$ 200, a metade é gasto com alimentação, isso dependendo da quantidade de membros na família. No geral, é mais teoria do que pratica essa análise.

Partindo da influência direta do salário na vida do brasileiro: 2/3 da população, (111 milhões), dispõe de renda familiar de até 2 salários mínimos e destes (34milhões) com renda inferior a meio mínimo. Mas o dado mais agravante é de que 1% da população concentra fortuna equivalente ao rendimento de 50% mais pobres da população.

O abismo entre ricos e pobres aumenta a cada segundo, isso na medida em que o concentrador de riqueza passe auferir lucro sem investir na produção e sim na ciranda financeira. Essa é a cultura do brasileiro rico. Um prócer investidor me confidenciou: “os que investem, especulam e não olham essa questão social, só visam enriquecimento. E o governo é cúmplice desses agiotas insensatos e assassinos.”

Dois fatores explicam o alto preço do alimento. O primeiro é o modelo fiscal brasileiro, que sobretaxa produtos ao invés de lucros e investimentos. Por isso o pobre paga mais impostos. Além disso a produção brasileira é voltada para engordar o superávit da balança comercial, que serve para pagar juros e mais juros da dívida externa. Para exportar produtos que poderiam ser consumidos internamente aumenta-se o preço, através de vários impostos, enquanto incentivos fiscais para a exportação são concedidos.

Hoje temos 12,5 milhões de desempregos, isso equivale o dobro da população do vizinho Uruguai. O resultado é de que temos 10 da população que possuem pequena renda, tendo renda “zero”. As taxas de juros são absurdas, financiamentos de crédito direto ao consumidor atingem 200% ao ano. Enquanto bilhões são entregues a especuladores, empresários venais e que se acertam com os executivos do governo, para auferir vantagens.

A pobreza e a fome são evidente parte do processo cíclico da má distribuição de renda. Hoje no Brasil temos 60 milhões de pobres (outras fontes indicam "apenas" 30 milhões) e outros tantos milhões abaixo da linha de indigência.

Neste panorama os indigentes não conseguem nem satisfazer suas necessidades alimentares – são os famintos. Na população rural, 40% das pessoas são pobres. Isso se deve a extrema concentração de terra, já abordada anteriormente.

Temos enorme discrepância entre latifundiários e pequenos proprietários. Dos 5 milhões de estabelecimentos rurais, a metade possui menos de 10 hectares, numa área de aproximadamente 7,9 milhões de hectares. Já os 37 maiores latifúndios possuem juntos 8,3 milhões de hectares.

Na verdade este é o alicerce da má distribuição de renda no Brasil, pois os latifúndios são improdutivos e servem como bem de capital. Se estes fossem integrados à “barrada” reforma agrária, haveria uma maior produção de gêneros alimentícios básicos, ao invés da monocultura de exportação.

Ocorre que a reforma agrária no Brasil é quase que inexistente, pois as decisões do Congresso são encabeçadas pela "bancada da terra", ou “bancada rural” que é radicalmente contra qualquer mudança na estrutura fundiária brasileira, a não ser em seu próprio benefício.

Conforme conceitua Mahatma Gandhi. “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.”


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