Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A PANDEMIA ASSUSTA A EUROPA

 HELIO FERNANDES 

MUITOS PAÍSES ENDURECEM A REAÇÃO

A FRANÇA, QUE PARECIA TRANQUILIZADA, FOI SURPREENDIDA COM MEDIDAS QUE NÃO TOMOU ANTES NO AUGE DA PANDEMIA.

PORTUGAL VINHA AGINDO MODERADAMENTE, AGORA DECRETOU "ESTADO DE CALAMIDADE” O PAÍS TODO PROTESTA.

Quase todos os países da UE (União Europeia), estão tomando agora, providências muito mais drásticas do que antes. A maioria aumentou a repressão não só pessoal, como financeiramente. 

A repressão aos que não usam máscara passou a ser violentíssima. A França e a Inglaterra demonstram que estão muito mais assustadas do que antes.

A impressão geral é que esses dois países estão se culpando pelo estágio a que chegou a pandemia.

Querem ou pretendem acabar com toda a compreensão que mantiveram até agora.

Eles se convenceram que agravaram o problema, e precisam endurecer para conquistar o terreno perdido.

Mas na verdade a população está contra os próprios governantes.

O Presidente da França, que era favorável a uma reação mais compreensível, agora decidiu que tem que reagir duramente contra os que não usam máscara e formam enormes aglomerações.

TERMINOU UM DIA TUMULTUADO, COMEÇA OUTRO DOMINADO PELA PAUTA DO STF

O MAIS IMPORTANTE VEM DO SENADO, É A APRECIAÇÃO  DO NOME PARA A VAGA   DE  CELSO DE MELLO. 

O RELATOR DA COMISSÃO DO SENADO APROVOU O NOME SEM MUITA CONVICÇÃO, MAS APROVOU.

JÁ ESTEVE MAIS FORTE. AGORA FOI CRIADO UM GRUPO, EXCLUSIVAMENTE PARA VETA-LO. 

A REPERCUSSÃO  DO PRIMEIRO JULGAMENTO DO TRAFICANTE, VOTARAM 6 MINISTROS, 6 A 0 

Nada mais contundente e conclusivo. E o traficante não estava presente. Imaginem se estivesse.

O PLENÁRIO DO SUPREMO TEM AGORA A IMPORTÂNCIA QUE MERECE

Até a semana passada, os julgamentos do Supremo, se esgotavam nas Turmas.

Cada uma delas com 5 Ministros. Um Ministro sozinho condenava ou absolvia. Na semana passada, por intuição e inspiração do Ministro Celso de Melo, modificação total e absoluta.

Agora, todas as ações criminais e penais são julgadas pelo plenário. Mesmo que não tenha sido pautada pelo Presidente como vinha acontecendo até agora.

A partir do julgamento do traficante André do Rap, quem condena ou absolve é o conjunto do Tribunal, ou seja, o plenário.

Agora a partir do julgamento do traficante, o país assiste os 11 ministros decidirem.

Ontem o traficante foi derrotado por 6x0. Hoje, no momento em que escrevo, 3 da tarde, os ministros se preparam para continuar ou terminar o que começou ontem.

É possível que como só faltem 5 ministros e o resultado não pode ser alterado porque já foi obtida a maioria de 6 votos. É possível que dê pra terminar hoje.

Mas de qualquer maneira, haja o que houver, o traficante que está foragido, já foi julgado, faltando saber como votarão os outros 5 ministros, mas o resultado final será a prisão do traficante referendada, comprovada, constatada pelos 11 ministros do Supremo, e não por 1 ministro de uma turma 

De qualquer maneira, foi uma grande decisão que será obrigatória de agora em diante.

QUAL O FUTURO POLÍTICO E ELEITORAL DO CORRUPTO PREFEITO CRIVELLA?

A situação dele é inédita, mas se repete. É o único personagem que responde pela segunda vez, no mesmo mandato a um processo de impeachment. No primeiro, saiu tranquilamente "até as pedras da rua" (Rui Barbosa) sabiam que ele tinha tudo controlado na Câmara de Vereadores.

Agora a situação ficou completamente diferente. O Tribunal Regional do Rio de Janeiro considerou-o inelegível.

Surpreendentemente, o Superior Tribunal Federal anulou a decisão e mandou registrar a sua candidatura. Então um candidato "inelegível" participou de pesquisas e está em segundo lugar, longe do primeiro, mas participando até de pesquisas. 

Ele tem dito a amigos que não tem a menor dúvida de que estará no segundo turno. Essa afirmação é a mais tola possível, não tem a menor possibilidade de se transformar em realidade.

Pela decisão do Tribunal, ele está inelegível até 2026. Só não pode disputar a eleição municipal de agora nem a de 2024. Mas passou para o âmbito federal, podendo ser candidato a Deputado Federal, Governador, Senador e até Presidente da República.

ELEIÇÃO RENOVA DIRETORIA DA ANI

PS – Ontem (15) foi à eleição da Associação Nacional e Internacional de Imprensa-ANI, (votos eletrônicos 62), dos quais 14 do exterior. Já (os presenciais foram 19).

PS2 - Uma lição de D E M O C R A C I A, lisura e comprometimento, em tempo de violação de direitos a exemplo da balbúrdia no STF, executivo e legislativo.

PS3 - Isso sem contar entidades comandadas e fracassadas, pela má gestão de medíocres que não entendem absolutamente nada de administração. Um absurdo, partidarizando seus quadros, e ainda praticando xenofobia com seus associados, deixando ao relento a preservação do patrimônio moral e material.

PS4 - Foram cinco anos de total e aguerrida dedicação da diretoria da ANI, que ampliou suas ações e se propõe continuar combatendo a violação dos direitos humanos, defender a democracia e a liberdade de expressão.

PS5 – Uma instituição que demonstrou total sintonia com jornalista e mídias. Foi pioneira ao instalar o “Plantão das Prerrogativas – 24 Horas”, projeto que dá suporte as demandas que atingem a classe. Introduziu em parceria com a Escola Superior da Advocacia - ESA e a OAB do Rio de Janeiro, o “I - Curso de Jornalismo Investigativo”, (Certificando 26 alunos). 

PS6- Promoveu dezenas de eventos, palestras e reuniões temáticas, voltada as questões sociais. Programas do Projeto "ANI NAS RUAS", com a Exposição de Obras Fotográficas sobre Direitos Humanos, e a Escolinha Comunitária Energia, de Beach Soccer sub 11, 13 e 15 com jovens das comunidades da zona sul do Rio, complementou a extensa linha de atuação da entidade.

PS7 – Representou no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - MPRJ, pedindo “Providencias na apuração de responsabilidade criminal”, quando a bordo do helicóptero da Policia Civil, o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel “disparou tiros de fuzil”, na direção de evangélicos reunidos na Mata de Angra dos Reis. Representou junto ao MPRJ no caso da contaminação da água da Cedae que abastece o Rio de Janeiro. Todas as demandas importantes e forte teor social.

PS8 – No projeto da Diretoria para 2021, o avanço no sentido de incorporar nos seus quadros, a grande massa de mídias, que atua no universo da comunicação digital.

PS9 – Deixo aqui meus cumprimentos pela vitoriosa gestão, desejando um promissor novo mandato para todos dirigentes. E expresso minha admiração por todos, e por ser seu presidente de Honra.

Finanças, Dólar, Petrobrás e Bovespa

O Mercado Financeiro do Brasil com os jogadores-investidores, descontrolados

A Bovespa deu uma ligeira recuperada, fechando em 99 mil pontos. Ontem estava em 97 mil.

Em Londres, a Petrobrás, como vem acontecendo há 3 meses foram deixando pedaços do seu belo patrimônio pelo terceiro trimestre seguido. Agora estamos começando o último trimestre e nenhuma possibilidade de melhoria. O barril que já valeu 70 dólares, hoje mal obtinha 40 dólares.

O dólar fechou a R$ 5,61, desvalorizando ainda mais o real. Hoje a moeda mais frágil do mundo.

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

TERMINOU UM DIA TUMULTUADO, COMEÇA OUTRO DOMINADO PELA PAUTA DO STF

HELIO FERNANDES

O MAIS IMPORTANTE VEM DO SENADO, É A APRECIAÇÃO  DO NOME PARA A VAGA  DE  CELSO DE MELLO. 

O RELATOR DA COMISSÃO DO SENADO, APROVOU O NOME SEM MUITA  CONVICÇÃO MAS  APROVOU.

JÁ ESTEVE MAIS FORTE. AGORA FOI CRIADO UM GRUPO,     EXCLUSIVAMENTE PARA VETÁ-LO.

COMPLICADO O PREENCHIMENTO DA VAGA DE CELSO DE MELLO

INDICAÇÃO SURPREEDENTE POR MUITOS MOTIVOS, MAS SEM RISCO DE DESAPROVAÇÃO.

E SERÁ INESPERADA.

Bolsonaro e a amizade com o torturador Brilhante Ustra

*Por Raimundo Rocha Martinez 

O Capitão Bolsonaro apesar dos seus percalços no Exército, nunca esqueceu a sua ligação umbilical com a corporação.

O motivo desta identidade não é segredo e Bolsonaro, desde a sua primeira eleição como vereador, agradeceu a relação mantida com ex – militares e atuais milicianos, que fizeram a sua condição.

DERRUBADA A DITADURA DO “ESTADO NOVO”, QUASE 18 ANOS DE ESTRANHA DEMOCRACIA. É UMA EXCELENTE CONSTITUIÇÃO QUE SERIA ASSASSINADA EM 1964, ANTES DE ATINGIR A MAIORIDADE.

HELIO FERNANDES

PARTE – I

A democracia no Brasil sempre foi ficção ou esperança, jamais confirmada. Basta dizer que apenas com um impeachment, existem quase tantos vices que assumiram, do que os eleitos que terminaram o mandato. 

O vazio entre um golpe e outro, era preenchido por um novo golpe. Comumente chamado de “quartelada”, a palavra não precisa de explicação.

O fim da “República Velha”, não significava que surgiria obrigatoriamente uma ”República Nova”. A de 1899 foi substituída pela de 30, este foi passando de data, até que chegou a 1964. Duração dos golpes dependia sempre do entendimento entre civis e militares. 

Quando se dividiam, não havia modificações na arbitrariedade e sim nos ocupantes do Poder, fossem civis ou militares.

Até 1935 os golpes se sucediam, não ostensivamente, sem divisões. Civis e militares “assimilavam” essa estranha democracia sem eleições e até mesmo sem liberdade, credibilidade, autenticidade. 

Até 1937 quando houve a grande cisão, dividindo abertamente militares contra militares, civis contra civis, uns atirando nos outros, se atingiam mutuamente, sem o menor ressentimento ou constrangimento.

Com a revolução comunista de 1935, a prisão de Prestes em 1936, o “Estado Novo” de Vargas em 1937, e a derrubada da ditadura em 1945, aconteceu muita coisa.

O movimento integralista de 1938, chefiado por Plínio Salgado, não teve a menor repercussão. Mas uma visita de bastidores, em 1940, praticamente desconhecida Até de historiadores, que escrevem sobre a “história, lendo os jornais da época”.

Stalin pede a Vargas a liberdade de Prestes.

Em maio de 1940, sem a menor convicção, mas sofrendo a pressão da opinião pública, e politicamente do estadista Osvaldo Aranha, Vargas “declarou guerra á Alemanha nazista”. 

Foi uma surpresa, mas que gerou consequências. E embora não noticiado na soturna e medíocre imprensa da época, importantíssimo acontecimento.

Quase no final desse 1940, Stalin mandou um alto dignitário do Politburo conversar com Vargas. Uma só frase – reivindicação: “Como agira o Brasil e a União Soviética são aliados, não tem sentido manter preso o camarada Prestes”. 

Esperto, malandro, com espantosa habilidade, Vargas “sentiu” o que lhe caía nas mãos.

Respondeu vagamente, tenho “que fazer consultas”, depois responderei. Prestes estava preso desde 1936, Sobral Pinto escreveu: “Prestes não foi torturado fisicamente, mas não tinha direito algum”. 

O grande torturado, que enlouqueceu para o resto da vida, foi Harry Berger. Mas Vargas só se interessava pelo fato político.

Mandou construir para Prestes na Penitenciária da Frei Caneca (no centro da cidade), uma casa de madeira para abrigar o líder comunista. 

Dois quartos e uma sala, banheiro, cozinha, e o mais importante: podia receber visitas diárias, livros, correspondências, ficou satisfeitíssimo.

AMANHÃ PARTE - II

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 

CASTELO TOMA POSSE PERANTE O CONGRESSO. REPRESÁLIA DE COSTA E SILVA E CORDEIRO DE FARIAS. OS GENERAIS FALAVAM EM “REVOLUÇÃO”, NA PRÁTICA ERA MAIS UM GOLPE. OS SEMPRE “AMIGOS-INIMIGOS”, CARLOS LACERDA E ROBERTO MARINHO    

HELIO FERNANDES

No dia que Em 18 de julho de 1967 morreu o ditador Castelo Branco, no mesmo dia escrevi esse artigo, a republicação é uma lembrança histórica para o conhecimento dos que na época não tinham idade para participar da história.

A grande surpresa não foi o Congresso aprovar o golpista Castelo Branco, mas os rumos que Costa e Silva e Cordeiro, unidos eventualmente, deram ao golpe. Fizeram um Ato, modificando tudo o que existia no mundo em matéria de regime de exceção. Arbitrário, autoritário, atrabiliário. Ditatorial como os outros, mas inteiramente diferente.

Cordeiro furioso, não sobrou lugar para ele, Costa e Silva ficou como Ministro da Guerra, temido por todos. Fizeram então esse Ato, num bloco de papel, pequeno, da mesma forma que Lúcio Costa, em três traços ou linhas, criou o genial Plano Piloto de Brasília.

Isto está sendo publicado e revelado pela primeira vez, depois de ter saído na Tribuna da Imprensa. Textual, podem ficar assombrados com a criatividade ambiciosa dos dois generais. Em apenas cinco itens, sumaríssimos, mudaram e modificaram a História.

Em vez de um ditador FIXO, que ficaria no Poder pelo tempo que fosse possível. Um ditador ROTATIVO com uma ditadura permanente. Teve repercussão no mundo todo, não só por causa do golpe, mas principalmente pela inovação; Jamais existira isso, no mundo ocidental ou oriental.

Os cinco itens. 1 – O presidente teria que ser um general. 2 – Do exercito. 3 – Da ativa e de quatro estrelas. 4 – Não haveria reeleição para ninguém. 5 – Essas disposições teriam que ser rigorosamente cumpridas. Era extraordinário, só que o tempo, o espaço e o destino, são invioláveis e não podem ser entrelaçados ou planejados com tanta antecedência.

Castelo queria ficar mais tempo como “presidente”

Costa e Solva já era candidatissimo á sucessão de Castelo. Marcada para 15 de março de 1965. Golbery então, junto com os irmãos Orlando e Ernesto Geisel, lançou a “prorrogação” do mandato de Castelo, com a aprovação do próprio. Era Chefe do Estado Maior, se transformara em “presidente”, e não queria deixar o cargo.

Só que Costa e Silva tinha força de Ministro da Guerra e notável popularidade junto á tropa. Queriam que Costa w Silva assumisse logo, liquidasse a “prorrogação”. O general foi para Vila Militar, acalmou a todos, garantiu: “Em 15 de março estaremos no Poder”. (Não estariam, teriam que esperar até 15 de março, mas de 1967).

 

A seguir, como desafio, viajou para a Europa, e no aeroporto respondeu aos “prorrogacionistas”, satisfeitíssimo: “Embarco Ministro e volto Ministro”. Os que estavam no Poder, desesperados e sem saber o que fazer, desistiram de lutar contra Costa e Silva, mas tomaram sua providencias para não ficarem subordinados ou ao alcance de Costa e Silva.

 

No final de janeiro de 1965, Ernesto Geisel, que era general de Três Estrelas, foi promovido, e logo nomeado Ministro do STM, (Superior Tribunal Militar). Golbery, que era da reserva, foi para o Tribunal de Contas da União, também “vitalício” até os 70 anos, Mas antes de tomarem posse, trataram da “prorrogação” do mandato de Castelo, até 15 de março de 1967. Mais dois anos, explicavam: “Castelo assim, com esse mandato de quase quatro anos, ainda fica menor do que outros, civis, que tinham cinco”.

Por 1 voto, “prorrogaram” Castelo

Golbery, que não tinha o menor escrúpulo ou caráter, era presidente da Dow Chemical, a maior empresa fabricante de distribuidora de Napal do mundo. Naquele tempo, ganhava fortunas colossais com a Guerra do Vietnã, e a formidável derrota dos americanos.

O general que era Chefe do SNI ainda nascente, deixou o cargo, ganhou da Dow uma fazenda maravilhosa, e de lá “exercia” o cargo de Ministro do TCU. E comandava a luta pela prorrogação.

Conseguiram, Costa e Silva aceitou, Cordeiro desistiu da “presidência”, foi nomeado Ministro dos Transportes, importantíssimo 

(Já havia ocupado, com enorme competência e honestidade, dois cargos civis. Interventor do Rio Grande do Sul, quando morreu o general Daltro Santos, isso ainda com Vargas. Mais tarde, já derrubado o “Estado Novo”, foi eleito governador de Pernambuco pelo voto direto, quatro anos sem roubo ou violência).

Tudo começa a dar errado, menos a perda do Poder

1967, acaba o novo mandato de Castelo, ele morre num desastre de avião. Costa e Silva assume, tem um derrame cerebral, (AVC) em 1969, os “Três Patetas” militares tomam o Poder, mas são logo desalojados. Antes surge o tenebroso e monstruoso AI-5, que teria provocado a “incapacidade e morte” de Costa e Silva.

E finalmente, ainda em 1969, os americanos, que apoiaram, financiaram e garantiram com dinheiro e intimidação as triturantes e torturantes ditaduras do Chile, da Argentina e do Brasil, entram em desespero: seu embaixador no Brasil PE sequestrado, têm que se render á exigências deles e os ditadores do Brasil também.

Começa uma nova Era, amargura para os americanos que querem seu embaixador de volta, a qualquer preço. Os ditadores militares, aceitaram não tinham opção. Mas depois se vingam inundando, encharcando e engolfando o país num mar de sangue. Torturavam eventualmente passaram a tortura exaustivamente. Diziam que a “tortura era indispensável”, (como confessou agora George Bush, 8 anos presidente dos EUA), mas os próprios generais passaram a saber e a ter satisfação. Exatamente como Pinochet no Chile, Videla na Argentina.

Aqui, todos os generais morreram “anistiados”, o debate não é para punir e sim saber quem torturou mais.

Carlos Lacerda e Roberto Marinho: os dois sem qualquer preconceito

Em 1962, caiu um edifício de 12 andares, no Bairro Peixoto, zona sul do Rio. Muitos prédios construídos ali, um antigo e profundo lamaçal. Imediatamente a Câmara Municipal aprovou projeto reduzindo os gabaritos para seis andares, naturalmente em prédios novos.

Carlos Lacerda era governador, Roberto Marinho comprou o terreno, queria construir outro edifício com os mesmos 12 andares. Sem preconceito ético de nenhuma espécie pediu ao governador licença para repetir o número de andares.

Lacerda negou, respondeu: “Se eu violar o novo gabarito, posso ir preso na hora”. O dono do “Globo” passou a atacar o governador diariamente na Primeira. Um amigo perguntou a razão, Lacerda sem o menor preconceito racista, explicou: “Isso é coisa do Roberto azul Marinho quase preto”.

 

terça-feira, 13 de outubro de 2020

 

JÂNIO NÃO FOI CONVIDADO NEM VETADO PARA FRENTE AMPLA, APENAS IGNORADO.

 

HELIO FERNANDES

Existiram três Jânio Quadros. 1- O eleitoral. 2- O político. 3- O pessoal. O primeiro foi um fenômeno, fez uma carreira inigualável a vereador pelo então PDC, ficou como primeiro suplente.

Em 1948 o Partido Comunista teve o registro cassado, seus representantes foram cassados, insatisfeito, Franco Montoro renunciou, Jânio assumiu.

(No então Distrito Federal os vereadores Carlos Lacerda e Adauto Cardoso, que travaram debates diários com os comunistas, como protesto, renunciaram também).

Jânio foi de vereador a Presidente da República em 12 anos, sem derrota, inacreditável. Deputado Estadual, prefeito da capital, governador de 1954 a 1958, ainda ficou 2 anos esperando para ser presidente.

Como político usou e abusou de todos os truques, numa época irreal ele se aproveitou para enganar sem constrangimento o cidadão-contribuinte-eleitor. Fingia, enganava, andava sempre mal vestido e com as roupas cheias de caspa.

Era uma espécie de “malabarista de Nossa Senhora”, como no conto famoso de Aníbal Machado, cujo irmão Cristiano foi candidato a presidente em 1950, traído pelo PSD e PTB.

Do ponto de vista pessoal era intratável, desprezava a todos se julgava melhor do que todos. Na campanha presidencial de janeiro a outubro de 1960, renunciou varias vezes nos bastidores, desaparecia súbita e inesperadamente, surgia ou reaparecia da mesma forma.

Deve  a presidência e Carlos Lacerda que o manteve apesar de tudo. O depois governador da Guanabara, líder e “dono” da UDN, garantiu sua candidatura, imaginem, derrotando o próprio presidente do partido, general, governador, interventor, ministro, Embaixador, Juracy Magalhães.

Praticamente tudo que aconteceu depois se deve á leviandade de Jânio. E jamais consegui explicação. Podia ter feito um excelente governo, ficar cinco anos e voltar, era mocíssimo.

 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

NÃO HOUVE DEBATE APENAS UM PERSONAGEM EM CENA

HELIO FERNANDES

NÃO ADIANTA PERGUNTAR QUEM GANHOU, SÓ ELA FLUTUAVA E DOMINAVA. O QUE FAZIA O OUTRO VICE.

POR QUE ESTAVA ALI? MAIS TARDE, LONGE, TRUMP IMPRECAVA E RETUMBAVA: "PRA MIM, O COVID FOI UMA BENÇÃO DE DEUS

NOBEL DE QUÍMICA

PELA PRIMEIRA VEZ PARA DUAS MULHERES. 

UMA FRANCESA E OUTRA AMERICANA, TRABALHANDO JUNTAS A ANOS, ANUNCIARAM A DESCOBERTA DE UMA FORMA DE ALTERAÇÃO DA GENÉTICA. O MUNDO CIENTÍFICO FICOU DUAS VEZES PERPLEXO. ISSO NÃO ERA COGITADO. E A VELOCIDADE DA CONCESSÃO DO PRÊMIO.

BOLSONARO

POR VONTADE PRÓPRIA: "ACABEI COM A LAVA JATO". NADA A VER COM A FORMA SANGRENTA DA ITÁLIA.

...

ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA. GENERAIS TORTURADOS. DEMOLIRAM A TRIBUNA                

HELIO FERNANDES

REPRISE:

A "anistia ampla, geral e irrestrita" foi uma blasfêmia totalitária. Isso e muito mais, na verdade muitíssimo. Inicialmente foi a tentativa de livrar ou absolver Médici e Geisel os dois "presidentes" que ainda estavam vivos. E mostrar ou demonstrar generosidade.

Não consultaram ninguém, apenas alguns coronéis também torturadores, muito civis que colaboraram com a ditadura, e principalmente o General Otávio Medeiros, Chefe do SNI, e que aparece igualmente o 1º de maio de 1981. Fato que comentarei, a seguir, respondendo a outro leitor, que esqueceu de assinar, (ou não quis, se quiser pode fazê-lo agora, o assunto é importantíssimo).

Os que combateram a ditadura de armas nas mãos (apenas 60, chamados de "guerrilheiros" e muitos outros assassinados nos subterrâneos da ditadura) não podiam se beneficiar. Os que estavam no exterior, asilados ou exilados, puderam voltar, "grande benefício".

Os generais (e coronéis ainda não promovidos) queriam se livrar de punições, tinham pânico de morrer na cadeia como aconteceu na Argentina e no Chile. Conseguiram a auto-absolvição e a proclamação da inocência avaliada pelos civis, tão culpados quanto eles.

Bastam dois exemplos para mostrar qual a intenção deles. Dois anos depois dessa "anistia" demoliram a Tribuna da Imprensa. Pura vingança por tudo o que o jornal representou na luta contra eles. E o fato do repórter não ter saído do país nos 21 anos em que torturaram, assassinaram, perseguiram, fiquei agressivamente combatendo. 

E um episódio que não esqueceram: o fato de logo em 1979, vários advogados famosos entrarem com pedido de indenização (com minha autorização) não contra a União, mas pessoalmente responsabilizando Médici e Geisel.

Tiveram contratempos, foram incomodados, precisaram se defender no então Tribunal Federal de Recursos (que acabou com a Constituição de 88) e no Supremo Tribunal Federal. Este teve a covardia de declarar: "Geisel e Médici não tem nada com isso, responsável é a União".

Ainda bem que nenhum dos ministros de hoje integrava a tribunal de 1979/80. Os ministros de 1979/80, se comparam aos ministros do Supremo da Era Vargas, Estado Novo, mas com o Supremo funcionando que autorizaram o ditador a entregar Olga Benário aos nazistas. (Ela nunca foi Prestes).

Esse general Chefe do SNI, poderosos, pedia a prorrogação da ditadura, pois era candidatíssimo a "presidente" em 1985. Foi o autor e realizador em comando de tudo o que aconteceu cm a Tribuna em 1981.

Fui então depor na CPI do Terror que funcionava no Congresso. O relator Franco Montoro (depois seria governador de São Paulo) veio ao Rio me convidar, fui depor, construí um libelo nominal que durou 6 horas.

Esse libelo desapareceu completamente. Tempos depois precisei consulta-lo, (falo sempre de improviso), não conseguiram encontra-lo. Ninguém sabia do 1º de maio, desse mesmo 1981, nova tentativa de prorrogação da permanência dos generais, no caso o mesmo Otávio Medeiros.

Foram incompetentes, a bomba era para explodir em outro lugar e não no carro, matando militares. Para os autores, um desastre. Era preciso fazer inquérito, a repercussão foi enorme. Garantiram a transição com a "eleição indireta" de 1985, monitorada por eles, chamada de "transição". E o inquérito?

O chefe do SNI providenciou tudo. Conhecia um coronel negro (já morto) que não seria promovido a general, chamou-o e determinou: "Você vai assinar o inquérito sobre o "Atentado do Rio Centro". Não terá nenhum trabalho, é só assinar. E será promovido a general".

Não podia recusar, se o fizesse seria preso, teria um fim de carreira injusto. O inquérito foi o mais incompreensível, logo arquivado. Mas os generais torturadores continuaram mandando. Eleição direta só em 1989. Com tanto tempo sem povo, sem voto, sem urnas, surgiram oito candidatos.

O general Otavio Medeiros morreu 5 anos depois completamente desconhecido. Continuou morando em Brasília, ia ao supermercado sem segurança alguma, não era incomodado, ninguém sabia quem era.

Fardado, parecia gigante. A paisana era um pigmeu.

 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

 CORONÉIS DA RESERVA APENAS COADJUVANTES, AGORA FALAM ABERTAMENTE COMO “PAPAGAIOS DA TORTURA”. VOU CITAR GENERAIS IMPORTANTES, COM NOME E SOBRENOME, QUE MANDAVAM DE VERDADE, DAVAM AS ORDENS.    

HELIO FERNANDES

REPRISE:

O excelente repórter, Chico Otávio entrevistou o coronel Riscala Corbage, que disse textualmente: “Torturei mais de 500 presos”. E como os outros, principalmente o coronel Paulo Belham, (que foi logo silenciado), se despediu com a afirmação: “Não tenho o menor peso na consciência”. 

Chico Otávio encerrou com essa confissão, mas começou de maneira ainda mais jornalística: “O cara urra de dor”. Belham também tinha sua frase de bolso: “Não tenho remorso ou arrependimento”.

Só que os dois mentiam avidamente, por simples exibicionismo. Acreditavam que confessando e exagerando, voltavam ao apogeu. Acima dos 70 anos, quase chegando aos 80, imaginavam (e Corbage ainda imagina) que nada aconteceria a eles. Como todos os generais principalmente os que chegaram a “presidentes”, morreram, não pensavam que surgisse essa expressão de duas palavras: “crimes imprescritíveis”. 

Confissões de mim mesmo 

Esse capitão da Polícia Militar, Tenente coronel na reserva, torturou muito e não se pode desmenti-lo: com o maior prazer. Só que mente em alta velocidade, desabaladamente. O Exército sempre teve desprezo e desapreço pela Polícia Militar. E esta, total ressentimento, por causa da hierarquia.

Os oficiais da Polícia Militar só chegavam a coronel, paravam por aí. E os comandantes eram sempre Generais, lógico, do Exército. Lutaram dezenas e dezenas de anos para mudar a situação. Foram conseguir quando se revoltaram contra o general Fiuza de Castro. (O filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder).

E esse Fiuza de Castro foi um dos mais displicentes comandantes do DOI-Codi. Não torturava pessoalmente e provavelmente não sabia de tudo o que acontecia. Mas existiam centenas de oficiais do Exército servindo no DOI-Codi e não deixariam que um Capitão PM exercesse tanto Poder para a tortura de “500 presos”.

Minha primeira ida ao DOI-Codi, seu comandante era precisamente Fiuza de Castro. Saltei lá naquela entrada enorme, com cartazes do PIC, (Pelotão de Investigação Criminal), uma figura fardada apontando um dedo para a frente, como se fosse uma ameaça, devia ser mesmo.

Mais ou menos 11 da noite. O Exército não transportava presos, aqui no Rio isso era feito pela polícia. Eles me diziam: “Ficamos assustados em trazer alguém, sabemos o que acontece”. Me levaram para uma sala, um Major explicou: “O general Fiuza já foi comunicado, está chegando”.

Esse local não era tão grande quanto parece. Éramos obrigados a ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais. Um capitão até de boa aparência, sussurrou: “São todos muito jovens, choram por qualquer coisa”. Não sabia se ele era contra a tortura ou se depreciava a reação dos torturados.

O general Fiuza levou quase duas horas para chegar, não cumprimentou ninguém, sentou numa cadeira distante. Vestia calça cinza e paletó de xadrez, nenhum jogo de palavras. Inesperadamente olhou para mim, falou: “Gosto muito quando o senhor escreve sobre futebol, por que tem que se meter na nossa vida?”. 

Os que estavam no poder, eram divididos em sensatos e insensatos 

Falavam muito em “linha dura”, mas isso era forma de simplificar. “Linha dura” era composta por aqueles que logo queriam torturar e matar. Os outros, eram os que acreditavam em diálogo, todos, milhares, iriam sendo “passados para a reserva, como traidores da revolução”. Que iria sendo identificada com sua própria fisionomia de golpe.

Depois de um tempo de silêncio, o general falou para um coronel: “Onde está o carro que vai levar o jornalista?”. Uma quase revelação, eu iria para algum lugar, poderia ser bom ou ruim. O carro chegou, me levaram até ele, Fiuza disse para o coronel: “Vá com ele, não quero que desapareça pelo caminho e nos acusem e culpem”.

Parecia um destino razoável, mas fiquei ainda sem saber. No carro o coronel (de uma grande família de militares de carreira) me disse: “Vamos para o Hospital Central do Exército”. Mas terminou com uma declaração surpreendente: ”Ao senhor não vai acontecer nada”. Naturalmente com outros ACONTECERIA.

Fiquei lá uma semana, a única satisfação era a conversa com o médico. Sobrinho de Manoel Bandeira, contava histórias admiráveis dele. Uma semana depois fui libertado. Na portaria do hospital, em Bonsucesso, me entregaram mala com roupas. Provavelmente minha família sabia, não me falaram nada. Peguei um táxi, logo estava em casa.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

 PROBLEMAS GRAVÍSSIMOS PARA BOLSONARO NO SENADO

HELIO FERNANDES

QUANDO ELE INDICOU UM NOME  PARA A VAGA DE CELSO DE MELLO, SURGIRAM PROBLEMAS, DÚVIDAS, RESTRIÇÕES, LASTREADAS POR INCOMPREENSÕES MALDOSAS.

TUDO PORQUE O INDICADO, FORA  NOMEADO PELA PRESIDENTE DILMA. PROBLEMA POLITICO, QUE OBRIGOU O PRESIDENTE BOLSONARO A IR  PESSOALMENTE CONVERSAR COM O PRESIDENTE  DO SENADO NA PRESENÇA DO INDICADO.

AGORA  AS COISAS SE COMPLICARAM. E PODEM LEVAR AO VETO DO SEU NOME.

 DESCOBRIRAM  QUE O PERSONAGEM EM CAUSA, TEM PROBLEMAS DE  BASE  MORAL E DE CONCESSÕES   INSANÁVEIS E INAPAGÁVEIS.

ELE FOI APRESENTADO E APROXIMADO DE BOLSONARO, PELO ENTÃO ADVOGADO WASSAB, AGORA REU DE VÁRIOS CRIMES DE CORRUPÇÃO, E EMINENCIA DE SER PRESO. ISSO PODE 'EXPLODIR NO SENADO’.

A MORTE DO DITADOR CASTELO BRANCO, DOCUMENTO HISTORICO

HELIO FERNANDES

REPRISE:

Roosevelt, ao acabar de morrer era violentamente condenado por jornalistas norte-americanos, tendo mesmo um deles chegando a dizer "que morrera um comunista que traía o seu próprio país". D. Pedro II ao morrer, era cruel e violentamente atacado antes mesmo do seu corpo baixar à sepultura.

O império romano, que era tido e havido como uma muralha intransponível, foi abalado pela morte violenta de Cristo e pela sua flagelação, que inclusive desencadeou um processo que não terminou até hoje.

Os exemplos são inúmeros e sem conta. Stalin já foi herói, canalha outra vez herói e no momento a confusão é tão grande que ninguém pode sequer afirmar com segurança se seu nome figura até mesmo nos livros de História da Rússia...

Júlio César foi apunhalado por seu maior amigo quem ele venerava como filho. E o próprio Brutus, depois de assassinar aquele a quem mais amava no mundo, chorou amargamente, pois o que destruía ao assassinar Júlio César, era o despotismo era a ambição desvairada, era a sede de poder que se sobrepunha a tudo. Brutus adorava o homem e desprezava o político.

Por isso, assassinou-o. E Shakespeare sintetiza magnificamente esse drama, em poucas palavras: "Para o homem as lágrimas; para o homem o amor; para o homem a alegria; para o homem a honra. Para a ambição e o despotismo do político, a morte."

O jornalista é o melhor informante da História, e os jornais são os grandes repositórios onde os Historiadores vão buscar os fatos que transformarão em verdades eternas ou fulminarão inapelavelmente.

A própria essência e o fator principal de sobrevivência da democracia, é precisamente esse: o respeito aos julgamentos contrários. E com a minha crítica ou sem a minha crítica, o ex-“presidente” Castelo Branco já pertence à história. Quanto à postura que exibirá é o recolhimento dos depoimentos de hoje que dará a ultima palavra. Campos Salles saiu do governo humilhado e reabilitou-se.

Floriano foi apedrejado e repudiado, mas já adquire hoje uma dimensão própria. Quem dirá que o mesmo não acontecerá com Castelo Branco? No meu entendimento, a passagem do tempo só agravará os seus terríveis erros. Mas quem dirá que o meu entendimento não será superado pelo julgamento da História?

De qualquer maneira, a mim o que interessa é  meu julgamento íntimo. Com o ex-presidente vivo ou morto, mantive-me coerente, não modifiquei uma linha o meu comportamento diante dele. Como político ou como figura histórica minha impressão sobre ele, é sinceramente a mesma. É muito conhecida a posição de alguns donos de jornais em relação a Juscelino e Jango.

Quando estavam no Poder, eram chamados de estadistas endeusados, elevado às culminâncias, glorificados em vida. Agora que estão fora do poder no ostracismo, cassados e banidos são chamados dos piores adjetivos, insultados quase que diariamente. Essa canalhice eu me recuso a praticar.

Quanto ao meu julgamento político sobre o Castelo Branco era rigorosamente igual ao da maioria esmagadora do Exército. E tanto isso é verdade (hoje uma simples verdade, amanhã um fato rigorosamente histórico), que o ex-“presidente” foi virtualmente deposto, pois de outra maneira o seu esquema continuista, teria funcionado e o marechal Costa e Silva não seria "presidente" da República.

E os que tentaram se servir da minha sinceridade e da minha coerência como trampolim para atingir as suas ambições, sabem muito bem disso.

Em outubro de 1965, o Sr Humberto de Alencar Castelo Branco foi deposto pelos seus próprios companheiros militares.