Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

NÃO HOUVE DEBATE APENAS UM PERSONAGEM EM CENA

HELIO FERNANDES

NÃO ADIANTA PERGUNTAR QUEM GANHOU, SÓ ELA FLUTUAVA E DOMINAVA. O QUE FAZIA O OUTRO VICE.

POR QUE ESTAVA ALI? MAIS TARDE, LONGE, TRUMP IMPRECAVA E RETUMBAVA: "PRA MIM, O COVID FOI UMA BENÇÃO DE DEUS

NOBEL DE QUÍMICA

PELA PRIMEIRA VEZ PARA DUAS MULHERES. 

UMA FRANCESA E OUTRA AMERICANA, TRABALHANDO JUNTAS A ANOS, ANUNCIARAM A DESCOBERTA DE UMA FORMA DE ALTERAÇÃO DA GENÉTICA. O MUNDO CIENTÍFICO FICOU DUAS VEZES PERPLEXO. ISSO NÃO ERA COGITADO. E A VELOCIDADE DA CONCESSÃO DO PRÊMIO.

BOLSONARO

POR VONTADE PRÓPRIA: "ACABEI COM A LAVA JATO". NADA A VER COM A FORMA SANGRENTA DA ITÁLIA.

...

ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA. GENERAIS TORTURADOS. DEMOLIRAM A TRIBUNA                

HELIO FERNANDES

REPRISE:

A "anistia ampla, geral e irrestrita" foi uma blasfêmia totalitária. Isso e muito mais, na verdade muitíssimo. Inicialmente foi a tentativa de livrar ou absolver Médici e Geisel os dois "presidentes" que ainda estavam vivos. E mostrar ou demonstrar generosidade.

Não consultaram ninguém, apenas alguns coronéis também torturadores, muito civis que colaboraram com a ditadura, e principalmente o General Otávio Medeiros, Chefe do SNI, e que aparece igualmente o 1º de maio de 1981. Fato que comentarei, a seguir, respondendo a outro leitor, que esqueceu de assinar, (ou não quis, se quiser pode fazê-lo agora, o assunto é importantíssimo).

Os que combateram a ditadura de armas nas mãos (apenas 60, chamados de "guerrilheiros" e muitos outros assassinados nos subterrâneos da ditadura) não podiam se beneficiar. Os que estavam no exterior, asilados ou exilados, puderam voltar, "grande benefício".

Os generais (e coronéis ainda não promovidos) queriam se livrar de punições, tinham pânico de morrer na cadeia como aconteceu na Argentina e no Chile. Conseguiram a auto-absolvição e a proclamação da inocência avaliada pelos civis, tão culpados quanto eles.

Bastam dois exemplos para mostrar qual a intenção deles. Dois anos depois dessa "anistia" demoliram a Tribuna da Imprensa. Pura vingança por tudo o que o jornal representou na luta contra eles. E o fato do repórter não ter saído do país nos 21 anos em que torturaram, assassinaram, perseguiram, fiquei agressivamente combatendo. 

E um episódio que não esqueceram: o fato de logo em 1979, vários advogados famosos entrarem com pedido de indenização (com minha autorização) não contra a União, mas pessoalmente responsabilizando Médici e Geisel.

Tiveram contratempos, foram incomodados, precisaram se defender no então Tribunal Federal de Recursos (que acabou com a Constituição de 88) e no Supremo Tribunal Federal. Este teve a covardia de declarar: "Geisel e Médici não tem nada com isso, responsável é a União".

Ainda bem que nenhum dos ministros de hoje integrava a tribunal de 1979/80. Os ministros de 1979/80, se comparam aos ministros do Supremo da Era Vargas, Estado Novo, mas com o Supremo funcionando que autorizaram o ditador a entregar Olga Benário aos nazistas. (Ela nunca foi Prestes).

Esse general Chefe do SNI, poderosos, pedia a prorrogação da ditadura, pois era candidatíssimo a "presidente" em 1985. Foi o autor e realizador em comando de tudo o que aconteceu cm a Tribuna em 1981.

Fui então depor na CPI do Terror que funcionava no Congresso. O relator Franco Montoro (depois seria governador de São Paulo) veio ao Rio me convidar, fui depor, construí um libelo nominal que durou 6 horas.

Esse libelo desapareceu completamente. Tempos depois precisei consulta-lo, (falo sempre de improviso), não conseguiram encontra-lo. Ninguém sabia do 1º de maio, desse mesmo 1981, nova tentativa de prorrogação da permanência dos generais, no caso o mesmo Otávio Medeiros.

Foram incompetentes, a bomba era para explodir em outro lugar e não no carro, matando militares. Para os autores, um desastre. Era preciso fazer inquérito, a repercussão foi enorme. Garantiram a transição com a "eleição indireta" de 1985, monitorada por eles, chamada de "transição". E o inquérito?

O chefe do SNI providenciou tudo. Conhecia um coronel negro (já morto) que não seria promovido a general, chamou-o e determinou: "Você vai assinar o inquérito sobre o "Atentado do Rio Centro". Não terá nenhum trabalho, é só assinar. E será promovido a general".

Não podia recusar, se o fizesse seria preso, teria um fim de carreira injusto. O inquérito foi o mais incompreensível, logo arquivado. Mas os generais torturadores continuaram mandando. Eleição direta só em 1989. Com tanto tempo sem povo, sem voto, sem urnas, surgiram oito candidatos.

O general Otavio Medeiros morreu 5 anos depois completamente desconhecido. Continuou morando em Brasília, ia ao supermercado sem segurança alguma, não era incomodado, ninguém sabia quem era.

Fardado, parecia gigante. A paisana era um pigmeu.

 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

 CORONÉIS DA RESERVA APENAS COADJUVANTES, AGORA FALAM ABERTAMENTE COMO “PAPAGAIOS DA TORTURA”. VOU CITAR GENERAIS IMPORTANTES, COM NOME E SOBRENOME, QUE MANDAVAM DE VERDADE, DAVAM AS ORDENS.    

HELIO FERNANDES

REPRISE:

O excelente repórter, Chico Otávio entrevistou o coronel Riscala Corbage, que disse textualmente: “Torturei mais de 500 presos”. E como os outros, principalmente o coronel Paulo Belham, (que foi logo silenciado), se despediu com a afirmação: “Não tenho o menor peso na consciência”. 

Chico Otávio encerrou com essa confissão, mas começou de maneira ainda mais jornalística: “O cara urra de dor”. Belham também tinha sua frase de bolso: “Não tenho remorso ou arrependimento”.

Só que os dois mentiam avidamente, por simples exibicionismo. Acreditavam que confessando e exagerando, voltavam ao apogeu. Acima dos 70 anos, quase chegando aos 80, imaginavam (e Corbage ainda imagina) que nada aconteceria a eles. Como todos os generais principalmente os que chegaram a “presidentes”, morreram, não pensavam que surgisse essa expressão de duas palavras: “crimes imprescritíveis”. 

Confissões de mim mesmo 

Esse capitão da Polícia Militar, Tenente coronel na reserva, torturou muito e não se pode desmenti-lo: com o maior prazer. Só que mente em alta velocidade, desabaladamente. O Exército sempre teve desprezo e desapreço pela Polícia Militar. E esta, total ressentimento, por causa da hierarquia.

Os oficiais da Polícia Militar só chegavam a coronel, paravam por aí. E os comandantes eram sempre Generais, lógico, do Exército. Lutaram dezenas e dezenas de anos para mudar a situação. Foram conseguir quando se revoltaram contra o general Fiuza de Castro. (O filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder).

E esse Fiuza de Castro foi um dos mais displicentes comandantes do DOI-Codi. Não torturava pessoalmente e provavelmente não sabia de tudo o que acontecia. Mas existiam centenas de oficiais do Exército servindo no DOI-Codi e não deixariam que um Capitão PM exercesse tanto Poder para a tortura de “500 presos”.

Minha primeira ida ao DOI-Codi, seu comandante era precisamente Fiuza de Castro. Saltei lá naquela entrada enorme, com cartazes do PIC, (Pelotão de Investigação Criminal), uma figura fardada apontando um dedo para a frente, como se fosse uma ameaça, devia ser mesmo.

Mais ou menos 11 da noite. O Exército não transportava presos, aqui no Rio isso era feito pela polícia. Eles me diziam: “Ficamos assustados em trazer alguém, sabemos o que acontece”. Me levaram para uma sala, um Major explicou: “O general Fiuza já foi comunicado, está chegando”.

Esse local não era tão grande quanto parece. Éramos obrigados a ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais. Um capitão até de boa aparência, sussurrou: “São todos muito jovens, choram por qualquer coisa”. Não sabia se ele era contra a tortura ou se depreciava a reação dos torturados.

O general Fiuza levou quase duas horas para chegar, não cumprimentou ninguém, sentou numa cadeira distante. Vestia calça cinza e paletó de xadrez, nenhum jogo de palavras. Inesperadamente olhou para mim, falou: “Gosto muito quando o senhor escreve sobre futebol, por que tem que se meter na nossa vida?”. 

Os que estavam no poder, eram divididos em sensatos e insensatos 

Falavam muito em “linha dura”, mas isso era forma de simplificar. “Linha dura” era composta por aqueles que logo queriam torturar e matar. Os outros, eram os que acreditavam em diálogo, todos, milhares, iriam sendo “passados para a reserva, como traidores da revolução”. Que iria sendo identificada com sua própria fisionomia de golpe.

Depois de um tempo de silêncio, o general falou para um coronel: “Onde está o carro que vai levar o jornalista?”. Uma quase revelação, eu iria para algum lugar, poderia ser bom ou ruim. O carro chegou, me levaram até ele, Fiuza disse para o coronel: “Vá com ele, não quero que desapareça pelo caminho e nos acusem e culpem”.

Parecia um destino razoável, mas fiquei ainda sem saber. No carro o coronel (de uma grande família de militares de carreira) me disse: “Vamos para o Hospital Central do Exército”. Mas terminou com uma declaração surpreendente: ”Ao senhor não vai acontecer nada”. Naturalmente com outros ACONTECERIA.

Fiquei lá uma semana, a única satisfação era a conversa com o médico. Sobrinho de Manoel Bandeira, contava histórias admiráveis dele. Uma semana depois fui libertado. Na portaria do hospital, em Bonsucesso, me entregaram mala com roupas. Provavelmente minha família sabia, não me falaram nada. Peguei um táxi, logo estava em casa.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

 PROBLEMAS GRAVÍSSIMOS PARA BOLSONARO NO SENADO

HELIO FERNANDES

QUANDO ELE INDICOU UM NOME  PARA A VAGA DE CELSO DE MELLO, SURGIRAM PROBLEMAS, DÚVIDAS, RESTRIÇÕES, LASTREADAS POR INCOMPREENSÕES MALDOSAS.

TUDO PORQUE O INDICADO, FORA  NOMEADO PELA PRESIDENTE DILMA. PROBLEMA POLITICO, QUE OBRIGOU O PRESIDENTE BOLSONARO A IR  PESSOALMENTE CONVERSAR COM O PRESIDENTE  DO SENADO NA PRESENÇA DO INDICADO.

AGORA  AS COISAS SE COMPLICARAM. E PODEM LEVAR AO VETO DO SEU NOME.

 DESCOBRIRAM  QUE O PERSONAGEM EM CAUSA, TEM PROBLEMAS DE  BASE  MORAL E DE CONCESSÕES   INSANÁVEIS E INAPAGÁVEIS.

ELE FOI APRESENTADO E APROXIMADO DE BOLSONARO, PELO ENTÃO ADVOGADO WASSAB, AGORA REU DE VÁRIOS CRIMES DE CORRUPÇÃO, E EMINENCIA DE SER PRESO. ISSO PODE 'EXPLODIR NO SENADO’.

A MORTE DO DITADOR CASTELO BRANCO, DOCUMENTO HISTORICO

HELIO FERNANDES

REPRISE:

Roosevelt, ao acabar de morrer era violentamente condenado por jornalistas norte-americanos, tendo mesmo um deles chegando a dizer "que morrera um comunista que traía o seu próprio país". D. Pedro II ao morrer, era cruel e violentamente atacado antes mesmo do seu corpo baixar à sepultura.

O império romano, que era tido e havido como uma muralha intransponível, foi abalado pela morte violenta de Cristo e pela sua flagelação, que inclusive desencadeou um processo que não terminou até hoje.

Os exemplos são inúmeros e sem conta. Stalin já foi herói, canalha outra vez herói e no momento a confusão é tão grande que ninguém pode sequer afirmar com segurança se seu nome figura até mesmo nos livros de História da Rússia...

Júlio César foi apunhalado por seu maior amigo quem ele venerava como filho. E o próprio Brutus, depois de assassinar aquele a quem mais amava no mundo, chorou amargamente, pois o que destruía ao assassinar Júlio César, era o despotismo era a ambição desvairada, era a sede de poder que se sobrepunha a tudo. Brutus adorava o homem e desprezava o político.

Por isso, assassinou-o. E Shakespeare sintetiza magnificamente esse drama, em poucas palavras: "Para o homem as lágrimas; para o homem o amor; para o homem a alegria; para o homem a honra. Para a ambição e o despotismo do político, a morte."

O jornalista é o melhor informante da História, e os jornais são os grandes repositórios onde os Historiadores vão buscar os fatos que transformarão em verdades eternas ou fulminarão inapelavelmente.

A própria essência e o fator principal de sobrevivência da democracia, é precisamente esse: o respeito aos julgamentos contrários. E com a minha crítica ou sem a minha crítica, o ex-“presidente” Castelo Branco já pertence à história. Quanto à postura que exibirá é o recolhimento dos depoimentos de hoje que dará a ultima palavra. Campos Salles saiu do governo humilhado e reabilitou-se.

Floriano foi apedrejado e repudiado, mas já adquire hoje uma dimensão própria. Quem dirá que o mesmo não acontecerá com Castelo Branco? No meu entendimento, a passagem do tempo só agravará os seus terríveis erros. Mas quem dirá que o meu entendimento não será superado pelo julgamento da História?

De qualquer maneira, a mim o que interessa é  meu julgamento íntimo. Com o ex-presidente vivo ou morto, mantive-me coerente, não modifiquei uma linha o meu comportamento diante dele. Como político ou como figura histórica minha impressão sobre ele, é sinceramente a mesma. É muito conhecida a posição de alguns donos de jornais em relação a Juscelino e Jango.

Quando estavam no Poder, eram chamados de estadistas endeusados, elevado às culminâncias, glorificados em vida. Agora que estão fora do poder no ostracismo, cassados e banidos são chamados dos piores adjetivos, insultados quase que diariamente. Essa canalhice eu me recuso a praticar.

Quanto ao meu julgamento político sobre o Castelo Branco era rigorosamente igual ao da maioria esmagadora do Exército. E tanto isso é verdade (hoje uma simples verdade, amanhã um fato rigorosamente histórico), que o ex-“presidente” foi virtualmente deposto, pois de outra maneira o seu esquema continuista, teria funcionado e o marechal Costa e Silva não seria "presidente" da República.

E os que tentaram se servir da minha sinceridade e da minha coerência como trampolim para atingir as suas ambições, sabem muito bem disso.

Em outubro de 1965, o Sr Humberto de Alencar Castelo Branco foi deposto pelos seus próprios companheiros militares.

 

terça-feira, 6 de outubro de 2020

 

CORONÉIS DA RESERVA APENAS COADJUVANTES, AGORA FALAM ABERTAMENTE COMO “PAPAGAIOS DA TORTURA”. VOU CITAR GENERAIS IMPORTANTES, COM NOME E SOBRENOME, QUE MANDAVAM DE VERDADE, DAVAM AS ORDENS.    

HELIO FERNANDES

REPRISE:

Herzog foi assassinado pelos insensatos 

Preso na TV-Cultura, não era para ser morto. Mas seus prisioneiros obedeciam ordens do poderoso general Eduardo D’Avila Mello, comandante do II Exército. Já fora advertido pelo general Geisel, “não quero violência contra ninguém”.

Quatro Estrelas, comandante do II Exército (que englobava São Paulo), suas ordens foram as mais específicas e minuciosas possíveis. Acreditava que nada iria lhe acontecer. Mas aconteceu.

Quando soube da morte (assassinato) do jornalista, Ernesto Geisel mandou preparar o avião, “vou para São Paulo”. Muitos queriam ir com ele, foi duro e definitivo: “Vou sozinho”.

Chegou em São Paulo mandou chamar o general Ednárdo, disse imediatamente: “O senhor está demitido, vai chegar do Rio o novo comandante do II Exército”.

O general Ednárdo não acreditou, nunca um general comandante do Exército foi demitido dessa maneira. Ficou parado, perplexo, Geisel fulminou: “Pode se retirar, o senhor não tem mais nada a fazer aqui”. 

Confissão do general Cordeiro de Farias 

Na minha casa, só ele e o grande criminalista Oscar Pedroso Horta, Ministro da Justiça de Jânio, e talvez a única pessoa a saber da “renúncia”, Cordeiro contou o seguinte.

Foi interventor no Rio Grande do Sul, e depois governador de Pernambuco, eleito pelo voto direto. Fez muitos amigos, de vários setores.

Um dia recebeu telefonema do Recife. Um amigo advogado, contava que seu filho de 21 anos estava preso no DOI-Codi, apavorado que fosse torturado. Ligou logo para Orlando Geisel, pediu providências.

Relato integral de Cordeiro de Farias: “Ele me disse, vá lá na Barão de Mesquita, mostre a identidade de general, chame o coronel, (foi dizendo os nomes) diga que fala em meu nome, que em mandei soltar logo o estudante”.

Continuando: “Fui, não me deixaram nem passar da portaria, telefonei de volta para o Ministro Geisel: Você não manda nada, não pude nem entrar, nem procurar o coronel da tua confiança”.

O general-Ministro perguntou onde eu estava, mandou esperar. Chegou fardado, foi demitindo todos que apareciam. O coronel encontrou o menino que procurávamos, conseguiu retirá-lo.

E Cordeiro de Farias, ainda emocionado: “Não adiantava mais nada, ele já fora torturado”. O coronel explicou que procuravam informações. E Pedroso Horta, revoltado: “Que informações poderiam obter de um estudante de 21 anos?”. 

Os personagens do “Pasquim”, presos, mas na Vila Militar 

Quero terminar com este episódio que mostra a diferença do Exército dos generais ambiciosos e torturadores e dos oficiais que repudiavam o golpe, quase todos perseguidos e expulsos.

Os jornalistas do “Pasquim” ficaram num Batalhão de Paraquedistas. 60 dias de prisão. Mas o comandante, duas ou três vezes por semana, “pernoitava” no quartel, jantava com alguns. Que diferença.

Por hoje acho o suficiente. Fui preso outras vezes, cassado, sequestrado, desterrado, proibido de escrever, e mais e mais. Os fatos que estão aqui, tiveram o repórter como personagem, observador e participante. 

 

 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

OS DESENCONTROS, DIVERGÊNCIAS, DESAVENÇAS NA CÚPULA DO GOVERNO

HELIO FERNANDES

GUEDES ALEM DO VAZIO TITULO DA UNIVERSIDADE DE CHICAGO, TEM UMA TOTAL INCAPACIDADE DE CONSTRUIR,  SÓ UM PERSONAGEM COMO BOLSONARO SERIA CAPAZ DE DAR TANTO PODER A UM MEDÍOCRE ARROGANTE COMO GUEDES. 

BASTA LEMBRAR OU RELEMBRAR  A PERPLEXIDADE  PROVADA  PELA NOMEAÇÃO E O PODER CENTRALIZADO SOB SEU CONTROLE.

AGORA, COMPLETAMENTE OFUSCADO PELA DEBANDADA E ESVAZIAMENTO DA EQUIPE ECONÔMICA.

CRIOU  UM   CASO COLOSSAL, QUE UM ASSESSOR DO PRÓPRIO BOLSONARO DEFINIU ASSIM: 'A SITUAÇÃO ENTRE GUEDES E ROGÉRIO MARINHO É IRRECONCILIÁVEL'

QUAL É O PODER POLITICO PARLAMENTAR,

ASSASSINO, NUMA TRAMA DE MATAR O MARIDO

A DEPUTADA FORDELIS FORJOU E CONSUMOU TUDO, A 15 MESES. NUM  CONLUIO SEXUAL COM FILHOS E FILHAS ADOTIVOS MENORES.

DURANTE TODO ESSE TEMPO, FOI PERSONAGEM DIÁRIO DE ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO, SEM QUE A CÚPULA DA CÂMARA PERCEBESSE QUE ESTAVA SE DESGASTANDO E DETERIORANDO. 

AÍ, INVENTARAM UM TIPO DE PUNIÇÃO, ESDRUXULO, COMPLACENTE, QUE NÃO RECEBE O MENOR APOIO DELA.

PASSARIA A  USAR TORNOZELEIRA, E TERIA QUE FICAR EM CASA, DAS 23 HORAS ÁS 5 DA MANHÃ.

DURANTE O RESTO DO DIA, ESTARIA LIVRE, MAS DE TORNOZELEIRA SÓ QUE NINGUÉM CONSEGUE ENCONTRA-LA. NEM É CONSIDERADA FORAGIDA.  

MAIA E GUEDES TENTAM SE RECONCILIAR PELA TERCEIRA VEZ 

NÃO É APENAS  VAIDADE, NECESSIDADE  DE AUMENTAR  O CAPITAL POLÍTICO. NO CASO DE MAIA, PARA TRANSFORMAR EM VOTO NA RUA E DEPOIS CONSOLIDAR EM CARGOS NÃO APENAS HONORÍFICOS.

GUEDES JAMAIS IMAGINOU DISPUTAR QUALQUER POSIÇÃO PELO VOTO. VALORIZOU DEMAIS O TITULO DE ECONOMISTA, CONQUISTADO EM CHICAGO, MAS NÃO LHE  VALEU DE NADA. 12. COLEGAS DE UNIVERSIDADE GANHARAM O PREMIO NOBEL, NINGUÉM SE LEMBROU DELE.

 

FICOU VEGETANDO NOS EUA, SE LIGOU A GRUPOS PERIGOSOS, MAIS TARDE, FOI EMPRESTAR SEU TITULO A DITADURA  DE DIREITA, REPUDIADA PELO MUNDO.

NÃO AJUDOU MUITO, FOI DESLIGADO, VEIO PARA O BRASIL. ELE E GRUPOS ESTRANHOS FUNDARAM UM BANCO, CUJAS REPERCUSSÕES DANOSAS  E RUINOSAS, O TEMPO NÃO  APAGA. NO GOVERNO, BRIGA MUITO E REALIZA POUCO.

É PROTEGIDO  POR BOLSONARO, SOBRE O ENCONTRO COM MAIA COMENTOU RINDO: "DESENTENDIMENTO COMUM".

OS ROYALTIES BILIONÁRIOS DO PETRÓLEO VOLTARAM ÁS MANCHETES

E COM ISSO A ESPERANÇA SUPER DIMENSIONADA DA DISTRIBUIÇÃO DOS RE₢URSOS DO PRÉ-SAL.

NO ANO PASSADO O MINISTRO GUEDES FEZ DECLARAÇÃO SENSATA; "FICO ASSUSTADO E PREOCUPADO  COM AQUELES BILHÕES DE DÓLARES ENTERRADOS DEBAIXO DA TERRA".

CRITIQUEI  REUNIÕES DA DIRETÓRIA, QUERIAM AUMENTAR O NUMERO DE LEILÕES,' O PRÉ-SAL É PRA SEMPRE'.

NÃO É MAIS. NO MÁXIMO PODE DURAR 4 ANOS, ALGUNS MUNICÍPIOS PODERÃO RECEBER 47 BILHÕES DE REAIS, DURANTE 4 ANOS.

PS- NESSE  TEMPO DAREI TOTAL PRIORIDADE A ESSE ASSUNTO.

 

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

GUEDES ENTRA EM CENA COMO SEMPRE CRIANDO PROBLEMA 

HELIO FERNANDES

EM MATÉRIA DE ECONOMIA, COM NATURAIS  E PREVISÍVEIS REFLEXOS NA POLÍTICA, TUDO COMEÇA COM O MINISTRO QUE SE JULGA O MAIS PODEROSO DE TODOS.

ACUMULA ERROS E  DESACERTOS, JOGA A CULPA EM CIMA DOS OUTROS, "A CULPA NÃO É MINHA".

AGORA, GUEDES  DESENTERRA  A SUA GRANDE PROMESSA, QUE SE TRANSFORMOU MESMO ANTES DA POSSE NUM FRACASSO INOMINÁVEL E INESQUECÍVEL: "PRIVATIZAÇÕES DE 545 ESTATAIS, COM O GOVERNO FATURANDO NO MÍNIMO 800 MILHÕES E CRIANDO  MÍNIMO 8 MILHÕES DE EMPREGOS.

FRACASSO TOTAL E ABSOLUTO, JOGA A CULPA EM CIMA DE TODOS, MENOS NELE.

IMPOSSÍVEL "PRIVATIZAR" 545 (TEXTUAL) EMPRESAS FALIDAS OU DEFICITÁRIAS

IA CRIAR 8 MILHÕES DE EMPREGOS, OS DESEMPREGADOS JÁ SÃO QUASE 14 MILHÕES.TINHA QUE JOGAR A CULPA EM ALGUÉM, ESCOLHER UMA'VITIMA", PREFERIU ATACAR O PRESIDENTE DA CÂMARA, ACUSOU-O DE "NÃO PAUTAR PRIVATIZAÇÕES".

MAIA RESPONDEU NA HORA: "GUEDES È UM DESEQUILIBRADO".

PS- NÃO É O ÚLTIMO CAPITULO.

BOLSONARO RECOLHE TRIUNFOS COM O PREENCHIMENTO DA VAGA NO STF

CONTRARIOU E DESCONHECEU ''ALIADOS”, CONSUMOU A PRIMEIRA INDICAÇÃO COM CARÁTER NITIDAMENTE   DE ESTRATEGIA POLÍTICA.

ESSES 'ALIADOS' VETAVAM KASSIO NUNES, PELO FATO DE TER SIDO NOMEADO POR DILMA HOUSSEF.

A REPERCUSSÃO DA INDICAÇÃO COBRIU TODOS OS SETORES, NENHUMA RESTRIÇÃO 

O PRESIDENTE TENTOU DIMINUIR SUA PRÓPRIA ESCOLHA ACERTADÍSSIMA

COM UMA AFIRMAÇÃO CONTRADITÓRIA E DESNECESSÁRIA: "O PRÓXIMO  MINISTRO DO STF TERÁ QUE SER EVANGÉLICO".

SÓ PARA COMPARAR.  ANTES DE TER SIDO INFECTADO COM O COVID 19, CONSIDERAVA UMA DERROTA, A POSSIBILIDADE DE UM EVANGÉLICO IR PARA A SUPREMA CORTE. TRABALHOU ATÉ ENCONTRAR UMA CATÓLICA.

QUEM CONHECE OU ACOMPANHOU MINHA VIDA JORNALISTICA, SABE QUE DETESTO, COMBATO E REPUDIO OS TIPOS COMO TRUMP.

MAS LAMENTO COM TODA A SINCERIDADE QUE TENHA SIDO INFECTADO, E SE RECUPERE O MAIS RAPIDAMENTE POSSÍVEL

INÚTIL CONSIDERAÇÃO DA CÂMARA, COM A ESCANDALOSA, E CRIMINOSA FLORDELIS ELA DEIXOU DE SER PARLAMENTARA MAIS DE UM ANO.

SUA VIDA DE ASSASSINA  OU CÚMPLICE E PARTICIPANTE DE UMA VIDA SEXUAL  CONJUNTA COM 'os filhos adotivos'.

PERDER APENAS O MANDATO, É UM PRÊMIO PARA A "FAMÍLIA" E HUMILHAÇÃO PARA A CÂMARA

ATÉ A DIREÇÃO DO BC COMBATE O PRESIDENTE VEM AMEAÇANDO A TEMPOS, AGORA CONCRETIZA E CITA O QUE PRETENDE FAZER. TEXTUAL, PALAVRA POR PALAVRA: "SE O PROGRAMA   RENDA CIDADÃ FURAR O TETO, PODEMOS  ELEVAR OS JUROS”.

TUDO É PESSOAL, GOVERNO CONTRA GOVERNO.                                              

O FRACASSO DO DEBATE PRESIDENCIAL NOS ESTADOS UNIDOS

EMPATOU DE ZERO A ZERO NEGATIVO. RECONHECIMENTO UNÂNIME DO FRACASSO. NINGUÉM FICOU SATISFEITO. NÃO HOUVE  NEM UM SÓ ELOGIO.

A PRÓPRIA ORGANIZAÇÃO, CONSIDERADA COMO ALTAMENTE COMPETENTE NO ASSUNTO, RECONHECEU O FRACASSO.

E PARA O PRÓXIMO DEBATE, AS REGRAS SERÃO COMPLETAMENTE DIFERENTES.

NÃO ADIANTA, TRUMP E BIDEN SÃO MEDÍOCRES DEMAIS.

DOS TRÊS PERSONAGENS EM CENA, (OS DOIS CANDIDATOS E O COORDENADOR, SÓ ESTE MERECEU TODOS OS ELOGIOS) E SERÁ MANTIDO.

POBRE DO PAÍS, MAIS 4 ANOS DE TRUMP OU BIDEN.

CASTELO SE UNIU A GOLBERY PARA DERRUBAR COSTA E SILVA, NÃO CONSEGUIRAM. MAS O GENERAL-MINISTRO ASSUSTOU A TODOS. AS OBRAS DE ARTE DOS CORRUPTOS-CORRUPTORES, VÃO PARA O BELO MUSEU NIEMEYR, TAMBÉM EM CURITIBA.

HELIO FERNANDES

REPRISE:

Como falei antes, a Junta Militar assumiu, tentou governar, não havia jeito. Enquanto Castelo Branco garantia a JK: “Presidente, só quero confirmar e realizar a eleição de 1965. E não posso fazer isso, sendo o Chefe de Governo Provisório, como Vargas em 1930”. 

Já confundiam o golpe de 64 com o de 30.

Castelo continuou mentindo descaradamente para JK: “O senhor é o mais interessado na eleição de 1965, já é candidato desde que deixou o cargo em 1961. Preciso ser aprovado e referendado pelo Congresso”. 

Juscelino acreditou e aceitou, surpreendeu o Congresso com a proposta. Os parlamentares não tinham alternativa nem força concordaram.

Depois das cassações do “Primeiro de Abril”, JK que era senador, foi o primeiro preso cassado, perseguido. Até que foi para o exterior. 

O golpe de 64 se dividiu entre Castelo apoiado por Golbery e os irmãos Geisel, e a “Junta” de Costa e Silva.

Separados, divididos, em pânico com a força de Costa e Silva, o golpe se apossou do Poder. E a tortura se materializou logo, ainda informal. 

Mas do plano conhecido de Castelo, Geisel (Chefe da Casa Militar) e Golbery. Este o “homem fortíssimo” de tudo, apesar de general da reserva.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O DEBATE SUPOSTAMENTE PRESIDENCIAL, QUE NAUFRAGOU TRUMP E O ADVERSÁRIO

 HELIO FERNANDES

ATÉ ESTE REPÓRTER, QUE RECOMENDAVA O PRIMEIRO DEBATE, SE DECEPCIONOU E LAMENTOU TER PERDIDO TANTO TEMPO.

COMECEI A ASSISTIR AINDA NA TERÇA. AINDA ESTOU ESCREVENDO E TENTANDO COMENTAR, JÁ NA QUARTA. A MEDIOCRIDADE DOMINOU O ESPETÁCULO.

NA QUARTA, MAS NA VERDADE, O PROLONGAMENTO DO NADA. E A CERTEZA LAMENTÁVEL DE MAIS 3 'ENFRENTAMENTOS' QUE SOU OBRIGADO A ACOMPANHAR, É COMPROMISSO, OBRIGAÇÃO, JORNALISMO.

SABENDO QUE SERÁ REPETIÇÃO, O VAZIO COMEÇANDO QUASE NO FIM DE UMA NOITE, E ACABANDO NA MADRUGADA DO OUTRO. 

A CORRUPÇÃO DOMINA SP, DE HOJE E DE SEMPRE

MAIS UMA VEZ SÃO DENUNCIADOS OS LADRÕES DO CARTEL DO METRÔ E SEUS PRINCIPAIS DIRETORES.

UMA FABULA OU FORTUNA, ENRIQUECENDO SEMPRE OS MESMOS. 

A LAVA JATO DE SP, ENCERRANDO SUAS ATIVIDADES COMO FORÇA TAREFA, FAZ AS ÚLTIMAS DENÚNCIAS ATINGINDO DIRETORES DA DERSA, ÓRGÃO QUE CONTROLA TODO ESSE SETOR, QUE MOVIMENTA BILHÕES.

O DIRETOR GERAL, PAULO PRETO (NOME OU RACISMO, já que ele não é branco) É DENUNCIADO  PELA QUINTA VEZ.

PS- CONTINUA NO CARGO, EM LIBERDADE,  RESPONDEU: “VOU ME MANIFESTAR NOS AUTOS".

CORONÉIS DA RESERVA APENAS COADJUVANTES, AGORA FALAM ABERTAMENTE COMO “PAPAGAIOS DA TORTURA”. VOU CITAR GENERAIS IMPORTANTES, COM NOME E SOBRENOME, QUE MANDAVAM DE VERDADE, DAVAM AS ORDENS   

HELIO FERNANDES

REPRISE:

PARTE - I

O excelente repórter, Chico Otávio entrevistou o coronel Riscala Corbage, que disse textualmente: “Torturei mais de 500 presos”. E como os outros, principalmente o coronel Paulo Belham, (que foi logo silenciado), se despediu com a afirmação: “Não tenho o menor peso na consciência”.

Chico Otávio encerrou com essa confissão, mas começou de maneira ainda mais jornalística: “O cara urra de dor”. Belham também tinha sua frase de bolso: “Não tenho remorso ou arrependimento”.

Só que os dois mentiam avidamente, por simples exibicionismo. Acreditavam que confessando e exagerando, voltavam ao apogeu. Acima dos 70 anos, quase chegando aos 80, imaginavam (e Corbage ainda imagina) que nada aconteceria a eles. Como todos os generais principalmente os que chegaram a “presidentes”, morreram, não pensavam que surgisse essa expressão de duas palavras: “crimes imprescritíveis”. 

Confissões de mim mesmo 

Esse capitão da Polícia Militar, Tenente coronel na reserva, torturou muito e não se pode desmenti-lo: com o maior prazer. Só que mente em alta velocidade, desabaladamente. O Exército sempre teve desprezo e desapreço pela Polícia Militar. E esta, total ressentimento, por causa da hierarquia.

Os oficiais da Polícia Militar só chegavam a coronel, paravam por aí. E os comandantes eram sempre Generais, lógico, do Exército. Lutaram dezenas e dezenas de anos para mudar a situação. Foram conseguir quando se revoltaram contra o general Fiuza de Castro. (O filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder).

E esse Fiuza de Castro foi um dos mais displicentes comandantes do DOI-Codi. Não torturava pessoalmente e provavelmente não sabia de tudo o que acontecia. Mas existiam centenas de oficiais do Exército servindo no DOI-Codi e não deixariam que um Capitão PM exercesse tanto Poder para a tortura de “500 presos” 

Minha primeira ida ao DOI-Codi, seu comandante era precisamente Fiuza de Castro. Saltei lá naquela entrada enorme, com cartazes do PIC, (Pelotão de Investigação Criminal), uma figura fardada apontando um dedo para a frente, como se fosse uma ameaça, devia ser mesmo.

Mais ou menos 11 da noite. O Exército não transportava presos, aqui no Rio isso era feito pela polícia. Eles me diziam: “Ficamos assustados em trazer alguém, sabemos o que acontece”. Me levaram para uma sala, um Major explicou: “O general Fiuza já foi comunicado, está chegando”.

Esse local não era tão grande quanto parece. Éramos obrigados a ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais. Um capitão até de boa aparência, sussurrou: “São todos muito jovens, choram por qualquer coisa”. Não sabia se ele era contra a tortura ou se depreciava a reação dos torturados.

 

O general Fiuza levou quase duas horas para chegar, não cumprimentou ninguém, sentou numa cadeira distante. Vestia calça cinza e paletó de xadrez, nenhum jogo de palavras. Inesperadamente olhou para mim, falou: “Gosto muito quando o senhor escreve sobre futebol, por que tem que se meter na nossa vida?”. 

Os que estavam no poder, eram divididos em sensatos e insensatos 

Falavam muito em “linha dura”, mas isso era forma de simplificar. “Linha dura” era composta por aqueles que logo queriam torturar e matar. Os outros, eram os que acreditavam em diálogo, todos, milhares, iriam sendo “passados para a reserva, como traidores da revolução”. Que iria sendo identificada com sua própria fisionomia de golpe.

Depois de um tempo de silêncio, o general falou para um coronel: “Onde está o carro que vai levar o jornalista?”. Uma quase revelação, eu iria para algum lugar, poderia ser bom ou ruim. O carro chegou, me levaram até ele, Fiuza disse para o coronel: “Vá com ele, não quero que desapareça pelo caminho e nos acusem e culpem”.

Parecia um destino razoável, mas fiquei ainda sem saber. No carro o coronel (de uma grande família de militares de carreira) me disse: “Vamos para o Hospital Central do Exército”. Mas terminou com uma declaração surpreendente: ”Ao senhor não vai acontecer nada”. Naturalmente com outros ACONTECERIA.

Fiquei lá uma semana, a única satisfação era a conversa com o médico. Sobrinho de Manoel Bandeira, contava histórias admiráveis dele. Uma semana depois fui libertado. Na portaria do hospital, em Bonsucesso, me entregaram mala com roupas. Provavelmente minha família sabia, não me falaram nada. Peguei um taxi, logo estava em casa.