Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Fim do recesso do Congresso e do Judiciário. Continua o do Executivo, em recesso retrocesso ha 5 anos

HELIO FERNANDES

Hoje, segunda feira, em pleno carnaval, Brasília recomeça em total efervescência. Não que estivesse paralisada. È que tudo ou quase tudo acontecia nos bastidores. Mas agora passará a ser a céu aberto. O primeiro fato que acontecerá imediatamente, provavelmente antes do meio dia. O corruptíssimo Eduardo Cunha atravessará a Praça e chegará ao Supremo. Entregará um requerimento, contestando, discordando e questionando a decisão dos Ministros, sobre a tramitação do impeachment.

Não é segredo, ficou estabelecido que será aberta. Acima de tudo, Cunha quer que a votação seja secreta. Já perdeu por 8 a 3, tenta a reversão. Não conseguirá, mas argumenta, textualmente: "Se o voto for secreto a Câmara ficará paralisada, não conseguiremos eleger os presidentes das Comissões". Farsa, intimidação, chantagem. È preciso saber como reagirão os outros 512 deputados. 

Na segunda contestação, é possível que Cunha se saia melhor. O Supremo determinou que houvesse apenas uma Comissão para eleger os membros que decidirão sobre o impeachment. Podem ser duas, sem a menor complicação. Como não obterão mesmo os 342 votos, é melhor não retardar ou tumultuar o processo.

Ainda tendo o Supremo como cenário. O Procurador Geral pediu o afastamento de Cunha do cargo. Mas demorou muito, falha ou equivoco na decisão. Só entregou o pedido ao Ministro Zavaski, na véspera do recesso. Muito sensatamente, Zavascki não quis decidir monocraticamente. Decidiu que o plenário é que tem que dar a ultima palavra. Conversaram muito sobre o assunto durante o recesso, não acredito que decidam agora. Tem que haver pedido de "pauta", pode até ser quarta ou quinta feira.

Temer continua conspirando.

O vice não abandonou a idéia de ser presidente. Antes da carta redigida por Moreira Franco, tentou "reunificar" o país em torno de alguém. Foi desmascarado. Fugiu de Dona Dilma apesar dos 15 minutos de reunião inútil e sem sentido. Corre o Brasil fazendo dupla campanha presidencial. Para presidente do PMDB, que considera indispensável para seus planos. E como conseqüência, para presidente da Republica em eleição direta.

Agora tenta convencer a todos que é um democrata. Dá entrevista á televisão e garante que "o impeachment perdeu força”. Custou a se render ao obvio, que a única eleição que acontecerá será  a de 2018. Procura se desligar de uma possível decisão do TSE, considera que o PMDB tem que ter candidato próprio na sucessão de Dona Dilma, e modestamente se coloca e se considera como o único nome do partido. Ainda mais com o apoio indispensável do grande amigo Eduardo Cunha. 

Conselho: descrença, desesperança, desanimo.

Era o velório anunciado, foi rapidíssimo, deram pezames de corpo presente. Ficaram um pouco, ouviram o relatório lamentável da própria Dilma, ficaram assombrados que estivessem ali, participando de um ato que não representaria coisa alguma.

Nem falaram mas tiveram que ouvir o discurso monótono e hipócrita do presidente do Bradesco. Recusou o cargo de Ministro da Fazenda, comparou a vantagem, ficou onde estava, não iria arriscar. O Bradesco teve lucros astronômicos, (o segundo maior da Historia) mas ele continua se considerando personagem chave.

O veredicto foi fulminante apesar de não escrito: Dilma acabou, "temos que encontrar uma solução para chegar a 2018”. Mas como ?

Alguns participantes me disseram: "Não ha salvação é praticamente impossível, as impessoalidades surgem de todos os lados. E a omissão desperdiçou tempo irrecuperável". Outros muito bem informados comentaram: “Talvez a solução possa vir do TSE, dramática mas benéfica para o país: a cassação da chapa". E acrescentam, o que o repórter tem tratado até em números: "Assumiria o presidente do Supremo, que de acordo com a Constituição, realizaria eleição em 90 dias".

Lewandowski é o quinto na hierarquia, o terceiro e o quarto, por vontade própria não assumiriam. Nenhum resultado surgido dessa reunião inútil, com projetos fraquíssimos, de difícil aceitação ou aplicação. 

O que me surpreendeu, passei a sexta, sábado e domingo tratando única e exclusivamente do assunto. E alguns dos empresários mais importantes e decisivos, querem participar. Admitem trabalhar pela aprovação da CPMF mesmo provisoriamente. Seria para este 2016 tenebroso e 2017, que concordam com o repórter, "ficará na Historia negativa do país".

Não falam em 2018. Se não houver eleição presidencial agora, 2016 terá uma eleição municipal complicada, e sem dinheiro do mensalão ou do petrolão. Se o país vencer a maratona ou a olimpíada da resistência a todas as dificuldades, então no ultimo ano de Dona Dilma, a primeira eleição com mandato de 5 anos, sem reeleição, aprovada pelo Congresso, ninguém se lembra.

Nenhuma novidade em matéria de nomes. Alguns de sempre já estão lançados, falados, indicados. Ciro Gomes pela terceira vez. Aécio pela segunda. Alckmin também pela segunda, usando a legenda Socialista, vale tudo no Brasil. Dona Marina pela terceira vez, tentando desesperadamente aparecer como coadjuvante, nada mais do que isso. Serra, que tem mandato no Senado até 2022, e adora eleição pode tentar a terceira. Legenda não faltará.

Se o PMDB se render á sugestão de lançar candidato próprio, dois nomes serão considerados. O vice Michel Temer que se desespere por uma promoção e Eduardo Paes. Este, eleito e reeleito com excelente avaliação, seria governador certo e garantido nesse mesmo 2018. Mas já se declara disposto a encurtar a caminhada.
Poderia ser governador com 48 anos, reeleito até os 56. E em 2026, com 57 ou 58 anos, disputando a presidência, repetindo Janio Quadros: prefeito, governador, presidente.

E finalmente, o mais certo de todos: Luiz Inácio Lula da Silva. Disputará a sexta candidatura. Três derrotas (seguidas), duas vitoriam, esta impenetrável. Agora tudo é mais difícil.  Escapou do mensalão, sabia de tudo antes dos outros. Agora está enrolado no Petrolão, pode negar á vontade, é impossível que não soubesse de nada.

Mas é mestre em escapar de tudo, basta repetir, "eu não sabia de nada”. E convencerá a todos, que está sendo  perseguido, "sou o homem mais honesto do mundo"..
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Jornalista Helio Fernandes

Sobre o caso Aída Cúri

Aguçando a nossa memória me reporto ao nebuloso caso Aída Cúri. Há 55 anos, no dia 13 de março de 1960, foi absolvido num segundo julgamento o acusado de matar Aída, Ronaldo Guilherme de Souza Castro. Os trabalhos de julgamento, que tiveram início às 10h do dia 11, prolongaram-se até as 2h30 do dia 13, quando foi proferida a decisão que, por 6 votos, negou a participação do acusado naquele crime. Como advogado da defesa funcionou João Romeiro Neto, tendo sido o júri presidido pelo juiz Roberto Talavera Bruce. A matéria atinente está na edição de 1960, de "O Cruzeiro", que com o título "O júri oficializou a curra" trouxe farta notícia acerca do rumoroso processo. Você estava no “O Cruzeiro” na época? Fale sobre isso, achei o titulo da revista sui generis.

Clodoaldo Paixão Ferreira



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