Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

 24 horas inesquecíveis e inesperadas

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista 

Se cada um falar 1 hora, terça, ontem, ficará marcada para sempre, como gosta de dizer um ex-presidente da Republica, nunca jamais se viu algo parecido. Acordei ás 6 da manhã, como habitualmente, ligeiramente depois das 7, começam a se comunicar comigo, ligo a televisão, fico assombrado. Depois da prisão do senador Delcídio, a determinação do Ministro Zavascki, insuperável.

Vou para o computador, escrevo o que vejo e o que recebo de informe e informações, coloco no Blog, deixando bem claro que estava mudando todo o panorama visto da ponte da política, melhor, da politicalha. 

A primeira mudança, na Comissão da falta de ética: tentaram de todas as maneiras adiar mais uma vez a votação que só tinha uma palavra para ser aceita ou recusada: admissibilidade. Depois de 3 horas de pedido de mais adiamento, votação: 11 a 9 pela abertura do processo, agora começa o julgamento.

Cunha retomara o palácio oficial e monumental, assistia a votação com amigos, afirmou, “minha vida segue o normal, não fui atingido".  

Dia do Ministério Público.

Estava marcada para ontem, na Câmara, presidida por Eduardo Cunha, essa justíssima consagração. Houve mas Cunha e Janot não compareceram. O Procurador mandou mensagem, tirei este trecho, textual: "Tenho que responder sempre, até onde vai à lava jato. Não escondo, até onde for ou continuar indo a audácia da corrupção".  

O PMDB perdido, aturdido e surpreendido, 

Logo que explodiram os acontecimentos, três reuniões que duraram o dia todo, entraram pela noite, representando os três grupos que dominam ou pretendem dominar o partido: Temer, Renan, o próprio Eduardo Cunha, alvo principal mas não único, de toda a rumorosa mas aplaudida operação. 

Temer e Renan não fizeram analise, não são bons nisso. De instantes a instantes, todos se perguntavam, como se falassem com todos ou com eles mesmos. O presidente do Senado mostrava satisfação quando soube que seu nome estava na lista de busca e apreensão, foi retirado pelo Ministro Zavascki. Mas voltava o desespero lembrando a intervenção na sede do PMDB de Alagoas, (por quê?) e o aparecimento do nome do ex-senador do Ceará, ha 7 anos representando Renan, na importante Transpetro, a maior subsidiaria da Petrobras.

O vice, contrariado por ter sido atingido, não tinha paciência ou complacência para passar recibo. Como sua casa monumental ficou lotada o tempo todo, perguntava quase num sussurro: "Como estão Renan e Cunha?". Não era preocupação, e sim comparação, e a vontade de saber ou perceber se estavam com mais poder do que ele dentro do partido.  

A coletiva de Eduardo Cunha 

Não parecia que era com ele. Calmo, foi falando, não esperava perguntas. "O país todo acordou com estranheza, não havia explicação".Como surgiram rumores de que deixaria a presidência para se manter como deputado (Renan, 2007) respondeu com veemência:"Não renunciarei, continuarei minha luta pela democracia".Era meia verdade, pensara e admitira isso ,recuara, continuaria com foro privilegiado, mas a mulher e a  filha, iriam para Curitiba. 

Lembraram a ele que Bumlai, o amigo intimo de Lula, está em desespero, perto da delação premiada, por causa da prisão do filho e da nora. Sem o menor constrangimento, Cunha terminou com duas frases. "O PMDB tem que romper imediatamente com o governo Dilma, tem um Ministro da Justiça e um Procurador Geral, que só pensa em nos prejudicar".  Parou um pouco, terminou: "Vou entrar com recurso". Não explicou se era contra a decisão da Comissão, sem ética ou contra a "busca e apreensão".  

Atingiram Temer

Depois do fiasco da carta vazia, que Renan classificou de "desabafo pessoal", e nada a ver com o partido, Temer voltou , buscando os holofotes reclamando da presidente, publicamente: "A senhora tem que deixar de interferir com o PMDB". Agora, para ser coerente e intransigente, deveria fazer o mesmo pedido ao Supremo. Nada mais justo que a ação tão demorada, atingisse no momento, unicamente o corrupto presidente da Câmara. Aliás, os dois, Temer e Cunha, têm andado muito unidos. 

A propósito, o fato mais importante de hoje, quarta feira, será a sessão plenária o mais alto tribunal do país. Ninguém pedirá vista, mas o assunto fascinante, poderá seduzir os Ministros, e leva-los a votos muito longos. Se cada ministro falar 1 hora, serão 11 horas.

Hoje, terça, a politicalha de Brasília não terá fim de tarde, de noite, de madrugada. Ultrapassando essa madrugada tormentosa, (quem conseguirá dormir?) surgirá a nada radiosa manhã de quarta. Se for igual à de terça quem aguentará?

Um assunto polêmico mas obrigatório no PMDB, é a antecipação da convenção. Mesmo os que só pensavam nisso, agora não sabem mais nada. Mas tentarão conversar.

Assunto recusado por todos, dentro e fora do Congresso: o futuro de Eduardo Cunha. A repercussão contra ele foi terrível. Observação ou conclusão geral. Eduardo Cunha não tem?  Presente, como pensar em futuro? 

 

 

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