Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Dilma não se salvará com palavras, esqueça discursos torturadores, se concentre na autocrítica para tentar descobrir, "porque todos me abandonam".

HELIO FERNANDES

Dilma é conseqüência dela mesma. Intolerante, incompreensiva, incapaz de manter dialogo com todos e até com ela, mergulhou no isolamento e culpou os outros. No primeiro mês do poder, demitiu 6 Ministros que escolhera sem consultar ninguém. Esse primeiro ato de governo foi chamado de "faxina". Alguns que estavam na Câmara, domingo, votaram contra ela. Continuou, era seu estilo e forma de agir. Sem jamais ter disputado eleição, foi diretamente para a presidência da Republica. Mas nos cargos anteriores, a mesma contradição, incompetência, insensatez.

Devia, ter sido afastada de tudo, congelada, incapacitada, logo no primeiro episódio em que foi decisiva e definitiva: Pasadena.  Autorizou a compra escandalosa, como confessou: "Baseada no relatório de Cerveró, falho e sem informação" . (Cerveró está preso ha mais de 1 ano, sua delação assusta toda Brasília. Menos ela, que se julga imune e impune). Não perde oportunidade: "Não tenho conta no exterior, não sou acusada de enriquecimento ilícito".

Pode ser verdade. Mas depois de tantos cargos importantes, e 5 anos e meio da presidência, já devia saber: a cumplicidade e a omissão, mesmo sem receber propina, são mais culposas, ruinosas e criminosas do que a corrupção ativa ou passiva.  

Faz carga contra a ingratidão e a traição, esquece que traiu Lula, seu grande benfeitor e patrocinador. Sem ele não seria nada.  Para indicá-la á sucessão, o então presidente exigiu: "Você fica 4 anos, em 2014, serei novamente candidato e eleito". Concordou, lógico, mas desde o primeiro dia, jogou Lula para longe. Começou de forma discreta, passou a agir abertamente. Todos se lembram do rompimento publico e do movimento "volta, Lula". Confronto vergonhoso, ele ambicioso, mas com votos, ela também ambiciosa, sem a menor popularidade. Resultou em tudo o que está aí.

Dilma identifica os que votaram domingo contra ela, como traidores. Insensibilidade e incompreensão. Muitos, mesmo, sendo recebidos agora, no Planalto ou Alvorada, para uma conversa eleitoreira, já haviam fechado com Temer, perdão, com Eduardo Cunha. O grande coordenador, íntimo e escolhido pessoalmente pelo vice, e com entrada franca e garantida no comitê da conspiração. 

Darei apenas um exemplo, sumula e resumo dos 367: Gilberto Kassab. Quando fundou o PSD, afirmou: "Meu partido não é de esquerda, de centro ou de direita". Juntou 47 deputados, ganhou um ministério dezenas de cargos importantes. Na terça feira foi recebido por Dilma, garantiu o voto contra o impeachment.  Saiu dali foi para o Jaburu, "fechou” com Temer, pessoalmente. Na quinta, pediu demissão. Não é traidor. O que não tem é caráter.

Lutarei até o fim

Disse em entrevista coletiva, na segunda e na terça para correspondentes. Ninguém sabe qual é ou quando será o fim. A Constituição estabelece 6 meses. Exagero. No do Collor, 180 dias. Se ela ganhar, continua tudo  o mesmo, já falou em "união nacional". Respondendo ao que o vice chamou de "salvação nacional". Se for afastada, tenho que repetir a palavra, passa a ser "presidente afastada". Isso pode acontecer mais ou menos em 1 mês. Aí perde os poderes e o acesso ao Planalto, sem poder sair.

Tem o palácio Alvorada como "menage", como diziam os holandeses quando invadiram o Brasil. (Ou como acontecia com este repórter em Pirassununga, Fernando de Noronha, Campo Grande, hoje capital do Mato Grosso do Sul. Eu não estava preso, só não podia sair da cidade. Prisão só no Rio). Sendo condenada, perde os direitos políticos por 8 anos, recupera aos 76. Nesses 8 tem que ficar no Rio Grande do Sul, sair de casa só para ir ao supermercado.

Senado: comissão Especial do Impeachment

Tumulto, desrespeito, exibicionismo em alta escala. O presidente declarou: "Não vou acelerar ou retardar o processo, favorecer ou prejudicar defesa e acusação". Concluiu, provocando protestos e gritaria: "A sessão de instalação, será na próxima terça feira". Irritados, pediram explicação, Renan respondeu: "Não fabricamos sessões extras, todas deliberativas. São 48 horas, quinta é feriado, sexta e segunda não ha sessão deliberativa, fica marcada para terça, dia 26".

O único problema: a Comissão é composta por 21 senadores, e 21 suplentes, mais da metade do total. Todos querem participar, mas a distribuição é proporcional. O DEM, afoito e sem importância, já "vazou" seus nomes. O senador Paulo Rocha, PT-Pará, ligado a Jader Barbalho, declarou oficialmente: "Faremos a indicação na terça feira, no ultimo instante permitido". Depois de 4 horas de discussão e "questões de ordem", decidiram: em vez de terça, a Comissão será instalada na segunda. Descobriram a pólvora, mas não ganharam o Premio Nobel.

O farsante e conspirador notório, Michel Temer, declarou: "Seria inadequado falar qualquer coisa, antes da decisão do próprio Senado". Como se estivesse interessado na ética, na estética ou até na genética. Do processo. Ou de suas origens.

O Supremo pode decidir o futuro ou o destino de Lula

Depois de 30 dias, os Ministros apreciarão o voto do relator Gilmar Mendes. E decidirão se o ex-presidente pode ser Ministro, ou se está apenas tentando  obter e garantir foro  privilegiado.O relator, mais do que um voto, proferiu um libelo contra Lula.Depois dele, o Procurador Geral se manifestou de forma inédita, mas clara: "Lula pode ser Ministro, mas não terá foro privilegiado".Portanto, relator e Procurador, numa linha e defendendo um roteiro, que não interessa a Lula.

Acredito até que possa não haver a sessão histórica. Pois na manhã desta quarta feira, Lula talvez retire o pedido de julgamento. È Uma faculdade. Um ato de inteligência. Um direito legítimo. Pois Lula corre riscos sem antever vantagens. Se perder não será ministro e ficará com o temor de ter que viajar para Curitiba, como se sabe, um trajeto perigosíssimo. Se ganhar, ficará Ministro, num período curtíssimo, fácil de perceber. Não precisa nem adivinhar. 


Dólar impeachment, Bolsa impeachment

 A moeda fechou a 3,53, queda de 2,31. A cúpula do Banco Central não gostou. Quando estava a 4,10, reclamavam,embora ressalvassem que é bom para a exportação. Afinal o BC devia explicar qual é o limite aceitável ou desejável. Quanto ás ações, subiram porque estão realmente muito baratas. E principalmente porque o "mercado" está apostando na saída de Dona Dilma. Mas é incoerência e verdadeira contradição, achar que alguma coisa pode melhorar com a vitória do comitê da conspiração.

 PS-No domingo acompanhei a sessão da Câmara, começando pela manhã e terminando no final da noite. Ás 5 horas consultei pessoas do Instituto Verificador de Circulação. Fazem pesquisa instantânea sobre órgãos de comunicação não impressa. Publiquei o que me disseram: "È uma audiência espetacular. Supera até os tempos gloriosos das grandes novelas". Ressalvaram: "Hoje o numero de aparelhos de televisão, muito maior, e as assinaturas cresceram bastante".

PS2-Completando ou complementando. Praticamente a população inteira assistiu à sessão. Os que saiam de casa para almoçar ou jantar, tinham o cuidado de saber se existiam aparelhos de televisão ligados. Todos tinham, até nas menores cidades, não queriam perder clientes.


PS3- Sessão ultrajante, degradante, aviltante. Mas que audiência. 

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