Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 26 de abril de 2016

DEPUTADOS SAUDARAM AS MÃES, A MULHER E OS FILHOS. OS MAIS AFOITOS E APELATIVOS CITAM A FRASE DA HEROINA ESPANHOLA “NON PASSARAM”.  E DEUS ESTEVE NA BOCA DE MUITOS. ENQUANTO LULA-LÁ ASSISTIU O SEU VOTO DO PALHAÇO DEPUTADO, IR CONTRA SUA APADRINHADA PRESIDENTE DILMA. DIREITA OU ESQUERDA NO BRASIL, PARECE ATÉ MOTORISTA PERDIDO. PT BOQUINHA CANTA: “CHORA CORAÇÃO”...

ROBERTO MONTEIRO PINHO

Não se tem dúvida de que os deputados que votaram no domingo pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, rasgaram linearmente a gramática, com sua suas medíocres declarações de votos. Com raras exceções, alguns corretamente se limitaram ao “sim ou não ao impeachment”. Aos seus eleitores, deixaram a impressão de que os ”nivelaram por baixo”.

O que está errado nisso? Porque ocorrem esses deslizes protagonizados por parlamentares? Muitos perguntam seriam o sistema de escolha dos seus representantes? O sistema eleitoral brasileiro, precisa ser radicalmente mudado, a forma de promover um meio melhor de escolha dos representantes do executivo e legislativo? Essa é a questão maior.

Não pouco a mais alta Corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), tem protagonizado cenas da mais alta indignação a comunidade. As sessões do tribunal são regadas ao desconforto de que um ministro para proferir seu voto, demora horas e horas, dissecando um verbo que não tem a menor importância, quando o melhor é responder: ao como vota ministro?

Lembro aqui quando integrava a 7ª Turma do Tribunal do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), num voto de relator, citei um texto da obra de Karl Max – “O Capital – Trabalho em Migalhas”, falando do desemprego e da angústia do trabalhador junto aos seus familiares, quando perdia a auto-estima e por conseqüência o respeito da comunidade.

Não precisei obviamente de ler quatro páginas sobre o assunto, mas apenas citei a obra e o voto foi proferido em cinco minutos.

Mas o tema é o impeachment, e nele vamos focar nossa conversa. Dilma Rousseff, é péssima interlocutora, teve como ante-sala no palácio o ex- senador Aloysio Mercadante, um “caladão”, meio que taciturno, que também pouco interagia com os próprios quadros doe seu PT. 

Aquele setor do palácio Alvorada sempre foi frio, na concepção da palavra. Mas com Dilma Roussef, é frio e estranho. O semblante dos que ali trabalham mesmo aqueles que chamamos de “cascudos” servidores, não conseguem uma aproximação com a presidente. E assim ela pauta ou sua relação com os poderes. Confundiu com certeza o poder presidencial, com a circunstancial situação de ser o “generala” do país.

Para falar com o mundo exterior, necessitava de um interlocutor, e para isso tinha o melhor de todos, Lula da Silva, no entanto, resolveu ignorá-lo, afastá-lo, se achando hiper suficiente. Foi ai seu maior erro. No oposto Lula que também cometeu o seu erro maior escolhendo sua sucessora.

Na sexta-feira, dois dias antes do espetáculo deprimente, não pelo fato do impeachment, e sim pelas manifestações de voto. Todos falharam no verbo. Esquerda ou direita, frases perdidas na obscuridade e no traço de um legislativo do mais baixo nível que presenciei. Se não cômico, foi um desastre sem precedentes.

É comum nas relações políticas isso ocorrer, a traição política é da própria cultura da política. Temos sinais da história, desde a época romana aos tempos dos ídolos da esquerda na Rússia, China e outros países, que dão conta dessas situações de ingratidão.
O país travessa a mais “negra de sua página”. Mergulhado no marasmo, refém de um judiciário confuso, instável, dividido e sem interlocução com os poderes.

Este é o maior problema. Temos uma “Torre de Babel”, instalada no seio da vida brasileira. Os poderes estão no CTI e a comunidade enferma, vitimada pela infecção desse vírus violento e destroçador. A inflação galopa abertamente. O desemprego está em velocidade máxima e a moral está no fundo do poço.

O brasileiro não é desordeiro, é por essência pacificador, quer mais do que ninguém de que o seu país retome os rumos de crescimento, da estabilidade e a paz.

Dilma cometeu inúmeros e sucessivos erros. É uma catástrofe político-administrativo. Mais do que o prejuízo material, o povo brasileiro, não pode perder a fé, a esperança. Mas para isso me preciso que homens a exemplo dos presidentes da Câmara, Senado e do STF façam a interlocução deste processo de retomada da estabilidade política.

Criticar essas pessoas que detém o poder é apenas um “desabafo”. As redes sociais estão repletas de críticas desde as mais inusitadas as contundentes a Dilma, Cunha, Renan e o próprio STF.

Atores medíocres, “papagaios de pirata” aproveitam o momento, para ganhar visibilidade com declarações de impacto.

São pré-candidatos a eleição para prefeito, vereador, deputados e querem com isso ganhar lastro para sua reeleição, e os ministros que desejam ardentemente entrar para a história, ministros, se não como brilhante e notável jurista, ao menos como figurão falastrão.

Que país é esse? Em junho de 2013, jovens ávidos por mudanças foram às ruas para protestar contra tudo que está ai, naquela histórica noite ao meu lado uma faixa estampava: “Vocês não nos representam”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário