Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Dilma e Lula, desastradamente, favorecem a apresentação do segundo impeachment, depois de "resolvido" e "decidido" o primeiro

HELIO FERNANDES

José Eduardo Cardoso foi competente, convincente, até comovente, na tentativa de destroçar e até derrotar o impeachment. Sucesso total no primeiro objetivo, incerteza no segundo, que depende de muitos outros fatores.  Intercalou a fala improvisada, (magistral) com a leitura do texto preparado por 4 juristas e 2 economistas. (Irrefutável). Poderia ter acabado em 20 minutos. (O Jornal Nacional falou em mais de 2 horas. Ora, a contagem do tempo não pode ser medida por estimativa e sim por cronometragem. Liguei o relógio quando começou, ás 17,16, desliguei quando acabaram, 18,56. Se o tempo é importante, importantíssimo, sobrou amadorismo geral).

O Advogado Geral quis mostrar que conhecia o assunto. E demonstrar impressionante capacidade de comunicação. Conseguiu as duas coisas. No final foi cumprimentado e abraçado pelos principais lideres  e defensores do impeachment. Isso não vale objetivamente, provavelmente não ganhou 1 voto sequer. Mas direcionando fogo aberto e violento contra Eduardo Cunha, preocupou todos os adversários. Pois deixou bem clara a estratégia que seguiria e confirmou. No discurso e mais tarde em entrevistas: defenderá a nulidade, desde o inicio, de todo o processo contra a presidente. 

José Cardoso sabe de ciência certa que não pode contestar o resultado nem refutá-lo depois da votação. Não teria a menor chance. Mas tem enormes possibilidades de vitoria no Supremo, não só argumentando de forma jurídica, econômica, financeira e até política. Mas juntando a esses elementos técnicos impressionantes, a demonstração da falta de ética, de dignidade, credibilidade, de respeito publico, popular e parlamentar para que Eduardo Cunha seja o autor,principal coordenador e articulador do impeachment.

O Advogado Geral reconheceu que a Constituição determina que caiba ao Presidente da Câmara abrir ou arquivar esses processos. Mas não um presidente acusado dos maiores atos de corrupção da nossa historia. Contestará então a qualificação de Eduardo Cunha, e a impossibilidade dele iniciar e comandar um processo de impeachment. Ele não está apenas sendo investigado ou indiciado num processo sem maior importância.

E quem tomou essa decisão, foi o próprio Supremo.  E como o Supremo pode negar essa alegação e evidencia, se foi o próprio Supremo, por UNANIMIDADE, que transformou o presidente da Câmara nessa condição humilhante e criminosa, que resultará fatalmente em condenação?

E mais, que será alegado pelo Advogado Geral da União, mas tem que ser imediatamente: o Presidente da Câmara está com o dedo no gatilho de outra denuncia contra a presidente Dilma. Ou seja, decisão de novo processo de impeachment, se o atual for derrotado ou mandado arquivar pelo Supremo.

Trata-se do pedido de impeachment protocolado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e que Eduardo Cunha guarda para uma eventualidade. Enquanto isso, conversa com os advogados, que são contestados internamente e chamados pejorativamente de "parceiros de Eduardo Cunha”. O  Supremo recompõe a situação,ou Eduardo Cunha permanece explorando um principio constitucional,tendo perdido a credibilidade, a respeitabilidade,  a dignidade para ocupar o cargo que exerce, e é ao mesmo tempo o senhor da permanência  de qualquer presidente no poder.

Petrobras, petróleo e combustível

È lógico, não está havendo mais aquela roubalheira assombrosa, sobre a qual ninguém sabia ou desconfiava. Essas empresas viciadas e contaminadas em corrupção,estão negociando o tal acordo de "leniência".Um perigo, apesar de defendido por Lula.Todo cuidado é pouco.Mas a atual administração não está merecendo elogios. Lenta e despreparada, só agora parece querer agir. Custou a equilibrar o numero de funcionários. E teve que demitir muito, o que prova que alem da corrupção, havia flagrante má gestão. E está vendendo ativos, num momento  que não é o de vender.

È atingida também por crise no setor de comodites. O preço do barril despencou, as aparências de recuperação se esvaíram. Eu mesmo venho revelando conversas de grandes produtores, que admitiam o barril a 60 ou até 80 dólares no final do ano. Contestei. Mas na quinzena passada, chegou a 45 em Nova Iorque. Só que ontem já estava a 35, decepção. E novamente o problema dos combustíveis. Dona Dilma afirmou publicamente: "Se a empresa achar que é necessário, pode reduzir".  A palavra não é necessário, e sim indispensável. Para o cidadão, seria ótimo. Para a empresa, será?

A reforma ministerial e a intimidação na votação do impeachment

Estou falando sobre a decisão no plenário, e não sobre o que acontecerá na Comissão, na próxima semana. Antes, portanto do plenário. A presidente tem como trunfo a distribuição de cargos, que se chama também de troca-troca. (Está embutido no esdrúxulo e extravagante sistema pluripartidário) A presidente está conversando no Planalto, praticamente não sai de lá.

Tomou uma decisão, obrigatória. Divide os cargos,mas só entrega depois, se ganhar. “Pelos acordos feitos", o Planalto acredita que ganha. E ela não pode deixar de atender ou "desnomear". Precisa dos deputados para governar, o que não fez até agora. Mudou o roteiro, e nomeou o presidente do DNOCS, tão importante quanto um ministério.Não é parlamentar,mas deve ter influencia sobre parlamentares.

Do lado dos defensores do impeachment, duas preocupações. 1-Os deputados do PSDB, que acreditam que a posse de Temer, prejudica o partido, no plano nacional, mas também na eleição municipal de outubro. 2- A possível abstenção em outros partidos menores. O PSDB não tem a menor confiança em Temer. Muita gente na suposta oposição sabe disso, pode se sentir influenciada, pelo menos a não comparecer. Tem havido encontros com empresários atuantes e generosos.Isso pode produzir auxílios e contribuições. A abstenção preocupa. Precisam de 342 votos em 513. Se votarem só 500, diferente. Já fiz esse calculo, é elucidativo.O resultado no plenário em aberto, no momento incógnita total. 

Lula errou uma, acertou outra

Falando demasiado, afirmou: "Tomarei posse como ministro, quinta-feira", que seria amanhã. Contestei, garantindo: Gilmar não estaria presente nem quarta nem quinta. Portanto só na semana que vem, ele é o relator, não podem votar sem ele. Quanto ao mérito: a questão tem sido muito discutida por causa do voto libelo contra o ex-presidente. Gilmar não é adorado pelos colegas, mas respeitado pela combatividade e fundamentação dos votos. Ontem me diziam: a posse de Lula no momento está 4 a 4. Excelente informante, mas a questão, polemica, controversa, complexa.

Nesta, Lula acertou em cheio: não agrediu Temer, apenas disse publicamente, "Temer você devia disputar eleição”. Era um recado e não uma agressão. Como tem pânico de debate, o vice pediu licença, explicou: "È para evitar debates desnecessários".  Restabelecendo a verdade: o vice que luta pela promoção, não por mérito e sim por antiguidade, considera que não é hora de enfrentar o ex-presidente, que segundo ele, "não tem nada a perder.

PS- depois que passou de falso conciliador a verdadeiro conspirador, os tempos, politicamente, não estão magnânimos e generosos com o vice. Segunda feira, Waldir Raup lançou publicamente a proposta de eleições diretas para presidente da Republica e vice. Muita repercussão no PMDB, mostrando que o partido "desembarcou" do vice, depois do fracasso da sua estratégia e do "efeito manada”, que ele garantiu que aconteceria.

PS2- O senador queria continuar vice, Temer não aceitou, dizendo , “o Romero Jucá é mais combativo”. Temer não quer eleição de jeito algum, o que na verdade só acontecerá se o TSE cassar a chapa com Dona Dilma . O pânico e decepção para Temer: se o impeachment for aprovado, ele assume e pode ser cassado a partir de maio, quando haverá mudança profunda no TSE.

PS 3- Ontem, às 2 da tarde o Ministro Marco Aurélio Mello atendeu um pedido de impeachment contra o vice presidente da Republica. Eduardo Cunha, intimissimo,  já mandara arquivar . O Ministro determinou a criação imediata de uma Comissão para examinar e decidir a questão. Importantíssimo: essa decisão, que terá que ir ao plenário, poderá influenciar o impeachment da presidente. No recurso que será impetrado pelo Advogado Geral da União.
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