Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Desesperado, Lula foi conversar com Delfin Neto, o maior subserviente da ditadura.

HELIO FERNANDES

Nenhum civil serviu mais os generais torturadores do que ele. É autor do conceito reacionário: "Primeiro temos que deixar o bolo crescer para depois distribuí-lo". No primeiro mandato, Lula distribuiu o bolo imediatamente, é até hoje o seu grande sucesso. Colocou milhões das classes C, D, E na linha da vida, passaram pelo menos para a ilusão de que tinham direitos, principalmente o de não morrer de fome.

Em 2010, Lula cometeu o maior erro ou equivoco, entregou a presidência a quem não tinha condições de ser apenas vereadora. 

Tudo o que está acontecendo ou que aparece com ares de catástrofe, tem que ser colocado na conta negativa de Dona Dilma. Amigos e interlocutores do ex-presidente, não escondiam: seriam apenas 4 anos, ele estaria sempre por perto e em 2010 voltaria ao poder. Esse era o acordo, que ela rompeu ambiciosamente.  

Surpreendidíssimo, o presidente foi comunicado que se quisesse ser presidente novamente, só em 2108. Furioso e revoltado, lançou o "Volta Lula", despejou todo o arsenal de palavrões, não adiantou nada, tudo dependia dela. Começou então a inimizade entre eles, cada vez mais irrecuperável. A ponto de Lula estar conversando com o "mestre", sem autorização dela. Aliás, Delfim foi conselheiro de Dilma, afastado por incompetência.

Com subserviência, carreira portentosa.

Em 1965 foi Secretário da Fazenda de São Paulo. No intervalo da jogatina de pif-paf, Costa e Silva gostava de fazer amigos. Um deles foi Delfin Neto. Quando deixou o comando do Segundo Exercito e foi para Brasília, levou Delfin Neto, logo nomeado Ministro da Fazenda, Delfin foi Ministro da Fazenda durante 7 anos, de 1967 a 1974, acreditava que continuaria.

Mas Geisel tinha horror a Delfin, nomeou outro, sem sequer falar com ele. Atônito, decidiu que seria "governador" entre aspas de São Paulo, governador de São Paulo é quase presidente. Mas os generais também sabiam disso. Vetaram sua candidatura. 
Surpresa e confusão total.

Os generais que pretendiam transformar o golpe em revolução, ficaram meio assustados. Surpresa, tumulto e confusão. Alguém sugeriu que uma boa solução seria mandar Delfim Neto para o exterior. Lógico, para uma embaixada. Como a da França estava vaga, falaram com o Presidente Geisel. Ele resistiu mas acabou concordando.

E a partir de 1975 o Brasil passou a ter um embaixador quase monoglota. Não falava nada de francês. E arranhava o inglês da universidade. Mas achou genial. A embaixada ficava na margem direita. Mas ele montou uma casa fantástica na margem esquerda com festas suntuosas e diariamente. Os "amiguinhos" da festas inesquecíveis do bistrô estavam sempre presentes. Em 1978 considerou que o regime estava acabando e ele precisava voltar para o Brasil. Voltou.

Quando chegou ao Brasil, Figueiredo já havia sido nomeado "presidente". Delfin era muito amigo do coronel Andreazza que por sua vez era intimíssimo de Figueiredo.

Delfin pediu a Andreazza para falar com Figueiredo e nomeá-lo ministro. Andreazza falou com Figueiredo que respondeu: "você demorou a falar, eu agora só tenho o ministério da agricultura". Andreazza respondeu: "isso ele não vai aceitar". Reposta de Figueiredo: "aceita, ora se não aceita." Andreazza falou com Delfin e ficou surpreendidíssimo com a resposta positiva. 

Delfim sabia que o ministro da fazenda Mario Henrique Simonsen estava demissionário e não teria outra solução a não ser colocá-lo como substituto. Não aconteceu outra coisa. Mario Henrique estava chateado no ministério e recebera um convite para ser diretor geral do Citibank. E Delfin foi nomeado.

Ficou vários anos, mas não tinha futuro à transição estava sendo feita por personagens que não gostavam dele e lutavam ferozmente pela prorrogação da ditadura.

Agora, com todo esse passado, Lula chama Delfin para salvar o país. 
Que país é esse, Francelino?

Sem mesmo falar com Dona Dilma, Delfin aos 87 anos, enche os jornais e as televisões de declarações auspiciosas. Levou a sério o pedido de Lula, mas hoje ele não tem nenhum poder.


Dependendo do que acontecer, Lula poderá renascer em 2018. Mas isso é pura adivinhação. A esperança de Lula está na fragilidade dos possíveis ou supostos adversários.
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