Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Temer: ilegítimo, interino, provisório, incerto e sem comando, trocou os notáveis pela patuléia do Congresso, não consegue nem escolher os lideres

HELIO FERNANDES

Ninguém duvidava: o governo (?) Temer seria difícil, teria que enfrentar terríveis problemas .Gerado e surgido das catacumbas e dos subterrâneos da conspiração e da traição, teria vida insólita e insolúvel no Planalto. Mas mesmo os que foram derrubados não acreditavam que os obstáculos fossem dessa maneira intransponíveis.

E que surgissem com tal velocidade. O agravamento, culpa e responsabilidade do próprio presidente entre aspas.

Logo no inicio foi delegando poderes, principalmente no setor mais importante e fundamental, o econômico. Chamou Meirelles para conversar, afirmou que não acontecera mais do que isso. Mas o economista carreirista, saiu do Jaburu como Ministro da Fazenda ungido, sagrado e sacramentado. Interino e provisório, Temer, antes mesmo da posse, já estava ultrapassado.

Tudo que passou a acontecer a seguir, consequencia. Ruinosa, dramática, ultrajante em matéria de liderança,mas consequencia.  Decidiu que os problemas da presidente Dilma surgiram e se complicaram pela falta de maioria no Congresso, "mas comigo não se  repetirão", como insistiu e não  desistiu. Resolveu fazer modificação, que ele mesmo considerou genial.

Usou a rotina do parlamentarismo, fez os acordos com os lideres dos partidos e não com deputados e senadores. E estes então eram indicados, ele tem um ministério de desconhecidos, não só para o publico, mas até para ele mesmo.

Reservou 4 ou 5 cargos para serem preenchidos pessoalmente, os problemas começaram por aí. Não poderia nomear Ministro da Justiça o violento Alexandre de Moraes, teve que execrá-lo e desmenti-lo publicamente. O Ministro da Saúde, surgido ninguém sabe de onde, afirmou que iria reduzir o SUS, "é muito grande".

Todos sabem que o SUS precisa ser aumentado, é imprescindível. Nova reprimenda publica, deveria ser demissão irreversível, talvez retomasse alguma autoridade. Não seguramente, falta liderança, sobra empáfia e a avidez por elogios.

Mas o mais grave dos erros,equívocos e exagero da "carta branca" que recebeu, veio do Ministro da Fazenda. Na televisão, exagerou, mas comunicou: "Se for necessário aumentaremos os tributos". Fez a ressalva, “eu sei que a tributação está alta". E continuou, dando o nome a essa providencia: "Será a recriação da CPMF". È carreirista ambicioso, pode ser economista experiente, mas é provadamente imprevidente, inconsciente e imprudente.

Falar em CPMF, demonstração de que não sabe nada de coisa alguma. (A não ser o que acumulou no Banco de Boston, aplicou no Conselho de Administração do JBS, utilizou na presidência do Banco Integral da Internet. Nada a ver com o Ministério da Fazenda de um país em frangalhos, que precisou substituir um presidente eleito por outro.  Apenas vice, que se julgava, acho que não se julga mais, a inesquecível "salvação nacional").

 A volta da CPMF, exclusividade de Meirelles, provocou protestos irritados de dois setores fundamentais. 1- O telefonema do presidente da FIESP para Temer, "CPMF, nem imaginar". Publicado aqui com exclusividade, um susto de longe para o presidente interino. 2- Depois, por causa da mesma afirmação infeliz de Meirelles, outro susto, este de perto,quando foi conhecer ministros-deputados, que nomeou sem conhecer. “Apertavam as mãos e todos repetiam com a mesma ênfase: ”A CPMF não passa na Câmara de jeito algum".

Depois de se julgar vitorioso com a posse no Planalto, mas sem o Alvorada, Michel Temer acumula derrotas. Transferiu a Previdência para o Ministério da Fazenda, mas está negociando com o Paulinho da Força. Como compreender ou comentar uma concessão como essa?

Haja o que houver, não haverá vitoria. Em matéria de projetos, os mais acelerados, se forem aprovados, entrarão em vigor a partir de janeiro. Pela modificação da legislação, o Tribunal de Contas tem 6 meses para examiná-los. Ainda bem, são todos de "redução do Estado". Leia-se: privatizações- doações.

Alem do mais, ninguém sabe onde estará, decorridos 6 meses, o presidente interino- provisório. Mesmo que tenha sido efetivado pelo julgamento do Senado, nada surpreendente, nenhuma alegria para o sofrido povo brasileiro. Cada vez que me aprofundo nos meandros e igarapés do TSE, mais me decepciono. È visível, publica e notória a minha crença e confiança no julgamento dessa alta corte eleitoral. Vai se esvaindo. Que tristeza.

Não lembro de ninguém que tenha traído tanto o destino e o futuro quanto José Dirceu

Acabara de se formar em direito, começou a resistência contra a ditadura dos generais. Preso infantilmente, foi salvo pelo seqüestro genial do embaixador dos EUA. Os generais acreditavam que podiam tudo, mas tiveram que libertar e conceder passaporte a muitos presos, entre eles Dirceu.

Cometeu erro tremendo indo para Cuba, se formar em guerrilha. Devia ter ido para a Europa ou EUA, aprimorar sua formação. Em 1979, com a farsa da "anistia ampla, geral e irrestrita", voltou para o Brasil, se juntou a Lula, seria o que pretendesse.

Participou com destaque das quatro campanhas presidenciais. Três derrotas, e finalmente a vitoria, seria o que quisesse. Escolheu Ministro Chefe da Casa Civil, o 
mais importante e poderoso. Não havia duvida, seria presidente da Republica, sucessor de Lula. Mas ainda no primeiro mandato, se meteu no mensalão, condenação dura. Já estava em prisão domiciliar, enquadrado na Lava-Jato, preso, investigado, denunciado.

E ontem condenado a 23 anos de prisão em regime fechado. Cabe recurso, perderá. Com a nova determinação do Supremo, ficará o resto da vida preso. Inacreditável. Que desperdício. Poderia ter entrado para a Historia. Cumprido até o que se esperava dele. Trocou o símbolo e a resistência por uma conta bancaria mais suculenta.

Eduardo Cunha indica o líder do governo interino de Michel Temer

Todos já sabiam que André Moura, do PSC de Sergipe, seria o líder do governo na Câmara. Aparentemente havia disputa entre Rodrigo Maia, candidato de Michel Temer e André Moura, apoiado pelo antigo presidente da Câmara, A escolha estava marcada para ontem, 17 horas. Mas ás 13 horas, o ainda candidato, no plenário da própria Câmara, anunciou: “Sou o líder do governo, fui convidado pessoalmente pelo presidente Temer".

È impossível desmoralização maior. Temer é presidente interino e provisório, consequencia de uma conspiração arquitetada por ele e como único beneficiário.Mas os que acreditam nisso, completamente enganados. Eduardo Cunha, corrupto, expulso da presidência da Câmara por decisão do Supremo, manda mais do que antes. Os casos são inúmeros. Só que derrotar o presidente da Republica, mesmo provisório, não é para qualquer um.

André Moura responde a processo no Supremo. E é acusado por tentativa de homicídio. Nada que impeça qualquer nomeação. No "Vestido de Noiva", a primeira e a grande peça teatral de Nelson Rodrigues, existe um notável personagem, identificado como "homem inatual". Neste momento da vida política e partidária do país, nomear alguém sem qualquer imputação ou acusação criminal, só pagando royalties ao nosso maior dramaturgo. Estarão revivendo o "homem inatual".

Mas Eduardo Cunha, ontem não ficou só nessa vitoria. Manteve Waldir Maranhão como presidente da Câmara, mesmo provisório. Por que Cunha iria abandoná-lo, se foi ele que o elegeu vice presidente da Câmara? Quem acredita que Maranhão resiste sozinho, que distancia da realidade.

O imprudente e conivente defensor de Cunha, o deputado Pauverley Avelino, não fez por menos. Advertiu: "Cunha está se arriscando com toda essa movimentação". Não falou, mas o Supremo pode mandar prendê-lo pelas atividades indevidas e proibidas que exerce.

Ministério da Cultura 

 Renan contou ontem, publicamente: "Procurei o presidente Temer para propor a recriação do Ministério da Cultura”. Não falou mais nada, fui apurar.Realmente houve conversa entre os dois,como contou  o presidente do Senado.Temer perguntou como se faria.Resposta de Renan: "Você manda Medida Provisória, garanto aprovação imediata". Temer com aquele ar entre presunçoso e displicente, respondeu: "Não dá mais tempo". Logo que surgiu a noticia desastrosa, apareceu o nome de Adriana Rattes. Do setor, já foi secretaria, Diretora do Teatro Municipal. Competente, dedicada, apaixonada por cultura. Não aceitaram.

Eletrobrás

As ações da empresa tiveram os negócios suspensos ontem, em Wall Street. Motivo: irregularidades e dividas de bilhões. Negociáveis, no capitalismo tudo é negociável. O presidente da Eletrobrás telefonou para o Secretario do Tesouro, pedindo ajuda. Resposta: "Tenho que pedir autorização ao presidenteTemer, o Tesouro é subordinado diretamente a ele". Voltou, informou: "o presidente nem quis conversar".

O que Temer não disse a ele: a Eletrobrás é uma das empresas incluída no pacote de "redução do tamanho do Estado". Faltou também o balanço auditado. Por que a recusa da auditoria? Prejuízos enormes com a Lava-Jato.

PS1- O Supremo devia cuidar da sua reputação. Ha dois meses revelei: o Ministro Gilmar Mendes em maio, será presidente do TSE. E a Ministra Rosa Weber passará a fazer parte do mais alto tribunal eleitoral do país.

PS2- O TSE tem sempre 3 membros do Supremo. Ontem, o presidente Lewandowski mandou distribuir cédulas, "vamos eleger o ministro que representará o Supremo no TSE".

PS3- Recolhidas as cédulas, o presidente comunicou: "Meus parabéns, foi eleita a Ministra Rosa Weber". Ora, se eu publiquei a sua escolha ha 2 meses, como pode ter sido "eleita" ontem. Todas as escolhas no Supremo, ocorrem por rodízio.


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