Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Aprovada a deplorável meta fiscal, nova gravação de Sergio Machado com Renan, desvendando o golpe que levou Temer ao poder

HELIO FERNANDES

Ontem eu terminava: as medidas provisórias, 34, "limpariam" a pauta por volta da meia noite, sobrava à madrugada para examinar a meta fiscal. Rigorosamente exato. Depois de 16 horas, uma prodigalidade de Renan Calheiros. Ninguém, nem o presidente do Senado imaginava, que poucas horas depois seria o personagem do dia. Como foi o também senador Jucá na segunda feira.

Só que Renan não se transformou em manchete escandalosa desta quinta feira e do fim de semana, pela generosidade com Temer e sua melancólica e lastimável forma de governar. A Folha estaria nas ruas a seguir e Renan na rua da amargura. Pela precedência no tempo, comecemos com Temer e sua meta derrubadora. Passaremos depois para a gravação Sergio Machado-Renan Calheiros, Sergio-Sarney.

Para aprovação na própria terça, foram quebrados todos os ritos, protocolos, exigências regimentais. Era obrigatório o exame pelo menos por 3 Comissões, principalmente a de Orçamento. Renan comandou pessoalmente a violação, rompeu tudo, determinou: "A matéria será votada diretamente pelo plenário, o país exige isso". A oposição gritou, protestou, combateu, não adiantou. Lembrei de Nereu Ramos em 1945, como relator, na constituinte.

Era a Comissão dos 37, muita oposição. Mas o PSD tinha numero, ele batia na mesa, gritava: "Maioria é maioria, e estamos conversados". (Mocissimo, cobria a constituinte para a revista O Cruzeiro, meu primeiro trabalho importante, lembro perfeitamente).

Antes de mandar a meta-mensagem, Temer teve um rompante, estava nascendo na época de Nereu, mas repetiu seu gesto. Com a mesma batida dura na mesa, duas afirmações. 1-"Não tenho medo de bandido, fui Secretario de Segurança". (Não lembrou dos 111 mortos). 2-"Sei governar". A primeira indireta, pode atingir muita gente. A segunda desmente a ele mesmo.

Cortar desabaladamente verbas de educação e saúde, não é governar. Insensivelmente atinge milhões de pessoas. Que não poderão estudar, ou morrerão sem assistência medica. São desprezados hoje, abandonados para sempre.                            

Indiretamente na meta fiscal, e varias vezes afirmadas pelo Ministro da Fazenda, o aumento de imposto fica sobrevoando os pais. Não como viabilidade ou possibilidade e sim como realidade. Criar imposto,entra e cabe muito bem na afirmação ameaça de Temer: "Eu sei governar". A reforma da Previdência, tida e havida como solução pelos que assaltaram o poder, foi jogada para "mais tarde". È curioso mas também desastroso.

A cobrança de 100 bilhões do BNDES, é farsa dupla, tentativa de enganação da opinião publica. Mesmo que fosse recurso verdadeiro, seria devolvido ao Tesouro em 3 partes. 40 bi, no fim deste 2016, 30 bi em 2017, outros 30 em 2018.

Se Temer não sabe o que acontecerá com ele agora,quando poderá inesperadamente deixar de ser provisório, o que dizer ou planejar para 2 anos e meio adiante. Não quero nem examinar a posição dele e de Meirelles em relação á DIVIDA PUBLICA, calamitosa, desastrosa, criminosa. È muita coisa apenas para um dia.

A oposição teve que votar apressada e tumultuadamente, praticamente sem conhecer o projeto. Os que tomaram o poder sem voto e longe do povo, foram os mesmos que aprovaram o que chamaram de medidas "excepcionais mas indispensáveis". Nenhum senador mudou de lado. Apesar do escândalo e da demissão Jucá, foi ele o coordenador do que chamaram de "belíssima vitoria". Foi assim que rotularam o resultado da mistificação. Precisarão de outras.

Sem demora e antes que o povo descubra que está sendo enganado. Esperamos que o TSE cumpra o seu dever, vote a cassação da chapa Dilma -Temer e convoque eleição direta.Seria devolver á comunidade o poder de escolher o dirigente máximo do país.

Machado grava o "padrinho" Renan, tenta "puxar" o ex-presidente Sarney, mais 5 senadores conversaram com ele

O conluio com Jucá foi tão retumbante que o Ministro não resistiu 24 horas. Encenaram a farsa do "licenciamento", a mistificação da consulta á Procuradoria, Temer precisou esquecer que está no Planalto por causa da atuação do amigo e notável coordenador. Finge que sofre pelo descaso e desprezo que tem que impor a Eduardo Cunha.

Mas aceita e referenda todas as suas indicações. Sabe que o corrupto ex-presidente da Câmara, está usufruindo mensalmente de 604 mil reais do dinheiro do contribuinte, atua para que sua remuneração ilegítima e desonesta continue sendo paga.

Todas as conversas de Sergio Machado foram planejadas. Antes do impeachment, para fortalecê-lo, consolidá-lo. E promover o vice, elevá-lo á condição de presidente. Provisório, mas presidente. Esses eram os objetivos públicos. Mas também prioritário, indispensável, "pensado” inicialmente para manter a liberdade.

O que está fartamente demonstrado na gravação: a destruição da Lava-Jato. Dois terços da conversa,apresenta lista de sugestões para "nos livrarmos desse terror,que liquidará a todos". E ainda reforma o plano, acrescentando: "Ninguém se salvará. Pertenci 10 anos ao PSDB, todos estarão incluídos".

Ao mesmo tempo em que esgotava sua atividade para levar Temer ao poder (dizendo horrores da presidente) trabalhava intensamente para se salvar individualmente. Deixa claro nas gravações, o pânico da prisão (mesmo que fosse ou seja de 1 ano ou 2 como diz explicitamente), se movimenta arduamente para garantir a delação premiada.Faz contatos proveitosos, inicia simultaneamente roteiro de visitas a senadores.Tendo exercido o mandato por 8 anos, fez grandes amigos. Só tinha e tem um inimigo declarado, Tasso Jereissati.

Vai visitando os mais íntimos, sempre com o celular no bolso.

Alem de Jucá, Renan e Sarney, me dizem que gravou mais 5 senadores, todos com mandato. Foi juntando dados e elementos sobre todos. Isso antes da consumação do impeachment. Só depois da posse de Temer, acertou a delação. Agora consumada e homologada pelo Ministro Zavascki. E o ultimo ou penúltimo capitulo: a publicação-revelação de tudo. Foi à parte mais fácil, jornalisticamente é irrecusável.
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Renan ficou surpreendidissimo, telefonou cobrando e reprovando a deslealdade. Teve cuidado, o telefonema foi curtíssimo. Leu "300 vezes” as gravações, não achou comparação com a conversa de Machado - Jucá. Ficou em duvida com os trechos em que fala sobre a Lava-Jato. Principalmente quando diz que apresentará projeto, "proibindo que preso faça delação".  Se convence que pode explicar como "convicção". Lamenta que tenha dito, que isso é fundamental para as investigações. Mas não entrou em desespero, nem está intranqüilo.

Sarney não foi atingido, nem de longe é citado, investigado indiciado pela Lava-Jato. O fato de ter dito, a "Odebrecht vem com metralhadora ponto 100", apenas informação. Como ex -presidente da Republica e 60 anos de vida publica, sabe muito. E um ponto nitidamente a favor dele: quando Sergio Machado sugere um "encontro de nós dois com Jucá e Renan", o ex-presidente recusa imediatamente. De qualquer maneira, o ex-presidente da Transpetro parece ter conseguido o objetivo que comandou toda a sua atuação: não ir para a prisão.

O Ministro da Educação ainda não foi demitido?

PS- Quando o ex-"governador" Mendonça Filho, foi nomeado para a "pátria salvadora", registrei a perplexidade do país inteiro. Ninguém entendeu. Ele não tem ligação nem remota com o assunto.

PS1- Pois ontem, ele foi permanente personagem das redes sociais. Motivo; recebeu demoradamente no gabinete, o ator pornô, Alexandre Frota. Qual a razão da audiência? Alem de pornô, ficou famoso por uma demorada e publica trilogia sexual, com uma atriz famosa e um humorista supostamente notório.  Excelentíssimo Ministro, estaria projetando uma novela "educacional"?


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