BOLSONARO O INVENTOR
DA 'GRIPEZINHA'
HELIO FERNANDES
TANTAS FEZ QUE ACABOU POSITIVO. E AGORA TOMA UM REMÉDIO
VETADO POR TODOS OS MÉDICOS E HOSPITAIS DOS EUA. E FAZ
PROPAGANDA DESSA INUTILIDADE, DESAFIANDO A OPINIÃO PÚBLICA, 'REMÉDIO' DIANTE
DE DE UMA REDE SOCIAL. ASSUSTADOR.
AS FORÇAS ARMADAS E O
SUPREMO.
O EXERCITO,SILENCIOSAMENTE AGRESSIVO, ALTANEIRO E PODEROSO,
DOMINANDO SEM SE EXPOR.
O SUPREMO, POR UM DOS SEUS MEMBROS, GILMAR MENDES, TEVE QUE SE ARRISCAR.
NO DEBATE. TIDO COMO PROVOCADOR. MAS AGORA A DEMOCRACIA NÃO
ESTÁ APAVORADA OU DERROTADA.
Reprise:
Fidel: símbolo de uma Era e de uma
Revolução, sem nenhuma duvida um ditador irrecuperável.
No fim do dia 31 de dezembro de 1958, praticamente na madrugada de 1959,
um personagem chamado Fidel Castro, começava a entrar na Historia. Morrendo
ontem aos 90 anos, eterniza essa permanência, é lembrado para sempre. Morre mas
não desaparece. Pelo contrario, fica em evidencia, garante a relevância e a
reverencia que muitos lhe negaram em vida. Mas sempre foi ditador, adorava
o poder incontestável e
incontrastável.
Combatido,
temido, respeitado, consagrado, insultado, violento, sem fazer concessão a
ninguém, dominando uma pequena ilha, conseguiu colocá-la no mapa do mundo e não
apenas geograficamente. Embora não tenha obtido o sucesso político que
esperava, foi o grande revolucionário de uma época.
Logo nos
primeiros tempos, no dificilimo1959, conquistou a admiração do mundo. Ele e Che
Guevara, centralizaram as atenções do mundo, embora projetassem caminhos
diferentes. Seus roteiros de vida eram igualmente revolucionários, mas tinham
temperamentos, personalidades e objetivos, completamente diferentes.
Fidel
Castro queria libertar Cuba. Che Guevara pretendia libertar o mundo.
Em 1960,
candidato a Presidente, Janio vai a Cuba
Oportunista,
sentindo a popularidade crescente de Fidel. Favorito para a eleição do final do
ano, em março Janio vai visitá-lo. Freta um avião, leva 30 pessoas. 24
jornalistas. Ele e Dona Eloá. Adauto Cardoso, que pretendia ser Ministro da
Justiça, e não foi. Afonso Arinos de Mello Franco, candidato a Ministro do
Exterior, e o primeiro a ser nomeado. Ficamos lá 9 dias, como sempre
em todas as viagens, escrevia diariamente.
1959, um
ano dificílimo, precisava fazer varias coisas ao mesmo temo. Faltava tudo,
desde transporte a alimentação. Nesse 1960 em que estivemos lá, já existiam os
embargos americanos, os culpados de tudo. Mas andávamos nas ruas, sem
segurança, era aplaudido, apesar das prisões já estarem lotadas, e o
fuzilamento ser uma regra cruel mas insistente. Os fins de noite eram invariavelmente
na embaixada do Brasil.
O
relacionamento diplomático era excelente. O embaixador do Brasil, Vasco Leitão
da Cunha, do primeiro time do Itamarati, logo depois Ministro do Exterior. Em
1964 os ditadores que tomaram o poder aqui, romperam relações. Nada mais
compreensível. Se dizendo anticomunistas, não podiam ter relacionamento com
ditadores comunistas (idem, idem com a União Soviética).
Inexplicável
e inacreditável: a ditadura dos generais torturadores acabou em 1979. Mas o
primeiro embaixador em Cuba, só chegou lá em 1999,20 anos depois. Por acaso,
foi uma grande figura, Luciano Martins, sociólogo, escritor, exilado em Paris
durante a ditadura. Mas foi embaixador em outra ditadura.
Fidel: o
fazedor e o brigador com amigos
Assumiu
com 70 por cento de analfabetos, em 5 anos, não existia mais nenhum. Também
impossível saber como conseguiu construir 8 famosos Hospitais-Universidades,
iguais aos melhores do mundo. Com 10 anos no poder, existiam médicos cubanos,
praticamente em todos os continentes. Incluindo o Brasil.
Mas não
respeitava nem os amigos. Meses depois de chegar ao poder, um dos melhores,
mais íntimos e mais brilhantes, Camilo Cienfugos, desapareceu. Nunca foi
encontrado, mas se soube: Fidel mandou jogar o amigo no tumultuado mar entre
Cuba e a Florida.
Seu
relacionamento com Che Guevara, era diário. Mas as divergências também.
Nomeou Guevara Presidente do Banco Central, como se ele fosse um Meirelles
qualquer. Revolucionário verdadeiro, se considerando obrigado a salvar o mundo,
só pensava em deixar Cuba, se entregar á luta, em vez de ficar fechado num
escritório. Fidel pressentia isso, ficava preocupado. A seu modo, gostava de
Guevara. Mas surpreendentemente tinha inveja do amigo.
Não
demorou muito, num congresso em Roma, encontrou com o jornalista Jean Jaques-
Servan Screibe , diretor proprietário de um semanário mais importante da França
.Já tendo decidido seu destino, resolveu fazer humor e confissão. Disse:
"Se despeça de um revolucionário presidente do Banco Central. Fique atento
com as noticias que virão de Cuba".
Guevara
abandona Cuba, Fidel e o passado
Não
demorou muito, Guevara deixou Cuba, quase sem se despedir de Fidel. Durou
poucos meses. Traído, atraiçoado, caiu numa cilada armada por alguns que
considerava amigos. Fidel recebeu logo a noticia, se recolheu a um dos
palácios, tinha vários. Não derramou uma lagrima. Na verdade, Fidel não
chorava, perdão, uma única exceção. Quando a filha pediu asilo nos EUA, sentiu
o golpe, chorou. Não
pela
filha, mas pela repercussão negativa do fato. Para ele pessoalmente e para o
governo ditatorial.
1960,
1961, 1962
Os
embargos, uma ruína. Todo o ano de 1960, foi de desgraça. Em 1961, logo depois
da posse de Kennedy, o ataque militar a Cuba, pela Baia dos Porcos. Estava tudo
preparado, a derrota dos Estados Unidos, estrondosa. Em 1962, numa gravação
aérea, a descoberta de que existiam aviões nucleares se abastecendo em Cuba,
poderiam entrar em ação, a qualquer momento.
Foram
aqueles 15 dias em que as manchetes de todos os jornais do mundo, e as
televisões, estrondavam repetidamente: “O mundo poderia estar caminhando para a
tão temida guerra nuclear”. Que foi impedida no ultimo minuto. Ainda estávamos
longe da Internet, todos acalmaram o mundo ao mesmo tempo.
Fidel não
era comunista
Converteu-se
depois, com a convivência e a submissão á União Soviética, que fornecia tudo
que Cuba precisava, principalmente petróleo. Comunista desde adolescente era o
irmão Raul. A quem teve que passar o governo em 2008, por motivo de saúde.
Nesses tempos, Raul fez modificações importantes, que Fidel não quis fazer por
vingança e insensibilidade.
Tratava-se
da remuneração dos médicos e atletas de vários esportes, que iam para o
exterior, trabalhar. Fidel exigia que mandassem para Cuba, 100 por cento do que
ganhavam. Se não cumprissem, não poderiam voltar ao país. Raul fez um acordo
imediato, e que agradou a todos. Os que trabalhavam no exterior, podiam ficar
com 80 por cento do que ganhavam e mandar 20 por cento para Cuba, tinham muitas
isenções.
Poderia
continuar escrevendo indefinidamente sobre Cuba e Fidel. Um só exemplo: em
1987, o ultimo acontecimento promovido e dirigido por Fidel. Um seminário sobre
divida externa, hoje divida publica, que atingia também Cuba.
Mais de 2
mil convidados, 47 brasileiros, incluindo Lula, que 2 anos depois, seria
candidato a presidente pela primeira vez.
Desses 47
brasileiros, só 2 ocuparam a tribuna. Luiz Carlos Prestes, que não conhecia
muito bem o assunto, levou um texto escrito. E este repórter, apaixonado pelo
assunto, mostrei o perigo para o futuro de todos os países,
"endividados". Agora, 29 anos decorridos, como eu disse, a situação
piorou para todos.
Para
Cuba, o desastre catástrofe do fim da União Soviética, na noite de Natal de
1991. Foi a ultima crise que atingiu Cuba. Fidel estava muito desgastado,
praticamente deixou o país estagnado, passou a viajar pela America do Sul e
Central. Queria implantar um "império comunista", liderado por ele.
Não conseguiu. Morreu respeitado pelo silencio, mas totalmente impopular.
Se
pudesse, iria ler as bobagens exatamente iguais, ditas por Lula e Maradona:
"Ele foi um pai para mim". Ele não foi pai para ninguém, era sempre,
"o comandante". Uma vez escrevi, "desconfio que Fidel dorme sem
tirar a farda, com medo de deixar de ser o comandante".
Dos que
escreveram sobre Fidel, ontem, o único lúcido, sensato, esclarecido, inclusive
porque esteve exilado lá por 1 ano, foi Fernando Gabeira. Perguntou em poucas
linhas ou palavras: "Tantas mortes, tanto exílio, tanta tortura. Tudo isso
valeu a pena?".
Para
Fidel, sempre ditador, uma cremação de estadista. Se não houver pressão ou
constrangimento, no domingo, as maiores personalidades do mundo, estarão em
Cuba. Mesmo repetindo o lugar comum obrigatório: "Fidel será julgado pela
Historia"
O futuro
de Cuba, interna e externamente
Serão 2
anos complicados, 2017 e 2018. Raul garantiu que em 2018, transfere o governo,
não pode voltar atrás. Existem 34 estatais, com presidentes e vários diretores.
Muitos são jovens, podem ser revelações. De qualquer maneira, Fidel deixa uma
herança de atraso. Sem Internet. E os automóveis mais modernos, de 1980. Ou até
mais velhos.
E ainda o
suspense sobre a atitude de Trump. E o acordo assinado por Obama e Raul e
conciliado pelo próprio Papa. Se for mantido, Cuba tem salvação. Mas como
acreditar num homem como o presidente eleito?
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