Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Temer: entre a renúncia, a cassação,
o impeachment, ou a permanência como PERICLITANTE até 2018

HELIO FERNANDES

Os áulicos e acólitos, amealhados e acusados de torpes atos de corrupção, uma tormentosa preocupação: defender o chefe amado, idolatrado, acumpliciado. Como Temer, voluntariamente, pavimentou a estrada que percorreu, para se transformar de vice a presidente indireto, absolvê-lo e mantê-lo, cada vez mais difícil, praticamente impossível.

Ministros, governadores, deputados, senadores, assessores que se julgam poderosos e insubstituíveis, usam intensa e insensatamente o lugar comum criado por Temer, "é a herança que recebeu de Dilma". Perfeitamente compreensível e até aceito sem protesto, em outras circunstâncias.

Se Temer tivesse disputado uma eleição presidencial pelo voto direto, contra Dilma ou até Aécio, que logo o contestou no TSE, mas não resistiu nem desistiu de apoiá-lo em troca de cargos não muito garantidos, tinha todo o direito e até obrigação de vir a publico, revelar e denunciar a massa falida que recebeu.

È assim que funciona a democracia. Mesmo que tenham sobrevivido poucos democratas ou republicanos. Não existe convicção, programa de governo, ninguém é de esquerda, de centro ou de direita. Se defendessem qualquer das posições ideológicas, poderiam ser respeitados.

 Como é o caso de Marie Le Pen, na França, que defende com entusiasmo, sua convicção de extrema direita. Não vai ganhar apesar de acreditar que a vitoria de Trump, reforça sua campanha. Nada a ver, Trump vive num outro planeta eleitoral, habitado por seres como ele. Terroristas da própria sobrevivência, que depois de vencer, não sabem o que fazer com a vitória. Que numa analise mais profunda e isenta, é apenas "vitoria". E ninguém governa entre aspas.

È o caso de Temer. Conspirou deslavadamente contra a presidente eleita e reeleita. Ele e os que o seguiram, tinham como bandeira que acenavam do local privilegiado, o gabinete do vice: "Não podemos conviver com um governo, que desempregou 12 milhões de pessoas". E alinhavam outros itens comprometedores que reforçavam a campanha do impeachment.

Sabiam da situação calamitosa, agravavam com outros dados, repetiam na Câmara e no Senado, sob o silencio dos partidos numericamente mais fortes: "A situação do país é IRRECUPERAVEL". Caminhando e cumprindo o roteiro vergonhoso,retumbam, estremecendo as ruas e revoltando a todos: "Não podemos governar com essa herança maldita". 

Pode ser maldita, mas Temer e seus cúmplices não são herdeiros de coisa alguma, se apropriaram do que pertencia ao povo Ontem, assim que foi aprovada a PEC da "austeridade", como vigora na Europa, temer discursou, de forma arrogante.

Textual, até mesmo torcendo a boca com uivos desprezíveis, proclamou: "Eu tenho coragem. Se não tivesse, ficaria parado, deixaria tudo para quem viesse em 2018, não me arriscaria". 

No mesmo momento, Renan, Jucá, Eunicio, se abraçavam felizes, a liberdade é agradável. Mesmo fugaz e momentânea. Aloizio Nunes, sempre adversário de Temer e agora seu líder, não escondia: "Começamos a atender os 12 milhões de desempregados".

 Das quatro possibilidades que coloquei no titulo principal, duas podem ser afastadas por falta de credibilidade dos personagens. RENUNCIA é um ato de vontade unilateral, a de Temer é de ficar e não de sair.

O impeachment é impensável, embora com muitíssimos motivos. Mas com vários deputados "brigando" pela presidência da Câmara, nenhum dos eleitos tentaria atingir, Temer. A possibilidade com mais fortes razões para se transformar em realidade.

 O TSE, presidido por Gilmar Mendes, desesperança, descrença, decepção. Sobra apenas a manutenção de Temer como periclitante, até 2018. Ninguém acredita nisso mas o que fazer, embora alguma coisa tenha que ser feita.

Renan continua praticando abuso de autoridade. Cai o alto assessor

Depois da aprovação do projeto da "austeridade" da UE, (União Européia) que destrói a economia dos mais diversos países, o presidente indireto, está manobrando e prometendo um projeto que ele considera de "bondades”. Que favorece os ricos e já privilegiados. E beneficia principalmente os que sonegam a vida inteira, e são sempre protegidos. 

Como aconteceu com o Proer, produção de FHC, para salvar os bancos, que se diziam em dificuldades. Querem implantar um novo refis, para os que não pagam os impostos devidos, no tempo certo. Aí ganham mais prazos, menos juros. A Receita Federal protesta: "Isso cria uma espécie de cultura da sonegação, o empresário sabe que o governo é compreensível".

O governo quer fazer media com grupos que podem hostilizá-lo. Principalmente depois do massacre da Odebrecht. Promessas ou tentativas de mostrar trabalho e vontade de ser aplaudido. O que o indireto considera mais importante. Colocar em nível de melhor relacionamento, patrões e empregados, ou o que chama de Reforma Trabalhista. Acontece que isso já foi conversado e vetado pelos trabalhadores, só favorece empresários.

DOM EVARISTO ARNS: O CARDEAL DA HUMANIDADE

Dos maiores personagens com quem convivi. Fomos muito amigos, ele tinha precisamente a minha idade. Resistiu á ditadura, de uma forma pessoal e intransigente, não cedendo em nada aos generais de plantão. O Evaristo Arns, memorável, homérico, inesquecível, representando o que alguém pode ter de mais grandeza, coragem, convicção, está no assassinato e na Missa de Sétimo Dia, do jornalista Vladimir Herzog.

Em relação ao assassinato, nada podia ser feito. Foi um ato de covardia, rotineiro no comportamento deles. E mais desprezível, a tentativa de transformar em suicídio, um assassinato vil e premeditado. Com apoio da família, Dom Evaristo quis fazer da Missa um acontecimento nacional e internacional. Programou para a sua adorada Catedral da Sé.

Os generais vetaram, ordenaram: "Tem que ser numa igreja pequena e distante, pode ser em São Paulo". Sem arrogância, mas também sem concessão, respondeu: "Já programei tudo na minha Catedral, eu mesmo rezarei a missa". Ficaram 2 ou 3 dias insistindo. Não conseguiram nada. Para demover um homem como Dom Arns, só cometendo outro assassinato. Os generais podiam tudo, mas não podiam assassinar Dom Evaristo.

A missa se realizou na Catedral, espetáculo emocionante e indescritível, nas ruas e lá dentro. Nas ruas e do lado, milhares de pessoas, metade militares. Os chamados "atiradores de escol" ocuparam edifícios e residências, mirando a Catedral e a multidão. Inacreditável, mas histórico.

PS- Renan está inteiramente mobilizado para colocar em pauta, o projeto do "abuso de autoridade". Garante que consegue aprová-lo. Como fez na Câmara com apoio de 332 deputados. Outros dizem: "Consegue puta, mas sem votação".

PS2- O alto assessor José Yunnes, acumula a segunda derrota em pouco mais de 1 ano. No final de 2015, foi derrotado para presidente do São Paulo. Ontem perdeu o cargo de conselheiro de Temer.


PS3- mas saiu "acariciado". Temer falou: "Não demora, você estará de volta". Foi levado até o carro, por Temer, Eliseu e Moreira Franco. Preferia ter ficado, não dava.

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