OS PERSONAGENS MAIS IMPORTANTES DO GOLPE DE 64,
FORAM JOÃO GOULART E OS GENERAIS. JANGO QUERIA FICAR NO PODER, OS GENERAIS QUERIAM TOMAR O PODER.
HELIO
FERNANDES
Matéria
reprise - Parte I
A História do Brasil é inundada e conspurcada por golpes e mais golpes.
O primeiro aconteceu em 1889 quando República foi dizimada por dois marechais
cavalarianos, que mal podiam subir num cavalo. Essa República que não é a dos
nossos sonhos se dissipou nos 41 anos do partido Republicano, até 1930.
Aí veio outro golpe a longo prazo, que se transformou numa ditadura de
15 anos, que chamaram de Revolução. Os primeiros sete anos, poder de apenas um
homem (Vargas), pelo menos não havia violência, tortura, prisão, perseguição.
Era apenas preparação para o que surgiria em 1937, o assombroso e cruel
"Estado Novo", com o mesmo Vargas, apoiado e garantido pelos
generais.
Como explico sempre não existe ditadura civil ou ditadura militar, e sim
a conjugação de civis e militares. Uns não podem manter o poder sem os outros,
são aliados sem o menor constrangimento. Pulemos logo para 1960, quando foi
dado o inicio ao golpe de 64.
Nesse ano, pela primeira e única vez, os vice-presidentes eram eleitos
pelo voto direto, junto com os presidentes. Era registrada uma chapa, dois
nomes, o cidadão-contribuinte-eleitor votava duas vezes, no presidente e no
vice.
Jânio Quadros, franco favorito, apoiadissimo pela UDN, teve que aceitar
um candidato da UDN, o responssabilissimo Milton Campos. Queria como vice, João
Goulart, sabia que este faria tudo o que ele mandasse. Coisa que não
aconteceria com um homem como Milton Campos.
Sem caráter, escrúpulos ou convicções, Jânio corrigindo as coisas,
criando o Comitê, Jan-Jan, mandando que votassem em Jango para vice-presidente,
o que aconteceu.
Jânio: posse, véspera da renúncia.
Jânio chegou ao poder em janeiro de 61, começou logo a articulação com
os generais que o apoiavam, para que "conquistasse" o poder sem tempo
sem limitação. Meses depois mandou o vice João Goulart para Cingapura, o outro
lado do mundo, sem nenhum projeto, nenhuma negociação ou acordo com outros
países.
Jango que não era brilhante, mas não tinha nada de tolo, desconfiou da
viagem, mas foi. Quando estava lá, recebeu duas notícias. 1 - Jânio renunciara,
não se sabia onde estava. 2 - Os generais não dariam posse a ele, apesar de ser
vice e o substituto natural, não assumiria. Confusão terrível, os generais
tinham armas mas não tinham popularidade. Tiveram que negociar.
Jango voltou, mas não veio direto para o Brasil, parou em Montevidéu.
Tancredo Neves, que fora Ministro da Justiça de Vargas em 1951, e tinha ficado
intimissimo de Jango,
Ministro do Trabalho, negociou. E os generais para não
perderem tudo, sugeriram o "parlamentarismo com Tancredo de Primeiro
Ministro", o que aconteceu.
(De passagem, esclarecimento para mostrar o péssimo relacionamento
de Jango com os militares, exatamente o contrário do seu mestre e protetor,
Getúlio Vargas. Ministro do Trabalho, em 1952 Jango dobrou o salário mínimo, os
militares não gostaram. Publicaram então o que se chamou de "Manifesto dos
coronéis". 69 deles exigiam a demissão de Jango, este aceitou
cordatamente. Tancredo aconselhou-o a ficar, Jango não aceitou).
Brizola não queria que Jango aceitasse
o Parlamentarismo, obteve do cunhado, a resposta: "Já aceitei. Tancredo é
nosso amigo, estamos no poder". Todo o ano de 1962, foi de preparação para
o referendo.
Conseguiu marcar a escolha para o dia 6
de Janeiro de 1963. Vitória facílima, 8 milhões para o presidencialismo, apenas
2 milhões parlamentarias, Jango tomou posse logo, era outro Jango inteiramente
diferente. A eleição estava marcada para outubro de 1965, tinha muito tempo
pela frente, começou a agir.
CONTINUA ...
* A COLUNA VOLTARÁ CIRCULAR EM 4 DE JANEIRO DE 2020.
VOTOS DE FELIZ NATAL E ANO NOVO, AOS AMIGOS LEITORES E FAMILIARES
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