Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

CARLOS LACERDA AMADO E ODIADO, PERSONAGEM DE UMA ÉPOCA, COMPLETAMENTE ESQUECIDO, MORREU MOÇO  

HELIO FERNANDES

*Publicações históricas no Centenário do jornalista

PARTE – I

Foi um combatente nato. Podem dizer dele o que quiserem, contra ou a favor, mas não podem negar a palavra. Podem até interpretá-la, para o bem ou para o mal, só não podem negá-la. Mas apesar de ter sido o personagem de uma época, não saiu, pelo menos até agora o registro do nascimento e morte. E o centenário, data mais do que razoável para lembrar. Nem é necessário ressuscitá-lo, apenas fazer jornalismo.

Em 1931, Pedro Ernesto foi o primeiro prefeito eleito do então Distrito Federal. Grande personagem, administrador notável, foi injustiçadíssimo por Getúlio Vargas. O prefeito era tido e havido como candidato a presidente, se houvesse sucessão nos tempos de Vargas.

Este, como sempre, burlou a Constituição, enganou o povo, devia convocar eleição direta, logo depois da Constituição de 1934. Frustrou o povo brasileiro, se “elegeu” indiretamente, marcou a direta, que também não faria, para 1938. E perseguiu Pedro Ernesto. Acusando-o de “comunista e de ter participado da intentona de 1935”.

Lacerda outro “presidenciável” também injustiçado, sem eleição

30 anos depois, em 1961, Lacerda se elegeu governador do então Distrito Federal transformado em Estado da Guanabara. Foi e é até hoje o mais importante governador eleito. Mas como Pedro Ernesto, não chegou a presidenciável, pela razão muito simples de que para eles não houve sucessão.

 

Antes dos 18 anos a polícia perseguia Lacerda

 

Estava no primeiro ano da Faculdade de Direito, não passou daí. Por dois motivos. Não tinha muito interesse em se formar, e precisava ir para Valença, onde a polícia não chegava. Era a casa do Ministro do Supremo, Sebastião Lacerda, avô dele e grande influencia na sua vida.

Lacerda ficava meses lá, devorando a magnífica biblioteca. Vinha raramente ao Rio, voltava para Valença e a cidade de Comércio, hoje Sebastião Lacerda. Um dos melhores livros de Lacerda, tem precisamente esse título: “A casa do meu avô”. Maravilhoso. Impresso em tamanho grande, mil exemplares, distribuídos para amigos.

Tal o sucesso, que lançou em tamanho normal, repercussão total e absoluta.

O ativista, o político, o intelectual, o jornalista, 63 anos de lutas

Não coloquei em ordem, mas o ativista surgiu em primeiro lugar na sua vida. Antes dos 18 anos já polêmico, se envolvia numa discussão pública, “se era ou se não era comunista”. Muitos diziam que era, outros que não. Quando fui diretor da Manchete, ao contrário da revista O Cruzeiro, fazia muitas reportagens com duas ou três páginas. No Cruzeiro, preferiam reportagens com 12 e até 14 páginas.

Os generais da imprensa

Fiz reportagem com esse título, traçando o perfil de todos os importantes donos de jornais. Sobre Lacerda, entre outras coisas, escrevi: “Começou como membro da Juventude Comunista, não se sabe se chegou a entrar para o partidão”. 

Me mandou carta: “Tinha ligações de amizade com membros da Juventude, mas nunca me filiei. Quanto ao partidão, jamais pensei em participar dos seus quadros”. Publiquei, claro, pode ser facilmente encontrada na Biblioteca Nacional.

*Publicações históricas no Centenário do jornalista


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