Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O DEBATE SUPOSTAMENTE PRESIDENCIAL, QUE NAUFRAGOU TRUMP E O ADVERSÁRIO

 HELIO FERNANDES

ATÉ ESTE REPÓRTER, QUE RECOMENDAVA O PRIMEIRO DEBATE, SE DECEPCIONOU E LAMENTOU TER PERDIDO TANTO TEMPO.

COMECEI A ASSISTIR AINDA NA TERÇA. AINDA ESTOU ESCREVENDO E TENTANDO COMENTAR, JÁ NA QUARTA. A MEDIOCRIDADE DOMINOU O ESPETÁCULO.

NA QUARTA, MAS NA VERDADE, O PROLONGAMENTO DO NADA. E A CERTEZA LAMENTÁVEL DE MAIS 3 'ENFRENTAMENTOS' QUE SOU OBRIGADO A ACOMPANHAR, É COMPROMISSO, OBRIGAÇÃO, JORNALISMO.

SABENDO QUE SERÁ REPETIÇÃO, O VAZIO COMEÇANDO QUASE NO FIM DE UMA NOITE, E ACABANDO NA MADRUGADA DO OUTRO. 

A CORRUPÇÃO DOMINA SP, DE HOJE E DE SEMPRE

MAIS UMA VEZ SÃO DENUNCIADOS OS LADRÕES DO CARTEL DO METRÔ E SEUS PRINCIPAIS DIRETORES.

UMA FABULA OU FORTUNA, ENRIQUECENDO SEMPRE OS MESMOS. 

A LAVA JATO DE SP, ENCERRANDO SUAS ATIVIDADES COMO FORÇA TAREFA, FAZ AS ÚLTIMAS DENÚNCIAS ATINGINDO DIRETORES DA DERSA, ÓRGÃO QUE CONTROLA TODO ESSE SETOR, QUE MOVIMENTA BILHÕES.

O DIRETOR GERAL, PAULO PRETO (NOME OU RACISMO, já que ele não é branco) É DENUNCIADO  PELA QUINTA VEZ.

PS- CONTINUA NO CARGO, EM LIBERDADE,  RESPONDEU: “VOU ME MANIFESTAR NOS AUTOS".

CORONÉIS DA RESERVA APENAS COADJUVANTES, AGORA FALAM ABERTAMENTE COMO “PAPAGAIOS DA TORTURA”. VOU CITAR GENERAIS IMPORTANTES, COM NOME E SOBRENOME, QUE MANDAVAM DE VERDADE, DAVAM AS ORDENS   

HELIO FERNANDES

REPRISE:

PARTE - I

O excelente repórter, Chico Otávio entrevistou o coronel Riscala Corbage, que disse textualmente: “Torturei mais de 500 presos”. E como os outros, principalmente o coronel Paulo Belham, (que foi logo silenciado), se despediu com a afirmação: “Não tenho o menor peso na consciência”.

Chico Otávio encerrou com essa confissão, mas começou de maneira ainda mais jornalística: “O cara urra de dor”. Belham também tinha sua frase de bolso: “Não tenho remorso ou arrependimento”.

Só que os dois mentiam avidamente, por simples exibicionismo. Acreditavam que confessando e exagerando, voltavam ao apogeu. Acima dos 70 anos, quase chegando aos 80, imaginavam (e Corbage ainda imagina) que nada aconteceria a eles. Como todos os generais principalmente os que chegaram a “presidentes”, morreram, não pensavam que surgisse essa expressão de duas palavras: “crimes imprescritíveis”. 

Confissões de mim mesmo 

Esse capitão da Polícia Militar, Tenente coronel na reserva, torturou muito e não se pode desmenti-lo: com o maior prazer. Só que mente em alta velocidade, desabaladamente. O Exército sempre teve desprezo e desapreço pela Polícia Militar. E esta, total ressentimento, por causa da hierarquia.

Os oficiais da Polícia Militar só chegavam a coronel, paravam por aí. E os comandantes eram sempre Generais, lógico, do Exército. Lutaram dezenas e dezenas de anos para mudar a situação. Foram conseguir quando se revoltaram contra o general Fiuza de Castro. (O filho, o filho, o pai era ótima figura, a genética não exerceu o seu poder).

E esse Fiuza de Castro foi um dos mais displicentes comandantes do DOI-Codi. Não torturava pessoalmente e provavelmente não sabia de tudo o que acontecia. Mas existiam centenas de oficiais do Exército servindo no DOI-Codi e não deixariam que um Capitão PM exercesse tanto Poder para a tortura de “500 presos” 

Minha primeira ida ao DOI-Codi, seu comandante era precisamente Fiuza de Castro. Saltei lá naquela entrada enorme, com cartazes do PIC, (Pelotão de Investigação Criminal), uma figura fardada apontando um dedo para a frente, como se fosse uma ameaça, devia ser mesmo.

Mais ou menos 11 da noite. O Exército não transportava presos, aqui no Rio isso era feito pela polícia. Eles me diziam: “Ficamos assustados em trazer alguém, sabemos o que acontece”. Me levaram para uma sala, um Major explicou: “O general Fiuza já foi comunicado, está chegando”.

Esse local não era tão grande quanto parece. Éramos obrigados a ouvir gritos de tortura, incessantes, assustadores, mortais. Um capitão até de boa aparência, sussurrou: “São todos muito jovens, choram por qualquer coisa”. Não sabia se ele era contra a tortura ou se depreciava a reação dos torturados.

 

O general Fiuza levou quase duas horas para chegar, não cumprimentou ninguém, sentou numa cadeira distante. Vestia calça cinza e paletó de xadrez, nenhum jogo de palavras. Inesperadamente olhou para mim, falou: “Gosto muito quando o senhor escreve sobre futebol, por que tem que se meter na nossa vida?”. 

Os que estavam no poder, eram divididos em sensatos e insensatos 

Falavam muito em “linha dura”, mas isso era forma de simplificar. “Linha dura” era composta por aqueles que logo queriam torturar e matar. Os outros, eram os que acreditavam em diálogo, todos, milhares, iriam sendo “passados para a reserva, como traidores da revolução”. Que iria sendo identificada com sua própria fisionomia de golpe.

Depois de um tempo de silêncio, o general falou para um coronel: “Onde está o carro que vai levar o jornalista?”. Uma quase revelação, eu iria para algum lugar, poderia ser bom ou ruim. O carro chegou, me levaram até ele, Fiuza disse para o coronel: “Vá com ele, não quero que desapareça pelo caminho e nos acusem e culpem”.

Parecia um destino razoável, mas fiquei ainda sem saber. No carro o coronel (de uma grande família de militares de carreira) me disse: “Vamos para o Hospital Central do Exército”. Mas terminou com uma declaração surpreendente: ”Ao senhor não vai acontecer nada”. Naturalmente com outros ACONTECERIA.

Fiquei lá uma semana, a única satisfação era a conversa com o médico. Sobrinho de Manoel Bandeira, contava histórias admiráveis dele. Uma semana depois fui libertado. Na portaria do hospital, em Bonsucesso, me entregaram mala com roupas. Provavelmente minha família sabia, não me falaram nada. Peguei um taxi, logo estava em casa.

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