COMEÇOU A
PRIMEIRA REUNIÃO VIRTUAL DA ONU
HELIO FERNANDES
APESAR DA PANDEMIA FÍSICA E POLÍTICA (O SUSPENSE ENTRE CHINA- ESTADOS UNIDOS, TERRORISMO PERMANENTE) FOI MANTIDA A TRADIÇÃO DO BRASIL FAZER DISCURSO INAUGURAL, BOLSONARO COMEÇOU A FALAR ÁS 10,43, HORÁRIO DO BRASIL.
TINHA Á DISPOSIÇÃO 20 MINUTOS, DESPERDIÇOU TODOS, TEVE A AUDÁCIA DE DIZER QUE "O BRASIL É EXEMPLO PARA O MUNDO" A SEGUIR LAMENTOU AS MORTES PELA PANDEMIA.
PELA TRADIÇÃO, FALOU O PRESIDENTE
DOS EUA, COM UM DISCURSO ELEITORAL INTERNO, ACUSANDO A CHINA PELA PANDEMIA,
A REPERCUSSÃO TOTALMENTE NEGATIVA, DO "DISCURSO" DE ABERTURA NA ONU.
FOI COMENTADÍSSIMO NO BRASIL E NO MUNDO, E PASSADAS 24 HORAS, CONTINUA SENDO MANCHETE DE GRANDES COMENTARISTAS, E PRIORIDADE ABSOLUTA DOS MAIS IMPORTANTES ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO.
E NENHUM ELOGIO, SÓ CRÍTICAS DURÍSSIMAS. OS MAIS CARIDOSOS, (NÃO CONFUNDIR COM CARINHOSOS) USAM E ABUSAM DA IRONIA NEGATIVA.
É CHAMADO LITERALMENTE DE MENTIROSO. ALGUNS DIZEM OU PEDEM QUE SEPAREM O QUE É FATO DO QUE É VERSÃO OU IMAGINAÇÃO BLANDICIOSA.
PS- QUANDO JOGA A CULPA DE TUDO QUE ACONTECE DE ERRADO EM CIMA DE ÍNDIOS E CABOCLOS, ENTÃO AS CRÍTICAS SÃO "UNÂNIMES E CONTUNDENTES".
É IDENTIFICADO COMO "DELIRANTE", NOVAMENTE MENTIROSO," NEGACIONISTA" E NÃO VAI PARAR TÃO CEDO.
1945/46 fui cobrir a Constituinte. Começou aí
meu conhecimento com os 13 deputados comunistas. Conversa com Lamarca. 20 anos depois os bravos
guerrilheiros do Araguaia.
Hélio Fernandes
Reprise:
Mocissimo, Secretario-Adjunto da revista “O Cruzeiro”, fui cobrir a
Constituinte, convocada logo depois da derrubada do “Estado Novo”. Eclético,
apaixonado por muita coisa, fui um dos 17 jornalistas que contaram o que
acontecia. (16 importantes e já mortos) Conheci até com muito prazer os 13
deputados comunistas e o senador Luiz Carlos Prestes. (Este com menos diálogo).
A Constituinte levou quase 8 meses, promulgada a Constituição de 1946,
(a mais importante aquela época), depois se separaram, Câmara para um lado,
Senado para o outro. Continuei indo diariamente até 1948, quando o PCB teve o
registro cassado. Avisados pelo grande Sobral Pinto, desapareceram na
clandestinidade. Nunca mais encontrei nenhum deles, alguns saíram do Brasil.
Um dia estou no jornal, toca o telefone, a pessoa não quis se
identificar, disse apenas: “estou na esquina da Avenida Rio Branco com a Sete
de setembro. Daí da Lavradio até aqui é rápido, espero meia hora”. O tom era de
autoridade, intensidade, credibilidade, nem pensei em recusar. Cheguei lá, uma
multidão esperando o sinal abrir para atravessar, reconheci logo um antigo
líder comunista. O sinal abriu, se juntou aos pedestres, eu seguindo.
Sem quase olhar para mim, foi falando: “preciso falar com você,
urgente. Ele mora no Cachambi, você nasceu no Meyer, conhece tudo ali. Vou te
dar o endereço, decora e me devolve. É uma casa velha, não toque a campainha,
ele saberá que você chegou a 1 hora da tarde”.
Me deu o papel, eu conheci a rua, o Cachamby é uma espécie de subúrbio
do Meyer, falou: “Não vá de carro, deixe no Jardim do Meyer, entre pela Rua do
Corpo de Bombeiros, em 10 minutos você estará com o Lamarca”.
Chegamos ao outro lado, na calçada me pediu o papel, viu para que lado
eu ia, foi para o outro. Olhei, ele estava picando o papel e jogando numa
lixeira. Aula de clandestinidade.
No dia seguinte outra aula, mas de conhecimento e de convicção sobre o
que estava fazendo. Tudo ocorreu como o intermediário falou. Mandou que eu
sentasse, falou em tom de quem sabe que não pode ser convencido ou persuadido a
mudar de ideia.
Começou: “Helio, a gente não se vê há mais de 10 anos, acompanhei de
longe a tua carreira, é exatamente o que esperávamos. E você desenvolveu a
competência de analista, por isso quero conversar com você”.
Continuou: “Estamos preparando uma luta de guerrilha, nos moldes do
que fez o Prestes. Não aguentamos mais, os companheiros estão desaparecendo,
presos, torturados, assassinados. Não queremos morrer assim, preferimos morrer
lutando”. Parou, ficou me olhando como se dissesse, “é a tua vez”.
Perguntei. “quantos vocês são?”. Resposta, “mais ou menos 60”.
Comentei: “Eles são 60 mil, o Exercito vai se jogar inteiro no combate. E a
comparação com a Coluna Prestes, lembre, já se passaram 40 anos, multiplique
por muito as dificuldades que tiveram”.
Silêncio, lembrei para ele, que esperava, o que o “exercito fizera em
Canudos”. Não queria convencê-lo, sabia que já tomara a decisão, nada podia
assusta-lo. Examinamos mais os riscos, não era um desesperado pelo combate, mas
não admitia rendição de modo algum.
Conversamos mais um pouco, falou: “sabia que você iria analisar, nos
dois anos em que estivemos juntos, conheci bem você. Foi ótimo te ver, saia
pelos fundos, entrou pela frente, não pode repetir”. Abraço realmente fraterno,
não disse aquelas tolices, “isto fica entre nós não fale com ninguém”.
Andei olhando sem me virar, em 10 minutos estava no carro, em menos de
dois meses chegavam notícias das barbaridades que fizeram com esses combatentes
da autenticidade da luta, que só eram chamados de “guerrilheiros armados”.
Foram dizimados. O SNI localizou Araguaia com um serviço de
“inteligência” jamais visto. O Exercito se preparou para enfrentar um movimento
sem igual, eram apenas 60 homens. A mobilização aérea, principalmente com
helicópteros, total.
Usaram também a traição em alta escala. Morreram todos de forma
bárbara, cruel. Selvagem. Alguns chegaram a levar 42 tiros, muitos pelas
costas, segundo o exame pericial. Outros foram assassinados cara a cara,
desarmados antes de serem inacreditavelmente despedaçados.
Este relato, é lancinante, degradante, emocionante, não gostaria de
lembrar. Mas é história pura, não apenas memória.
Hélio Fernandes. Este é um relato histórico. Um massacre. Lembro do filme Spartacus e constato, que a vida continua tudo igual. Você citou Canudos, sim o massacre, dos seguidores de Antônio Conselheiro.
ResponderExcluirTivemos também o massacre dos revoltosos ( Balaiada, Alfaiate, Chibata). É correto afirmar, que somos um país pacífico?
Meus parabéns por compartilhar o contexto o histórico, uma aula de Brasil. Em nenhuma sala de aula deste país, esses fatos lancinantes de seriam comentados e riscutidos.