Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Dilma não tem uma possibilidade em um milhão de voltar ao poder. Apesar de Temer não ser a referencia positiva ou a esperança de ninguém de ninguém

HELIO FERNANDES

Ha 800 anos, o Rei João sem medo, da Inglaterra, revolucionou o mundo, implantando o governo de Três Poderes, harmônicos e independentes entre si. Executivo, Legislativo, judiciário. A Grã-Bretanha se transformou na maior proprietária de terras e países do mundo. E no plano interno, criou um estado de direito de tal respeitabilidade e responsabilidade que vigoram até hoje. Mesmo não sendo escritas, são aplicadas pelo que se chama de direito consuetudinário. A República do Brasil jamais tomou conhecimento dessas modificações.

A primeira e as diversas Constituições impostas no Brasil, adotaram os Três Poderes que nunca cumpriram. A começar pela de 1891 até a de agora. Só que 127 anos depois da Republica, atingimos o máximo da desmoralização e da degradação. O Executivo tem dois presidentes. O eleito, afastado. O empossado pelo golpe, transitório, acreditando que tem competência para dirigir ou comandar uma espúria transição.

Mas é apenas o imprudente e diletante ocupante do Planalto, demitindo, "a pedido", ministros que não devia ter nomeado. Sobre outros, mais íntimos, afirma vagamente: "Não haverá demissão, por enquanto". È esse personagem que pretende ser transformado em efetivo, sem voto e sem eleição.

O Legislativo, degradado, desmoralizado, desavergonhado, está tão sujo, que não fica limpo, mesmo lavado a jato. A cada dia, os mais altos membros dessa cúpula são responsabilizados e enquadrados na lei. Mas atingidos leve e suavemente, continuam interferindo abertamente no prolongamento dos próprios processos a que respondem. E que já completam 8 meses. Como acontece com o corrupto Eduardo Cunha.

O Judiciário se aproveita da ineficiência imoral e dupla do Executivo. Acumulada com a omissão coletiva e acumpliciada do Legislativo, para agir dubiamente, quase sempre dizendo e se desdizendo. Em alguns casos, explicam, "não temos poderes para interferir em outro Poder". Assim, assistiram o desenvolvimento do golpe do impeachment.

Não tomando nenhuma providencia para que os fatos transcorressem normal e constitucionalmente. E defender e preservar a Constituição é a mais importante obrigação do Judiciário, através do Supremo. Com a omissão inesperada, o Judiciário se acumpliciou com o golpe do impeachment.

Foi longo o tempo propicio para a ação do judiciário. Manteve Cunha na presidência da Câmara, para sufocar a verdade e tumultuar a defesa. E mais, assistindo todos os movimentos criminosos de Cunha, não fez coisa alguma.

Não é segredo, que dos 367 votos "obtidos" pelo golpe do impeachment, 40 ou 50, votaram pressionados e intimidados pelo próprio Cunha. Sem ele, na primeira hipótese, teriam contabilizado 327 votos. Na segunda, 317, derrota mais do que prevista.

Depois daquele domingo vergonhoso,quando o Legislativo praticou hara-kiri publico,o Judiciário não quis se sentir ultrapassado, agiu contraditoriamente. Afastou Cunha da presidência da Câmara, suspendeu seu mandato de deputado. Por que não fez isso antes? "Não podemos intervir no legislativo".  E continuaram na contradição e na dubiedade.

Eduardo Cunha domina o Legislativo e até o Executivo, transitoriamente entregue ao intimissimo Temer. O Supremo ha meses tendo considerado Cunha RÉU por unanimidade do próprio Supremo esqueceu dele. Que é o mais importante personagem político.

Ontem, falando sobre a preocupação de Lula, a respeito de uma possível prisão de Sarney, comparei a situação dos dois: ex-presidentes e sem mandato. Sarney, Jucá e Renan estavam denunciados pelo Procurador Geral. Não se dizia nada sobre prisão. Apenas o que se sussurrava, e aventei, sem afirmar.

Eduardo Cunha não fazia parte da denuncia. Escrevi:"O ex-presidente da Câmara  só deixa de tumultuar seu próprio julgamento,se amanhã,terça,o Ministro Zavascki mandar prendê-lo ás 7 da manhã, como fez da outra vez".

Não era adivinhação, informe (a pré-informação) e sim analise sustentada. No caso de Eduardo Cunha, confiança no Ministro, e muita esperança. Foi o assunto do dia, negativas e defesas apressadas. Durante o dia, circulavam versões contraditórias a respeito da resposta do Supremo ao pedido do Procurador Geral.

A maioria achava que Zavascki consultará os outros Ministros. Pode ser. Mas esse pedido completa hoje 10 dias, os Ministros já foram consultados ou simplesmente ouvidos. Mas tudo será decidido no plenário. Depende de quando. O que não pode é se eternizar.

 Em relação a Eduardo Cunha, diferente. Seus crimes são vários e repetidos. Alem do mais, já é RÉU por unanimidade. E seu recurso foi recusado em 15 minutos. Se for preso, satisfação nacional. E a certeza da sabedoria da Constituição, quando estabelece, "que todos são iguais perante a Lei". No caso de Eduardo Cunha, todo o tempo que ficou em liberdade, já é lucro.

Desinformaram a opinião publica, sobre o fato de não ter havido votação ontem. O que não disseram: os dois lados concordaram. E o motivo foi o mesmo: a deputada Tia Eron, não compareceu. O que assustou os que querem e os que não querem a cassação. Pois o voto dela dará a vitoria. Ela está pressionadissima por três lados. A FAVOR da cassação, CONTRA a cassação. E os eleitores dela, lembrando que a "Bahia está inteiramente a favor da cassação".

Em 48 horas recebeu mais de 30 mil mensagens. Acontece que o adiamento foi para hoje. Como terão segurança sobre o voto dela? Torcem para que não compareça. Votaria o suplente Marun, mais "eduardocunhista" do que o próprio

Pedido de prisão de senadores: hipocrisia do Planalto e do Senado 

O primeiro a se manifestar: Romero Jucá. Textual: "Estou tranqüilo, nada contra mim". O mesmo que disse no dia em que a gravação de Sergio Machado retumbava: "Precisamos tirar Dilma do poder, colocar Temer, para acabar com a Lava-Jato". No mesmo dia, tranqüilo, foi demitido “a pedido". Tranqüilo. Logo que soube, Temer telefonou para Renan, "estou preocupadíssimo".

Conforme disse a áulicos e apaniguados, "o risco é que essas decisões tenham influencia sobre a votação na Comissão do impeachment do Senado”. Péssimo executivo e analista,nada vai alterar o resultado.Fora do Poder,Dona Dilma tem menos a oferecer do que Temer.

A falta de sinceridade da maioria dos senadores. Protestaram, 2 deles sugeriram, "a renuncia coletiva de todos". Muitos desses, votaram pela validade da "prisão do senador Delcídio".

O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima, foi o principal orador, falou varias vezes. "Justificando a prisão do senador", que precisa ser referendada pelo Senado. Ontem dizia na televisão, com muita criatividade verbal: "Calma com o andor, que o santo é de barro".

PS- A possível prisão de Sarney, absurda. Como ele não tem mandato, não precisa de referendo. Se for preso, ficará em domicilio. Mas com tornozeleira. Exagero. Ex-presidente e com 85 anos, iria fazer o quê?

PS2- A reação mais correta, foi a do senador Renan. Se ele tiver que deixar a presidência do Senado assumirá Jorge Vianna. Do PT. Não poderá fazer nada. Custará mais caro para o PMDB e o Planalto, manter os 58 ou 60 votos que tem agora.


PS3- Ontem, ás 21 horas e 6 minutos, o presidente da Comissão de Ética, cancelou a sessão que estava marcada para hoje, quarta. Não explicou o motivo. Ninguém protestou, o problema é o voto incerto da deputada Tia Eron.

Um comentário:

  1. Estranhamente, Hélio Fernandes que tanto lutou pelo cumprimento da lei, pela democracia de verdade, hoje afirma que Temer não teve voto. Eu votei nulo no segundo turno. Nada apareceu na tela da máquina de votar.
    Entretanto, quem votou na CHAPA 13 viu duas fotos: Dilma e Temer.
    Amigo velho, aí estou frontalmente contra tua opinião.
    Ambos foram votados e eleitos.

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