Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

29.10.17    
HELIO FERNANDES 
reprise

Parte Final

A pressão das forças armadas sobre a Constituição

Foi uma avalanche em cima da Constituinte. Já com maioria absoluta para aprovar o fim dessas mordomias antiéticas e privilégios, tiveram que enfrentar a resistência fardada.

A única solução: fizeram um acordo, o fim dessas imoralidades foi aprovado, com uma ressalva: SÓ ENTRARIAM EM VIGOR DENTRO DE 8 ANOS.

Portanto só a partir de 1954 vigoraria o correto: o militar só poderia exercer um cargo e receber unicamente um salário. Mas todos já estavam no fim da carreira, generais, almirantes e brigadeiros. Os que viessem depois, que se “virassem”. 

A duplicidade continuou em muitos casos, imoralmente

O mais famoso de todos, foi o Major Jarbas Passarinho. Transferido para o Pará como militar, acumulou com o cargo se Superintendente da Petrobras. No dia 1º de abril de 64, invadiu o palácio do governo, “se fez” governador. Teve que passar para a reserva, com as duas promoções do privilégio, se transformou em coronel.

Dois anos depois “se fez” senador, a seguir “se fez” Ministro da Educação. Com a “incapacidade” de Costa e Silva e com novo “presidente”, Passarinho não foi atingido, “se fez” Ministro do Trabalho. 

“Às favas com a consciência”

Pouco antes, com a aprovação do mais selvagem decreto de repressão, a instauração do AI-5, Passarinho preparou uma frase para se fazer notado. É essa que está no título desta nota.

Só que então o Exército cansara apenas de privilégios e mordomias, queria o Poder total. E nesse remanejamento do já coronel Passarinho, estávamos em pleno regime autoritário, arbitrário, atrabiliário, dominado pela perseguição, a tortura e o assassinato. Coisas que não aconteciam no Império ou na Primeira República. 

Passarinho ainda vivo, e mentindo como sempre

Continua dando entrevista, principalmente em televisões oficiais. E vai repetindo sempre, provocando gargalhadas em quem conhece a realidade: “Fui várias vezes convidado para ser presidente, não aceitei”. Como se o Exército fosse convidar para presidente, com aspas ou sem elas, um major que passara para a reserva como coronel. 

O Exército de hoje, todas as facilidades para pedir PERDÃO, DESCULPAS, LAMENTAR assassinatos 

Os oficiais, principalmente generais, almirantes, brigadeiros, não participaram de coisa alguma desde 1964. Um segundo tenente que saísse da Academia no dia 1º de Abril de 1964, com 21 anos, (a idade mínima) estaria hoje com 71 anos. Há mais de 7 anos na reserva, a idade limite é 66 anos.

Milhares de outros oficiais foram passados para a reserva ditatorialmente, porque discordaram do golpe. Resistiram a ele, democraticamente, mas foram punidos ditatorialmente.

Portanto os generais de hoje têm tudo para libertarem, pelo menos simbólica e verbalmente o Exército da ignomínia de um passado, que mancha e macula a farda. Que pode ser limpa com palavras e compreensão. 

Podem aproveitar a data de hoje

Neste 21 de abril histórico embora apenas parcialmente merecedor de homenagens, os generais que não foram da ativa durante essa fase tenebrosa, podiam tomar a decisão reconciliadora. Que além de unir o Brasil, pode também livrá-los de situação incomoda de investigar e concluir “quem foi assassino e quem não foi”, durante esses 21 anos.

Inesquecíveis para o país, como tormento, para os militares que contaminaram as Forças Armadas, como assassinos confessos.

Como mostrei de forma irrefutável, e poderia continuar escrevendo horas e horas, gerações e gerações de militares se aproveitaram do país. Mas pelo menos não perseguiram, não torturaram, não assassinaram. 

PS – Perdão, desculpas, lamentos, não são humilhantes. É ou seria apenas o reconhecimento e a tentativa de reabilitação. E a ANISTIA insensata, continuaria servindo apenas os militares culpados. 

PS1 – Podem começar a pensar e efetivar a sugestão do repórter. O Papa pediu desculpas ao mundo, por causa dos padres pedófilos.

PS2 – Não queremos que peçam PERDÃO ao mundo, apenas ao povo brasileiro. E passem para a reserva convencidos de que merecem respeito.
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