Titular: Helio Fernandes

sábado, 3 de outubro de 2015

DERRUBADA A DITADURA DO “ESTADO NOVO”, QUASE 18 ANOS DE ESTRANHA DEMOCRACIA. É UMA EXCELENTE CONSTITUIÇÃO QUE SERIA ASSASSINADA EM 1964, ANTES DE ATINGIR A MAIORIDADE.

03.10.15

HELIO FERNANDES
Publicada em 13.12.14

Vargas governava com um revolver na cabeça, pronto para atirar, nele mesmo.

1953 e 1934 foram tenebrosos. Nada dava certo, o presidente acreditou que tinha os mesmo "poderes" dos 15 anos anteriores, caminhava para o desastre, o drama, a tragédia. Isso aconteceu no dia 23 de Agosto de 1954, na verdade já dia 24. Ás sete da noite começou no Catete uma reunião ministerial, presidida pelo próprio Vargas. Tumultuadíssima, todos querendo falar ao mesmo tempo. O jovem Ministro da Justiça, Tancredo Neves, tentando defender o presidente.

O general Zenóbio da Costa, já Ministro da Guerra, querendo mostrar a Vargas que devia aceitar o "licenciamento por 30 ou 60 dias". Dizia que representava um grupo grande de militares que vieram da FEB, e apoiariam Vargas se aceitasse o "licenciamento". Zenóbio não estava mentindo a respeito da representatividade que exibia, mas não falava a verdade sobre o "licenciamento".

Às cinco da manhã Vargas saiu da reunião, subiu para o seu quarto. Foi seguido pelo irmão "Beijo", que lhe disse: "Getulio, você não está licenciado e sim deposto, não voltará mais." O presidente foi sumário: "Então é isso?".

Às seis da manhã se ouviu um tiro, apenas um, todos subiram,  presidente estava morto, atirara no próprio coração. Foi um dos momentos histórico da República, sensação no Catete, emoção nas ruas, repercussão no mundo inteiro. Mas aí para complicar mais a interpretação, surgiu do nada o que se chamou de "Carta Testamento".

O documento estava com o próprio presidente, só uma pessoa sabia dele e do seu conteúdo. O brilhante jornalista Maciel de Sá, que redigira a "carta" a pedido do próprio Vargas. Texto impecável, redator do jornal "Imparcial", discretíssimo não falara antes com ninguém. E depois não havia interesse algum, o presidente estava morto, multidões acompanhariam seu enterro. A saída, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul, a chegada.

1955, 61, 63, finalmente o novo poder, surgido de 64.

Assumiu o vice Café Filho, conspirador nato, eleito deputado em 1950, e fazia um discurso diário contra Vargas, sempre com o mesmo título: "Lembrai-vos de 37". Todos esperavam suas palavras. Nomeou o general Juarez Távora Chefe da Casa Militar, que participara dos movimentos "Tenentistas" até descobrir que seu futuro e seu destino eram outros.

Governador de Minas, Juscelino no fim desse mesmo 1954, pediu audiência a Café presidente, comunicou: "Serei candidato á sua sucessão". Café agradeceu a "gentileza", respondeu: "Ficarei neutro, não terei candidato". Mas imediatamente jogava nas ruas o nome do próprio Juarez Távora.

Revelada a candidatura JK, Carlos Lacerda (ainda na parceria com Golbery), fez a frase de efeito, nisso ele era invencível.

Em entrevista coletiva, afirmou textualmente: "Juscelino não será candidato, se for, não ganha, se ganhar não toma posse, se tomar posse não governa". Tudo isso deu errado, JK disputou, tomou posse embora precisasse do apoio de uma parte dos generais derrotados em 1954. Nesse 11 de novembro de 1955, numa chuvosa e interminável madrugada, generais davam posse a Nereu Ramos, que garantiria JK no 31 de janeiro de 1956.

PS- Tenho que interromper, acreditei que em duas matérias chegara a 1964. Mas em 61 surgiu Jânio, o "trafego peralta", apoiado pelos generais derrotados em 1954 e 55, e queriam "forra" atrelados ao novo presidente. Não foram vencidos nem vencedores, tiveram que fazer um acordo.

PS2- Nos próximos dias, continuarei. Não posso escrever sobre o assunto, sem liga-lo ás torturas assombrosas, comandadas pelo presidente George W. Bush, que confessou: "Sem tortura não se obtém informação".

PS3- Importantíssimo isso que aconteceu nos EUA, o mesmo país que garantiu, apoiou e financiou os assassinato de Allende no Chile, o golpe de Videla na Argentina, e os assassinatos aqui mesmo, tudo entrelaçado.

Final.
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