Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 29 de outubro de 2018


ANÁLISE & POLÍTICA
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ROBERTO MONTEIRO PINHO

Jair Bolsonaro o mito que derrotou o PT após 16 anos


Jair Messias Bolsonaro (PSL), de 63 anos de idade, é o novo presidente da República Federativa do Brasil. O resultado foi confirmado às 19h21 pela Justiça Eleitoral após a apuração de 94,4% das urnas apontarem que o candidato obteve 55,5% dos votos válidos, contra 44,4% de seu adversário, o candidato Fernando Haddad (PT).

Bolsonaro é tido pela imprensa internacional o “mito político que derrotou o PT” após 16 anos no Poder. Ele chega ao Palácio do Planalto após conquistar um eleitorado identificado com ideais de direita e conservadores. Sob o lema "Brasil acima de todos, Deus acima de tudo", o deputado federal apostou em discursos em defesa da família, da fé, e de combate à corrupção e à criminalidade para chegar à Presidência.

Lição das urnas

Mais que a derrota do concorrente, ele derrotou a oligarquia petista de 16 anos. As urnas de 7 de outubro e agora dia 28, refletiram a insatisfação da maioria dos brasileiros que saturados pelos desmando dos partidos que governaram a nação nas últimas duas década. O Partido dos Trabalhadores e o alto clero da política brasileira, amargaram números que remetem a reflexão, não apenas com relação a postura honesta no trato da o patrimônio público, mas também as convicções pouco assimiladas pelo brasileiro.

Números eram previstos pelos institutos de pesquisas


Com mais de 55,2 milhões de votos, contra 44,1 milhões de Haddad. Brancos e nulos somaram 9% na votação deste domingo, que contou com a participação de mais de 147 milhões de eleitores em todo o País e no exterior.

Saudação para “mudar o destino do Brasil”

"Meu muito obrigado pelo apoio, pela consideração, pelas orações e pela confiança. Vamos juntos mudar o destino do Brasil. Sabíamos para onde estávamos indo, e sabemos para onde queremos ir", disse Bolsonaro em transmissão feita pelas redes sociais logo após a confirmação do resultado da votação. Já às 19h50, Bolsonaro se dirigiu à imprensa em sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, rodeado por aliados. O presidente eleito falou por poucos instantes, desejando "sabedoria" para governar e, em seguida, passou a palavra para o senador Magno Malta (PR), que fez uma oração.

Como será? 
Bolsonaro prometeu constituir um governo com pessoas que têm o "propósito de transformar o Brasil em uma grande, livre e próspera nação". "Nunca estive sozinho. Sempre senti a presença de Deus e a força do povo brasileiro. Faço de vocês minhas testemunhas de que esse governo será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade", afirmou. O candidato do PSL já havia sido o mais votado no primeiro turno, no último dia 7, quando obteve pouco mais de 46,8% dos votos válidos, contra 28% de Fernando Haddad.

Ataque a faca

A vitória do capitão da reserva do Exército encerra a sequência de quatro eleições seguidas vencidas pelo Partido dos Tralhadores e se dá após uma campanha marcada por ataque a faca sofrido pelo candidato durante comício em Juiz de Fora (MG). O atentado levou Bolsonaro a ser submetido a duas cirurgias e a passar 23 dias internado. Suas condições de saúde o obrigaram a deixar a agenda de eventos públicos e a concentrar sua campanha nas redes sociais.

O novo presidente do Brasil
Nascido em 21 de março de 1955, na cidade de Glicério (SP), no interior de São Paulo, Bolsonaro construiu toda sua carreira política no Rio de Janeiro (RJ). Ele serviu ao Exército Brasileiro de 1977 a 1988 quando se aposentou como capitão para assumir o cargo de vereador pela capital fluminense, eleito, na época, pelo Partido Democrata Cristão (PDC).

Dois anos depois, nas eleições de 1990, o ex-militar foi eleito deputado federal pelo mesmo partido e desde então não saiu mais da Câmara dos Deputados, sendo eleito em mais quatro eleições consecutivas. Bolsonaro, portanto, tem 30 anos de vida pública, mas sempre ocupou cargos no legislativo, sendo as eleições 2018 a sua primeira para um cargo executivo.

Bolsonaro é eleito o 42° presidente do Brasil, o oitavo eleito desde a redemocratização do País. Ele subirá a rampa do Palácio do Planalto em janeiro, quando tomará posse no lugar de Michel Temer (MDB) para dar início ao seu mandato, que vai até o dia 31 de dezembro de 2022.

Os ministros do presidente eleito

Quando ainda era apenas o candidato à Presidência do PSL, três nomes já tinham sido confirmado como ministros de Bolsonaro num provável governo que agora se confirma, sendo eles: o economista Paulo Guedes, no futuro novo ministério da Fazenda; o deputado Onyx Lorenzoni, no Ministério da Casa Civil; e o general Augusto Heleno, no Ministério da Defesa.

Redução de 29 para 15 ministérios

Isso significa que Bolsonaro já confirmou o nome de 20% da sua futura equipe ministerial já que o novo presidente prometeu durante a campanha a redução dos atuais 29 ministérios para 15. Algumas pastas estão garantidas como a da Educação, da Saúde, da Defesa e da Cultura. Outras, no entanto, devem ser extintas ou fundidas,para que Bolsonaro cumpra a meta.

O novo presidente, no entanto, recuou de pelo menos duas propostas de fusão que tinha feito. Primeiro, atendendo a pedidos de lideranças industriais, voltou atrás na proposta de fundir os ministérios da Fazenda, da Indústria e do Comércio num único superministério da Economia que também ficaria sob o comando de Paulo Guedes. Depois, após reunião com lideranças ruralistas e críticas de ambientalista, Bolsonaro também anunciou ter desistido da união entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.


O perfil dos ministros:

Paulo Guedes


O economista Paulo Guedes foi o primeiro ministros confirmado por Bolsonaro. Considerado uma das maiores referências do pensamento econômico liberal no Brasil, Guedes chegou a ser chamado de "posto Ipiranga" pelo próprio novo presidente quando este admitiu que "não entendia nada de economia".

Paulo Roberto Nunes Guedes é carioca, tem 69 anos, é mestre e Ph.D pela Universidade de Chicago, um dos fundadores do Banco Pactual e sócio majoritário do grupo BR Investimentos. Foi colunista dos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e das revistas Época e Exame, professor na Fundação Getulio Vargas (FGV) e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e aceitou uma cadeira de docência em tempo integral na Universidade do Chile na época da ditadura militar chilena.


Casa Civil: Onyx Lorenzoni

Deputado federal eleito pelo Rio Grande do Sul desde 2003, Onyx Lorenzoni também já foi confirmado por Bolsonaro como futuro ministro da Casa Civil. Filiado ao DEM, o provável futuro ministro da Casa Civil deverá ser o fiel na balança para que Bolsonaro apoie à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara e traga o bloco de partidos do chamado "centrão" para o governo de Bolsonaro e dê ao presidente a chamada "governabilidade".

O ministério que tem como função principal a articulação do poder executivo com o Congresso Nacional deverá ser assumida pelo político de carreira que tem 64 anos, mas é formado médico veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também se considera empresário, e chegou a ser considerado um dos cem parlamentares mais influentes do Congresso pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).

Onyx Dornelles Lorenzoni também foi membro de dez Comissões Parlamentar de Inquérito (CPIs), entre elas, a CPMI dos Correios, a CPMI do Cachoeira e da CPMI da Petrobras, e relator da Subcomissão de Normas de Combate à Corrupção e da Comissão que analisou medidas de combate à corrupção, uma das pautas mais abordados pelo deputado em todos os anos de vida pública.

Ministro da Defesa: general Augusto Heleno

O terceiro e último integrante da futura equipe ministerial de Bolsonaro é o general Augusto Heleno que deverá assumir o ministério da Defesa.
Aos 70 anos, Augusto Heleno Ribeiro Pereira é um general quatro estrelas da reserva do Exército Brasileiro e deverá suceder o atual ministro general Joaquim Silva e Luna e se tornar, portanto, o segundo militar a assumir a pasta ministerial da defesa desde o fim da ditadura militar em 1985.

Apesar de ter negado o convite, o general chegou a ser cotado para vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Ainda assim, o militar continuou apoiando a candidatura do capitão da reserva. Ele entrou para o exército em 1966 e deixou a corporação em 2011 após 45 anos quando, em cerimônia polêmica, defendeu a ditadura militar.


Astronauta, empresários, políticos e militares integram a lista

A futura equipe ministerial de Bolsonaro, no entanto, não deve contar apenas com o general Augusto Heleno como representante dos militares. Na pasta dos Transportes, o general Oswaldo Ferreira deverá ser o novo titular.

Reticente em relação a privatizações, mas favorável à concessões de rodovias, o militar de carreira chegou a dar declarações polêmicas durante a campanha presidencial como "no meu tempo, não tinha MP e Ibama para encher o saco" em fala que foi considera alarmante para um futuro ministro que precisará contar com licenças ambientais se quiser expandir a infraestrutura do País com investimentos federais.

Ciência e Tecnologia

Outro nome praticamente certo é o do astronauta Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Um dos primeiros apoiadores da campanha de Bolsonaro, o único brasileiro a visitar o espaço ganhou força conforme as declarações do novo presidente eleito de que formaria uma equipe ministerial com nomes técnicos e referências na área. Nascido em 11 de março de 1963, Marcos Pontes também é ex-militar já que foi piloto de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) e deixou a corporação como tenente-coronel.

Justiça

No ministério da Justiça, dois nomes bastante próximos a Bolsonaro são cotados para assumir a pasta, sendo eles: o próprio presidente do PSL, Gustavo Bebianno; e o advogado da campanha à Presidência, Antonio Pitombo. Bebianno, que também é advogado e chegou a trabalhar em escritórios de advocacia no Rio de Janeiro, é faixa preta em Jiu-Jítsu e é considerado o braço-direito de Bolsonaro, mas já negou que pretenda assumir o ministério. Por isso, o nome de Pitombo ganhou força nos últimos dias já que sua atuação durante a campanha foi muito bem vista, para quem trabalhou de graça. Ambos defendem a nomeação do juiz Sérgio Moro para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Saúde
Enquanto isso, no ministério da Saúde, o nome mais indicado é o do pecuarista paulista Henrique Prata. Fazendeiro, peão de boiadeiro e criador de cavalos, ele se gabaritou para o cargo pelo fato de ser um empresário filantropo na área da saúde que mantém, através da Fundação Pio XII, o Hospital de Amor (antiga denominação do Hospital do Cancêr de Barretos), considerado uma das maiores referências na área da saúde no Brasil.

Agricultura

Já no ministério da Agricultura, apesar de negar a intenção, o provável futuro titular deverá ser Nabhan Garcia, o líder da União Democrática Ruralista (UDR) que é responsável pela formação da chamada "bancada do boi", um dos principais aliados e apoiadores de Bolsonaro. Luis Antonio Nabhan Garcia poderia assumir a fusão da pasta da Agricultura com o Meio Ambiente, mas após encontro na última quinta-feira, ele e Bolsonaro recuaram da proposta e os ministérios devem permanecer divididos já que a equipe técnica da campanha de Bolsonaro era crítica da ideia.

Educação

Por fim, o último nome próximo de ser confirmado como ministro de Bolsonaro é bastante difícil: Stravos Xanthopoylos. Conhecido como "o grego", o empresário do setor da Educação é um grande defensor do ensino à distância e é um dos principais fiadores de uma das propostas mais polêmicas de Bolsonaro de permitir o ensino à distância desde o ensino fundamental, portanto para crianças a partir de 7 anos, sobretudo em áreas rurais de difícil acesso. O ministério da Educação poderia, inclusive, ser fundido com o ministério da Cultura e dos Esportes.

40% dos brasileiros na internet cara e deficiente

A Aliança para uma Internet Acessível, maior coligação mundial do setor de tecnologia, que compreende mais de 80 organizações, divulgou novo estudo sobre a realidade da rede em países de renda média ou baixa, que concluiu que menos de 40% dos brasileiros tem acesso à internet a preço acessível. Para 126 milhões de pessoas no Brasil, o preço é uma barreira para o acesso à rede mundial de computadores.

Custo alto para o pobre

A internet a preço acessível significa, de acordo com os responsáveis pelo estudo, que o usuário empenhe o máximo de 2% de sua renda para ter acesso à rede. Mas a realidade brasileira mostra que, para os mais pobres, a internet consome 9,42% da renda mensal. Para os mais ricos, essa fatia cai para 0,6% do orçamento.

O projeto tem como objetivo principal levar à esfera pública a discussão sobre as desigualdades decorrentes das novas tecnologias, e o preço da internet em diferentes países e como esse preço influi na população de cada um deles. No ranking, que traz 61 países de renda considerada média ou baixa, o Brasil aparece na 13ª posição. No ano passado, o Brasil era sexto nesse mesmo ranking.

Variação entre países

E, em 2016, o País figurava em segundo. Vizinhos latinos aparecem na frente do Brasil, como Equador (11º), Argentina (7º) e México, Costa Rica, Peru e Colômbia, do 5º ao 2º, respectivamente. A Malásia lidera.

Dos 61 países estudados, apenas 24 tem acesso à internet a preço acessível – onde 1GB de dados móveis custam menos de 2% do rendimento médio. Em alguns países, o preço representa mais de 20% do rendimento médio.

Libertadores com nove equipes brasileiras

Com o bom desempenho dos clubes brasileiros nas fases finais das competições continentais deste ano, o Campeonato Brasileiro de 2018 pode surpreender e dar nove vagas na Libertadores de 2019. Em 2017, o Brasil contabilizou o maior número de times disputando a competição: oito no total. A conta pra as nove vagas na Libertadores de 2019 é simples.

O Cruzeiro é o único time brasileiro já garantido na edição do próximo ano por ter vencido a Copa do Brasil. Hoje a equipe está em 10º lugar no Brasileirão, mas se encerrar o ano entre os seis primeiros, uma vaga a mais é cedida ao sétimo lugar.

A participação de mais duas equipes na Libertadores de 2019 dependerá dos resultados da edição atual da competição e da Copa Sul-Americana. Grêmio e Palmeiras disputam as semifinais da Libertadores e ainda tem chances de avançar à final.

Brasileiros jogam

Na próxima terça-feira, o Grêmio recebe o River Plate no Rio Grande do Sul com a vantagem de 1 a 0. Já o Palmeiras encara o Boca Juniors em sua Arena na quarta-feira, as 21h45 tentando reverter o placar de 2 a 0 para os argentinos. Caso uma das duas equipes brasileiras levante o troféu da Libertadores, e permaneça no Top 6 do Campeonato Brasileiro, o oitavo colocado da tabela também garante sua vaga.

Sul-Americana

Na Copa Sul-Americana, ainda disputando as quartas de final estão Atlético Paranaense, Bahia e Fluminense. O time do Paraná venceu o Bahia por 1 a 0, em Salvador e o Fluminense empatou com o Nacional do Uruguai em 1 a 1, no Rio de Janeiro. Caso um deles triunfe e seja campeão, a conta fecharia em nove vagas na Libertadores de 2019 para os brasileiros.

De qualquer maneira, as nove vagas na Libertadores 2019 estarão definidas no início de dezembro. Até lá, vale aumentar a torcida dessas equipes para que o Brasil conquiste o maior número de participantes na competição continental desde sua criação, em 1960, ultrapassando a edição de 2017 que bateu recorde de times tupiniquins.



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