Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

*Blog oficial do jornalista Helio Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da Imprensa. Aqui teremos suas matérias exclusivas, e também a participação de colunistas especialmente convidados. (NR).
A “PODEROSA DONA GRAÇA”, MORA E TRABALHA NO RIO, VÊ NOVELA COM DILMA, “HOSPEDADA” NO ALVORADA. PARA CHEGAR A 64, GENERAIS GOLPISTAS VIERAM DE LONGE.
HELIO FERNANDES
16.12.14
Como já disse e revelei com fatos irrefutáveis e irrevogáveis, o golpe de 64 veio em 1889, mas é evidente, com muitas paradas para reabastecimento e substituições dos muitos que foram ficando pelo caminho. Alguns por mudança de “convicções”. Outros por designação do destino.
Como cheguei até o suicídio de Vargas e os golpes para Juscelino não tomar posse e governar até 1960, continuamos daqui. Pois 64 começa frenética e açodadamente daí. Os generais derrotados em 1954/1955, e vencedores em 60, com a posse também golpista de Jânio, só que com eleição, acreditaram que podiam aumentar a vitória. Equívoco total.
60 foi um ano de confusão completa. 

O presidente da UDN, general Juracy Magalhães era candidatissimo. Mas não tinha o apoio de Carlos Lacerda, esqueceu dele. E o extraordinário combatente que era o depois governador Carlos Lacerda, transformou Jânio em presidenciável da própria UDN. Na época e pela única vez, os vices também disputavam eleição. Mas Jânio e os generais que o “apoiavam”, não queriam Milton Campos substituindo Jânio numa “eventualidade”. E formaram então a chapa Jan-Jan, Jânio e Jango, uma excrescência.

Vitoriosa a “chapa”, implantaram a “eventualidade”. Jânio mandou Jango para Cingapura, coisa que não poderia fazer com Milton Campos. Jango aceitou, não sabia, mas “sentia” que não era normal, no inicio de governo, um “vice ir para Cingapura, fazer o quê?”.

Jânio então “renunciou” os generais, seguindo o plano, não quiseram dar posse ao “vice”. Mas encontraram obstáculo: “Jango tomaria posse mas num regime Parlamentarista. E o Primeiro Ministro teria que ser Tancredo Neves”.

(Na época, essa exigência só este repórter revelaria. Eu ainda não estava na Tribuna, fazia coluna e artigo, diários no “Diário de Notícias”, o jornal de maior circulação no Distrito Federal. Foi também a primeira coluna política, o que existia antes, era “apenas coluna de socialites”).

O conciliador João Goulart aceitou, apesar dos protestos de Brizola, que dizia a ele: “Resista, já ganhamos, você tomará posse total”. Resposta: “Estaremos no Planalto, o Tancredo é nosso amigo, foi o último Ministro da Justiça de Vargas, nos daremos muito bem”.

Não foi como ele “pensava”, os generais queriam o poder com tanta voracidade quanto a de Jango. Só que apesar do insucesso, eles tinham as armas e a força. Repetiram em 64 o golpismo do marechal Floriano em 1889.

O referendo e as conspirações de 63, levaram ao golpe de 64.
Jango tomou posse mesmo com a oposição de Brizola, começou a caminhada para mudança de regime, a volta ao Presidencialismo. Como a eleição estava marcada para outubro de 1965, havia muito tempo para manobra.
O importante era reconquistar todos os poderes. Marcou esse referendo para 6 de janeiro de 1963, trabalhou um ano e meio, a vitória foi expressiva, 8 milhões para o Presidencialismo, 2 milhões para o Parlamentarismo.
Jango tomou posse, Tancredo saiu, o já presidente não perdeu tempo: mandou mensagem ao Congresso, "determinado a Intervenção na Guanabara". Loucura que nem os parlamentares do PSD e PT, que o apoiavam, aceitaram, Jango queria derrubar Lacerda que já era governador. Doutel, Waldir Pires Armando falcão, Jurema, foram conversar com ele, retirou a mensagem. Continuou conspirando para permanecer no poder, mas não era o único a conspirar.
Ademar, Lacerda, Magalhães Pinto, candidatos para 65, resistiam.
Governador de São Paulo, conspirava. Governador da Guanabara, conspirava. Governador de Minas, conspirava. Mas os generais conspiravam  com mais  intensidade, não eram candidatos, mas queriam o Poder pela força.
JK e Brizola não conspiravam, mas acompanhavam tudo. Brizola lançou sua candidatura a presidente, vieram os protestos: "Não pode ser candidato é cunhado de Jango". Respondeu imediatamente: "Cunhado não é parente, Brizola pra presidente".
Jango exagerou nas "maluquices" era o que os generais queriam e precisavam, Mas havia divergência entre eles, o poder não podia ser esquartejado como era a vontade de muitos, principalmente Costa e Silva e Cordeiro de Farias. Ninguém ligava para Castelo Branco, que acabou sendo “presidente".
Cordeiro "traido", Castelo foi conversar e enganar JK, na casa de Joaquim Ramos, irmão de Nereu, deputado de oito mandatos.
Costa e Silva conseguiu formar uma Junta Militar desconhecida e mediocrissima. Ele, o vice Almirante Radmaker, e o brigadeiro Corrêa de Mello, mais conhecido como "Mello maluco", por causa das bravatas que fazia na cidade, voando por cima das casas, assustando a todos.
Costa e Silva assaltou o Ministério da Guerra, furioso na posse de Castelo. Começa o regime tenebroso de 64, mais um golpe, que como o de 30, se intitulou de Revolução. E o de 1889 que usou o pseudônimo de República.
A "Poderosa" Dona Graça.
A primeira vez que escrevi sobre a presidente da Petrobras, ha dois anos, foi na base da ironia e da gozação. Uma dessas revistas de fofocas financeiras, a "Forbes", fez uma lista da 10 mulheres mais poderosas (isso mesmo) do mundo, E colocou Dona Graça na frente de Dona Dilma em matéria de importância.
Comentei, sem acusar: "Se Dona Dilma pode demitir a presidente da Petrobras, como Dona Graça pode ser mais importante?”. Fui informado então, por quem podia e sabia das coisas: "Helio você está totalmente equivocado. Dona Graça é realmente uma potencia, vê novelas junto com a presidente, se falam ou se comunicam várias vezes, diariamente, usando as mais diversas formas de se relacionarem".
Perguntei então, candidamente: "Se Dona Graça trabalha e mora no Rio (sua casa e a "casa" onde fica o resto do dia) como pode ver novela com Dona Dilma?". Fui contestado novamente, chamado até de desinformado. Fatos citados pelo informante, meu amigo, mas que sabia que me atingiria com a palavra "desinformado". Vamos ao que ele me contou e publiquei na época: "Dona Graça vai muito a Brasília, justifica com o fato da Petrobras ter que estar presente na capital, e lógico, por ela, presidente da empresa".
Continuou: "Fica hospedada no Alvorada, a única, ninguém recebe esse favor ou gentileza. Então assistem novelas juntas, Dona Dilma, nessas ocasiões, não raras, acabava o expediente ás 8 da noite para chegar no Alvorada bem a tempo da novela".
A segunda e a terceira vez.
Quando foi depor no Congresso, sempre se defendendo, sem afirmar ou informar nada, não refutou as acusações ao marido, de "se favorecer em contatos e contratos com a empresa presidida pela mulher". Ninguém pediu a demissão dela, só este repórter. Agora exigência de demissão de Dona Graça é um clamor nacional. Por parte de altas autoridades e principalmente da opinião pública.
Mas antes desse "clamor nacional", escrevi pela terceira vez sobre Dona Graça, pedindo sua demissão. E justifiquei com a confissão dela mesma, em entrevista: "O Procurador Geral da Justiça da Holanda me comunicou: Estamos fazendo acordo biliardário com a empresa SBM, para não processa-la criminalmente". 
E acrescentou: "Diretores da empresa citaram várias vezes que funcionários da Petrobras recebiam propinas". Agora, aprofundam as acusações, os números iniciais dessas "propinas" chegam a 102 milhões de dólares.
Mas "O Globo", na Primeira, fala que existia "entre a SBM e representantes da Petrobras uma espécie de cheque em branco".
Dona Dilma pode não querer demitir a presidente da Petrobras. Mas pode ser que a esta hora, já tenha consumado o fato. Como a tecnologia tem progredido muito, podem continuar "vendo" novelas juntas, embora em locais inteiramente diversos ou diferentes. Como o Rio e Brasília.
PS- Uma das coisas mais admiráveis e proclamadas do Rio, é o fim da tarde no Arpoador, com o sol começando a ir embora. O Millor que sempre ia lá, agora está lá para sempre. Como o pôr do sol é imaterial, esta lá também o extraordinário Tom Jobim, Ele e o Millor, física e materialmente.
PS2 - Os bonecos símbolos das Olimpíadas, agora no Brasil, ganharam nomes extravagantes, ridículos, idiotas, quase impublicáveis. Como no setor o Brasil tem gênio reconhecido que é o Ziraldo, a escolha deveria recair sobre uma criação dele. Esqueceram.
PS3 - Finalmente reconheceram a culpa, embora apenas em parte. Os símbolos se chamarão, "Tom e Vinicius". Pelo menos isso. Embora a troca tenha sido positiva, para completar, precisam pedir desculpas ao Ziraldo.






Nenhum comentário:

Postar um comentário