Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 18 de setembro de 2018


ELEIÇÕES GERAIS EM CURSO. TEMAS SOCIAIS PERDEM PARA AS DESAVENÇAS POLÍTICAS. QUESTÕES COMO A MOBILIDADE URBANA PASSA AO LARGO DAS PROPOSTAS DOS PRESIDENCIÁVEIS. FERROVIAS NÃO DÁ VOTO. AS REDES SOCIAIS PROTAGONIZAM AS MANIFESTAÇÕES DOS ELEITORES. FAKE NEWS COMANDA O ESPETÁCULO DAS ELEIÇÕES.


ROBERTO MONTEIRO PINHO

A célebre frase do presidente Juscelino Kubitschek "Governar é abrir estradas" estagnou a construção de ferrovias, privilegiando a indústria automobilística, tendo ainda como forte argumento o fato de que cada quilometro empregava 7 trabalhadores e nas rodovias o dobro.

Desde a década de 50, a questão da mobilidade urbana tem se mostrado gradativamente pouco eficiente e ágil, revelando a dificuldade de se organizar um bom sistema de locomoção em função do tempo.

Hoje a população brasileira está sufocada pelo inchaço urbano, o que coloca em evidencia a falta de planejamento no sistema de transportes do país. Desse modo, congestionamentos, engarrafamentos, longos períodos no trânsito, ilustram o cotidiano das grandes cidades.
Assim, a naturalização desse processo permite a contínua falha já existente nesse setor. Em suma falta transporte sobre trilhos nos centros urbanos e em toda extensão territorial do país.
Apesar diante disso, mesmo que tardio especialistas em mobilidade urbana apontam, que se por acaso o transporte fosse dividido entre rodoviário e ferroviário, a locomoção popular seria facilitada, evitando os tão conhecidos problemas de trânsito dos grandes centros urbanos.
O setor é tímido. Levando em conta as dimensões territoriais, o transporte ferroviário no Brasil possui uma rede de 30.129 quilômetros de extensão, dos quais 1.121 quilômetros são eletrificados, espalhados por 22 estados brasileiros mais o Distrito Federal, divididos em quatro tipos de bitolas.
São 4.057 quilômetros em bitola larga/irlandesa, que é a de 1,600 metro; outros 202,4 quilômetros em bitola padrão/internacional, que é a de 1,435 metro; mais 23.489 quilômetros em bitola métrica, que possui 1,000 metro; e também 396 quilômetros em bitola mista. Além dessas, existem bitolas de 0,600 e 0,763 m em trechos turísticos.
O país possui ligações ferroviárias com Argentina, Bolívia e Uruguai e chegou a possuir 34.207 quilômetros, porém, crises econômicas e a falta de investimentos em modernização, tanto por parte da iniciativa privada como do poder público, aliados ao crescimento do transporte rodoviário fizeram com que parte da rede fosse erradicada. Até hoje, não se justifica tamanha falta de visão.
Comparando o ranking de ferrovias no mundo o Brasil (30.129) está por demais defasado.  O Estados Unidos possui 293.564; China 124.000; Rússia 87.157; Canadá 77.932; Índia 68.525.
Uma viagem pela lendária Ferrovia Transiberiana a bordo de trem privado tem a extensão de 8000 km entre a Ásia e a Europa. No Brasil seria possível uma ferrovia assim de norte a sul do país?
Uma ferrovia pode passar por locais onde seria difícil e custoso construir uma rodovia. Assim, em certos casos, ela faz a ligação rápida entre cidades, regiões e estados, escoando facilmente a produção.

Além disso, como dito, grandes quantidades são transportadas ao mesmo tempo, então, em uma única viagem escoamos muito material. Além do fato de exigir menos viagens para transportar a carga, as ferrovias também não possuem pedágios e sua manutenção é bem mais barata.

Assim, o custo do frete pode ser menor, assim como o investimento em processos logísticos, o que impacta positivamente no valor final do produto. Utiliza-se menos energia. Para movimentar as toneladas que os vagões podem transportar se gasta menos energia (ou combustível). Assim, além de reduzir custos, minimiza o consumo desse produto, o que gera menor impacto para natureza e por isso gera menos poluição.

Se depender das concessionárias da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o setor receberá um aporte de quase R$ 30 bilhões em obras civis de ampliação da capacidade e resolução de conflitos urbanos e em material rodante.

Estamos a poucos dias da eleição que escolherá deputados, senadores, governadores e o presidente da República.

Atento aos debates e programas apresentados, não detectei nenhuma informação nessa direção. Isso é temerário, mas se justifica. Falar de ferrovia não dá voto. O voto se conquistas na polêmica, no fake news, e na aposta de que existe divisão de classes no país.

Assim os candidatos debatem tema mais pseudo ideológico, de esquerda e de direita, mas distante do real, que é a reconstrução do país, a tomada do desenvolvimento
e a geração de mais, empregos.


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