Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

*Blog oficial do jornalista Helio Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da Imprensa. Agora com suas matérias exclusivas, e também a participação de colunistas especialmente convidados. (NR).

TRES CARGOS DISPUTADÍSSIMOS: BANCO CENTRAL, PETROBRAS, MINISTERIO DA FAZENDA. DILMA E O PAÍS,  PERDEM TEMPO.

HELIO FERNANDES

Um dia, jornalistas pediram ao presidente Roosevelt para definir a extensão dos Três Poderes. De forma simples e elucidativa, respondeu. “O legislativo legisla, o Executivo executa e o Judiciário diz aquilo que o Legislativo legislou e o Executivo executou, é constitucional”. Foi eleito quatro vezes, todos acreditavam que obteria mais um mandato, o quinto, morreu no início do quarto, com 61 anos.

Falastrona, atrapalhada, sem charme e sem liderança, apenas mal humorada, recorre sempre ao lugar comum, repete as mesmas tolices, deforma as palavras, deturpa até o sentido que elas devem ter. E volta com idiotices de antes, como essa proposta de reforma política através de plebiscito. 

Ontem fulminei essa ideia (?), que já fora derrotada em junho de 2013, quando queria “constituinte exclusiva”, “plebiscito”, “referendo”. Em menos de 24 horas recuou derrotada, volta o assunto 1 ano e meio depois.

Insiste desbragadamente na vontade de “dialogar”, lança a palavra de ordem primaria e inconstitucional, “vou governar com a sociedade”, E reforça a ideia de “conselhos populares”, como se isso fosse democrático. Tem que governar com a sociedade, nem precisava se expor. Mas não vai ás ruas, de casa em casa pelo país todo, perguntando aos moradores: “o senhor está satisfeito?”.

48 horas depois de uma eleição que escolheu deputados, senadores, governadores e o próprio presidente, o Congresso conquistou o direito de ser a REPRESENTATIVIDADE, é com o Congresso que tem que exercer o mandato.

Como venho propondo há mais de 30 anos, essa reforma político-partidária é imprescindível. Mas proposta pelo Executivo e aprovada pelo Congresso ou vice-versa. Mesmo que não preencham todas as reformas, pois só falam no financiamento de campanhas.

Mas a primeira e a mais importante dessas modificações políticas para regular o eleitoral, é a existência dos partidos, a sobrevivência de legendas puramente de aluguel. É impossível conviver e governar com 28 partidos, muitos, a maioria absoluta com o bolso aberto para o Fundo Partidário e a voracidade desigual do “horário gratuito”.

Dona Dilma não consegue formar o ministério.

Não pode repetir o mandato com 38 ou 39 Ministros, mas nada indica que execute uma redução. Todos os ministérios são importantes. Mas no momento, pelas circunstancia, três cargos têm prioridade absoluta. Banco Central, Petrobras, e Ministério da Fazenda. Como não deixam dúvidas, consequência da arrogância que ninguém sabe de onde veio, sempre se coloca como vencedora no primeiro turno.

Portanto já devia estar em condições de preencher esses três cargos, nenhum deles pode esperar pelo inicio do segundo mandato. Tombini, no BC, não recebeu nenhum sinal de que vá continuar ou se perderá a posição. (Nessa incerteza total, já decidirá hoje sobre os juros. Não sabendo até onde vai seu poder, deixará que fiquem nesses trágicos 11 por cento).

Se o presidente do BC não sabe de sai ou fica, o presidente da maior e mais vulnerável empresa brasileira, já devia ter pedido demissão. Graça Foster não tem a menor condição de continuar presidindo a Petrobras. Mas como Dilma disse varias vezes “é minha maior amiga”, e como definição da própria Dilma, “governar é favorecer amigos”, tentará manter Dona Graça.

Não conseguirá. Embora ninguém possa acusar Dona Graça de se aproveitar dos dinheiros públicos e da fantástica acumulação de recursos que escorrem pelo lamaçal da Avenida Chile, as palavras omissão cumplicidade omissão podem ser utilizadas.

(Embora Dona Graça não tenha nada a ver com o perfil de Getúlio Vargas, pode ser dito dela, o que se dizia do ditador: Não roubava pessoalmente, mas não se preocupava com os que enriqueceriam, á margem ou até dentro do próprio governo, ditatorialmente comandado por ele).

No caso da Petrobras e do silencio de dona Graça, uma dificuldade ainda maior: não surgiu até agora nem a sugestão de um nome sequer. E se me pedissem para indicar um presidente para a maior empresa do Brasil, não tenho a menor ideia de quem poderia ser.

A avalanche de nomes para o Ministério da Fazenda.

Dona Marina foi “sacrificada” e “imolada” no altar da baixaria, acusada de entregar o Banco Central INDEPENDENTE ou com AUTONOMIA á Neca Setubal. (Itaú). Aécio Neves fez uma indicação previa, que foi um dos pontos frágeis de sua campanha: “meu Ministro da Fazenda será Arminio Fraga”. Indicação errada sempre, principalmente neste momento dominado pela incredulidade.

Dona Dilma tem um nome preferido, vem conversando com ele sigilosamente, desde que insensatamente demitiu antecipadamente Mantega. Seu nome: Nelson Barbosa, foi Secretario Executivo do próprio Mantega, saiu por vontade própria.

Esse cargo é aparentemente importante, mas é vegetativo. A inveja e o ciúme estão sempre presentes, atormentando o ministro e decepcionando o Secretario-Executivo.

É bom nome, mas com uma deficiência: não tem relacionamento maior com o empresariado, principalmente de São Paulo. Considerando que “fomos prejudicados durante quatro anos, queremos indicar o Ministro”. A preferência aberta e não escondida: Henrique Meirelles, durante o primeiro mandato de Lula, todo ele como presidente do Banco Central. Lula dizia e repetia: “fico esperando Meirelles e Palocci me darem sinal verde para baixar os juros”.

Esse Palocci, foi demitido pelo próprio Lula, reabilitado por Dona Dilma, novamente afastado por ela, “excesso de irregularidades”. Meirelles sumiu, só era visto e ouvido junto com empresários de São Paulo. Meirelles é tecnicamente competente, afinal fez carreira de sucesso no exterior, enriquecendo e presidindo bancos importantes. Mas é o que serve melhor ao interesse nacional?

Os empresários se refugiam na informação que tem um fundo de verdade: “só teremos confiança para investir se tivermos confiança e segurança com o Ministro nomeado”, Não fecham ou encerram a lista com nome de Meirelles.

Desde a segunda-feira surgiu no Planalto Alvorada o nome de Trabuco, presidente do Bradesco. Apoiado pelos mesmos que vetavam a herdeiros de pouco mais de 1 por cento do Itaú. Armado ou desarmado com esse nome que é uma arma, é praticamente desconhecido.

Os empresários de São Paulo, no que chamam de “demonstração de boa vontade” sugeriram o nome de Gerdau. É empresário, convive bem com o Planalto, tem relacionamento com, Dilma. Só que todos consideram que seu tempo já passou e também porque era do Conselho da Petrobras no escândalo de Pasadena, jamais se definiu.

PS- Dona Dilma aparentemente insiste em Nelson Barbosa, com quem se encontrou na segunda-feira, no Alvorada, depois das 10 da noite. No dia seguinte, terça, Mantega convocou entrevista relâmpago com a imprensa. Foi ordem ou tentativa de se fazer presente?

PS2- Alguns dizem que a insistência com o ex-Secretario-Executivo é uma forma de negociar não dar a impressão de que se rendeu. Da mediocridade de Dona Dilma, pode se esperar tudo.

PS3- Enquanto isso, ela vai retumbando nos diálogos, eufemismo, longe, bem longe dos “Diálogos” de Platão.

PS4- Enquanto isso, o “mercado”, não revela insatisfação e sim especulação. Petrobras cai para 12 por cento na segunda, sobre 14 por cento ontem, terça. Isso não existe como apreensão.

PS5- A Justiça da Itália negou a extradição de Henrique Pizzolato, réu condenado pela mensalão. Apesar de alguns argumentos sólidos e constitucionais, não há dúvida: a decisão é uma represália ao Brasil, no caso Batistti.

PS6- Pizzolato já está em liberdade, e ficará na Itália por 12 anos, só não pode sair do país, fora de lá será preso pela Interpol. Só uma exceção: que o Ministro da Justiça, revogue a decisão judicial, e conceda a extradição. Na questão, lá como aqui, o governo está hierarquicamente acima da Justiça. Mas isso é remotíssimo.



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